logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

“Cuidador Informal – Um Olhar de Futuro”: Encontro Promove Reflexão e Reconhecimento

A iniciativa dedica-se especialmente a cuidadores informais, técnicos e parceiros que intervêm nesta área, com o objetivo de promover a reflexão sobre os desafios atuais enfrentados por quem cuida e de reconhecer o papel essencial que desempenham na sociedade.

A participação neste encontro é uma oportunidade para debater os desafios e oportunidades do cuidado informal, conhecer boas práticas e iniciativas que valorizam o papel do cuidador e fortalecer redes de apoio e colaboração entre profissionais e instituições que atuam nesta área.

Informações importantes:

  • Data: 22 de outubro de 2025;
  • Hora: 9h00;
  • Local: Sala de Extrações da SCML;
  • Entrada gratuita;
  • Inscrição obrigatória até às 14h00 de 21 de outubro;
  • Programa;
  • Link para inscrição.

A participação está limitada à capacidade da sala, por isso recomendamos que garanta o seu lugar com antecedência. Contamos com a sua presença!

Se é cuidador informal, técnico ou parceiro nesta área, este encontro é para si. Junte-se a nós nesta manhã de partilha, reconhecimento e construção de caminhos para o futuro do cuidado informal.

Projeto RADAR distinguido como Boa Prática Europeia pelo Interreg Europe

Na avaliação do especialista Erik Gløersen, o RADAR distingue-se pela abordagem multinível no combate à vulnerabilidade, isolamento e solidão das pessoas mais velhas. O perito sublinha a articulação entre instituições — 31 organizações ligadas por uma plataforma digital comum —, a mobilização de associações e comércio local como “olhos e ouvidos” da comunidade e o envolvimento direto de cidadãos para criar uma cultura de proximidade e solidariedade.

Os números também refletem a dimensão e impacto do projeto: mais de 40 mil pessoas seniores e de 5.700 radares comunitários já integram a rede. Todos os meses são realizadas cerca de 2.000 chamadas e visitas porta a porta, além de quase 100 ações de rua, assegurando acompanhamento regular e prevenção de riscos.

Coordenado por entidades públicas, o RADAR reforça a confiança, a sustentabilidade e a responsabilidade social do trabalho desenvolvido. Atualmente, o Governo prepara a expansão do modelo através do RADAR Social, alargando a sua implementação a todo o território nacional. Para outros contextos europeus, o RADAR surge como um exemplo inspirador e transferível de como enfrentar o isolamento sénior, promover a coesão social e construir comunidades mais solidárias.

Consulte a ficha do projeto e a opinião do perito aqui (https://www.interregeurope.eu/good-practices/radar-project).

“Cuidar em Relação”: um dia de reflexão sobre envelhecimento e dignidade

Organizado pela Unidade de Apoio e Promoção ao Envelhecimento Ativo, da Direção de Intervenção de Públicos Vulneráveis, o evento reuniu profissionais da área social, parceiros institucionais e membros da comunidade com interesse na área do envelhecimento, especialmente na resposta residencial para pessoas mais velhas.

Humanitude como referencial de qualidade

Ao longo do dia, o seminário incluiu palestras, mesas-redondas, partilhas de boas práticas e apresentações científicas, com destaque para a metodologia Humanitude, adotada nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) da Santa Casa. Esta abordagem, desenvolvida por Yves Gineste e Rosette Marescotti, valoriza a dignidade, autonomia e bem-estar da pessoa cuidada, promovendo uma relação humanizada entre cuidadores e residentes.

A metodologia estrutura-se em cinco etapas: aproximação respeitosa, olhar e consentimento, construção da confiança, comunicação e promoção da autonomia. Aplicada em lares, hospitais e cuidados domiciliários, tem demonstrado benefícios significativos na redução da ansiedade, melhoria da autoestima e motivação dos profissionais, além de evidência científica internacional que sustenta a sua eficácia.

A sessão de abertura do encontro foi conduzida pela Vice-Provedora da Santa Casa, Rita Prates, que destacou o espírito transformador da iniciativa: “Este seminário é mais do que um encontro técnico ou académico; é um espaço de reflexão, de partilha e de construção coletiva em torno de uma ideia central e transformadora. A qualidade do cuidado está intimamente ligada à qualidade da relação, construída nos gestos simples, nas rotinas, na atenção ao detalhe e no respeito pela singularidade de cada residente.”

Seguiu-se a intervenção de Regina Almeida, diretora da Unidade de Apoio e Promoção ao Envelhecimento Ativo, que traçou o percurso das residências da Santa Casa e os desafios enfrentados na resposta às populações mais vulneráveis.

Rita Prates, Vice-Provedora da Santa Casa
Rita Prates, Vice-Provedora da Santa Casa
Regina Almeida, diretora da Unidade de Apoio e Promoção ao Envelhecimento Ativo
Regina Almeida, diretora da Unidade de Apoio e Promoção ao Envelhecimento Ativo
Participantes no seminário 'Cuidar em Relação'
Participantes no seminário 'Cuidar em Relação'

Afonso Pimentel, coordenador geral da Humanitude Portugal, apresentou o processo de implementação da metodologia nas ERPI da SCML, seguido de uma mesa-redonda moderada por Anabela Fialho, diretora da Residência São João de Deus.

A tarde começou com a partilha de boas práticas pelas Santas Casas de Freamunde e da Trofa. Pedro Silva, membro da Mesa Administrativa e diretor técnico da Santa Casa de Freamunde, e Zélia Reis, vice-provedora da Santa Casa da Misericórdia da Trofa, mostraram-nos como o respeito pelos horários de sono dos utentes ou pela sua privacidade podem ter um efeito tranquilizador nas suas vivências do dia-a-dia nas ERPI.

Já a sessão científica contou com as intervenções de Liliana Henriques, consultora da Humanitude Portugal, sobre o respeito pela dignidade da pessoa idosa institucionalizada, e de João Araújo, coordenador pedagógico da Humanitude Portugal e Humanitude Internacional, sobre a gestão da recusa de cuidado em pessoas com alterações cognitivas.

A professora Alexandra Lopes, da Universidade do Porto, encerrou o painel com uma reflexão sobre os significados e práticas contextualizadas nos cuidados de longa duração, através do projeto LeTs-Care.

André Brandão de Almeida, administrador executivo da área da Saúde da Santa Casa, encerrou o encontro, agradecendo aos presentes e reforçando a importância da missão institucional: “Cuidar em relação é, e será sempre, um trabalho em equipa com profissionais de várias áreas, da saúde e ação social. Termino com uma frase que resume a essência do nosso compromisso: ‘cuidar é um ato de humanidade que nos liga a todos.’ Que esta seja a nossa missão diária, hoje e sempre.”

CASSB apresenta novas criações. Venha visitar a loja em São Bento

Nesta resposta da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, os utentes recebem oportunidades reais de reconstrução pessoal e profissional. Através da arte e do reaproveitamento de materiais, especialmente madeira, desenvolvem competências técnicas e criativas que se traduzem em peças únicas e cheias de significado.

A loja do CASSB é o reflexo desta transformação. Nela podemos encontrar artigos de decoração feitos a partir de madeira reutilizada, com inspiração inicial na arte africana e, mais recentemente, em estéticas de várias partes do mundo. Cada peça conta uma história, de superação, de talento, de esperança.

Como tal, fazemos o convite para que visitem a loja do centro, onde poderão acompanhar o processo de criação ao vivo, conversar com os artesãos e descobrir como cada peça é feita com talento e dedicação.

Centro de Apoio Social de São Bento (CASSB)

Rua de São Bento, 140, à Travessa da Arrochela | 1200-820 Lisboa

Contacto: 213 913 060

Sunset na Quinta Alegre – a calma de um fim de tarde diferente

Os jardins do Campo das Amoreiras, na Charneca do Lumiar, encheram-se de sorrisos e boa disposição, num ambiente “dourado” proporcionado pelo pôr do sol. Rodeados pela beleza barroca do palácio do século XVIII — com os seus azulejos pombalinos e muralhas decorativas —, os participantes desfrutaram de momentos de convívio num cenário que mistura história, natureza e tranquilidade.

A atmosfera serena e acolhedora da Quinta Alegre, hoje estrutura residencial para idosos, revelou-se o palco ideal para esta celebração ao ar livre. Entre conversas animadas, os seniores partilharam histórias e emoções, reforçando laços e criando novas memórias. Esta iniciativa, integrada nas atividades culturais e intergeracionais promovidas pela instituição, reafirma o papel da Quinta como ponto de encontro comunitário, onde o património arquitetónico se alia à missão social de cuidar e incluir.

imagem abrangente do sunset na quinta alegre
Entre risos e brindes, o pôr do sol transformou cada mesa num ponto de encontro inesquecível.
Pessoa de uniforme ajudando um idoso
Cuidar também é celebrar. No sunset da Quinta Alegre, cada gesto de carinho iluminou o dia.
Cumprimentos calorosos entre duas pessoas
Abraços que aquecem mais do que o sol de fim de tarde. Cada reencontro tem sabor de verão.
Pessoas com moldura “Sunset”
Quando o pôr do sol vira cenário e as pessoas viram arte.
Pessoa com guitarra no palco
A música não podia faltar.
Duas pessoas de mãos dadas a dançar
E houve muito espaço para a dança.
pessoas sentadas à volta de uma mesa.
E também não faltaram momentos de ternura.
Pessoas à mesa, algumas em cadeiras de rodas
Na Quinta Alegre, todos têm lugar à mesa do pôr do sol.

Projeto Tiralô leva seniores do Centro das Furnas à praia

Vanessa Carvalho, animadora sociocultural do Centro Social Polivalente do Bairro das Furnas da Santa Casa, orientava cada passo com cuidado e carinho. “Cuidado, agarra-te só ao corrimão, Quina. Agarra-te aqui ao corrimão, deste lado. Olha que a passarela tem areia”, alertava, enquanto ajudava uma das utentes a chegar em segurança até à areia.

As aventureiras desta tarde são D. Quina, D. Ana Cristina, D. Georgete e D. Alda, acompanhadas por Rosa, auxiliar, e Célia, monitora. O mar está bravo, bandeira amarela hasteada, mas isso não impede que o Tiralô deslize pela areia, oferecendo à D. Alda, com os seus admiráveis 93 anos, a sensação de liberdade que só o verão pode dar. “Ela traz fato de banho e tudo”, comenta Vanessa, a rir.

Mas o que é, afinal, o Tiralô? “É uma espécie de triciclo que funciona quer na areia, quer na água. Na água, flutua e a pessoa que tem pouca mobilidade consegue permanecer em cima dele sem perder o pé”, explica Vanessa. E porque é importante? “Porque, sendo simples, é inovador e poderoso. Permite que pessoas com mobilidade reduzida possam desfrutar da praia, da areia e da água.”

 

Cabe à D. Alda fazer as honras de estreia do triciclo, com humor: “Quer coisa mais fina do que esta?”, brinca, enquanto é ajudada por Rafael e Carolina, os ‘marezinhas’, os jovens voluntários formados para apoiar utentes com mobilidade reduzida. Apesar do entusiasmo, confessava que não queria enfrentar o mar, endiabrado naquele dia de bandeira amarela. O respeito pelo oceano mantinha-a na segurança da beira da praia.

“Sabe muito bem vir aqui. Tão bom”, diz a D. Ana Cristina, enquanto molha os pés na água fria. Já a D. Georgete confessa: “Em determinada altura dei os meus fatos de banho todos, a achar que não voltaria a usá-los. Afinal, agora faziam-me falta. Mas eu arranjei uma ‘vestimenta’ para vir.”

Vanessa explica que esta vinda à praia é sempre feita com um grupo de utentes mais reduzido, três ou quatro pessoas, “para que consigamos dar apoio a toda a gente. É uma atividade que implica maior atenção, mas é também uma das mais gratificantes.” Esta não é a primeira vez que o grupo visita a praia. A iniciativa acontece sempre que as condições climáticas permitem, e já se tornou um momento esperado por muitas utentes.

A água do mar estava fria, mas bastou molhar os pés para que o prazer da experiência fosse sentido. Afinal, para aquelas mulheres, o conforto das espreguiçadeiras, o estar novamente na praia, sentir a areia e ouvir o barulho das ondas foi mais do que suficiente: foi um pedaço de liberdade.

Doze tesouros para descobrir: A Capela de São João Batista revela-se no Museu de São Roque

É já no próximo dia 3, quarta-feira, que vai poder fazer uma visita guiada por algumas das peças que compõem a capela de São João Batista no Museu de São Roque. A primeira é o Pálio, construída em Roma para a capela a partir de instruções enviadas de Lisboa.

Surgido na Idade Média, destinava-se a cobrir (e proteger) a mesa de altar onde se celebrava a Eucaristia. A obra apresenta uma decoração de carácter eminentemente simbólico, como se reconhece pela presença da pomba do Espírito Santo ao centro de um resplendor rodeado por nuvens, na parte interna da cobertura, do mesmo modo que evidencia uma grande afinidade com o universo têxtil.

Imagem de Palio baldaquino
Pálio, peça da Idade Média, cuja função era cobrir e proteger a mesa de altar onde se celebrava a Eucaristia.

Em outubro, a peça destacada será o tapete. Com uma composição marcada por emolduramentos arquitetónicos e uma decoração vegetalista exuberante, o tapete da Capela de São João Batista é uma obra única, criada exclusivamente para as cerimónias solenes da Igreja de São Roque. Folhas de acanto, rosas, cravos e tulipas ganham vida numa tapeçaria de seda e fios metálicos, cuja execução exigiu um ano inteiro. A sua fragilidade e beleza tornam esta peça um verdadeiro tesouro têxtil.

O mês de novembro destaca dois objetos litúrgicos profundamente simbólicos:

  • O Turíbulo, composto por um recipiente em forma de vaso para as brasas, uma tampa em torre com orifícios e um manípulo, apresenta uma estrutura arquitetónica com colunas toscanas e entablamento circular. A tampa é decorada com conchas, folhas de acanto e cabeças de anjo, em tudo idênticas às do manípulo. Na Alta Idade Média, o gesto de incensar assumiu um valor espiritual profundo: o corpo do turíbulo representava o corpo de Cristo, as quatro correntes simbolizavam as virtudes cardeais, o fogo remetia ao Espírito Santo e o fumo perfumado às preces dos fiéis elevando-se ao trono de Deus.
  • A Naveta, do latim naviculla (pequena nave), é o recipiente do incenso que acompanha o turíbulo. A peça, concebida por Leandro Gagliardi, apresenta a forma de um galeão e ostenta as armas portuguesas, unindo funcionalidade e simbolismo num design requintado.

A encerrar o ano, dezembro trará a coleção das rendas de bilro (ou rendas barrocas), de grande valor artístico e histórico. Estas peças delicadas, testemunho raro da excelência têxtil barroca europeia ao serviço da arte sacra, foram produzidas com minúcia e delicadeza e utilizadas na ornamentação litúrgica da capela, refletindo o cuidado estético e simbólico dedicado ao culto. A sua execução revela o encontro das mestrias das escolas flamengas e italianas, elevando o trabalho têxtil a uma expressão de espiritualidade e beleza.

Cada visita guiada é uma oportunidade para mergulhar na história, na arte e na espiritualidade que moldaram este património singular. A mostra mensal convida todos (curiosos, estudiosos e amantes da cultura) a redescobrir a Capela de São João Batista com outro olhar.

Para mais informações ou marcações, pode contactar o Museu de São Roque através do +351 213 235 449 ou pelo e-mail museusaoroque@scml.pt

Benemerências: Uma prova de confiança ou uma forma de agradecimento?

Contrariamente ao que sucede na generalidade dos locais de trabalho onde a palavra “benemérito” raramente é pronunciada, na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa o vocábulo é corriqueiro e repetitivo. A situação é fácil de explicar: 94% do património imobiliário da instituição resulta de benemerências, pelo que os conceitos de herança, legados ou donativos estão sempre presentes. Assim era no passado e assim permanece na atualidade:

“O património imobiliário da Santa Casa é fruto, sobretudo, de doações e heranças de beneméritos que, ao longo dos séculos, deixaram e deixam os seus bens para serem colocados ao serviço dos outros. Acreditam que a Santa Casa é uma instituição com carácter perpétuo, que lhes merece toda a credibilidade e confiança. E esta confiança comporta uma responsabilidade maior: a de valorizar e rentabilizar este legado, respeitando as intenções de todos aqueles que nos entregaram os seus bens”, explica Carla Antas de Almeida, diretora da Unidade de Benemerências do Departamento de Gestão Imobiliária e Património.

As palavras da responsável traduzem-se em números, os quais não deixam margem para dúvidas sobre a credibilidade e o valor da marca Santa Cada junto da população. Em 2023 e 2024 contabilizaram-se 10 Benemerências (conceito que engloba também heranças e legados) e 570 donativos, financeiros e em espécies. Neste último grupo, o dos donativos, chegam à Misericórdia de Lisboa bens tão distintos como imóveis, ativos mobiliários ou recheios de habitações. Quantificar o valor das benemerências representa uma tarefa complexa, quase impossível. Certo é que, só nos últimos anos, a instituição recebeu “três heranças avaliadas em cerca de um milhão e meio de euros”, segundo Carla Antas de Almeida, destacando a antiga fábrica da Nestlé, doada em 2014, como umas das mais valiosas da atualidade.

A “Fábrica da Rajá”

Durante várias décadas, a instalação era conhecida somente como a “fábrica da Rajá”. Desses tempos restam vagas memórias, com poucos a recordarem o edifício de grandes dimensões, em pleno Parque Florestal de Monsanto, que albergou uma das principais empresas de gelados de Portugal. Seguiu-se o abandono, com o local a apresentar as marcas do tempo. No ano passado, naquela mesma localização geográfica “nasceu” o mais recente equipamento da Misericórdia de Lisboa: a Residência Raquel Ribeiro, inaugurada em setembro de 2024 e destinada ao acolhimento temporário de pessoas com mobilidade condicionada que necessitam de cuidados de reabilitação e estabilização do estado de saúde.

O local chegou à posse da Santa Casa da mesma forma que a generalidade dos mais emblemáticos edifícios da instituição: através de uma benemerência. E à semelhança do que sucede com outros edifícios, a doação foi convertida num equipamento destinado a prosseguir a Missão da Santa Casa. Um sinal de que o reconhecimento pelo trabalho que é realizado pela instituição constitui um dos motivos pelos quais os cidadãos continuam a deixar o seu legado à Misericórdia de Lisboa.

imagem de uma fábrica vista de cima
A antiga "Fábrica da Rajá" antes da intervenção realizada pela Santa Casa
Obras realizadas e uma "nova roupagem": o conhecido e antigo edifício deu lugar ao mais recente equipamento social da Misericórdia de Lisboa
Obras realizadas e uma "nova roupagem": o conhecido e antigo edifício deu lugar ao mais recente equipamento social da Misericórdia de Lisboa

O perfil dos beneméritos

Definir o perfil dos beneméritos do século XXI afigura-se uma tarefa tão difícil como explicar os motivos que levaram os primeiros notáveis a ceder o seu património, há alguns séculos atrás. Segundo reza a História, muitos disponibilizavam os seus proventos ao serviço da sociedade como forma de agradecimento ou de retribuição pela riqueza conquistada. Outros, procuravam simplesmente comprar o perdão dos seus pecados através das benemerências.  Vários séculos passaram e hoje os motivos que estão na génese das benemerências são bem diferentes:

“Tanto temos o benemérito com um património vastíssimo, como temos aquele com um pequeno património e que, por não ter filhos ou por qualquer outra razão, decide deixar os seus bens a uma instituição à qual reconhece credibilidade. Temos também outra parte que nos procura e manifesta vontade de deixar os seus bens como forma de agradecimento por todo o apoio que receberam desta Santa Casa em momentos difíceis das suas vidas”, explica Carla Antas de Almeida, o “rosto” da Unidade de Benemerências da Santa Casa desde 2014, ano em que assumiu a direção daquele serviço e onde se mantém desde então.

Seja por agradecimento para com a instituição que os apoiou, seja pelo reconhecimento relativamente ao trabalho desenvolvido pela Santa Casa, a verdade é que a maior parte dos beneméritos procura a instituição ainda em vida. Pedem conselhos, desejam que alguém se preocupe consigo e quando transpõem as portas da Misericórdia de Lisboa “sentem-se bem recebidos”.

“É a solidão que leva muitos beneméritos a procurarem a Santa Casa. Para muitos nasce aqui uma nova família e, face à ausência de uma rede de suporte familiar, querem assegurar condições de apoio durante a idade mais avançada. São, na sua maioria, viúvos, mais do sexo feminino do que masculino e, por estarem sós, pretendem deixar esses bens à Misericórdia de Lisboa”, relata a responsável pela Unidade de Benemerências.

Nesta unidade, quem lá trabalha é periodicamente confrontado com algumas surpresas inesperadas, como o contacto de advogados ou testamenteiros que comunicam o testamento de beneméritos falecidos iniciando-se, assim, um longo e burocrático processo.

“Primeiro, apuramos o respetivo acervo hereditário e, após uma análise minuciosa do mesmo, remetemos para posterior aceitação ou repúdio da Mesa da Misericórdia”, começa por explicar Carla Antas de Almeida. Afinal, tal como em qualquer contexto familiar, a Santa Casa não herda apenas património ou quantias financeiras, mas também encargos, pelo que as situações têm de ser avaliadas. Após a aceitação, inicia-se a execução da herança propriamente dita, muitas vezes acompanhada de últimas vontades que têm se ser escrupulosamente cumpridas.

jazigos
Nas benemerências incluem-se heranças e legados - que são herdadas pela Santa Casa após o falecimento do benemérito -, assim como doações, quando o bem é dado em vida. Os bens são, muitas vezes, acompanhados por solicitações, como a realização de missas perpétuas em memória dos beneméritos ou a conservação dos cerca de 1.300 jazigos que estão a cargo da Misericórdia de Lisboa. Todas essas solicitações ou imposições são rigorosamente cumpridas pela instituição.

Legados financeiros ou imobiliários, mas com condições

Enrique Mantero Belardo, Claudina de Freitas Chamiço, a família Domingos Barreiro ou Carolina Picaluga Paiva de Andrade são os nomes de alguns dos mais emblemáticos e conhecidos beneméritos da Misericórdia de Lisboa. Falar destas beneméritos implica referir os seus legados, os quais permanecem até aos dias de hoje. É o caso dos dos prémios financeiros “Verdades de Faria” criados por ”imposição” de Mantero Belardo; o Hospital Ortopédico de Sant´Ana, condição para a posse do edifício; a Unidade de Saúde Domingos Barreiro ou o Centro Social de São Boaventura. Mas existem mais, muitas mais. Grandes ou pequenos, os legados deixados pelos beneméritos contribuem para a prossecução da Missão da Santa Casa. Tem sido assim ao longo de cinco séculos e assim continua em pleno século XXI.

Unidade de Benemerências: O serviço que cumpre a última vontade dos Beneméritos

Atualmente, sete pessoas trabalham na Unidade de Benemerências – inserido no Departamento de Gestão Imobiliária e Património -,  serviço ao qual compete propor à Mesa da Santa Casa a aceitação ou repúdio de heranças, legados e doações, conforme estipulado nos Estatutos da instituição.

À frente da unidade está Carla Antas de Almeida. Se o rosto nem sempre é reconhecido por todos, o nome é normalmente associado às Benemerências. Afinal, esta advogada de 47 anos ocupa a direção daquele serviço desde 2014.  Antes, e desde 2005, Carla Antas de Almeida exercia as funções de jurista na instituição, tendo dado apoio jurídico na área do património e na Direção de Recursos Humanos.

senhora posa com móvel por trás e prateleira de livros
Carla Antas de Almeida, o "rosto" da Unidade de Benemerências

Curiosidades:

  • No dicionário da Priberam, a palavra “benemerência” é explicada como “merecimento” e “digno de honras e louvores”;
  • A cargo da Santa Casa está a conservação de mais de um milhar de jazigos, quase todos localizados em Lisboa. A derradeira prova de que nem todas as benemerências representam lucro ou fortuna;
  • O emblemático edifício da Misericórdia de Lisboa, no Largo Trindade Coelho, resulta igualmente de uma doação… mas de um Rei;
  • Desde sempre que a Santa Casa era protegida pelo poder régio e pela sociedade, dos mais abastados aos mais pobres. As benemerências surgem como forma de agradecimento por algum tipo de apoio que a instituição tenha prestado em vida. Representavam também formas de alcançar a salvação da alma;
  • Muitas vezes deixava-se dinheiro à Misericórdia para que se rezassem missas perpétuas.

Santa Casa volta a marcar presença na Festa do Livro em Belém – CANCELADA

O evento será oficialmente inaugurado no dia 4 de setembro, às 18h00, pelo Presidente da República, contando com a presença de membros da Mesa e da Direção da Cultura da Misericórdia de Lisboa. Esta iniciativa visa homenagear os editores nacionais e os autores lusófonos, promovendo a leitura, a divulgação de obras e o contacto direto com o público.

Este ano, e mais uma vez, as Edições Santa Casa marcam presença com uma seleção especial de títulos a preços especiais. Entre as novidades editoriais destacam-se as seguintes obras:

  • Fábrica da Rajá em Monsanto – Volume 6 da Coleção Património;
  • A mala mágica – Leva-me a contar;
  • Cadernos de exercícios de estimulação cognitiva – Volume 2;
  • Cadernos Técnicos – Repertório de conteúdos especializados da SCML.

Estes títulos refletem o compromisso da Misericórdia de Lisboa com a valorização do património, a promoção da literacia e o apoio à saúde cognitiva.

Nos dias 5 e 6 de setembro, respetivamente às 16h00 e às 14h00, as famílias são convidadas a assistir à hora do conto do livro Princesa Leonor – Rainha de Portugal e Fundadora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, de Idalina Veríssimo, na tenda da BLX-CML. Ainda no dia 5, às 12h00, haverá uma sessão de autógrafos com a autora na Praça de Autores, no recinto da Festa.

Música ao vivo todas as noites

A programação musical promete animar as noites de Belém com concertos imperdíveis.

No dia 4 de setembro, a festa do livro receberá, às 21h30, Carolina Deslandes. No dia 5, será a vez de Rui Veloso atuar, também às 21h30. Nos dias 6 e 7, à mesma hora, sobem ao palco Bárbara Tinoco e Xutos e Pontapés, respetivamente.

Além da música e da literatura, o evento contará com debates, jogos didáticos, apresentações de livros, sessões de autógrafos e outras atividades culturais que prometem envolver visitantes de todas as idades.

Na sexta-feira, 5 de setembro, a Festa do Livro será transmitida em direto no programa Casa Feliz, da SIC, com a presença de João Baião.

O acesso ao recinto pode ser feito pela Loja do Museu da Presidência da República ou pelo Jardim Botânico Tropical.

Não deixe de visitar esta Festa e aproveite para conhecer as novidades das Edições Santa Casa.

Horários:

– 4 de setembro: 16h às 22h30
– 5 de setembro: 10h às 22h30
– 6 e 7 de setembro: 11h00 às 22h30

Farmácia Linaida: o RADAR de proximidade que faz a diferença

Segundo Joana, “é sobretudo a população mais envelhecida que sentimos mais sozinha”. O bairro de Campo de Ourique, com uma realidade social heterogénea, revela contrastes: há clientes que, tendo condições económicas, recorrem a cuidadores particulares e a serviços pagos; mas há também uma franja significativa de idosos que vivem sozinhos, em casas onde a intimidade é guardada com reserva. Nesses casos, a aproximação exige sensibilidade e cuidado, procurando abrir espaço para o diálogo e, sempre que necessário, encaminhar para o Projeto RADAR.

Já houve situações em que o alerta chegou de forma inesperada. Vasco recorda um episódio: uma senhora ligou para a farmácia, dizendo que não tinha dinheiro para a medicação e profundamente aflita. O funcionário que atendeu a chamada percebeu de imediato a gravidade do caso, o que levou à referenciação para o RADAR. “Sentimos que a pessoa ficou agradecida. Isto já foi há mais de dois anos, mas ficou-nos na memória”, recorda.

Desde 2019, a Farmácia Linaida integra o projeto. Vasco admite que, no início, não compreenderam plenamente a sua importância. “Quando nos foi apresentado, não valorizámos tanto. Só mais tarde, com a prática e o contacto direto com a equipa do RADAR, percebemos o enorme impacto deste trabalho.”

Para Joana, o desafio é também manter vivas as ações de rua, realizadas em parceria com a unidade móvel. Testes de tensão arterial, medições de glicemia, avaliações nutricionais ou simplesmente a partilha de informação sobre suplementos alimentares funcionam como portas de entrada para conversar com idosos que, de outra forma, não se aproximariam. E Vasco acrescenta: “Apesar do esforço que implica para a equipa, acreditamos que faz todo o sentido libertar alguém da farmácia para estar presente nestas ações. No fundo, somos uma farmácia de bairro e temos de estar preocupados com o bem-estar da nossa comunidade”, sublinha.

diretora técnica da farmácia linaida a dar uma entrevista sobre o radar.

Ângela, mediadora do RADAR na freguesia, reforça esta visão: “A presença da farmácia é fundamental. Os utentes confiam no seu farmacêutico, aproximam-se com naturalidade, e muitas vezes é aí que se dá o primeiro contacto com o projeto. Para nós, esta colaboração é uma mais-valia enorme.”

A confiança é, de resto, um pilar essencial. Vasco lembra um estudo que apontava o farmacêutico como uma das profissões em que os portugueses mais acreditam, a par de bombeiros e pilotos de avião. “E essa credibilidade é decisiva para o RADAR chegar a mais pessoas.”

Apesar do caminho já percorrido, tanto a equipa da farmácia como os mediadores reconhecem que há ainda desafios pela frente: a escassez de recursos, a dificuldade em mobilizar outras farmácias para determinadas acções, como os rastreios, ou a necessidade de alargar o projeto para fora de Lisboa. Mas a convicção é clara: quanto mais agentes locais se envolverem, maior será o impacto.

No final, Joana deixa uma mensagem simples e firme: “Connosco podem sempre contar. Estaremos sempre disponíveis para ‘ir’.”

Hoje, Campo de Ourique conta com 266 radares ativos. E cada gesto de proximidade, cada conversa ao balcão ou na rua, continua a ser uma oportunidade de fazer a diferença na vida de quem mais precisa.

duas senhoras posam no interior da farmácia linaida, radar de campo de ourique.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Locais únicos e diferenciados de épocas e tipologias muito variadas

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Locais únicos e diferenciados de épocas e tipologias muito variadas

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas