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Bicicleta para Todos: Sorrisos à beira-rio, à boleia de voluntários

A manhã está fria, mas o sol vai ajudando. Jorge, o funcionário da Junta de Freguesia de Marvila que, literalmente, veste a camisola, já pedala junto ao Tejo, no Braço de Prata. Mas não vai sozinho: esta bicicleta especial tem dois lugares à frente, ocupados por um utente da Mitra – Polo de Inovação Social e uma monitora. Participam na atividade Bicicleta para Todos, integrada no projeto Bicicletas & Companhia, do Centro de Promoção Social da PRODAC, que usa as bicicletas para trabalhar áreas relativas à comunidade, inclusão ou intergeracionalidade, sempre com a preciosa e fundamental ajuda de voluntários.

“Faço ciclismo e gosto do mundo das bicicletas. Começámos a fazer isto no ano passado, após fazermos uma formação. Também já trabalhava com as crianças nas bicicletas, na oficina comunitária. Este projeto foi crescendo na PRODAC e fazia todo o sentido eu participar”, refere Jorge.

O primeiro utente a apanhar boleia do voluntário da Junta de Freguesia de Marvila é Carlos. Aos 68 anos, o frio não lhe mete medo. Parco nas palavras, lá deixa escapar que esta é a primeira vez que participa e que o passeio “é agradável”, antes de desaparecer no horizonte, com a ajuda de Jorge, que vai cuidadosamente controlando a velocidade e fintando eventuais obstáculos no caminho.

“Na verdade, apenas faço aquilo que gosto e proporciono um dia diferente a estas pessoas, com uma experiência que elas possam recordar. Não quero nada em troca. Só os sorrisos chegam”, assegura o voluntário.

Entretanto é hora de Carlos ‘desembarcar’ e dar lugar a Maria, curiosamente da mesma idade. Também ela é utente da Mitra, mas já conhece bem os ares destes passeios, que vem hoje repetir. “Já vim outras vezes e gosto muito”, resume, antes de partir para mais uma voltinha à beira-rio, com direito a visita guiada pelo condutor da bicicleta adaptada.

“Esta zona é espetacular, tem uma história, e eu, como cresci em Marvila, tento acrescentar um bocadinho mais ao passeio, contando como era isto antigamente”, explica Jorge, que rapidamente recua no tempo para explicar a presença de um banco de areia no rio, fruto da atividade de uma antiga empresa da zona… Tudo enquanto leva Maria e a monitora pela marginal ribeirinha.

SOBRE O PROJETO

O projeto Bicicletas & Companhia, resultante de uma candidatura à primeira edição do concurso Gerações Solidárias, da Santa Casa, abrange diversas atividades com públicos de diferentes faixas etárias, desde ensinar a andar de bicicleta até, por exemplo, proporcionar experiências em torno do ciclismo a pessoas cegas. Também já participaram pessoas com doenças incapacitantes, como esclerose múltipla, ou com idades muito avançadas, como foi o caso de uma senhora com 104 anos. Os destinatários não se limitam aos utentes dos centros da zona, mas também a toda a comunidade.

Estas atividades apenas são possíveis graças ao trabalho de voluntários como o Jorge, que disponibilizam o seu tempo para se dedicaram à condução e até à mecânica das bicicletas, permitindo que aconteçam momentos inspiradores e inesquecíveis para todos, como explica Júlio Santos, Educador Social do CPS PRODAC.

“Temos desde uma Ciclo-oficina até às Primeiras Pedaladas, em que ensinamos pessoas de todas as idades a andar de bicicleta; passeios para todas as idades; o Bicicletas com Asas, um projeto em que damos acesso a uma bicicleta a uma pessoa que precise dela no uso diário e o acompanhamento nessa utilização; e este, o Bicicleta para Todos, em que damos acesso a pessoas que não têm condições físicas, de mobilidade, e que tem duas vertentes, porque são os voluntários que levam as pessoas. Portanto é benéfico nos dois sentidos”, conclui.

Quando as palavras ganham vida: O Projeto de Alfabetização que une gerações em Marvila

O projeto de alfabetização do CPS Prodac, lançado em 2022, nasceu de um pedido inesperado e proativo: o desejo de algumas mulheres de melhorar as suas competências de leitura e escrita. Domingas, Zulmira, Aida, Maria do Rosário, Idalina e Rosalina vivem sozinhas, mas encontram neste grupo um lugar para partilhar experiências, aprender e conviver. Mais do que aprender letras e juntá-las em frases, vieram à procura de autonomia, dignidade e, acima de tudo, de um espaço onde as histórias se cruzam e os sonhos se encontram.

Um dia, elas que faziam parte de um grupo de aprendizagem organizado pela Junta de Freguesia de Marvila encontraram-se sem aulas quando o projeto acabou.

Recusando-se a aceitar o fim da oportunidade de aprender, decidiram agir: dirigiram-se ao CPS Prodac e apresentaram o seu pedido – queriam continuar a aprender. Mais do que um pedido, foi um apelo à inclusão e ao direito de progredir, mesmo em idades avançadas.

“Vieram ter connosco e perguntaram se podíamos ajudar. Foi impossível não nos sentirmos tocados pela energia delas,” recorda Mário Palma, animador sociocultural do centro e coordenador do projeto.

Apesar da boa vontade inicial, encontrar a metodologia e o professor certos foi um desafio. O primeiro professor voluntário, embora dedicado, usava métodos modernos que não se adequavam às necessidades das alunas. Mas estas mulheres sabiam o que precisavam e não hesitaram em sugerir uma solução: Maria Ferreira, uma professora da comunidade que já tinha ensinado os filhos e netos de muitas delas.

“Falámos com a professora Maria, que, felizmente, estava disponível. Desde 2022 que é o coração deste projeto,” acrescenta Mário.

Uma professora com amor à comunidade

Maria Ferreira, professora reformada que aceitou o desafio com dedicação e carinho, tem uma metodologia de ensino mais tradicional, adaptada às necessidades e ritmos do grupo. Maria conquistou o coração de Domingas, Zulmira, Aida, Maria do Rosário, Idalina e Rosalina.

As aulas começam com uma leitura de textos. Neste caso, foi a de Tarte de Mamute, que transporta as alunas para um tempo ido de aventuras. Seguem-se exercícios práticos e momentos de partilha, em que a professora e as alunas discutem personagens, conceitos e significados.

A ajudar está Martim. O Martim, com apenas 19 anos, foi convidado por Maria, sua professora no ensino básico, para dar continuidade e nova energia ao projeto. Martim aceitou o convite com entusiasmo, trazendo consigo a experiência de ter ajudado a avó a aprender o abecedário e a usar o computador.

“Quando soube que estas senhoras estavam a contar comigo, senti-me muito feliz. Estas aulas tornaram-se uma parte importante da minha vida,” confessa.

Embora jovem, Martim compreende o impacto transformador do projeto, não só na vida das alunas, mas também na sua. Entre as aulas e o seu curso de Desenho na universidade, encontrou um equilíbrio emocional ao dedicar as tardes de terça-feira à comunidade.

Mesmo com uma viagem à Holanda no horizonte durante o próximo mês, Martim promete regressar e continuar a contribuir para este projeto que tanto significa para ele e para as senhoras que confiam no seu apoio. 

Muito além da alfabetização

Mário Palma é animador sociocultural do centro e coordenador deste projeto. Mário recorda o início desta aventura, quando as mulheres pediram ajuda para aprender a ler e escrever. Hoje vê como as aulas se transformaram em momentos de convívio e partilha, com as alunas a mostrarem grande autonomia e entusiasmo.

Esta iniciativa vai muito além de ensinar letras e números. Simboliza inclusão, autonomia e esperança. Mais do que alunas, estas mulheres são exemplos de resiliência e determinação. E mais do que professores e voluntários, Maria Ferreira e Martim são agentes de transformação, provando que a solidariedade não tem idade.

Já o CPS Prodac, gerido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, é mais do que um espaço físico: é um ponto de encontro para a transformação social. Cristina Simões, a responsável pelo centro, destaca a missão de apoiar a comunidade local. “Os resultados não são imediatos, porque este é um trabalho a médio/longo prazo, mas há uma transformação visível na vida destas pessoas e na comunidade em geral, que reafirma o nosso compromisso de construir uma comunidade mais justa e solidária.”

Neste caso, uma comunidade onde as letras e as palavras ganham vida, com vozes que leem histórias e com sorrisos que se abrem a novas possibilidades.

Centro de Promoção Social PRODAC expõe obra de arte pela Não-Violência

Criada por jovens do Espaço Jovem do Centro de Promoção Social PRODAC (CPSP) e um artista local, a obra faz parte do projeto global da Non-Violence Foundation, que promove a paz através da arte.

A peça, uma escultura de uma arma modificada, foi adaptada de um modelo-base, seguindo o conceito de criar interpretações únicas exibidas em cidades de todo o mundo. A sua inauguração, no início de dezembro, coincidiu com o 76.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, sublinhando a importância deste documento histórico.

Inserida na estratégia temática do Centro de Promoção Social PRODAC para 2023-2025, que prioriza os Direitos Humanos, esta iniciativa destaca o envolvimento da comunidade, especialmente dos jovens, e a colaboração local e internacional. A obra agora exposta reflete o potencial transformador da arte na promoção de valores como a vida, a liberdade e a segurança.

“Bicicletas com Asas”. Um projeto social que dá asas à vida

O momento atual é bastante favorável para o uso da bicicleta. A cidade de Lisboa tem expandido a sua rede de ciclovias e de parques para as duas rodas, facilitando o uso deste transporte como solução de mobilidade. Ideal para trajetos de curta duração, a verdade é que a bicicleta é uma opção que levanta cada vez mais interesse.

Neste contexto, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa lançou o projeto “Bicicletas com Asas”, dirigido aos jovens acompanhados pela Equipa de Integração Comunitária. O propósito é ceder uma bicicleta a um jovem apoiado pela instituição, durante o período de um ano, renovável, com o intuito de facilitar e transformar positivamente a sua vida. É um trabalho conjunto de duas respostas da Santa Casa. A iniciativa parte do Centro de Promoção Social da PRODAC, em Marvila, e é desenvolvido em parceria com a Equipa de Integração Comunitária. Atualmente, o projeto já tocou a vida a nove jovens.

O processo é simples. São sinalizados os potenciais beneficiários, identificando aqueles a quem o acesso uma bicicleta possa ser mais transformador. São situações de maior fragilidade social e económica, em que os jovens não conseguiriam, pelos seus meios, adquirir uma bicicleta, e em que se mostra, por diferentes razões, que a mesma possa ter um impacto positivo.

 

Um olhar sobre a PRODAC

Construído como um modelo de inclusão na e para a comunidade onde está inserido, o Centro de Promoção Social da PRODAC, na freguesia de Marvila, recebeu esta terça-feira, 8 de maio, a visita de um grupo de voluntários da Misericórdia de Lisboa. O encontro deu a conhecer o trabalho realizado pela equipa multidisciplinar do centro.
A visita iniciou-se com uma palestra realizada por Cristina Simões, diretora do centro, onde explicou a história de toda a comunidade envolvente e como o centro ao longo dos anos se soube reinventar e adotar respostas capazes de satisfazer as necessidades da população.
“Este centro tem realizado um trabalho essencial para a comunidade. O nosso maior objetivo sempre foi e sempre será transformar o território em comunidade, assente em pilares de confiança e presença constante”, reconheceu a diretora, afirmando que “as pessoas da PRODAC é que são os agentes dinamizadores da comunidade e não o centro”.
Depois da palestra foi a vez de Paollo, voluntário italiano da Santa Casa, inserido num projeto de intercâmbio de voluntários entre a Misericórdia de Lisboa e a de Florença, desafiar todos os presentes a colocarem literalmente a mão na massa e confecionarem uma verdadeira pizza napolitana inspirada nos cinco objetivos estratégicos da PRODAC: organização e capacitação comunitária; fortalecimento de parcerias locais; coesão, sustentabilidade e solidariedade comunitária; competências, qualificações e aprendizagem ao longo da vida e educação e animação socioeducativa.
No final a equipa do centro convidou todos os voluntários a percorrerem os corredores e salas do equipamento e vivenciarem na primeira pessoa o trabalho desenvolvido pela PRODAC.

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Para isso, basta preencher e enviar a inscrição disponibilizada aqui, ou dirigir-se ao Gabinete de Promoção ao Voluntariado, situado no Largo Trindade Coelho, em Lisboa. As Boas Causas esperam por si.

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