Categoria de Artigo: Ação social
Residência para idosos com mérito cultural
Casa Faria Montero, no Restelo, faz um trabalho personalizado com os seus utentes, que estão ligados à cultura.
Para assinalar o mês do idoso, a Estrutura Residencial Para Idosos (ERPI)) Nossa Senhora do Carmo, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, recebeu os artistas do projeto Lata 65, nos dias 24 e 25 de outubro, que levaram àquele espaço um workshop de arte urbana para seniores. O ponto alto desta ação foi a pintura de um mural, com a técnica do grafiti.
Foram mais de uma dezena de utentes que participaram na iniciativa, que serviu essencialmente para a promoção do envelhecimento ativo e para quebrar o estereótipo de que as pinturas de rua “são coisas de jovem”.
“Tenho quase 90 anos e nunca pensei vir a pintar as paredes desta maneira”, comentava o Sr. Bento, um dos moradores da ERPI, enquanto desenhava um molde para a sua parte da pintura do mural.
“É sempre bom estar junto da rapaziada mais jovem. Nós somos velhos, mas não estamos acabados e estas pequenas atividades, para nós, é como um dia diferente e cheio de alegria”, ressalva o utente.
Nascido e criado na cidade do Porto, António Bento acredita que a atividade de grafitar é uma maneira “de perceber melhor a juventude”.
Durante os dois dias de workshop, os utentes ficaram a conhecer a história e as técnicas da arte urbana, através do grafiti, mas também aproveitaram para desmistificar algumas das questões associadas a esta arte, como a delinquência e o vandalismo.
Já Luísa afirma que “tem sido uma experiência engraçada”, considerando que esta iniciativa serviu para quebrar a ideia de que o grafiti “era feito por jovens que não tinham nada para fazer”.
“Fiquei a saber que existem pessoas que ganham a vida a pintar estes desenhos nas paredes e que existem regras para um bom desenho, que não bastam uns gatafunhos e está feito”, comenta Luísa, durante uma pintura livre.
Para Rita Silva, diretora do equipamento, esta ação é “bastante diferente do já fizemos, mas é também uma maneira de os aproximar à comunidade e de promover-lhes mais um momento em que desconstruímos algumas das perceções que as pessoas têm, de que certas atividades não são aconselhadas às pessoas mais velhas”.
“Acredito e todos nós acreditamos aqui nesta casa que os nossos utentes diferem uns dos outros e para nós o importante é que eles se sintam bem, acarinhados, mas primeiro que estejam ativos e que uma atividade pode ser muito importante para um, mas para outro ser outra atividade completamente diferente e temos sempre de respeitar isso”, concluiu a diretora.
“A pandemia veio fazer com que as pessoas percebessem que a nossa saúde não é só física”. A frase é da psicóloga clínica e da saúde do Centro de Dia e Residência Quinta das Flores, Susana Catarino, para quem é impossível falar em saúde sem falar em saúde mental. No caso de Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) da Santa Casa como o Centro de Dia e Residência Quinta das Flores, a expressão “mente sã em corpo são” ganha especial importância. As pessoas mais velhas necessitam que esta, “que é a casa delas”, tenha um olhar que proporcione esse cuidado, “de modo a potenciar o que de melhor elas têm”, explica Susana Catarino.
Apesar da pandemia ter trazido o tema da saúde mental para a opinião pública, a verdade é que na Santa Casa a preocupação com esta temática é antiga. Exemplo disso é a aposta em equipas multidisciplinares onde a psicologia está presente. No âmbito do trabalho de equipa (permanente e de apoio) realizado, são planeadas atividades dinamizadas por vários elementos da equipa, que têm como principais objetivos a ocupação, a promoção do bem-estar e a prevenção do declínio cognitivo. No caso do psicólogo, este pode ainda prestar um apoio mais individualizado face a uma necessidade de estabilização, quer ao utente, quer ao seu agregado familiar.
O Centro de Dia e Residência Quinta das Flores é o reflexo de tantos outros equipamentos da Misericórdia de Lisboa. Aqui, a promoção da saúde mental faz-se de atividades diárias com os utentes, oficinas de estimulação cognitiva, passeios, salas de snoezelen e contacto com familiares. Trata-se de uma intervenção multidisciplinar, onde os diferentes saberes dialogam e se conectam de modo a enriquecer o serviço que é prestado.

A generalidade dos equipamentos e serviços da Santa Casa conta com o apoio de um ou mais psicólogos, que prestam apoio na área da saúde mental. A cultura organizacional da instituição é, para Susana Catarino, um fator muito importante neste apoio prestado aos utentes, pois está, “cada vez mais, focada nesta questão da saúde mental”.
“A doença não define uma pessoa. Temos de ter um olhar comum capaz de dignificar e de potenciar o melhor do ser humano. Isso faz com que, cada vez mais, possamos fazer com que as ERPI sejam lugares de vida e que não sejam vistas como o fim de alguma coisa”
Encontrar sentido na arte
A promoção da saúde mental nos equipamentos da Misericórdia de Lisboa verifica-se também nas diversas atividades que vão surgindo. É o caso do projeto “Oficinas do Eu” (dinamizado em alguns centros de dia da Santa Casa), onde a utilização da arte terapia em pessoas mais velhas tem permitido resultados muito positivos, nomeadamente ao nível da estabilização emocional.
No Centro de Dia e Residência Quinta das Flores, Carlos Manuel Peraltinha é o exemplo máximo de que a arte pode salvar. Susana Catarino recorda Carlos como “um senhor que aqui realizou um dos seus sonhos”. Trata-se de um utente que tinha o sonho de escrever um livro e conseguiu fazê-lo através do Centro Editorial da Santa Casa. O livro, que surgiu na altura da pandemia, é feito de poemas.
“Fiz algumas sessões de arte terapia com ele e, em conjunto, foram surgindo imagens que estão neste livro. Fui-me apercebendo, durante as consultas, que o facto de este senhor gostar muito de escrita, de ter um lado criativo apurado, ia permitir que ele se organizasse”, explica.
A escrita foi ganhando lugar. Carlos foi organizando as coisas de tal forma que chegou a dizer: “Doutora, gostava de colocar estes poemas em livro”. E assim foi. “Poesias: Primavera de Abril” é uma obra que demonstra que a criatividade e o dar espaço aos utentes para resgatarem as essências, mesmo numa altura de restrições impostas pela Covid-19, às vezes salva ou, pelo menos, potencia a saúde.
“Perante adversidades e barreiras existem coisas que podem salvar-nos. Temos aqui exemplos disso, de pessoas que encontraram na escrita, na música ou até na jardinagem sentidos existenciais”, frisa a psicóloga.

Ana Maria Colaço olha para o relógio. Faltam cerca de três horas para esta utente da Santa Casa subir ao palco do “Beleza Não Tem Idade”, que, este ano, está inserido na 59ª edição da ModaLisboa. A semana de moda na capital começou da melhor forma: 23 utentes da Misericórdia de Lisboa vestiram a pele de manequins, com o objetivo de desconstruírem representações sociais, estereótipos e discriminação associados ao envelhecimento.
Quem esteve na inauguração da Lisboa Fashion Week 2022 viu utentes da Misericórdia de Lisboa e figuras públicas a celebrarem a sinergia entre gerações. E que melhor local existe para o fazer do que a Lisboa Social Mitra, uma resposta integrada e aberta à sociedade que assenta em valores de relevo como a solidariedade, diversidade e inclusão. O polo de inovação na área da economia social da Santa Casa, apresentado em 2021, é este ano também a casa da ModaLisboa Oasis, que decorre entre os dias 6 e 9 de outubro.
“Beleza Não Tem Idade” é um projeto da Misericórdia de Lisboa que, desde 2015, materializa o trabalho desenvolvido pela instituição no combate à discriminação em relação às pessoas mais velhas. É a materialização de um esforço contínuo de promoção da intergeracionalidade focado nas pessoas. Através da moda, procura-se mudar mentalidades e criar tendências, contribuindo para uma sociedade mais justa, equitativa e coesa.
Conheça aqui as declarações de alguns utentes da Santa Casa que foram à ModaLisboa mostrar que a beleza não tem idade.
Ana Maria Colaço, 68 anos, Espaço Santa Casa (vestida por By Santana Pires)
“Não estou nada nervosa. Estou bem-disposta. A primeira vez que participei no ‘Beleza Não Tem Idade’ foi em 2015. Fui vestida pelo Filipe Faísca. Estava linda! Uma das fotos que tirei nesse dia, na Estação de Santa Apolónia, está no livro Beleza Não Tem Idade. O Pedro Crispim é maravilhoso. Ensina-nos muita coisa e, mais importante, é muito simpático e divertido. O ambiente aqui é espetacular.
Estou no Espaço Santa Casa, uma vez por semana, onde faço as minhas atividades de pintura e costura. Adoro estar lá”.
Santa Casa acolhe jovens afegãos
Menores refugiados chegam sozinhos a Portugal e recebem apoio da Santa Casa. Apoio no desenvolvimento de competências e na transição para a vida adulta e inserção na sociedade.
A Santa Casa, a Associação Portuguesa de Psicogerontologia (APP) e a Fundação Montepio voltaram a destacar pessoas com 80 ou mais anos, que mantêm atividades de relevo na sociedade portuguesa. O Prémio Envelhecimento Ativo Dra. Maria Raquel Ribeiro, que este ano completa 11 anos, distinguiu seis personalidades nas seguintes categorias: Intervenção Social; Arte e Espetáculo; Ciência e Investigação; Política e Cidadania; Ética e Saúde; Família e Comunidade.
A entrega dos prémios, que decorreu esta segunda-feira, numa cerimónia realizada nas instalações da Fundação Montepio, contou com a presença de representantes das três instituições que dão vida a este prémio. O administrador da Ação Social da Santa Casa, Sérgio Cintra, destacou a parceria feliz entre Misericórdia de Lisboa, APP e Fundação Montepio, que permite “continuar a celebrar o percurso e a generosidade” de Maria Raquel Ribeiro.
A 1 de outubro de 2012, Dia Internacional do Idoso, a Santa Casa, a APP e a Fundação Montepio celebraram um protocolo para a criação do Prémio Envelhecimento Ativo Dra. Maria Raquel Ribeiro. Este prémio é também uma forma de perpetuar o nome de Maria Raquel Ribeiro (1915-2022), mulher que dedicou grande parte da sua vida às boas causas, e que faleceu em março deste ano, aos 96 anos.
Maria Raquel Ribeiro exerceu uma intensa e longa carreira na área social, iniciada logo em 1949, no Instituto de Assistência à Família. Entre 1951 e 1971 executou funções na Santa Casa, onde dirigiu o Serviço Social. Em 1990, tornou-se Associada Fundadora da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), uma missão que levou a cabo de forma assídua e ativa. Foi, ainda, durante 10 anos, dirigente do Sindicato Nacional dos Profissionais de Serviço Social e uma das principais promotoras da Comissão do Portuguesa do Conselho Internacional do Serviço Social, a que presidiu em 1969.
Os galardoados da edição de 2022
Intervenção Social – Monsenhor Fernando Nuno Ribeiro da Cruz Queirós
“Esta distinção é uma surpresa. Recebi o telefonema no dia em que completei 85 anos. Não conhecia este prémio. Sinto-me muito pequeno ao lado de tantas personalidades que já foram distinguidas”.
Após ser ordenado sacerdote, vai para a paróquia de Mafamude e, dois anos depois, é-lhe atribuída a missão de criar a paróquia de Santo Ovídio. Tem desenvolvido importantes iniciativas de desenvolvimento e intervenção social junto da comunidade, nomeadamente a criação de respostas e medidas para apoiar necessidades especiais, como é o caso do Regaço. Foi-lhe atribuído o título de Monsenhor, no início de 2022. Atualmente, exerce funções de sacerdote na Paróquia de Santo Ovídio.
Arte e Espetáculo – Fadista Maria da Fé
“Estou um pouco comovida. É um orgulho muito grande estar junto destas pessoas maravilhosas. Fiquei muito sensibilizada por receber este prémio. Ficarei toda a vida associada a esta organização”.
Com mais de 50 anos de carreira, começou a cantar desde tenra idade. Tem dado um enorme contributo à divulgação do fado a nível nacional e internacional. Foi a primeira fadista a participar no Festival da Canção. Recebeu várias distinções e homenagens, com destaque para a Medalha do Mérito Cultural, atribuída pelo Ministério da Cultura. Atualmente mantém a gestão da casa de fados “Senhor Vinho”.
Ciência e Investigação – Professor Doutor Manuel Villaverde Cabral
“Muito obrigado. Fico muito feliz por ter esta oportunidade, por se lembrarem de nós à medida que o tempo vai passando”.
É licenciado em Letras Modernas e doutorado em História, pela Universidade de Paris. É reconhecido pelo vasto trabalho no campo do ensino, pela investigação e divulgação de estudos científicos na área do envelhecimento. Foi presidente do Conselho Científico do Instituto de Ciências Sociais de Lisboa. Foi vice-reitor da Universidade de Lisboa e diretor do Instituto de Envelhecimento da Universidade de Lisboa. Publicou cerca de 30 livros e aproximadamente 100 artigos científicos. Atualmente é investigador emérito da Universidade de Lisboa.
Política e Cidadania – Dra. Maria Manuela Dias Ferreira Leite
“A Dra. Raquel Ribeiro foi das primeiras pessoas que teve a perceção do que significava o envelhecimento, o abandono das pessoas mais idosas e o não aproveitamento das pessoas a partir de certa idade. Quando ela iniciou este caminho não pressentia quanto ele se agravaria tanto ao longo da vida. Neste momento é o nosso problema. Uma associação [a APP] que se preocupa com este nosso problema só pode ter a nossa gratidão, louvor e incentivo. Foi uma enorme honra terem-me escolhido para este prémio”.
É economista, professora e política. Tem um enorme compromisso com os valores da liberdade e da democracia. Foi a primeira mulher portuguesa ministra das Finanças, presidente de um grupo parlamentar e de um partido político. Possui um vasto leque de trabalhos publicados. Em 1993, foi eleita a figura do ano em Portugal, prémio entregue pelo jornal Expresso.
Ética e Saúde – Frei Bento Domingues
Teólogo e membro da Ordem dos Pregadores. Tem desenvolvido um vasto trabalho na defesa dos direitos humanos, tendo já recebido dois prémios. Assume o compromisso de trabalhar por um mundo mais tolerante e sem violência, que premeie o diálogo intercultural e inter-religioso. É doutor honoris causa pela Universidade do Minho. Atualmente, é Membro Externo da Assembleia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Membro do Conselho de Ética e do Conselho Cultural do ISPA – Instituto Universitário.
Frei Bento Domingues não pôde estar presente no Prémio Envelhecimento Ativo Dra. Maria Raquel Ribeiro.
Família e Comunidade – Senhor António Pedro Cachaço Corça
“Este prémio é um grande honra para mim. Sinto-me orgulhoso por receber este prémio no mesmo dia que algumas personalidades que sempre respeitei e admirei. Obrigado!”.
Fundou a empresa TOMSTAR LDA, na qual mantém funções executivas. Integrou a assembleia-geral dos Bombeiros Voluntários da Azambuja, do Grupo Desportivo da Azambuja e da Liga dos Combatentes. Devido à sua grande preocupação com a comunidade, mantém uma ligação muito próxima com o Centro Social Paroquial da Azambuja.

O provedor da Misericórdia de Lisboa defendeu a necessidade de apoiar os jovens a encontrarem respostas positivas para as questões que enfrentam. Durante a conferência “Em Nome do Futuro: Os Desafios da Juventude”, que decorreu esta quinta-feira, no Centro Cultural de Belém, Edmundo Martinho lembrou que os jovens portugueses veem-se obrigados a lidar com um conjunto de contrariedades, que têm de ser resolvidas.
“Gostávamos muito de ser contribuintes ativos no sentido de podermos apoiar, nos vários domínios, os jovens nas questões que enfrentam, ajudando-os a encontrar soluções, de modo a poderem ter percursos bem-sucedidos”, destaca o provedor da Misericórdia de Lisboa.
Durante a manhã desta quinta-feira realizaram-se debates sobre os desafios que a juventude enfrenta em áreas como economia e políticas públicas, de modo a perceber que medidas já foram aplicadas e que outras soluções podem ser encontradas para garantir um futuro mais promissor para os jovens. Santa Casa e Renascença comungam da ambição de que desta conferência pode resultar um conjunto de reflexões sobre os principais desafios da juventude, uma vez que promove o debate entre decisores políticos, universidades e empresas.
“É preciso encontrar condições para os jovens, condições mais justas, que lhes permitam encontrar no país motivos para ficar. É preciso ambição. Esta associação entre a Santa Casa e a Renascença é uma parceria criativa, que é potenciadora de mudança”, considera Luís Ramos Pinheiro, administrador do Grupo Renascença.
Esta ligação entre as duas instituições é mais do que uma parceria. É uma sintonia que permite olhar com clarividência para os problemas da juventude. Prova disso é também o Prémio de Jornalismo Jovem, que pretende destacar jornalistas até aos 35 anos que apresentem trabalhos relevantes sobre problemas, desafios e oportunidades das novas gerações.
“Em Nome do Futuro. Os Desafios da Juventude” foi também o ponto de partida para a Jornada Mundial da Juventude, que decorrerá em 2023, em Lisboa. O evento religioso, que tem no centro da sua preocupação o presente e o futuro dos jovens, decorre num ano particularmente especial para a Santa Casa. Em 2023, a Misericórdia de Lisboa celebra o seu 525º aniversário, uma existência marcada pela sua “capacidade de se reinventar e de se antecipar aos desafios”.
“São estes 525 anos que têm vindo a demonstrar que a Santa Casa, ao longo do tempo, tem tido capacidade para se adaptar, de estar próxima da sociedade portuguesa”, realça Edmundo Martinho.
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, foi um dos convidados da conferência sobre envelhecimento com qualidade, que teve lugar esta quarta-feira, 28 de setembro, na sede da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), e que contou também com a presença do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, do presidente da UMP, Manuel de Lemos, e da presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa, Carla Tavares. O debate foi moderado pelo vice-presidente da UMP, Manuel Caldas de Almeida.
Na abertura da sessão, ao dirigir algumas palavras de agradecimento a todos os convidados, Manuel Lemos fez questão de realçar ao ministro da Saúde que as misericórdias nacionais “estão disponíveis para cooperar com o setor da saúde, para que os portugueses tenham mais e melhores cuidados de saúde”, reforçando, ainda, que as misericórdias já são um dos principais pilares do Sistema Nacional de Saúde, através da Rede de Cuidados Continuados.
Já Edmundo Martinho salientou que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem um “peso acrescido”, quando comparado com as outras misericórdias nacionais, no sentido em que “em Lisboa, cabe à Santa Casa, salvo algumas exceções, o apoio à população mais desfavorecida”.
“O facto de termos muitas pessoas na cidade de Lisboa com mais de 65 anos que estão num patamar de rendimento fora daquilo que é o apoio tradicional de uma instituição como a Santa Casa, mas que estão abaixo do patamar de rendimento que lhes permitiria, por exemplo, aceder por si a cuidados. E isto é um problema novo”, realça o provedor.
A atualidade “reserva novos desafios e mais exigentes ao setor social” e as instituições devem ter a consciência de que “o perfil das pessoas que antigamente procuravam os nossos serviços alterou-se radicalmente, e a tendência será essa”, realçou ainda o provedor.
Já no final da sua intervenção, defendeu que é necessário “dar uma volta completa ao apoio domiciliário”, e que a solução não passa por ter equipas rotativas na casa das pessoas.

No encerramento do evento, o ministro da Saúde frisou que nas questões do envelhecimento com qualidade é necessário que o “Governo e o setor social consiga trabalhar em conjunto”, e que “é necessário alterar processos e paradigmas, para que as pessoas vivam mais e melhor e poderem envelhecer com qualidade”.
O ciclo de conferências organizado pela União das Misericórdias de Portugal surge no âmbito da apresentação de seis novas publicações, nas áreas do envelhecimento, património, liderança feminina, confinamento, pandemia e obras de misericórdia.
Na próxima e última sessão, a 4 de outubro, será apresentado o livro “Memórias COVID-19”, num debate que contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da UMP, Manuel de Lemos, do presidente da Mesa da Assembleia-Geral da UMP, José da Silva Peneda, da ex-ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira e do ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.
A Misericórdia de Lisboa estabeleceu uma parceria com a fundação criada pelos irmãos espanhóis Paul e Marc Gasol, ex-jogadores da NBA e atletas olímpicos (Gasol Foundation) e com a seguradora BNP Paribas Cardif Iberia, para a implementação do projeto SAFALÍN (Saúde, Famílias, Infância) que pretende promover hábitos saudáveis junto de crianças entre os 6 e 12 anos de idade, bem como às suas famílias em situação de vulnerabilidade.
A Santa Casa assegurará o mapeamento das famílias que vão participar nas diferentes atividades, disponibilizando ainda os espaços para a realização das mesmas. Estima-se o envolvimento de um total de cerca de 45 famílias em situação de vulnerabilidade socioeconómica, na dinâmica do projeto SAFALÍN.
Já a seguradora BNP Paribas Cardif Iberia será responsável pelo financiamento do SAFALÍN em Portugal, no âmbito do projeto global de prevenção e redução da obesidade infantil, para além de contribuir com voluntários que participarão nas diferentes atividades.
Glória Ferreira, diretora de comunicação do BNP Paribas Cardif Iberia, afirma que “o lançamento deste projeto em colaboração com a Gasol Foundation e, agora, com a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, são passos seguros na construção de uma sociedade mais alerta e interessada na prevenção do excesso de peso e obesidade infantil”.
Opinião partilhada por Cristina Ribes, diretora executiva da Gasol Foundation Europe: “Poder colaborar com duas entidades como o BNP Paribas Cardif e a Santa Casa garante que o projeto SAFALÍN tenha uma boa base para o seu sucesso”.
Sobre o projeto SAFALÍN
O SAFALÍN é um programa que tem por objetivo promover hábitos saudáveis junto de crianças entre os 6 e 12 anos e suas famílias que vivem numa situação de vulnerabilidade e pretende capacitá-las com ferramentas saudáveis para que possam aplicar nas suas rotinas familiares.
Projeto piloto em Portugal, este programa já criou impacto na Catalunha através de workshops para mais de 50 famílias, sensibilizando-as para a importância dos “4 planetas da Galáxia Saudável”, os pilares necessários para promover estilos de vida saudáveis: aumento da atividade física diária, melhoria dos hábitos alimentares, cumprimento das recomendações de horário e qualidade de sono e promoção do bem-estar emocional.