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Pai é quem cuida… e acolhe

Vamos chamar-lhe André.

André tinha 3 anos quando ganhou uma segunda família, com direito a pai, mãe e dois irmãos.

Tiago e Sofia, pais do Tomás e da Clarinha, estavam de acordo num ponto: ambos queriam uma terceira criança nas suas vidas. A forma como tal aconteceria é que os dividia. “Eu estava mais com aquela ideia romântica e cliché de ‘vamos ajudar alguma criança que já esteja neste mundo e que precise’, sendo que a única forma que conhecia para o fazer era a adoção”, começa por nos contar Tiago Swart, o coprotagonista desta história inspiradora.

Nem de propósito: um dia, está Sofia – a outra personagem principal – parada no trânsito quando vê um cartaz da Santa Casa relativo ao programa de acolhimento, na traseira de um autocarro que parou, literalmente, à sua frente. Chegou a casa, comentou com o marido Tiago e, calhando a circunstância de terem um amigo funcionário da instituição, telefonaram-lhe para obterem mais informações sobre o assunto.

Esclarecidos em traços gerais, foi o que bastou para tentarem perceber melhor o que estava em causa. Contactaram a Santa Casa, que os encaminhou para uma formação online de quase dez meses (coincidiu com a altura da pandemia do covid-19). No final, não tiveram dúvidas de que seria ‘o’ filho que queriam abraçar com total dedicação.

“Uma ou duas semanas depois de termos terminado a formação, e de termos sido aceites como família ‘pronta’ para o acolhimento, foi-nos proposto o André. Na altura, tomámos conhecimento de uma doença muito específica de que padecia, pelo que, ainda antes de o conhecermos, visitámos a instituição em que estava inserido para podermos conversar com as técnicas que o acompanhavam, no sentido de percebermos os cuidados especiais de que precisava. Depois de uma tarde reunidos, e de termos compreendido todas as possíveis necessidades que o André poderia ter, decidimos, então, aceitar e avançar com o seu acolhimento, recebendo-o em nossa casa”, relembra Tiago.

O dia-a-dia na nova família

A adaptação de André à sua nova casa foi tranquila, muito graças ao ambiente acolhedor que já existia. Rapidamente se tornou parte da dinâmica familiar, com todos a contribuírem para que tal acontecesse. No ‘todos’, leia-se, dois filhos pequenos.

“O André encaixava mesmo no meio das idades dos nossos filhos – a Clarinha tinha 3 anos na altura, o André 4 e o Tomás 6. Ou seja, a parte do acolher em casa e da rotina do dia-a-dia, depois da adaptação inicial, nossa e dele, foi muito natural, uma vez que já tínhamos duas crianças. E é exatamente como se costuma dizer, ‘onde comem dois comem três, dá-se banho a dois, dá-se banho a três, despacham-se dois para irem para a escola, despacham-se três’”.

Tiago abre apenas uma exceção para o momento que exigiu alguma adaptação extra, mas do qual nunca quiseram abdicar, por considerarem (ele e Sofia) essencial ao sucesso do acolhimento e da vida do André: o momento das suas visitas à mãe e à família de origem.

“Mesmo exigindo alguma ‘ginástica’ da nossa parte em termos logísticos, nunca deixámos de o fazer, pois encarámos sempre essa premissa como parte fundamental do programa. Não faria sentido se assim não fosse. Se não permitirmos que o contacto com a família de origem continue de uma forma regular para que os laços não se percam, como é que depois vai ser a integração dessa criança na sua família outra vez?”, interroga este pai, agora já de ‘quatro’.

E os filhos? Como reagiram?

“Quando o André chegou a nossa casa, a Clarinha era muito pequenina, tinha 3 anos. Contámos-lhe que havia um menino que, naquele momento, não podia estar com a mãe e que, por isso, precisava de uma casa para morar. E era por isso que queríamos acolhê-lo. Também para o Tomás, mais velho (na altura com 6 anos), a situação foi muito serena e constituiu algo que fazia todo o sentido, até porque, sendo um menino com um coração muito bonzinho – é aquele rapaz que vai sempre confortar os amigos quando alguma coisa está mal – seria lógico que um menino, a precisar de uma casa, ‘claro que o iríamos receber, não há problema nenhum’”, relembra Tiago, com um orgulho indisfarçável na voz e no rosto. E acrescenta: “a Clarinha foi a primeira a chamar ‘mano’ ao André, porque, na cabeça dela, ele sempre esteve cá em casa. ‘Se sempre esteve cá em casa, é meu mano, como o Tomás’”.

O relacionamento com a mãe do André

Tiago e Sofia nunca não tiveram dúvidas sobre a forma como queriam e deviam relacionar-se com a mãe e família de origem do pequeno André: era imperativo e necessário envolvê-los o mais possível na rotina do menino.

“Estávamos um bocadinho receosos relativamente à reação quando nos conhecessem, mas o primeiro impacto foi positivo. Desde o início que construímos uma relação sólida, de amizade, não só com a mãe, mas também com as avós e as tias. Elas estão e estiveram sempre presentes nas várias decisões a tomar, escolares ou outra, e também as relativas à condição especial do André. A mãe dele não sabia, de todo, como lidar com esta doença”, conta Tiago.

“Fomos nós que capacitámos a mãe, através da formação que também recebemos. Estamos convencidos que, sem esta relação próxima, tal não teria sido possível, tal como não teria sido possível, por exemplo, o André falar com a mãe sempre que quer, quando sente necessidade disso. Ele pede-nos para ligar-lhe e nós, obviamente, ligamos”. Tiago conclui, orgulhoso: “queríamos que isto fosse mesmo assim e deixa-nos muito felizes o caminho que percorremos até aqui”.

 O futuro

Tiago e Sofia vivem agora algumas emoções variadas, que perspetivam um futuro desafiante. Por um lado, chegou o bebé Simão – faz em março precisamente um mês. Por outro, o André está quase a voltar para a sua mãe e família de origem.

“Neste momento, o nosso acolhimento ao André está, felizmente, a chegar ao fim. E digo felizmente porque significa que ele vai retornar à família de origem em breve. Obviamente que estamos na expectativa de saber como nos vamos sentir, porque agora vai ser… o desapego”.

Tiago parece dizer estas frases sem tristeza: “temos uma relação tão boa com a família do André, uma relação de amizade tão próxima, que acreditamos que ele não vai sair da nossa vida. Jamais! Nem agora nem daqui a dez ou quinze anos. Estamos convictos de que vamos continuar a apoiá-lo, vamos continuar a passar fins de semana e férias e a ‘matar saudades’. Faremos parte da sua família, sempre. Não somos família de sangue, mas somos do coração”.

E remata, com a anuência de Sofia: “tenho a certeza de que vamos voltar a ser família de acolhimento. Vamos só esperar que o nosso bebé não esteja tão dependente. Mas voltaremos a acolher uma criança – disso não tenho dúvida nenhuma”.

Para saber mais sobre acolhimento familiar, consulte aqui.

Santa Casa lança nova campanha de Acolhimento Familiar

A nova campanha LxAcolhe – Programa de Acolhimento Familiar, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), arranca oficialmente esta sexta-feira, com o intuito de angariar novas famílias de acolhimento Esta é a terceira vez, desde 2019, que a Misericórdia de Lisboa aposta na divulgação do Acolhimento Familiar, uma vez que em Portugal existem cerca de 1400 crianças em instituições e, destas, 300 têm menos de 6 anos de idade. A Campanha pretende assim sensibilizar a sociedade para este facto, através da mensagem “Só uma família de acolhimento pode dar a infância/ carinho/ amor/ mimo/ segurança / proteção que lhe(s) está a faltar”.

O LxAcolhe – Programa de Acolhimento Familiar da SCML evitou já a institucionalização de mais de 140 crianças, que foram integradas em famílias de acolhimento. Segundo a provedora da SCML “este número é ainda insuficiente para o objetivo a que nos propomos: que mais nenhuma criança seja acolhida em instituição, a não ser que a sua situação específica o exija, no seu superior interesse”. Para isso, apela: “precisamos de mais Famílias de Acolhimento”.

O Acolhimento Familiar é uma medida de promoção dos direitos e de proteção das crianças em perigo, que garante a sua integração numa família, sendo este o ambiente adequado ao seu bem-estar e desenvolvimento. Na prática, a medida consiste na atribuição da confiança de uma criança a uma família que dela cuidará, de forma temporária.

Na maioria dos países, o Acolhimento Familiar é assumido há vários anos como prioritário, sempre que uma criança ou jovem precisa de uma medida de colocação por se encontrar em perigo no seio da sua família. Só excecionalmente, e apenas quando tal corresponde ao interesse concreto do jovem, é que se opta pelo acolhimento institucional/residencial. Contrariando esta tendência, em Portugal apenas 3,5% dos acolhimentos acontecem em Famílias de Acolhimento, sobretudo pela escassez ou inexistência de Famílias de Acolhimento capacitadas e selecionadas para o efeito. É esta tendência que a Santa Casa pretende inverter.

Refira-se que qualquer pessoa, individual ou família, pode ser família de acolhimento, desde que um dos seus elementos tenha mais de 25 anos e seja avaliado como capaz de acolher uma criança em perigo.

Para mais informações sobre esta medida consulte este guia e a página do Acolhimento Familiar.

Seminário “Acolhimento Familiar: o Direito a Crescer em Família”

A nova campanha LX Acolhe já tinha sido apresentada na última sexta-feira, 12 de janeiro, no seminário “Acolhimento Familiar – O Direito a Crescer em Família”, organizado pela Santa Casa, que juntou vários especialistas, entre técnicos e académicos, assim como famílias de acolhimento e crianças acolhidas.

A abertura dos trabalhos ficou a cargo de Ana Jorge, provedora da Santa Casa, e de Sofia Athayde, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa. A provedora começou por alertar que “discutir, partilhar e aprofundar experiências e conhecimentos é fundamental, porque só assim se poderá avançar mais nesta área tão importante para as crianças.” Defendeu, também, que “as famílias de acolhimento que recebem estas crianças proporcionam-lhes condições de crescimento, desenvolvimento e segurança e um ambiente acolhedor, emocional e afetivo, necessários para poderem crescer física, intelectualmente e com estabilidade emocional, para serem adultos de pleno direito”.

A responsável acrescentou que esta é uma necessidade tão mais importante tendo em conta os primeiros três anos de vida da criança: “não é por acaso que as Nações Unidas, a Unicef e a OMS chamam a atenção para os primeiros mil dias de vida, uma vez que estes são decisivos na vida de um ser humano para a sua vida adulta, em todos os aspetos. Mesmo na patologia de saúde, sabe-se que muitas das doenças do adulto começaram nessa idade e só se manifestam na vida adulta. É por isso também que temos a obrigação de dar às nossas crianças o potencial para serem adultos saudáveis e felizes”.

Ana Jorge enalteceu ainda o trabalho que a Misericórdia de Lisboa, em parceria com outras instituições, tem vindo a desenvolver no que respeita à proteção das crianças e dos jovens: “temos dado, nos últimos anos, um contributo para aumentar as famílias de acolhimento, para mais crianças poderem desfrutar de uma família. Por comparação, Espanha tem 60% de famílias de acolhimento e Portugal tem 3,5%””.

Pelo seminário passaram vários especialistas sobre a temática do acolhimento familiar, destacando-se Jesús Palacios, professor catedrático em Psicologia do Desenvolvimento e da Educação da Universidade de Sevilha, que abordou a realidade espanhola respeitante à desjudicialização do sistema e a especialização das famílias de acolhimento.

O painel da manhã ‘A Pedrada no Charco’, moderado pelo juiz Paulo Guerra, contou com as intervenções de Rui Godinho, diretor da Direção de Infância e Juventude da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, de Margarida Rangel, professora da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto, e de Joana Baptista, coordenadora do Projeto All 4Children (ISCTE).

Durante a tarde, o tema centrou-se nos ‘Desafios e Magia do Acolhimento Familiar’. Isabel Pastor, diretora da Unidade de Adoção, Apadrinhamento Civil e Acolhimento Familiar da Santa Casa, moderou as intervenções de Patrícia Bacelar, diretora do Núcleo de Acolhimento Familiar da Misericórdia de Lisboa, e de Paula Almeida e Rosa Amado, duas famílias de acolhimento que contaram a sua experiência na primeira pessoa.

A Sérgio Cintra, administrador do pelouro da Ação Social da Misericórdia de Lisboa, coube o encerramento dos trabalhos.

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Isabel Pastor. “A família é a solução natural para o crescimento de qualquer criança”

O projeto Acolhimento Familiar da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa dá a crianças a oportunidade de crescerem em ambiente familiar até serem adotadas ou voltarem para a sua família biológica.

Família de acolhimento. “Cuidamos da bebé como se fosse um filho nosso”

Maria e Miguel Sepúlveda têm seis crianças em casa e decidiram juntar-se ao projeto de Acolhimento Familiar da Santa Casa da Misericórdia, que permite a jovens crescerem num ambiente familiar até que o seu projeto de vida fique definido. Helena é o terceiro bebé que cuidam e será adotada “muito em breve”.

“Álbum de Família”. A série infantil que quer construir um mundo melhor

Lançado no passado dia 1 de junho, programa “Álbum de Família” centra-se na família Silva, em particular na Julieta e no Xavier, as duas crianças protagonistas de série. Todos os domingos, há um episódio novo, às 12h30, na SIC K. Semana após semana, ambos são confrontados com várias problemáticas do mundo que os rodeia, que tentam resolver com histórias e canções. Tudo isto, enquanto se acompanha o percurso dos Silva como família de acolhimento. Ou seja, o tema do acolhimento familiar é transversal a todos os episódios.

“Medos e Pesadelos”, “Vegetais e Alimentação Saudável”, “Segurança na Rua”, “Somos Todos Diferentes”, “Amor e Família”, “Inclusão Social” ou “Animais de Estimação” são algumas das muitas temáticas abordadas ao longo dos episódios.

Álbum de Família

A origem do programa e o apoio da Santa Casa

Recentemente, foram desenvolvidos alguns materiais de apoio direcionados para a divulgação e acompanhamento das medidas em vigor no âmbito do acolhimento familiar, promovendo esta resposta como sendo mais adequada em alternativa ao acolhimento residencial. Neste contexto, no último ano foi desenvolvida uma campanha publicitária que contribuiu para o sucesso da medida, com o objetivo de recrutar famílias de acolhimento e promover o esclarecimento da sociedade nesta matéria.

A temática do acolhimento familiar e a necessidade de esclarecer a sociedade portuguesa nesta matéria estiveram na origem da decisão da Misericórdia de Lisboa associar-se a este programa televisivo. Os materiais foram desenvolvidos através de pesquisa e de suporte técnico dos colaboradores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com reuniões de trabalho e de ajustamento dos conteúdos, tendo daí surgido a série “Álbum de Família”.

“Álbum de Família”

Esta série infantil de dez episódios – e mais de uma centena de vídeos com apoios dos ministérios da Educação e da Cultura – enquadra vários temas associados à família, nomeadamente o quotidiano da família Silva e o seu percurso até se tornar numa família de acolhimento. Os episódios remetem para a rede institucional da Santa Casa e para as características do processo, permitindo informar e chamar a atenção para esta realidade, assim como para os benefícios para as crianças e famílias envolvidas.

Ana Gaspar, técnica da Unidade de Adoção, Apadrinhamento Civil e Acolhimento Familiar da Santa Casa, defende que “o programa promove a realidade do acolhimento familiar, divulgando-a junto do público infantil e das suas famílias”, sublinhando “a qualidade pedagógica dos conteúdos”. Emocionada, diz que “os guiões estão muito realistas e os episódios são muito interessantes. É uma série humana com os valores certos e que, de uma forma lúdica e divertida, passa uma mensagem bonita para as crianças”.

“Além do apoio financeiro, a Misericórdia de Lisboa colaborou na elaboração dos guiões e na construção das personagens, para que a mensagem passada fosse ajustada à realidade e ao contexto do acolhimento familiar”, nota.

Sensibilizar a sociedade portuguesa sobre a temática do acolhimento familiar. Nas palavras de Ana Gaspar, o objetivo é “promover o exercício da parentalidade positiva, em geral, e divulgar a realidade do acolhimento familiar, ‘naturalizando-a’  junto de um público potencialmente candidato a constituir-se como família de acolhimento.

Por último, a técnica da Misericórdia de Lisboa faz um balanço “muito positivo”, explicando que o projeto tem um “enorme potencial de aprofundamento”.

Criança deitada no chão do quarto a pintar

Acolhimento familiar da Santa Casa

O acolhimento familiar da Santa Casa promove os direitos das crianças, proporcionando-lhes um ambiente familiar, indispensável ao seu bem-estar físico e emocional. Receber uma criança é dar-lhe o afeto, segurança e a confiança essenciais ao seu desenvolvimento. É fazer a diferença. O acolhimento familiar é uma solução temporária, mas essencial para defender crianças em perigo. Nos casos em que é necessário encontrar uma alternativa à sua família, o acolhimento familiar constitui-se como medida prioritária de colocação de uma criança, decorrendo até que a família da criança desenvolva condições para dela voltar a cuidar ou, caso tal não se revele viável, se identifique outro contexto familiar com caráter permanente.

 

 

Acolher uma criança é dar e receber amor

“Dar é receber”. Esta é uma das mensagens transmitidas na nova campanha do LX Acolhe, da Misericórdia de Lisboa. São três palavras que traduzem na perfeição o objetivo que fez Vera e Paulo, Marta e Sérgio embarcar na missão de acolher uma criança: dar amor, mas também recebê-lo. Só assim, com a ajuda de famílias que tenham muito afeto para dar e receber, é que o acolhimento familiar da Santa Casa consegue promover os direitos das crianças, proporcionando-lhes um ambiente familiar, indispensável ao seu bem-estar físico e emocional.

Receber uma criança é dar-lhe o afeto, segurança e a confiança essenciais ao seu desenvolvimento. É fazer a diferença. O acolhimento familiar é uma solução temporária, mas essencial para defender crianças em perigo. Nos casos em que é necessário encontrar uma alternativa à sua família, o acolhimento familiar constitui-se como medida prioritária de colocação de uma criança, decorrendo até que a família da criança desenvolva condições para dela voltar a cuidar ou, caso tal não se revele viável, se identifique outro contexto familiar com caráter permanente.

Vera e Paulo sabiam do caráter transitório e temporário que o acolhimento familiar implica. Hoje, o Luís (nome fictício) já não corre pelos corredores da casa deste casal, uma vez que regressou para a família de origem. Na memória de Luís, a Vera e o Paulo ficarão sempre como duas pessoas que foram fundamentais num período difícil daquela criança. Para o resto da vida, Vera e Paulo recordarão sempre aquela criança com o carinho e amor que ela merece.

“Sem dúvida que pondo tudo na balança, a parte positiva, a parte boa, ganha sempre. Ele percebe qual foi a nossa missão naquele espaço de tempo. E isso não tem valor. Ele percebe que a Vera e o Paulo são amigos”, confessa o casal.

Desde 2006 que Portugal tem vindo a assistir a uma diminuição do total das famílias de acolhimento existentes, fruto da ausência de investimento político na sensibilização da comunidade para uma cultura de exercício de cidadania e de corresponsabilização de todos na proteção da infância, o que permitiria a renovação do universo de famílias de acolhimento.

Em 2018, existiam cerca de 150 famílias de acolhimento em todo o país. Só no distrito de Lisboa, 1250 crianças estavam à procura de uma família de acolhimento. Em 2020, esta tendência inverteu-se. Para tal terá contribuído o lançamento pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa da campanha de sensibilização da comunidade e captação de candidatos a famílias de acolhimento, em novembro de 2019. Em dois anos, o Programa LX Acolhe reuniu quase 70 famílias que acolheram já mais de 80 crianças.

 

Acolhimento familiar. Uma missão para quem acolhe, uma nova vida para as crianças

Aos poucos, os “quadradinhos” foram preenchendo a tela. Cerca de 30 famílias de acolhimento disseram presente no “I Encontro de Famílias de Acolhimento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa,” que, devido à Covid-19, aconteceu através de videoconferência. Como referiu a diretora da Unidade de Adoção, Apadrinhamento Civil e Acolhimento Familiar da Santa Casa, Isabel Pastor, a sessão ocorreu “quase como em todas as famílias portuguesas”, que, este ano, viram-se obrigadas a encurtar distâncias através da tecnologia.

Mas este grupo de famílias de acolhimento é por si só uma família. “O ambiente que aqui se vive, de partilha e compaixão, é um ambiente intimista”, acrescenta Isabel Pastor. Foi uma tarde longa, mas que passou num ápice. Nos vários quadradinhos viam-se rostos de felicidade, sorrisos e lágrimas de emoção. Aos poucos as famílias ganhavam à-vontade para partilharem as histórias vividas durante um processo nem sempre fácil. Ao mesmo tempo  que as colunas do computador emitiam os testemunhos de quem sente que faz a diferença na vida de alguém, no ecrã multiplicavam-se os sorrisos e o abanar de cabeça num gesto perfeito de quem se revê naquelas palavras.

A reunião serviu para a partilha de histórias, mas também para recolher sugestões que permitam à Santa Casa melhorar um serviço que arrancou em força, em novembro de 2019, e que manteve o ritmo mesmo durante a pandemia de Covid-19: desde março de 2020 foram acolhidas 21 crianças.

À reunião juntou-se a equipa de acolhimento da Santa Casa. É este grupo que, todos os dias, trabalha na proteção das crianças e jovens em perigo. Neste papel, a sua missão é uma só: permitir que as crianças em risco vejam o direito de crescer no seio de uma família salvaguardado. E, neste âmbito, é preciso não descurar as duas partes, porque através do acolhimento estas crianças podem ter um projeto de vida que até então estaria destinado à institucionalização.

Portugal é um país a duas velocidades no que ao acolhimento familiar diz respeito. Ainda que os dados apontem para um aumento do número de famílias disponíveis, Portugal é dos poucos países da Europa em que o acolhimento residencial (97%) continua a ser preferido em relação ao acolhimento familiar (3%). Em 2020, a Santa Casa registou 52 candidaturas, sendo que 20 famílias foram selecionadas e nove desistiram ou não foram selecionadas. As restantes 23 terminarão a avaliação em 2021.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

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