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Lotaria Nacional comemora 241 anos com transmissão em direto na RTP

A icónica Sala de Extrações no edifício central da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) foi pequena para acolher todos quantos quiseram marcar presença no sorteio que assinalou os 241 anos da Lotaria Nacional, nesta segunda-feira. Colaboradores, utentes e convidados da instituição assistiram a esta cerimónia simples, mas cheia de simbolismo para a história da Misericórdia de Lisboa.

David Lopes, administrador da Santa Casa, em entrevista à apresentadora Serenella Andrade, que fez as honras da condução do evento, destacou precisamente a importância histórica, sentimental e “realizadora de sonhos” que a Lotaria Nacional representa desde 1783. “Ela nasce para ajudar os que mais precisam, para apoiar a ciência em Portugal, para realizar sonhos. Está no coração dos portugueses e vai, seguramente, continuar a realizar muitos sonhos no futuro”, afirmou David Lopes.

Antes de se proceder à extração dos números da sorte, a Sala de Extrações foi palco de uma homenagem da Lotaria ao fado pela voz do fadista Marco Rodrigues, acompanhado por Pedro Viana na guitarra portuguesa e por Vasco Sousa no baixo. Juntos interpretaram “Lisboa, Menina e Moça”, “O Homem do Saldanha” e a “Rosinha dos Limões”, com a ajuda do público.

Nesta que foi a 47.ª extração de 2024 da Lotaria Clássica, os pregoeiros cantaram os números 50 576 para o primeiro prémio no valor de 1 milhão e duzentos mil euros; o 66 601 para o segundo prémio no valor de 120 mil euros; e o 65 782 para os 60 mil euros do terceiro prémio.

O fado está de volta ao sítio que o viu nascer

Já diz o famoso ditado: “o bom filho à casa torna” e, neste caso, nunca fez tanto sentido este dizer. Pelo décimo ano consecutivo, o fado está de volta às ruas e vielas de um dos mais famosos e históricos bairros de Lisboa, Alfama.

É neste sítio, com o Tejo sempre à vista, que o fado nasceu e é aqui que este género musical é celebrado anualmente, com um festival inteiramente a si dedicado e que, desde o seu início, conta com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

E muito mudou, desde a primeira edição. Cresceu em palcos, mas também em qualidade. Junto ao rio “nasceu” um novo terminal de cruzeiros, que é desde 2018, um dos palcos mais acarinhados pelos festivaleiros. Ensinou aos turistas o significado da palavra “saudade” e assistiu, acima de tudo, ao reencontro das pessoas à história do bairro, que fazem de Alfama o sítio mais “alfacinha” da cidade.

SC Alfama 2018

Por lá passaram desconhecidos que hoje são nomes maiores do fado, como Ricardo Ribeiro e Gisela João, e alguns que já consolidaram um legado na música portuguesa, como é exemplo António Zambujo, Alexandra ou ainda Ana Moura.

Homenageou o fado, mas também as pessoas que fizeram “desta estranha forma de vida” o seu destino, como a deusa do fado Amália Rodrigues, passando por Carlos do Carmo, culminado, nesta edição, com uma homenagem a um dos “grandes” deste género musical, Max.

Homenagem a Amália

Um aspeto que se fortaleceu em todas as edições, foi o apoio da Santa Casa no acesso à cultura para todos. Desde a primeira edição, que a instituição teve a preocupação de tornar acessível o festival a todos os que quisessem usufruir dele, fosse com o apoio nas plataformas para as pessoas com mobilidade reduzida, ou até como um dos maiores impulsionadores da cultura nacional.

Este ano não é exceção, mas também com algumas novidades. Pela primeira vez, o Santa Casa Alfama disponibilizará uma zona na plateia do Palco Santa Casa reservada para pessoas surdas, onde irá ter intérpretes de Língua Gestual. Esta inovação resulta de uma parceria que a instituição fez com a Access Lab, uma startup de impacto social que trabalha o acesso de pessoas com deficiência e surdas à cultura e ao entretenimento, enquanto direito humano fundamental.

Nesta edição, os palcos acessíveis são o Palco Santa Casa, no Terminal de Cruzeiros de Lisboa, o Palco Ermelinda Freitas, no rooftop do Terminal de Cruzeiros, o Palco Amália, no auditório Abreu Advogados, o Palco Santa Maria Maior, no Largo do Chafariz de Dentro e o Palco do Público, no Museu do Fado. Já a interpretação em língua gestual portuguesa está, por enquanto, limitada ao Palco Santa Casa, por onde passarão seis espetáculos do festival.

Também como novidade nesta edição, o Santa Casa Alfama disponibilizará um bilhete gratuito para acompanhantes de pessoas com deficiência com grau de incapacidade igual ou superior a 60%, mediante a compra do bilhete pelas pessoas com deficiência e apresentação de Atestado Multiusos.

Organizado pela EGEAC, pelo Museu do Fado e pela Junta de Freguesa de Santa Maria Maior e com patrocínio da Santa Casa, o festival deste ano será concentrado em dois dias, como tem sido hábito, e começa já esta sexta-feira, 23 de setembro, às 18h no Palco Ermelinda Freitas, com a “Tasca do Chico”, por onde passarão as vozes de Adriano Pina, Cassandra, Filipa Biscaia, Filipa Maltieiro, Joana Carvalhas, João Carlos, Marta Alves, Valéria e Vera Varatojo.

Percorra a galeria para ver alguns momentos do Santa Casa Alfama 2022

Festival Santa Casa Alfama’22

Santa Casa Alfama está de regresso

Os dias 23 e 24 de setembro são as datas apontadas para a edição de 2022 do Santa Casa Alfama, dedicada a Max, uma das figuras centrais da música popular portuguesa feita no século XX. O cartaz deste ano – que será revelado na íntegra, brevemente – vai voltar a contar com algumas das maiores vozes do fado nacional.

Pelo quinto ano consecutivo, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa associa-se a este festival, na qualidade de naming sponsor, reforçando assim o seu apoio à cultura nacional.

Os diversos palcos do Santa Casa Alfama espalham-se pelo bairro, criando a sensação de que ali o fado pode acontecer em qualquer lugar e, que qualquer beco, viela ou praça é capaz de se transformar numa casa de fados. Mais do que um festival de música, este evento traduz-se numa experiência em que o público é convidado a tocar na alma portuguesa, deambulando por um bairro cheio de histórias das gentes fadistas.

Com uma seleção musical cuidadosa e exigente, dando espaço a vozes consagradas e também àqueles que garantem o futuro da nossa música, o Santa Casa Alfama é hoje um dos eventos mais relevantes da vida cultural portuguesa.

Homenagem a Max

E as primeiras confirmações para a edição deste ano do festival garantem a qualidade à qual já nos habituámos: no dia 23 de setembro, o Palco Santa Casa recebe o grande concerto de homenagem a Max por António Zambujo e convidados. Já no dia 24 de setembro, o mesmo palco recebe a voz poderosa de Dulce Pontes com o convidado Ricardo Ribeiro.

O Festival Santa Casa Alfama destaca-se pelo espaço que dá às novas vozes do fado, acabando mesmo por ser uma bússola para quem quer estar atento àquilo que o futuro trará de bom à nossa música. Como não poderia deixar de ser, este é também um Festival com memória, preocupado em lembrar e homenagear alguns dos nomes que construíram a história do fado. Depois de duas grandes homenagens, primeiro a Amália Rodrigues em 2020, no ano do seu centenário, e depois a Carlos do Carmo em 2021, ano do seu desaparecimento, em 2022 o Festival Santa Casa vai homenagear o inconfundível Max.

O futuro do fado

Há semelhança das outras edições, o festival celebra ainda o futuro do fado, com a instalação na Sociedade Boa União, do Palco Santa Casa Futuro, onde os festivaleiros ficaram a conhecer as  vozes que garantem o futuro do fado.

A programação deste palco estará a cargo de Escola de Fado Sociedade Musical de Cascais e do Clube Lisboa Amigos do Fado de Marvila.

Serão mais de 40 concertos em vários palcos em Alfama. Saiba mais sobre o festival no site oficial.

Prémios Play. Na festa da música portuguesa, a Santa Casa reforçou o apoio à cultura

“Agradeço do fundo do coração ter nascido fadista e por cantar a nossa música portuguesa”. As palavras dirigidas ao público presente no Coliseu dos Recreios parecem sair do coração de Sara Correia. Cada palavra carrega uma mistura de emoção e surpresa, de paixão, quase em jeito de homenagem não planeada à sua mais recente obra, que lhe valeu uma distinção na 3ª edição dos Play – Prémios da Música Portuguesa. “Do Coração”, o segundo álbum de Sara Correia, lançado em setembro de 2020, venceu o prémio Play “Melhor Álbum de Fado”, categoria onde também estavam nomeados trabalhos de Mariza, Cuca Roseta e Buba Espinho.

A fadista recebeu o galardão das mãos de Filipa Klut, administradora da Santa Casa com o pelouro da cultura, e do fadista Camané. O compromisso assumido com a cultura fez com que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa voltasse a associar-se aos Play, agora na qualidade parceiro cultural, uma relação que se justifica pela forma como esta cerimónia homenageia todos os músicos nacionais.

“A associação da Santa Casa aos Play surgiu naturalmente. Foi fácil pensarmos que era absolutamente clara a nossa ligação a esta cerimónia. Os Play assumem o papel de valorizar os talentos nacionais. É o setor da música a ser elogiado, valorizado e festejado nestes prémios. Portanto, faz todo o sentido estar ao lado destes prémios, uma vez que a Santa Casa tem como eixo estratégico o apoio à cultura e ao talento nacional”, explica Filipa Klut.

“Chegou tão tarde” é o título de uma das faixas do mais recente trabalho de Sara Correia, mas que não pode ser ajustado ao percurso da artista. Sara nasceu numa família de fadistas, começou a atuar aos 12 anos de idade e aos 14 triunfou na “Grande Noite do Fado”. Ontem, aos 28 anos, viu o seu último álbum, “Do Coração”, vencer um prémio Play. Em cada faixa do álbum mora a alma de quem trata o fado por tu, mas sempre com o respeito que a guitarra portuguesa lhe merece.

São 16 anos de uma carreira elogiada pela crítica. Ainda assim, como a própria diz, o “fado requer maturidade” algo que Sara foi conquistando com o tempo. “Este prémio tem todo o sabor pelo facto de ainda ser jovem e porque acho que o fado é algo que se vai ganhando com amadurecimento”, revela. Mas para quem já a viu atuar, por exemplo, na última edição do festival Santa Casa Alfama, sabe que a fadista assume em palco a postura própria de uma veterana.

“É verdade que eu canto desde os meus nove anos, mas penso sempre que tenho de cantar para algo maior. Para mim esta é a grande porta para uma nova geração do fado e principalmente para dizer às pessoas para não terem qualquer timidez”, apela a artista deixando ainda o alerta para a “necessidade de dar continuidade à cultura portuguesa nas mais variadas áreas”.

Cultura que, para Sara, sempre foi “a coisa mais importante do mundo”. E não só a música. “A arte é aquilo que nos aquece e que nos dá a energia que precisamos para a vida”. A única coisa que pede, todos os dias, ao público é que “nunca se esqueça que a arte é a coisa mais maravilhosa que existe e que sem ela não vivemos”. Certo é que, enquanto existir palco, continuaremos a ouvir a voz de Sara Correia, que em cada palavra cantada exalta o fado, “que com orgulho é nosso, que com orgulho é a nossa alma portuguesa”.

Filipa Klut e Sara Correia

O fado está de volta a casa

Os dias 24 e 25 de setembro são as datas apontadas para a edição de 2021 do Santa Casa Alfama, dedicada ao fadista Carlos do Carmo, falecido no passado dia 1 de janeiro. O cartaz deste ano – que será revelado na íntegra, brevemente – vai voltar a contar com algumas das maiores vozes do fado nacional.

Pelo quarto ano consecutivo, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa associa-se a este festival, na qualidade de naming sponsor, reforçando assim o seu apoio à cultura nacional. Um apoio que, num período particularmente difícil para este setor, assume uma importância ainda maior.

Além dos concertos no Palco Santa Casa, outro dos pontos altos do festival será, à semelhança de edições anteriores, um espetáculo de video mapping dedicado à vida de Carlos do Carmo, que será projetado na fachada do Terminal de Cruzeiros de Lisboa e, ainda, uma exposição sobre o criador de “Canoas do Tejo”.

A homenagem ao cantor de “Os Putos” passa ainda pela inclusão de um tema do seu repertório, nas atuações de todos os fadistas.

O festival centra-se em diferentes palcos no típico bairro lisboeta, sendo o palco Santa Casa, em frente ao rio Tejo, o principal e onde está previsto um espetáculo de homenagem a Carlos do Carmo, com vários intérpretes. Neste palco atuam, no dia 24, Camané e Sara Correia.

No dia seguinte, 25 de setembro, sobe ao mesmo palco um dos destaques da edição deste ano, o jovem fadista Miguel Moura, que foi uma das presenças no Palco Futuro, na edição de 2020.

Saiba mais sobre o festival no site oficial.

O fado saiu… à janela. E Lisboa parou para o ver

Aos poucos, a Rua da Mouraria, em Lisboa, foi enchendo-se de pessoas. Chegavam à medida que a música as embalava. Quem do outro lado da rua ouvia a melodia, apressava-se para ver o que se passava naquela janela: era o fado a dar música às ruas que o viram nascer. E foram ficando, separados, batendo o pé contra a calçada e erguendo as mãos ao som da guitarra portuguesa.

Da janela surgia Conceição Ribeiro, de sorriso rasgado e microfone em punho. Mulher da Mouraria, de Alfama, de Alcântara, de Lisboa. “Eu sou uma mulher de todos os bairros”, conta. De mão no peito e olhos postos no céu agradecia a todos pela presença nesta que também é uma homenagem a Amália, “que está lá em cima a ver-nos”.

 

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