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ARMIL – Continuar a ser Santa Casa para lá da reforma

Aos 87 anos, Preciosa Tomás mantém a ligação à Santa Casa que começou quando tinha 28. Na altura ingressou como colaboradora, e hoje é vogal na ARMIL, a Associação de Reformados da Misericórdia de Lisboa. Fomos conhecer as suas histórias, a de Preciosa e a da ARMIL, mas acabámos por conhecer também uma outra pessoa, que haveria de juntar-se a nós no dia seguinte, e cuja história se confunde com a da própria associação. Mas já lá vamos.

Voltemos ao percurso de Preciosa na Santa Casa, o qual se iniciou há quase 60 anos. “Primeiro vim para a limpeza. Entrava às 5h30. Custava-me tanto sair da cama… mas também era só atravessar a rua!”, começa por contar.

Sete anos mais tarde, Preciosa ‘saltou’ para a cozinha do refeitório, não sem antes completar um requisito obrigatório para que tal acontecesse. “Chamaram-me para a cozinha, mas tinha de ter a 4.ª classe e eu só tinha a terceira. Então, à noite, das 19 às 20 horas, vinha uma professora dar-nos aulas. Íamos umas 10 ou 11. Depois fizemos exame na Rua da Rosa, entrei para a cozinha e estive lá 14 anos”, resume com detalhe.

Queixa-se que as marcas de servir pesados pratos ao balcão ainda se fazem sentir nos dedos da mão, mas adianta que só não ficou mais tempo na função porque quis o destino que a cozinha entrasse em obras, o que fez deslocar o local de trabalho de Preciosa para o Centro de Promoção Social da PRODAC, em Marvila.

Entretanto, deu-se um golpe de sorte: o marido de Preciosa foi chamado para trabalhar na provedoria, mas recusou e deixou uma sugestão. “Indicou-me a mim, porque eu estava triste por estar tão longe. Era uma hora e tal de autocarro! Então chamaram-me para a provedoria e já não me deixaram sair mais. Estive lá 14 anos e reformei-me em 2000”.

Anos mais tarde, Preciosa perdeu o marido e o filho casou, pelo que a solidão era a única companheira em casa. A solução chegou pela insistência de antigos colegas: juntar-se à ARMIL.

Preciosa, da ARMIL, dá uma entrevista

"HÁ SEMPRE QUE FAZER"

À quarta-feira é o dia de Preciosa abrir a porta e fazer o atendimento na associação. Mas a verdade é que a encontrámos… numa terça.

“Como moro aqui ao lado, nos dias em que não me apetece fazer comida, venho almoçar. Venho aí às 11 horas, almoço e depois fico aqui até às 16. Há sempre que fazer! Hoje estivemos a carimbar cartas”, diz, antes de se levantar repentinamente sem justificação. Preciosa dirige-se então à estante e tira um molho de envelopes. Volta para a mesa e desfaz, por fim, a nossa curiosidade: “Vai haver agora um passeio a Fátima e vamos informar os sócios por carta. Temos de pôr três carimbos: o do porte pago, o da ARMIL e o da Santa Casa. A secretaria só nos empresta este da Santa Casa da parte da manhã, então peço-o à quarta-feira e passo a manhã a carimbar. Entrego-o quando vou almoçar e à tarde ponho os outros. A tesoureira e o secretário têm outras coisas para fazer, da escrita e assim. Como eu de escrita não percebo nada, faço isto, e recorto os cartões dos novos sócios…”.

Preciosa conta-nos que a associação tem diversas atividades, como aulas de informática ou ginástica. A esta última não vai, porque sofreu “um acidente no joelho”. Ainda assim, garante que “os dias passam depressa”, ao contrário do que aconteceu durante a pandemia, quando, conta, esteve fechada em casa durante meses. “Ia lá o meu filho levar as compras… eu ia ficando maluca da cabeça!”.

Enumera os quatro provedores que conheceu, mas sublinha que o senhor Américo, que é vice-presidente da associação, sabe bem mais. “Tem quase 90 anos e foi um dos fundadores da associação. Ele é que sabe explicar tudo. Até me admira não ter vindo hoje. Deve ter tido alguma consulta. Mas amanhã está cá”, garante Preciosa, que nos sugere que falemos também com ele para saber mais histórias da ARMIL.

Nós assim fizemos e voltámos no dia seguinte.

O DIA EM QUE IRRITOU A PROVEDORA

Depois de uma primeira tentativa, gorada pela “sagrada” hora de almoço que se faz mais cedo do que contávamos, lá chegamos à fala com Américo Lopes. (É o dia de Preciosa abrir a porta da ARMIL e por isso encontrámo-la novamente).

“Fui presidente até 2017. Agora, sou vice-presidente”, começa por contar Américo. “Se gosto disto? Amigo, eu fui fundador desta instituição. Foi fundada a 17 de maio de 1991. Foi um grupo que se juntou a pensar que os trabalhadores, quando se reformavam, perdiam o contacto e as amizades. Fomos 10 fundadores… parece-me que só eu é que ainda estou vivo.” Preciosa, que estava mesmo ao lado, acrescenta: “De pernas e cabeça está bom, a vista é que é pior”.

Américo Lopes começou a trabalhar na Santa Casa em 1956, “numa sopa dos pobres em Campo de Ourique”, ingressando depois na farmácia Santa Marta. “Tínhamos 13 farmácias espalhadas pela cidade e passei por elas todas em férias dos colegas. Houve uma altura, num verão, em que de manhã estava em Alcântara, até às 17 horas estava em Benfica e depois ainda ia para a Musgueira. Só num dia fazia três farmácias”, relembra com orgulho.

Américo conheceu vários provedores e houve uma que, segundo o próprio, ele conseguiu irritar, numa altura em que andava à procura de novas instalações para a ARMIL.

“Primeiro, não tínhamos local para reunir e depois deram-nos um cubículo ali na Casal Ribeiro. Um dia, num encontro da Casa do Pessoal, encontrei a provedora da altura e perguntei-lhe: Doutora, quando é que temos instalações? Perguntava-lhe tantas vezes que ela nunca mais me pôde ver! Uma vez, num jantar na antiga FIL, ela andava a visitar as mesas, mas quando me viu, aí vai ela! Nem queria ver-me!”, diz Américo entre risos.

A conversa vai fluindo, mas muda para um tom mais sério quando a fita do tempo revela uma antiga ameaça à associação: “Houve uma dirigente que queria fechar isto para uns estudos, mas eu disse-lhe: nem pense! Façam os estudos que quiserem, mas isto não fecha. Só por cima do meu cadáver!”. E não fechou.

Preciosa e Américo, dois membros da ARMIL, falam sobre a associação

"FICAR EM CASA A OLHAR PARA AS PAREDES NÃO RESOLVE NADA"

A ARMIL tem, atualmente, cerca de 250 sócios – já foram mais de 400 – e Américo quer atrair mais gente. Até porque, assegura, as pessoas podem encontrar ali um espaço de conforto nos momentos mais difíceis.

“Eu sei – e infelizmente tenho essa experiência – que quando um familiar parte é um momento muito duro e difícil, mas não podemos ficar em casa a olhar para as paredes, porque isso não resolve nada”, explica o vice-presidente da associação.

E nem os netos devem servir de desculpa: “Há uma coisa que costumo dizer: os pais devem ajudar os filhos naquilo que é possível, mas não os devem substituir e passarem a ser pais novamente [dos netos]. Têm de ter a sua vida normal. Há tempo para tudo.”

A simbólica quota mensal da ARMIL é de um euro, que Américo admite que já devia “ser dois ou três”, mas compreende que “a maior parte dos associados era dos quadros mais baixos e muita gente tem reformas baixas”, pelo que o valor acaba por se ir mantendo. O desafio passa mesmo por conseguir mais sócios para combater a natural lei da vida. “Ainda há pouco tempo conseguimos três novos sócios, mas, entretanto, morreram quatro…”, conta Preciosa.

“Enquanto puder, cá estarei”, completa Américo.

Para já, no horizonte está o passeio a Fátima, o almoço de aniversário da associação e a participação nas marchas populares. Depois disso, na primeira porta à direita, após passar a portaria da Santa Casa, no Largo Trindade Coelho, os planos para a realização de atividades continuarão e os encontros e convívios continuaram a acontecer.

 

Contactos ARMIL:
Tel: 213 235 144
Email: armil.geral@scml.pt

Simulacro põe à prova capacidade de resposta da Santa Casa em caso de incêndio

Na manhã desta quarta-feira, 28 de fevereiro, realizou-se um simulacro de incêndio na sede da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no Largo Trindade Coelho, onde trabalham cerca de 700 colaboradores.

Eram cerca das 10 da manhã, quando soaram os alarmes instalados no edifício da Santa Casa, devido a uma descarga elétrica que acabou por originar um incêndio. 

Confirmada a gravidade e dimensão da situação, foram desencadeados os procedimentos de segurança e foram chamados ao local efetivos do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, os Bombeiros Voluntários de Lisboa, o Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, a Unidade Local de Proteção Civil da Junta de Freguesia da Misericórdia, a Polícia de Segurança Pública e a Polícia Municipal de Lisboa. Foi prestada assistência a um ferido ligeiro, e os restantes funcionários e visitantes foram evacuados com sucesso. O exercício ficou concluído em 21 minutos.

Para Ana Vitória Azevedo, vice-provedora da Misericórdia de Lisboa e responsável pela área de Segurança, estas ações são importantes “para se verificar se as regras de segurança estão a ser cumpridas e para melhorar eventuais falhas que possam existir”. A responsável enalteceu, ainda, a “grande colaboração dos próprios colaboradores da Santa Casa”, que contribuíram para o sucesso deste simulacro.

Provedora presta homenagem à Professora Doutora Graça Andrada

A Professora Doutora Graça Campos Andrada, simplesmente Dra. Graça, partiu no dia 28 de outubro, após uma longa vida, sempre muito ativa, apesar dos seus 91 anos.

Recordo a Dra. Graça, enquanto jovem médica nos corredores do Hospital de Santa Maria, em que se comentava que uma pediatra tinha vindo dos EUA com a especialidade de reabilitação. Nesse tempo, não entendi muito bem o que significava. Mais tarde, tive a oportunidade de fazer um curso de 35 horas no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA) e também outros no Centro de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian, onde voltei a testemunhar a sua capacidade de inovação na área da reabilitação.

É por isso que, enquanto médica pediatra, mas também na qualidade de Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), não posso deixar, neste momento, de fazer uma justa e sentida homenagem à Dra. Graça, pelo seu contributo na área da reabilitação e pelo que representou para as crianças portadoras de deficiência e no apoio aos pais e famílias.

A Dra. Graça ficará para sempre ligada ao Centro de Medicina Física e Reabilitação de Alcoitão, tendo assumido logo na sua abertura a direção do serviço de pediatria, por onde passaram médicos que fizeram a especialidade de fisiatria, alguns neuropediatras e pediatras. A dinâmica que introduziu neste serviço ao nível da organização, com um funcionamento invulgar de rigor e curiosidade científica, contribuiu para que o CMRA fosse, desde logo, um centro de referência nacional e internacional, tendo sido um modelo que serviu para os outros centros, que mais tarde abriram no país.

Muito se deve à Dra. Graça o entusiasmo e profissionalismo que contagiava os outros serviços do CMRA.

A Dra. Graça foi também diretora do Centro de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian (CPCCG), que desde há alguns anos está sob a gestão da SCML. Neste centro, em que o apoio às crianças faz toda a diferença na sua vida e das suas famílias, dinamizou a formação, quer de terapeutas – em técnicas muito dirigidas para a Paralisia Cerebral –, quer de médicos, nomeadamente pediatras em desenvolvimento infantil, trazendo para Portugal instrumentos de avaliação do desenvolvimento de reconhecido valor científico.

A Dra. Graça imprimia um grande dinamismo ao centro e um apoio inestimável a quem por lá passava, deixando recordações em todos. A sua preocupação com o futuro do “seu” centro manteve-se até aos dias de hoje, cabendo agora à SCML manter o CPCCG vivo e rejuvenescê-lo, para que as crianças e famílias possam continuar a sentir o apoio e a segurança que necessitam nestas situações, continuando como uma referência nacional na área da Paralisia Cerebral.

A obra da Dra. Graça ficará para sempre, assim como os seus ensinamentos, que marcaram várias gerações de profissionais, sendo um potencial que temos o dever de manter vivo.

Obrigado, Dra. Graça.

Ana Jorge, pediatra

Provedora da SCML

Crédito fotografia: Manuel V. Botelho

Santa Casa e acessibilidades, há mais de uma década a construir caminhos para todos

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem desempenhado um papel crucial na promoção das acessibilidades em Portugal. Através de iniciativas inovadoras e parcerias estratégicas levadas a cabo ao longo da última década, a instituição tem trabalhado para garantir que espaços culturais, desportivos e outros sejam acessíveis a todos, cumprindo assim a sua missão e liderando pelo exemplo.

Numa sociedade verdadeiramente inclusiva, a acessibilidade não é um luxo, mas um direito fundamental. Para garantir que todas as pessoas, independentemente das suas capacidades físicas, possam desfrutar plenamente, por exemplo, das riquezas culturais e das emoções do desporto, é essencial criar espaços acessíveis. Mas a promoção da melhoria das acessibilidades vai além de rampas e elevadores, envolve também uma mudança de mentalidade, um compromisso com a igualdade e o respeito pelas diferenças.

bancada de mobilidade na final da taça de portugal

Quebrar barreiras na cultura

Uma das primeiras ações da Santa Casa em termos de acessibilidades foi talvez na área da cultura, com os festivais de música, como explica Luna Marques, diretora da Unidade de Animação Socioeducativa que esteve sempre ligada a projetos que envolviam utentes da instituição e a sua participação em eventos culturais.

“Em 2012, a Santa Casa patrocinou o Rock in Rio, um festival que sempre teve uma grande preocupação com as acessibilidades. Esta problemática era também uma inquietação da Santa Casa e como um dos nossos princípios é não deixar ninguém para trás, desenvolvemos um excelente trabalho no apoio a pessoas com mobilidade condicionada”. Paralelamente, observou-se que “todos os promotores queriam a Santa Casa a realizar este trabalho”, acrescenta.

Já Maria da Cunha, subdiretora da Direção de Comunicação e Marcas reforça igualmente esta ideia, confirmando que “quando se colocavam estas questões, os organizadores passaram a pensar logo na Santa Casa”, o que foi entendido, desde cedo pela instituição, como “um reconhecimento do bom trabalho até então já realizado, sempre numa lógica de patrocínio útil”.

A importância deste trabalho foi ganhando asas e chegou mesmo a todo o país, nos anos que se seguiram.

“Os promotores dos muitos festivais patrocinados pela Misericórdia de Lisboa, como: Meo Sudoeste, Paredes de Coura, Vilar de Mouros, Marés Vivas, Festival F, Super Bock Super Rock, Santa Casa Alfama ou o NOS Alive, começaram também a preocupar-se com as acessibilidades. E, durante muitos anos, fomos responsáveis pelo desenvolvimento de um trabalho muito sério no apoio à mobilidade condicionada”, frisa ainda Luna Marques.

Novidades como lugares de estacionamento e portas de acesso exclusivos, oficinas de apoio a cadeiras de rodas, plataformas para pessoas com mobilidade reduzida, casas de banho adaptadas, mapas táteis e a interpretação de concertos em Língua Gestual Portuguesa foram marcando a diferença para quem depende destes apoios.

“Os testemunhos das pessoas apoiadas por nós são comoventes. Algumas destas pessoas, antes de verem o programa do festival, dizem-nos que vão verificar se a Santa Casa estará presente. Durante estes anos proporcionámos a milhares de pessoas com mobilidade condicionada a possibilidade de participarem nestes eventos, o que de outra forma não seria possível. Fomos também nós evoluindo no nosso trabalho, houve muita aprendizagem com as pessoas que apoiamos”, concluiu a diretora da Unidade de Animação Socioeducativa.

Além dos festivais, a atuação da Santa Casa estendeu-se também a outros polos culturais. Um dos exemplos é o Teatro Nacional D. Maria II, com quem a parceria permitiu melhorar as condições de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida e introduzir a interpretação de peças em Língua Gestual Portuguesa e com audiodescrição.

Parte destas iniciativas foram produzidas em colaboração com a Access Lab, através de Tiago Fortuna, responsável da empresa, e também ele com experiência própria nestes temas devido à sua condição física, testemunha e relembra como tudo começou.

“A nossa relação com a Santa Casa começa no seio da Casa do Impacto, quando fomos financiados pelo Fundo +Plus no âmbito da filantropia e investimento de impacto para alavancar o projeto da Access Lab. Depois solidificámos essa relação em sinergias com a Valor T e, mais tarde, com a Direção de Comunicação e Marcas, na ativação, que disponibiliza recursos para a comunidade surda no festival Santa Casa Alfama”, explica. Tiago toca ainda nos exemplos de transformação de espaços na Altice Arena ou nos festivais Iminente e MIL. O exemplo mais recente desta aposta na promoção das acessibilidades, por parte da Santa Casa, pode ser percebido na edição deste ano do Santa Casa Alfama, com a novidade dos coletes sensoriais.

sistema de audiodescrição

Desporto para Todos

No desporto, a acessibilidade é igualmente fundamental, tanto para espectadores como para atletas. Também “em campo”, esta foi sempre uma preocupação e uma aposta da Santa Casa, aqui através da marca Jogos Santa Casa, desde há cerca de 10 anos.

No Jamor, em 2022, nasceu o projeto da Escola de Natação Santa Casa, resultante da parceria com a Federação Portuguesa de Natação com o apoio dos Jogos Santa Casa, que posteriormente ganhou asas e passou a disponibilizar também aulas para pessoas com deficiência visual.

Desde o ciclismo, com a aquisição de bicicletas adaptadas (Tandem), passando pelo desenvolvimento de um programa de promoção do paraciclismo, até ao esqui, com a disponibilização de uma cadeira adaptada instalada no complexo de desportos de inverno da Serra da Estrela, passando ainda pela criação do Campeonato Nacional de Ténis de Mesa adaptado, entre muitos outros exemplos, a Santa Casa tem feito esforços para chegar – e fazer chegar – mais longe.

O futebol também mereceu atenção, desde cedo, no campo das acessibilidades. Exemplo disso foi a final da Taça de Portugal em 2012, prova que contou com o apoio dos Jogos Santa Casa, que então formalizaram uma parceria com a Federação Portuguesa de Futebol. Neste evento, e noutras edições posteriores, a instituição decidiu apoiar a instalação de uma bancada destinada a pessoas com mobilidade reduzida, que neste ano de 2023 contou com dezenas de utentes do Centro de Medicina de Reabilitação do Alcoitão e da Obra Social do Pousal. Também os jogos de futebol da Seleção Nacional, realizados no nosso país, são hoje mais acessíveis, sobretudo a pessoas com deficiência visual, que graças a uma ferramenta de audiodescrição puderam igualmente assistir e viver mais intensamente as emoções dos jogos.

Ainda no desporto, e numa área cada vez mais fundamental nos dias de hoje como é a digital, a Fundação do Desporto e os Jogos Santa Casa uniram-se, em 2021, para apoiar modernização do website do Comité Paralímpico (paralímpicos.pt), com o objetivo de obter o Selo Ouro de Usabilidade e Acessibilidade.

cadeira de esqui adaptado na Serra da Estrela

Um futuro mais inclusivo

As acessibilidades promovidas na última década pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa são o testemunho do compromisso da instituição para uma sociedade mais igualitária e justa.

Ao criar-se mais espaços e oportunidades mais acessíveis não se atende apenas às necessidades das pessoas com deficiência, mas enriquece-se igualmente a experiência de todos e constrói-se o caminho para um futuro mais inclusivo. Esta é, também, uma das Boas Causas promovidas, Misericórdia de Lisboa.

JMJ: Misericórdia de Lisboa contribui para semana histórica

A manhã do primeiro dia de agosto começou amena, no tempo e no espaço do Largo Trindade Coelho. Pelo local, logo às primeiras horas, circulavam já centenas de peregrinos, empunhando orgulhosamente as bandeiras dos seus países, uns cantando, outros mais silenciosos, mas todos unidos pelo propósito de celebrarem este encontro planetário.

Ali, já estavam também preparadas não só as várias estruturas de apoio aos visitantes, mas também as equipas de voluntários da Santa Casa. Ali, no Largo Trindade Coelho, e em vários outros pontos de Lisboa.

Foram quase 70 trabalhadores da instituição que, altruisticamente, quiseram oferecer o seu tempo a mais esta missão. Como? Fazendo o acolhimento aos peregrinos de várias formas, desde ajudar na concretização dos vários eventos e atividades programados, passando pela execução de tarefas tão diversas como prestar informações várias, proceder à limpeza de espaços ou, simplesmente, ajudar a traduzir uma ou outra palavra ou expressão mais difícil de entender.

Atenção à Deficiência e à Saúde

E para se chegar, de facto, a todos, a Misericórdia de Lisboa dedicou especial atenção ao projeto de acessibilidades “Atenção à Deficiência”, assente em três perspetivas: na formação de voluntários para apoio nas plataformas de mobilidade reduzida, na disponibilização de equipamento de apoio – com empréstimo à organização da Jornada de 50 cadeiras de rodas, 40 canadianas e dez rampas telescópicas – e no contributo de três técnicos da Valor T em áreas específicas da deficiência.

A intervenção da Santa Casa fez-se também na área da saúde, organizada conjuntamente entre os seus serviços e a equipa da Jornada Mundial. Para o efeito, foram disponibilizadas três Unidades Móveis Saúde Santa Casa: uma no Largo Trindade Coelho, até ao dia 4 de agosto, outra na Quinta das Conchas, nos dias 1 e 2, e a terceira no Parque Tejo, no dia 6. Esta com a finalidade primeira de apoiar os participantes na saída após a missa desse dia.

Em todas, os peregrinos puderam (e poderão) contar com um médico, um enfermeiro, um psicólogo e um motorista para auxílio na prestação de primeiros socorros, na disponibilização de medicamentos de venda livre e de material informativo em saúde, no apoio psicológico e ainda no encaminhamento para cuidados diferenciados em caso de necessidade.

Logo pela manhã do dia 1, por exemplo, foi necessário atender duas pessoas na Unidade Móvel no Largo. Não foram situações preocupantes, mas requereram alguma intervenção, prontamente realizada pela equipa de apoio.

JMJ_Largo Trindade Coelho_2_Unidade Móvel Saúde

Emoção, partilha, esperança, amor… e amor

A segunda-feira no Largo Trindade Coelho foi uma enchente de pessoas, mas também de desafios. Um deles (não tão relevante, seguramente, como todos os outros) foi um verdadeiro teste aos conhecimentos de Geografia de quem por lá passava. Isto porque a diversidade de bandeiras era tal que se tornava difícil perceber as nações a que pertenciam.

Espanha, Brasil, França, Itália e Bélgica eram cores e combinações relativamente conhecidas. Taiwan, Filipinas, Guatemala, El Salvador… já não tão conhecidas assim.

Mas esta diversidade – de países, de línguas, de cores, de culturas, de civilizações – é, simultaneamente, o que agrega os milhares de pessoas que fizeram, muitas delas, também milhares de quilómetros, com todas a falarem a linguagem universal do amor.

Esta foi, pelo menos, a palavra mais ouvida da parte dos peregrinos que passavam no Largo: “é muito emocionante poder participar nesta Jornada e partilhar estes momentos únicos de amor e esperança”. Ou “estar aqui é a concretização de um sonho. Poder espalhar alegria e amor entre todos é uma alegria muito grande”.

Foi também esta a mensagem que a Misericórdia de Lisboa quis transmitir e partilhar ao associar-se à Jornada Mundial da Juventude 2023. Nas palavras da provedora da instituição, Ana Jorge, “vale a pena acreditar no futuro. Ele é feito por todos nós, pelos mais velhos e pelos mais novos. Se tivermos esperança e formos muito mais próximos uns dos outros, mais humanos, acreditamos que é possível que a paz nos chegue. Tudo depende da vontade e resiliência de cada um e cada um pode trabalhar naquilo que é capaz de fazer. Se o fizer bem, temos esperança no futuro”.

Santa Casa na Jornada Mundial da Juventude

Pela primeira vez em 37 anos de existência, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) irá decorrer em território nacional entre 1 e 6 de agosto, juntando pessoas de todo o mundo num evento planetário anunciado pelo Papa Francisco. O envolvimento e a participação da Santa Casa na JMJ serão amplos e diversos, envolvendo múltiplos serviços, departamentos e iniciativas da instituição.

Ao longo dos dias em que decorrerá a JMJ, a Misericórdia de Lisboa desenvolverá atividades em várias vertentes, entre as quais se encontra o “Largo da Misericórdia” que será palco de um programa cultural e espiritual que integrará o Festival da Juventude da JMJ, entre os dias 1 e 4 de agosto. Esta é uma iniciativa conjunta entre a Santa Casa e a Companhia de Jesus, que terá concertos, momentos de oração, workshops e outras atividades.

A iniciativa que acontece em cinco locais, todos situados na mesma área da cidade, como a Igreja de São Roque, a Brotéria, o Convento de S. Pedro de Alcântara, o Largo Trindade Coelho e a Igreja da Encarnação, conta ainda com a presença do Superior-geral da Companhia de Jesus, Arturo Sosa Abascal, também conhecido como o “Papa negro” devido à sua batina negra. Consulte todo o programa, aqui.

A direção da Cultura da Misericórdia de Lisboa aproveita igualmente a ocasião para convidar os jovens a “Viver a Casa Comum”. Esta iniciativa é um itinerário por quatro locais religiosos: Igreja de São Roque, Convento de São Pedro de Alcântara, Convento dos Cardaes e Igreja de Santa Catarina, onde cada jovem pode recolher um elemento natural (reaproveitamento de desperdícios de indústria) para colocar na sua bolsa de peregrino, tal como São Roque usava, feita por materiais naturais.

Além disso, a sustentabilidade é um dos três temas centrais do pontificado do Papa Francisco, que até na escolha do seu nome foi inspirado a escolher São Francisco de Assis, “o santo da natureza e dos animais”.

Unidade Movél de Saúde Santa Casa

Durante toda a semana da JMJ, a instituição assegura a prestação de cuidados de saúde em primeiros socorros e sessões de sensibilização através das Unidades Móveis de Saúde Santa Casa. Estas unidades, que contam com uma equipa composta por enfermeiro e médico da Santa Casa em regime de voluntariado, estarão no Largo Trindade Coelho, de 1 a 4 de agosto, na Quinta das Conchas dia 1 e 2 de agosto e no dia 6, no Parque Tejo, no apoio à saída dos peregrinos após a missa. 

Procurando garantir e promover os direitos individuais e uma plena integração social, a Santa Casa disponibiliza na JMJ respostas destinadas a pessoas portadoras de algum tipo de deficiência. 

No âmbito do apoio a todos que, embora com dificuldades motoras ou outras, pretendam participar na JMJ’23, a Santa Casa participa no projeto de acessibilidades “Atenção à deficiência”, através da disponibilização de equipamento de apoio, com a cedência de 50 cadeiras de rodas, 40 canadianas e dez rampas telescópicas e com a presença de técnicos da Valor T que vão dar o seu contributo e apoio especializado na área da deficiência. As equipas da Santa Casa vão também ajudar a formar voluntários da JMJ para acolhimento de pessoas com deficiência, nomeadamente peregrinos que vão acompanhar as ações junto dos dois palcos do evento, no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo.

Ao longo de toda a jornada, a Santa Casa estará igualmente representada por vários voluntários. Ao todo, serão 70 os colaboradores da Misericórdia de Lisboa, que irão oferecer o seu tempo para ajudar os outros. Estes voluntários estarão ao “serviço” dos peregrinos e dos eventos/atividades programadas, sob supervisão do COL (Comité Organizador Local – Lisboa). 

Já os voluntários prestarão serviço na área geográfica da sua paróquia, sob supervisão do COP (Comité Organizador Paroquial), acolhendo peregrinos em casa ou noutros locais preparados para o efeito.

A Santa Casa também disponibiliza espaços de oração e acolhimento, como é o caso da cedência do Convento do Grilo para albergar peregrinos de todo o mundo.

Um ano de Artéria. O projeto comunitário que colocou Lisboa a conversar

O projeto Artéria está de parabéns. Um ano dedicado a contar muitas histórias de Lisboa, desconhecidas do grande público. Criado com o propósito de ser um novo canal para o jornalismo de comunidade, protagonizado por voluntários e estudantes de comunicação social, no último ano o Artéria levou a cabo vários passeios pela cidade, dinamizou mais de uma dezena de fóruns de debate de questões importantes para o dia a dia dos lisboetas e de quem visita a capital e, até, ensinou a plantar em ambiente urbano, através de workshop de agricultura em cidade. Em comum, estas iniciativas tinham um objetivo: colocar Lisboa e os seus moradores e visitantes a falar entre si e a discutir sobre as temáticas atuais mais relevantes da cidade.

O foco sempre foi Lisboa, as suas histórias, os seus projetos de vizinhança, as questões que mexem com a cidade na procura de soluções, o seu património a descobrir. A iniciativa passou, por isso, por vários locais, com algumas visitas guiadas onde se inscreveram mais de duas centenas de pessoas. Algumas destas visitas foram promovidas pelo serviço de públicos da Direção da Cultura da Santa Casa, que possibilitaram aos participantes ficar a conhecer lugares que fazem de Lisboa um local mágico e enigmático, com histórias onde mitos e realidade se cruzam numa simbiose perfeita.

Entre os vários temas “em cima da mesa” nos debates promovidos pelo Artéria estiveram a mobilidade na cidade, o ativismo, a vida nos centros urbanos e como ela afeta a saúde mental, ou ainda um debate sobre a qualidade de vida em Lisboa, que teve lugar noutro espaço emblemático da instituição: a Sala das Extrações da Santa Casa, no Largo Trindade Coelho.

Destaque, ainda, para os reconhecimentos obtidos pelo Artéria, na sequência de algumas atividades promovidas. Pelo seu trabalho comunitário, recebeu dois prémios no European Newspaper Award, na categoria “Inovação em edição impressa/edições especiais” e na categoria “Projetos cross-media”. Já este ano foi distinguido com prémio “Wood Pencil” nos D&D Awards, iniciativa que celebra a criatividade a nível internacional.

Conheça o projeto na íntegra no seu site oficial, aqui.

A cuidar, há mais de cinco séculos

525 anos de Boas Causas

525 anos. Esta é uma data que impõe respeito pela longevidade, mas também pelo que a instituição simboliza em Lisboa e no resto do país. Dar de comer a quem tem fome. Dar de beber a quem tem sede. Vestir os nus. Dar pousada aos peregrinos. Assistir aos enfermos. Visitar os presos. Enterrar os mortos. Eram estas as “sete obras corporais” do Compromisso original da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, quando foi fundada a 15 de agosto de 1498.

Apesar de o dia exato da fundação da Misericórdia de Lisboa ser a 15 de agosto, o aniversário da instituição é celebrado anualmente a 2 de julho porque era essa a data em que o antigo calendário litúrgico da Igreja Católica Apostólica Romana celebrava a Visitação de Maria, considerada por muitos um paradigma de misericórdia.

No século XVII a Santa Casa começou a cumprir uma das suas missões mais nobres e simbólicas, receber e criar as crianças expostas, deixadas a cargo da instituição. Ao longo da sua história esta e outras Causas tornaram a Misericórdia de Lisboa numa instituição de referência, constituindo um exemplo de empenho e solidariedade replicado em todo o país.

Em 1783, a Mesa da Santa Casa da Misericórdia e Hospitais Reais de Enfermos requereu à rainha D. Maria I a criação da Lotaria Nacional como forma de financiamento das Boas Causas. Quase dois séculos depois, em 1961, nasceu o Totobola e com a criação de novos jogos como as Lotarias Clássicas e Populares, a Raspadinha, o Euromilhões ou o Placard a instituição tem conseguido desenvolver novos projetos em prol dos mais necessitados.

São mais de cinco séculos de obra construída em áreas tão diversas como a Ação Social, a Saúde, a Cultura, a Educação, o Património ou a Inovação e Investigação e que, ainda hoje, se mantém como missão diária.

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Misericórdia de Lisboa – A cuidar, há mais de cinco séculos.

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa celebra 525 anos

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) celebra, esta terça-feira, 525 anos de existência a ajudar os que mais precisam em diferentes áreas de intervenção, com enfoque para a ação social e saúde de proximidade.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas