A apresentação pública do projeto decorreu na passada segunda-feira, 21 de julho, na Sala de Extrações da Santa Casa, e contou com a presença da vice-provedora Rita Prates, que destacou a importância da colaboração entre as duas instituições: “Este é um projeto essencial para tornar Lisboa numa cidade mais amiga das pessoas mais velhas”, afirmou, felicitando todos os envolvidos.
Com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o GreenCity4Aging propõe-se a estudar o impacto das chamadas “ruas verdes” — espaços urbanos que integram vegetação, reutilização de água e infraestruturas para mobilidade ativa, como ciclovias e trilhos pedonais — na vida das pessoas idosas. O objetivo é perceber de que forma estas soluções urbanas podem promover estilos de vida mais ativos e combater o isolamento social.
A investigação, que teve início em 2023 e decorre até março de 2026, está a ser conduzida por uma equipa multidisciplinar coordenada por Sibila Marques, psicóloga e professora auxiliar no ISCTE, e Sara Eloy, co-investigadora principal. Do lado da SCML, participam Filomena Gerardo, José Castro e Cunha e Sofia Esteves, da Unidade Técnica de Apoio.
A SCML tem tido um papel central na implementação do estudo, nomeadamente através do envolvimento de mais de 200 utentes idosos nas fases experimentais. Cada participante foi testado individualmente, em sessões de cerca de 20 minutos, num ambiente de Realidade Virtual (RV) previamente validado pelo Comité de Ética do ISCTE.
“A colaboração da Santa Casa neste projeto tem sido fantástica. Não só neste, mas em todos. É essencial que a investigação esteja em contacto com a sociedade civil. Sem esta ligação, os resultados não teriam o mesmo impacto”, sublinhou Sara Eloy, destacando o papel da SCML como ponte entre a academia e a comunidade.
A coordenadora do projeto, Sibila Marques, reforça essa visão e espera que os resultados tenham impacto direto no planeamento urbano: “Queremos que as pessoas adotem formas de mobilidade mais ativa, como andar ou andar de bicicleta, mas que as cidades sejam desenhadas de forma correta. Por exemplo, que as ciclovias não estejam em cima dos passeios, mas onde devem estar, para que pedestres e ciclistas possam coexistir em segurança.”
A escolha dos bairros urbanos para a fase de observação — Alvalade e Areeiro — teve como critério a existência de ciclovias e um elevado índice de envelhecimento. “Procurámos freguesias onde já existissem estas novas formas de mobilidade. Queremos ouvir as pessoas mais velhas sobre o que pensam destas mudanças e como devem ser desenhadas as novas ruas”, explicou a coordenadora.
O estudo desenvolve-se em três fases: observação direta em bairros urbanos, realização de grupos focais e inquéritos com residentes idosos, e um estudo experimental com Realidade Virtual, onde os participantes são expostos a quatro cenários urbanos simulados, com recolha de dados fisiológicos e comportamentais, como movimentos, postura e batimentos cardíacos.
“Este é mais um projeto que teve uma resposta fantástica dos colegas no terreno e dos participantes”, afirmou Filomena Gerardo, coordenadora de projetos nacionais e internacionais da SCML. “Temos vindo a participar em projetos nacionais e internacionais nos últimos 15 anos, o que tem dado grande prestígio à Santa Casa. Já colaborámos com o ISCTE em três projetos e construímos uma rede com 72 parceiros de mais de 17 nacionalidades.”
Além dos efeitos físicos e sociais das ruas verdes, o GreenCity4Aging pretende também investigar como o ambiente urbano pode influenciar a perceção de idadismo. Estudos anteriores indicam que o sentimento de pertença à vizinhança pode mitigar o impacto da discriminação etária, com implicações diretas na saúde e bem-estar das pessoas idosas.
Combinando psicologia, arquitetura, sociologia e tecnologia, o projeto promete gerar conhecimento relevante para o desenvolvimento de cidades mais inclusivas, sustentáveis e amigas das pessoas idosas, alinhadas com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde.
A conferência final do GreenCity4Aging decorrerá a 24 de outubro de 2025 no ISCTE.