Teatro para todos
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa apoia o Teatro Nacional D. Maria II no seu projeto de se tornar um espaço acessível e com oferta cultural inclusiva.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa apoia o Teatro Nacional D. Maria II no seu projeto de se tornar um espaço acessível e com oferta cultural inclusiva.
A Quinta Alegre – uma das Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas da Misericórdia de Lisboa – recebeu hoje vários representantes do Governo e do setor social nacional, para a assinatura de um protocolo para um investimento de 465 milhões de euros, a ser implementado até 2026, em três grandes áreas: saúde, habitação e educação.
Presente na cerimónia, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu que este programa “não é um plano para o Estado e feito pelo Estado, é um plano feito para o conjunto do país”, assegurando que esta fatia do PRR português será aplicada a “todo o país e não apenas às zonas metropolitanas”.
António Costa lembrou que faz hoje um ano que foi aprovado o lançamento deste programa de recuperação por Bruxelas e que é fundamental a mobilização de toda a sociedade. “Só conseguimos realizar e bem, com rigor e transparência, mobilizando todos os parceiros e trabalhando em rede”.
Na sua intervenção, Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, anunciou a constituição de 28 mil novas vagas em lares e creches, assim como novas medidas para o apoio domiciliário. “Nesta parceria com o setor social, assumimos a concretização articulada e uma parceria de colaboração para uma implementação eficiente do PRR, concretamente nas dimensões das respostas sociais à infância, às pessoas com deficiência e ao envelhecimento”, concluiu a responsável.
Durante o mesmo evento, Mariana Vieira da Silva, ministra de Estado e da Presidência, comunicou que a aplicação de “30% do PRR vai permitir que o Serviço Nacional de Saúde seja reforçado, sobretudo nos cuidados primários e ainda nos cuidados continuados, onde, neste último caso, serão adicionadas mais 5.500 camas”.
Assinaram o protocolo, além do Governo, os representantes da União das Misericórdias, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, da União das Mutualidades e da Confederação Cooperativa Portuguesa.
Saiba tudo sobre a prestação paga pelo Estado a quem está dependente da ajuda de outra pessoa para satisfazer as necessidades básicas da vida quotidiana.
SupERa tem como missão prestar Suporte contínuo às Estruturas Residenciais para Idosos e lares na prevenção e deteção precoce de infeções do foro respiratório nos residentes.
Só em Lisboa existem 85 mil idosos que vivem sozinhos, ou com alguém da mesma idade. Todos os dias a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa trabalha para mudar estes números. Para isso tem um conjunto de resposta, para apoiar os nossos seniores.
Lançada esta segunda-feira, 5 de julho, na Quinta Alegre, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a plataforma SupERa (também disponível em aplicação para telemóveis) nasce com o objetivo de facilitar o registo e a monitorização de informações clínicas dos residentes das ERPI e lares. Trata-se de uma ferramenta que pretende apoiar no acesso e na gestão da informação de forma mais eficaz.
No âmbito deste programa serão entregues 2400 oxímetros a Estruturas Residenciais para Idosos que tenham acordo com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
A cerimónia de lançamento contou com as presenças de Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Nuno Marques, presidente do Algarve Biomedical Center, e Edmundo Martinho, provedor da Misericórdia de Lisboa. Estiveram ainda presentes Sérgio Cintra, Maria João Mendes e Ana Vitória Azevedo, administradores da Santa Casa.
Na sua intervenção, Ana Mendes Godinho destacou “a capacidade de trabalho e de reinvenção, a união entre diferentes organismos e a aprendizagem adquirida” nos últimos meses da pandemia. “É preciso não baixar a guarda, estamos quase no fim da corrida e temos que apostar em novas soluções para proteger as pessoas”.
“A nova plataforma e os oxímetros podem ter um papel importante. É o digital a ajudar. Temos que inovar para responder melhor às necessidades das pessoas e das instituições”, concluiu.
Por sua vez, Edmundo Martinho começou por lembrar que o local escolhido para o lançamento da plataforma é um “recurso emblemático” da Misericórdia de Lisboa, e que foi “reabilitado com muito cuidado e galardoado com o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana”.
A iniciativa “representa um passo significativo na prevenção e na proteção” dos residentes no que diz respeito a sintomas associados à Covid-19, bem como de outras patologias do foro respiratório, considerou. “Esperemos que supere as nossas expectativas”, finalizou.
Por outro lado, Nuno Marques fez uma apresentação global da Plataforma SupERa, sublinhando que esta ferramenta, além de mudar mentalidades, pode dar um importante contributo na facilidade e na gestão da informação sobre os dados clínicos dos residentes dos lares.
A plataforma SupERa irá facilitar o registo e monitorização dos níveis de saturação de oxigénio, temperatura e frequência respiratória dos residentes em Estruturas Residenciais para Idosos e lares residenciais, bem como de outras informações clínicas relevantes. Estes registos ficam disponíveis numa área reservada dedicada a cada residente, permitindo analisar a evolução das medições.
Sempre que sejam registadas medições, a SupERa emitirá um alerta com base num sistema de três cores (vermelho, amarelo e verde) que permite apoiar a tomada de decisão das estruturas residenciais na vigilância ativa de sintomatologia associada à Covid-19, bem como de outras patologias do foro respiratório. O uso da SupERa é também um contributo para a digitalização do registo deste tipo de medições, evitando-se o registo em papel.
A plataforma SupERa tem enquadramento num conjunto mais alargado de soluções que visam apoiar as Estruturas Residenciais no combate à Covid-19. Desde outubro de 2020 que está em funcionamento a Linha COVID Lares (707 20 70 70), disponível 24 horas, sete dias por semana, para esclarecimento de dúvidas no âmbito da pandemia e agilizar processos de comunicação com as entidades competentes (por exemplo, Saúde Pública ou Segurança Social).
A Linha COVID Lares apoia também as ERPI no reporte ao Instituto da Segurança Social na Plataforma Integrada Monitorização Covid-19 sobre informação relativa à gestão da pandemia. Através da Linha COVID Lares é também possível identificar a necessidade de formação de profissionais em ERPI sobre controlo de surtos e a importância do correto uso de equipamentos de proteção individual.
A formação que pode ser desenvolvida nas Estruturas Residenciais tem como objetivo capacitar os profissionais com competências técnicas para desempenho das suas funções em contexto de pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, incluindo a interação com residentes (potencialmente) infetados pelo novo coronavírus.
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Organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no âmbito do programa “Lisboa Cidade de Todas as Idades”, a primeira sessão das “Tertúlias da Longevidade” decorreu esta quarta-feira, 30 de junho, num formato online, e foi dedicada ao tema “Serviços e apoios em tempos de pandemia: o que temos de novo, o que aprendemos e como nos vamos adaptar”.
Na sessão inaugural abordou-se o impacto da pandemia Covid-19, com enfoque nos serviços e apoios na área do envelhecimento e na forma como as organizações se estão a preparar para o futuro. Nela participaram 18 oradores – entre técnicos da Santa Casa, investigadores, responsáveis locais e outros especialistas na área da longevidade e do envelhecimento.
O encontro foi dividido em quatro salas: uma principal e três secundárias. No final, foram apresentadas as ideias-chave discutidas nas referidas salas.
Na sua intervenção, Sérgio Cintra, administrador da Ação Social da Santa Casa, começou por destacar o “impacto nuclear da pandemia nas instituições”, considerando que o combate à Covid-19 “é o maior desafio da nossa geração”.
Com a apresentação de um estudo sobre o impacto da pandemia na instituição, o administrador deu conta da transformação dos serviços e da atuação dos colaboradores da Misericórdia de Lisboa para enfrentar a crise. “A instituição teve que se adaptar e reorganizar. Aprendemos a valorizar mais a partilha de responsabilidades entre serviços e parceiros. Foi um momento de aprendizagem. Depois da crise, o essencial ficou mais presente, o tempo tem agora outro valor”, finalizou.
Na mesma linha, a professora Júlia Cardoso, do Centro de Investigação da Universidade Lusíada, concluiu que a crise “ensinou-nos a valorizar o trabalho em equipa, as práticas de intervenção integrada, articulada e em rede”.
Já Maria de Lourdes Quaresma, especialista na área do envelhecimento, considerou que “a pandemia foi um desafio, afetando-nos a todos. A angústia da nossa finitude desencadeou um processo de entreajuda e de partilha na comunidade. Houve um fortalecimento do sentimento de pertença. É uma das grandes conquistas desta crise”. A especialista sublinhou, ainda, que a pandemia potenciou uma maior proximidade, valorização dos laços sociais, partilha de responsabilidade, reaproximação das famílias às instituições e uma maior utilização das novas tecnologias.
Mário Rui André, diretor da Unidade de Missão do programa “Lisboa, Cidade de Todas as Idades”, sublinhou que as “Tertúlias da Longevidade” são um espaço para “trocar ideias, experiências, debater, reforçar as relações entre organizações e para dar voz aos cidadãos”, pretendendo “ser um instrumento ao serviço da cidade”.
Nas três salas, os oradores destacaram a importância das novas tecnologias, a gestão de recursos e da reorganização, o reajuste e adaptação das respostas, a proximidade, a criatividade e do apoio da comunidade e da rede social.
A pandemia de Covid-19 impactou significativamente com tudo o que se estava a desenvolver no âmbito da abordagem aos desafios do envelhecimento na cidade de Lisboa. Tanto as respostas mais tradicionais, como aquelas que se vinham adaptando aos novos desafios da longevidade se viram confrontadas com o imperativo de terem de responder às exigências da crise pandémica, alterando práticas, reforçando serviços ou criando respostas alternativas que conseguissem corresponder às necessidades dos mais velhos em contexto de confinamento.
É neste contexto que surge a ideia da criação das “Tertúlias da Longevidade”, como representação de um espaço único e comum a todos os parceiros da cidade de Lisboa e demais interessados, onde os mesmos podem partilhar e refletir sobre aspetos relacionados com o envelhecimento e a longevidade. A iniciativa regressa em outubro, com previsão de se realizar mensalmente.
Aumentar o diálogo sobre a exclusão social e garantir progressos concretos nos Estados-membros na luta contra a situação de sem-abrigo: assim se descreve a nova Plataforma Europeia de Combate à Situação de Sem-Abrigo, lançada esta segunda-feira, 21 de junho, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. A iniciativa que resulta da Declaração de Lisboa, assinada ontem por representantes dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE), permitirá dar uma resposta mais ajustada às necessidades das cerca de 700 mil pessoas que vivem nas ruas de toda a Europa. A plataforma foi referida por vários oradores presentes na Conferência de Alto Nível como sendo “um compromisso claro com aqueles que não têm voz”.
Durante o primeiro evento realizado de forma presencial no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da UE, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, começou por dizer que o combate a este fenómeno tem de constituir uma das grandes prioridades da Europa. “Esta plataforma é um passo gigante. A falta de habitação digna e de acesso a serviços essenciais são dos maiores sinais de exclusão”, alerta a representante do Governo.
Em maio deste ano, Estados-membros, parceiros e sociedade civil reuniram-se na Cimeira Social do Porto para comprometerem-se com oportunidades iguais para todos. A ambição é tirar 50 milhões de pessoas da pobreza e exclusão social, até 2030. Ana Mendes Godinho acredita que esta luta só será ganha com a adoção de “estratégias integradas”, onde o objetivo maior passa por concretizar o que está estabelecido no princípio 19 do Pilar Europeu dos Direitos Sociais: garantir habitação e assistência para as pessoas em situação de sem-abrigo.
“No seguimento da Cimeira Social do Porto, onde as pessoas foram colocadas no centro do debate, o lançamento, hoje, da plataforma e a assinatura da Declaração de Lisboa são mais dois passos essenciais para a construção de uma Europa social mais forte, mais justa, mais solidária e mais inclusiva”, acrescenta.
A plataforma permitirá que os 27 Estados-membros passem dos princípios à ação. O objetivo passa por continuar o trabalho conjunto entre os países, incentivando o diálogo, a partilha de experiências, fortalecendo a cooperação entre todos e monitorizar o trabalho e resultados do que será feito em torno do combate à situação de sem-abrigo.
Mas para passar à ação, o que deve ser feito? A presidente da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais, Lucia Ďuriš Nicholsonová, vê na recolha de dados uma das mais-valias da plataforma. “Para resolver um problema temos de conhecer bem o problema, para que seja possível adotar políticas adequadas”, lembra.
A plataforma permitirá definir como é que os Estados-membros devem utilizar os fundos para combater a situação de sem-abrigo, permitindo investir na habitação social e em muitas outras infraestruturas que podem criar perspetivas para todos. Esta plataforma vai também ser essencial para as autoridades regionais e locais, bancos de investimento e instituições que trabalham no terreno.
A importância do trabalho desenvolvido pelas instituições locais foi enaltecida por vários oradores, lembrando que só com a cooperação destas entidades é que será possível atingir os objetivos traçados. Em Portugal, o trabalho desenvolvido pela Misericórdia de Lisboa junto da população em risco é diário. O Núcleo de Planeamento e Intervenção com Sem-Abrigo (NPISA), que existe em Lisboa desde 2015 e que conta com a coordenação da Rede Social de Lisboa – constituída pela Câmara Municipal de Lisboa, Santa Casa e Instituto da Segurança Social – é gerido pela Misericórdia, permitindo à instituição efetuar uma intervenção integrada que assegura o acompanhamento da população sem-abrigo da capital. Em entrevista recente à TSF, o provedor da Santa Casa realçou que, em Lisboa, a Misericórdia tem tido um papel ativo naquilo que são as respostas na cidade.
E esta nova ferramenta afigura-se como uma mais-valia para o trabalho desenvolvido pela Santa Casa, uma vez que pretende ser um veículo facilitador da cooperação entre os atores no terreno. A plataforma quer possibilitar às instituições a prestação de respostas mais céleres e adequadas às necessidades da população sem-abrigo. Assim, a Misericórdia de Lisboa poderá continuar a fazer jus às palavras do presidente do Parlamento Europeu, David Sasolli, na carta redigida no âmbito da nova plataforma: “Organizações que fazem com que solidariedade não seja uma palavra vazia são fundamentais”.
Lucia Ďuriš Nicholsonová deu o mote para o que viria a seguir: “Será que sabemos qual o sentimento de ser deixado para trás?”. A experiência de, por uma noite, ter dormido na rua – no âmbito de uma campanha de sensibilização para a questão de sem-abrigo, em 2019, na Eslováquia – permite-lhe dizer com segurança: “Vocês não sabem como o cimento pode ser tão duro até que consigamos dormir sobre ele. Essa foi, certamente, a noite mais longa da minha vida”.
Fátima Lopes entrevista ex-sem-abrigo
Alexandra Peralta, Daniel Carvalho, Elda Coimbra e Joaquim Borges sabem bem como as noites na rua podem ser cruéis. Alexandra mudou-se de Alenquer para Lisboa à procura de uma vida melhor. A filha ficou a cargo dos sogros. Chegou à capital com esperança num futuro, mas a vida não melhorou. O facto de não conseguir pagar as despesas atirou-a para a rua. Na altura pensou que dormir no chão frio seria algo provisório. Foram dois anos. Neste momento trabalha num equipamento da Santa Casa, onde “trata de pessoas que precisam de ajuda”. “É o que mais gosto de fazer, sem dúvida”, destaca. Tudo o que pede para o futuro é uma casa, “uma simples casa”, para viver com a filha. “Neste momento não consigo. É impossível pagar uma renda”, frisa.A história de Daniel é diferente. A falência da empresa da qual era dono deixou-o sem nada. O mundo deste empresário passou a resumir-se a “dois metros quadrados de chão”. Seguiram-se dias de revolta, de dor, de tristeza. Conseguiu sair daquela mágoa em que vivia, “graças a Deus” e à força de vontade que não sabe onde foi buscar.
Elda viveu quase dez anos na rua. Chegou a pensar que seria assim até morrer. A falta de emprego impossibilitou-a de pagar a renda da casa. Hoje, ajuda pessoas vulneráveis como ela já fora. “Trabalho numa associação onde ajudo pessoas que vivem na rua a não desistirem e a acreditarem. As instituições não podem deixar de acreditar nestas pessoas”, alerta.
A Joaquim a dependência de drogas tirou-lhe tudo: casa, emprego e família. Deixou a rua há cerca de 20 anos, mas tem bem presente o quão duro era dormir num sítio sem teto, ao frio, com fome. Na altura, o refeitório dos Anjos, da Misericórdia de Lisboa, foi dos poucos apoios que teve. Ali onde conseguia, diariamente, um prato de comida quente para aconchegar o estômago.
O impacto da pandemia nos mais vulneráveis acabou por ser um dos temas mais discutidos na conferência “Combater a situação de sem-abrigo – Uma prioridade da Europa Social”. Ana Mendes Godinho deixou claro que a crise provocada pela pandemia veio aumentar as fragilidades desta população em particular, com o número de pessoas a dormirem na rua a aumentar substancialmente.
“A Covid-19 veio mostrar como o acesso a uma habitação digna é essencial para a saúde e bem-estar. O atual contexto pandémico mostrou que temos capacidade de agir e de inovar, o que reforça a convicção de que podemos ir mais longe”, considera a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
O comissário europeu do Emprego e Direitos Sociais, Nicholas Schmit, recorda que a crise pandémica aumentou, “sem dúvida”, a pressão sobre esta franja da população. “Pedimos para que as pessoas ficassem em casa, mas as pessoas em situação de sem-abrigo não têm casa. Ficaram numa posição de ainda maior risco”.
Para Lucia Ďuriš Nicholsonová, manter medidas excecionais é fundamental. Não tem dúvidas que, devido à crise provocada pela Covid-19, o número de pessoas a viverem na rua aumentou. E, por isso, Lucia só vê uma solução capaz de resolver este flagelo: “Os Estados-membros têm de manter medidas excecionais pelo período necessário para ajudar as pessoas mais vulneráveis”.
Se quer poupar na conta da água ao fim do mês, fique a conhecer algumas dicas que podem ajudar a sua carteira, bem como o ambiente.
O livro “A minha terra é linda – Histórias dos Estudantes Sírios em Portugal” concentra em 140 páginas 30 histórias de estudantes sírios que, ao abrigo de bolsas de estudo, vieram estudar para universidades portuguesas. São narrativas contadas na primeira pessoa sobre como era viver lá, naquele país do Médio Oriente em conflito há mais de dez anos. Mas este livro lançado esta quinta-feira, na Casa do Regalo, em Lisboa, é muito mais que um objeto que dá voz a estudantes sírios que residem em Portugal. Quem o folhear poderá ver ilustrado o trabalho da Associação Plataforma Global para Estudantes Sírios (APGES) que, desde 2014, trabalha na coordenação do programa de bolsas de estudo de emergência, sobretudo na angariação de subsídios para que estudantes sírios possam continuar os seus estudos de licenciatura, mestrado e doutoramento.
A estas histórias junta-se um conjunto de fotografias que alguns estudantes quiseram partilhar. São imagens que mostram a luta constante pela sobrevivência num país em guerra. O presidente da APGES, Jorge Sampaio, vê neste livro um “modesto tributo aos estudantes e às suas famílias, à sua extraordinária resiliência”. Em cada frase deste livro está a afirmação da liberdade e da capacidade de seguir em frente no encalço dos sonhos que estes jovens pretendem realizar em solo português.
No prólogo da obra literária, Jorge Sampaio lembra que, “à partida, a ideia era contar a história desta iniciativa, muito para além dos relatórios que anualmente publicamos sobre as atividades desenvolvidas”. O casamento entre as palavras dos estudantes sírios e as vivências da equipa da APGES, que acompanha de perto as operações no terreno, resultou num surpreendente conjunto de crónicas, que vão desfilando ao sabor da evocação do trabalho árduo, consistente e determinado, realizado ao longo dos últimos anos.
Trabalho esse que tem contado com o apoio de várias instituições parceiras entre elas a Santa Casa. Edmundo Martinho, provedor da instituição, foi um dos presentes na apresentação do livro “A minha terra é linda – Histórias dos Estudantes Sírios em Portugal”, uma vez que a Misericórdia de Lisboa tem prestado um auxílio continuado à APGES. Em 2015, a Santa Casa assinou com a associação um memorando de entendimento para a atribuição de bolsas de estudo a estudantes sírios, no valor de cerca de 50 mil euros por ano, que permitiu a dez jovens oriundos da Síria seguirem os respetivos percursos académicos em Portugal.
Desde 2015 que o protocolo tem vindo a ser renovado. O apoio da Santa Casa e de outros parceiros permitiu que a plataforma, no ano letivo 2019/2020, apoiasse 171 estudantes com bolsas de estudo. Dos 15 estudantes apoiados pela Misericórdia de Lisboa neste período, nove frequentam mestrados ou mestrados integrados em áreas como engenharia informática, farmácia ou arquitetura; dois estudantes frequentam programas de licenciatura em gestão e multimédia; quatro frequentam programas doutorais de ciência política, arqueologia, arquitetura e urbanismo.
O auxílio a pessoas em situação de risco é parte do trabalho diário desenvolvido pela Misericórdia de Lisboa, com o apoio a indivíduos sem residência fixa ou em trânsito na cidade de Lisboa, e que se encontram em situação de risco social. A intervenção da equipa da Unidade de Emergência tem como objetivo principal cimentar a esperança no futuro, através da capacitação, aquisição e desenvolvimento de competências, com vista à reintegração social destas pessoas.
A 20 de junho assinala-se o Dia Mundial do Refugiado, data que celebra a força, a coragem e a determinação das pessoas que são forçadas a deixar as suas casas e os seus países devido a guerras, perseguições e violações de direitos humanos. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) alerta que os conflitos e perseguições obrigaram mais de 80 milhões de pessoas em todo o mundo a fugir de suas casas. O livro “A minha terra é linda – Histórias dos Estudantes Sírios em Portugal” quer ser uma arma para combater este flagelo e permitir a todos os jovens, sobretudo daqueles que, enfrentando situações de conflitos e desastres humanitários, carecem de proteção, o acesso à educação superior num ambiente de segurança.