logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

O farol que ilumina os dias cinzentos

São empurrados para a rua pelo álcool e pela droga, pela falta de saúde mental, pela violência, pela precariedade e em alguns casos, por promessas de vida melhor que procuram longe do sítio de origem. São de Lisboa, Porto, de outros pontos do país e de vários países mundiais. Na Unidade de Atendimento à Pessoa em Situação de Sem-Abrigo (UAPSA), serviço que integra a Unidade de Emergência, encontram algumas das respostas para reencontrarem o seu lugar no mundo.

Marisa Melo, coordenadora do Atendimento Social da UE, explica que o perfil das pessoas que recorrem a este serviço “caracteriza-se pela existência de défices educacionais e profissionais, apresentando, maioritariamente, baixa escolaridade e uma elevada indiferenciação profissional, falta de condições de saúde e de habitação, pouco ou nenhum vínculo com redes de suporte familiares e sociais, ou quando apresenta estas são pautadas pela disfuncionalidade”.

Para a coordenadora, existe um novo paradigma que caracteriza o perfil das pessoas que recorrem ao apoio da Unidade de Emergência. “Registamos igualmente pessoas que decorrentes do desemprego deixaram de conseguir fazer face às suas necessidades de subsistência, denominados pelos novos sem-abrigo excluídos de um mercado laboral mais competitivo. O colossal peso dos custos com a habitação no orçamento das pessoas, na atualidade, é outro enorme constrangimento e desafio à intervenção nesta área”, frisando ainda que os números demonstram um aumento considerável de estrangeiros, sem retaguarda familiar, económica e social, na população sem-abrigo na cidade.

O problema esse é antigo, como retirar as pessoas da rua e humanizar o mais possível. É com isto em mente que os técnicos da UE trabalham diariamente, através dos seus vários serviços, como é o caso da Unidade de Atendimento à Pessoa em Situação de Sem-Abrigo, juntamente com o Centro de Apoio Social dos Anjos, com valência de refeitório social, o Centro de Alojamento Temporário Mãe d’ Água e Extensão, destinado a alojar pontualmente mulheres e homens isolados e famílias monoparentais femininas, o Centro de Apoio Social de S. Bento, que ajuda na integração ou reintegração no mercado de trabalho, a Casa de Transição para alojamento temporário para ex-reclusos e jovens do género masculino com percurso de acolhimento institucional e a Casa de Apoio Maria Lamas com valência de alojamento para mulheres vítimas de violência doméstica com ou sem filhos.

Só no ano passado, esta unidade de apoio assegurou 15.538 atendimentos sociais, que corresponderam a 3.693 utentes diferentes, que passaram pelo serviço, já os dados de 2023 demonstram a mesma tendência do problema, em que até ao final do mês de maio a Unidade de Emergência garantiu o acompanhamento a 2.756 pessoas.

sem abrigo

“A condição de sem-abrigo é um problema social extremamente complexo. Sabemos que só uma intervenção integrada e colaborativa pode ser eficaz no combate a este flagelo. Só desta forma conseguimos tornar a intervenção com estas pessoas mais eficiente e eficaz. Contudo, as constantes alterações no tecido social, o aumento dos fluxos migratórios, o contexto social e económico que enfrentamos e a escassez de respostas habitacionais conduz a um aumento das situações de vulnerabilidade, o que se apresenta como um verdadeiro desafio para as equipas técnicas que atuam diariamente no terreno”, argumenta Marisa Melo, salientando que ainda existe muito caminho a percorrer, no entanto, assegura que “a principal causa destas pessoas se encontrarem nesta condição é a ausência de habitação” e aponta que “é necessário a criação de uma verdadeira política pública de habitação associada a outras políticas noutros setores como o da saúde, emprego, formação, justiça e proteção social, que de uma forma integrada e complementar sustente os processos de integração destas pessoas e evite retrocessos na situação de sem-abrigo”.

Encontro promove estratégia para pessoas sem-abrigo

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa está presente na 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, de maneira a promover as suas obras, missão e património, integrando o mosaico cultural e artístico que por estes dias toma conta da cidade.

Foi no passado dia 7 de junho, quarta-feira, que o stand da instituição acolheu a apresentação do Caderno Técnico 12 – Pessoa em Situação Sem-Abrigo, que contou com a presença de Sérgio Cintra, administrador de Ação Social da Santa Casa, Américo Nave, diretor executivo da Associação de Intervenção Comunitária Crescer, Henrique Joaquim, gestor executivo da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-abrigo e Marisa melo, coordenadora do atendimento social da Unidade de Emergência da Misericórdia de Lisboa.

Durante o encontro foi possível explicar alguns estudos feitos na área e apontar algumas estratégias de atuação para esta problemática complexa e multicausal.

Adoção esteve em debate no programa Sociedade Civil

A adoção foi o tema central do mais recente programa Sociedade Civil, da RTP. Isabel Pastor, diretora da Unidade de Adoção, Apadrinhamento Civil e Acolhimento Familiar da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, foi uma das convidadas e começou por abordar a questão do direito a ter uma família.

“O grande objetivo é concretizar o direito a viver em família para todas as crianças e em qualquer situação”, frisou, descrevendo depois as várias modalidades em que tal pode acontecer com o auxílio das instituições.

Isabel Pastor abordou ainda a questão das idades na adoção, sublinhando que os jovens devem poder expressar a sua vontade.

“Num sistema que assenta tanto na vontade, participação e audição das próprias crianças e jovens sobre o seu futuro e decisões da sua vida, é lamentável que não seja ouvida, nos termos da lei, uma declaração de vontade de um jovem de 16, 17 ou 18 anos de ser adotado”, explicou.

A diretora da Unidade de Adoção, Apadrinhamento Civil e Acolhimento Familiar da Santa Casa aludiu também à questão das motivações na hora de adotar: “Há muito a mudar na mentalidade e nas crenças gerais de que a adoção é a substituição do filho que não se teve”.

Veja aqui o programa.

A festa da Taça também se fez de inclusão

Há tradições que nunca se perdem e a festa que é a Taça de Portugal é uma daquelas “romarias” que povoam o imaginário de milhares de pessoas. O ritual é sempre o mesmo, depois do final do campeonato, é hora de encontrar o grande vencedor da prova rainha do futebol nacional. Pelo sétimo ano consecutivo, o Placard volta a dar nome a esta prova, que mais do que futebol, é também um espaço de amizade, amor e inclusão.

Mas, se no relvado a história ficou marcada pelos dois golos, sem resposta, que o FC Porto marcou ao Sporting Clube de Braga, nas bancadas a narrativa é outra e contam-se por sorrisos, oportunidades e estreantes nestas andanças, e não golos.

Nesta Taça de Portugal Placard e há semelhança de outras edições, a Santa Casa e a Federação Portuguesa de Futebol querem que a festa do futebol seja para todos. A parceria entre as duas instituições, no âmbito da responsabilidade social, permitiu que ninguém ficasse de fora. Junto à linha lateral do relvado ficou instalada uma bancada destinada a pessoas com mobilidade reduzida, preenchida por utentes do Centro de Medicina de Reabilitação do Alcoitão (CMRA) e Obra Social do Pousal.

bancada de mobilidade reduzida

Bancada destinada a pessoas com mobilidade reduzida

Para a animadora sociocultural do CMRA, Carolina Duarte, esta oportunidade proporcionada pela instituição é importante “porque demonstra que estas pessoas também tem o direito de se divertirem”, frisando que, para que veio assistir “é uma maneira de perceberem que estar na situação em que estão, não deve ser limitador, para o que quer que seja”.

“Embora nenhum seja adepto dos clubes que estão no relvado, só o facto de aqui estarem já é uma vitória. Desde pequenos que ouvimos falar na festa da Taça e a festa também é isto, incluirmos quem necessita”, comenta a animadora.

animação de jovens

Enquanto que no relvado do complexo do Jamor se ultimavam os preparativos para a bola começar a rolar, nas laterais do campo quase 200 jovens, todos vestidos de branco, iam ensaiando uma coreografia para a cerimónia de abertura do evento. Compondo a “onda” branca, 9 meninas da direção de Infância e Juventude da Santa Casa iam entoando o hino nacional, entre o barulho ensurdecedor das claques afetas ao Braga e Porto.

Perto do apito inicial, todos tomaram o seu lugar no recinto de jogo. De um lado, os mais de 200 jovens, do outro a orquestra que dava os acordes para que o hino nacional desse as boas vindas aos protagonistas do espetáculo.

Joana, Andreia e Matilde, com idades entre os 14 e os 15 anos, foram algumas das vozes que levaram o “esplendor de Portugal” a ecoar pelas bancadas de pedra do Jamor. Para as jovens “este é um momento que ficará para sempre”.

bancada do jamor

“Nunca tinha assistido a uma partida de futebol, é a minha primeira vez”, argumenta Andreia. Já Matilde assume que também é uma estreante, mas que o futebol ocupa uma grande parte da sua vida. “Eu jogo futebol e espero que no próximo ano consiga ir prestar provas ao Sporting”, conta a jovem que não esquece as “heroínas” da seleção das quinas que conseguiram pela primeira vez na história do futebol nacional, o apuramento para a fase final do mundial da modalidade, a realizar em julho e agosto, na Austrália e na Nova Zelândia.

“Felizmente em Portugal o futebol já não é só para homens. Conseguimos estar no mundial e para mim aquelas mulheres é que são verdadeiras guerreiras”, frisa Matilde, enquanto abraça as colegas.

As duas “peças” mais importantes do jogo

No âmbito do patrocínio à Taça de Portugal, os Jogos Santa atribuíram dois importantes prémios: o “Troféu Homem do Jogo” e o “Troféu Fair Play”, o primeiro ao melhor jogador em campo, o segundo ao jogador que teve um comportamento de desportivismo merecedor de destaque.

O médio do FC Porto Otávio, arrecadou o prémio “Homem do Jogo” da Taça de Portugal Placard, após votação feita pelos profissionais da comunicação social presentes na tribuna de imprensa do Estádio Nacional.

otávio

Otávio, prémio “Homem do Jogo” e Nuno Alves, administrador dos Jogos Santa Casa

Os Jogos Santa Casa distinguiram também Ricardo Horta pelo ‘Fair-Play’ demonstrado na partida. Esta distinção foi decidida por um comité de especialistas que acompanhou a final da prova rainha.

Ambos os troféus foram entregues pelo administrador dos Jogos Santa Casa, Nuno Alves.

ricardo horta

Nuno Alves, administrador dos Jogos Santa Casa e Ricardo Horta, prémio “Fair Play”

Aldeia de Santa Isabel acolhe seminário dedicado aos jovens em risco de exclusão

Logo na abertura, o administrador do departamento de ação social e saúde da Santa Casa, Sérgio Cintra, fez questão de salientar o trabalho desenvolvido pela Aldeia de Santa Isabel junto das crianças e dos jovens que acolhe e insere na vida ativa profissional, quando as suas famílias não o podem ou conseguem fazer.

“Desde 1983 que a Misericórdia de Lisboa gere este equipamento, numa ação contínua, que todos os dias necessita de ser cultivada e amadurecida. As atuais exigências do mercado de trabalho precisam de ser reequacionadas. Em todas as sociedades existe uma ausência muito vincada de competências que são garantidas, aqui, através da formação profissional. A taxa de sucesso e de colocação no mercado de trabalho dos jovens que aqui se encontram é excecional. Quase todos os que concluem os nossos cursos de formação são inseridos no mercado de trabalho”.

Sérgio Cintra instou ainda, na ocasião, todos os participantes no seminário a partilhar as suas preocupações como forma de contribuir para que a Santa Casa possa colmatar possíveis ausências nas respostas às dificuldades sentidas pelos jovens da Aldeia de Santa Isabel: “Se uma instituição como a Misericórdia de Lisboa, que comemora este ano o 525º aniversário, considerar que tudo sabe, vai fechar as portas a uma próxima geração. Temos de ter sempre esta inquietude e este dever de vos pedir apoio na identificação das preocupações para melhorarmos a nossa atuação”.

seminário jovens em risco de exclusão - sérgio cintra

Sérgio Cintra, administrador da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

O diretor da Aldeia de Santa Isabel, António Duarte Amaro, por seu turno, descreveu o papel desempenhado pelo equipamento na vida dos jovens ali inseridos e do contexto em que chegam, destacando o modelo de escolarização: “Trabalhamos para retirar o estigma que a escola deixou em muitos jovens e fazemos da oficina a base deste projeto para que aprendam a fazer coisas concretas. Os jovens aderem mais à prática do que à teoria, mas é através dessa prática que compreendem que precisam da teoria. É o que chamamos de ‘modelo de convergência'”.

seminário jovens em risco de exclusão - duarte amaro

Duarte Amaro, diretor da Aldeia de Santa Isabel

Na parte da manhã, o seminário contou com a partilha de Joaquim Azevedo, professor jubilado da Universidade Católica, responsável pela escola no Porto “Arco Maior”, um projeto criado há dez anos, que recebe adolescentes que abandonaram a escola e que tem como objetivo a sua reintegração em meio escolar. Neste painel, Joaquim Azevedo elencou aquilo que chamou de “traços principais de uma escola e de uma pedagogia para a inclusão”, como sendo a base para que “nenhuma escola pública exclua nenhum cidadão”.

Antes de ter início o primeiro painel, houve ainda oportunidade para ouvir António Saraiva, recém-nomeado presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, que levou a debate o tema “responsabilidade solidária das empresas na formação dos jovens desfavorecidos”.

O primeiro painel da manhã congregou um conjunto de partilhas “de práticas formativas e desafios para a mudança”, a cargo de representantes da Casa Pia de Lisboa (do Centro de Educação e Desenvolvimento Pina Manique), do Polo de Jovens do Centro de Educação, Formação e Certificação da Santa Casa, da Escola de Segunda Oportunidade de Sintra e do Centro Nacional de Qualificação de Formadores.

seminário jovens em risco de exclusão - painel 1

Painel I

A tarde foi dedicada ao painel que se debruçou sobre “o modelo de convergência na Aldeia de Santa Isabel”, no qual se ouviram vários testemunhos de formadores do equipamento relativamente às atividades diárias realizadas com os alunos.

seminário jovens em risco de exclusão - painel 2

Painel II

A provedora da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge, fechou o dia de trabalhos, começando por elogiar o trabalho da Aldeia de Santa Isabel nesta que é uma área a que tem particular dedicação: “os jovens e a intergeracionalidade, àquilo que é necessário fazer para apoiar a população mais vulnerável, com mais dificuldade na integração do sistema escolar e, depois, na sua vida futura. O trabalho que aqui se faz é muito significativo e muito esperançoso, e todos nós temos de partilhar experiências, discutir e analisar as várias perspetivas e dificuldades que sentimos no dia-a-dia com estes jovens”.

Ana Jorge agradeceu o trabalho e dedicação de todos nesta missão da Santa Casa na procura por melhores respostas para um futuro melhor destas crianças e jovens mais desprotegidos.

seminário jovens em risco de exclusão - ana jorge

Ana Jorge, provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

O dia foi marcado ainda por um momento artístico levado a cabo pelos utentes da Aldeia de Santa Isabel, com uma passagem de modelos intergeracional, que mostrou os trabalhos desenvolvidos nas várias oficinas do equipamento.

seminário jovens em risco de exclusão - passagem de modelos

Passagem de modelos intergeracional

Marcha da Santa Casa ultima participação no desfile na Avenida

Desde o final do mês de março que os 53 participantes na marcha “que é de todos” se preparam para a noite mágica de segunda-feira, véspera do feriado de Santo António. É uma noite mágica para todos, por isso, já sentem o nervosismo a aproximar-se.

Nesta quarta-feira, em mais um ensaio matinal, contaram com um incentivo adicional: a presença do administrador da Santa Casa para a área social, Sérgio Cintra, do vereador da Câmara Municipal de Lisboa, Diogo Moura, e do presidente da EGEAC, Pedro Moreira.

Nas suas intervenções, os responsáveis fizeram questão de aplaudir, mas sobretudo de agradecer o empenho de todos naquela que é a “marcha mais querida de Lisboa”.

Para Diogo Moura, esta participação da Santa Casa é ainda mais significativa, tendo em conta a comemoração dos seus 525 anos: “esta é uma marcha que agrega a intergeracionalidade e transmite à cidade aquilo que são os seus valores e a sua missão. É por aquilo que nos faz sentir e pela emoção que nos traz que se torna tão especial, não só para mim como para todos os lisboetas”.

diogo moura

Já para o administrador da Santa Casa, não há dúvidas: “esta marcha é de todos. É intergeracional. Nós recebemos mensagens de muitas pessoas de várias idades e de vários pontos do país que, depois de assistirem ao cortejo na televisão, nos contactam para agradecerem, por exemplo, a presença do senhor Carlos, que tem 84 anos, e que vai ser, este ano, o marchante com mais experiência a descer a avenida de Liberdade”.

sérgio cintra

Sérgio Cintra desvenda ainda um dos momentos altos da marcha da instituição no próximo dia 12: “Neste ano de comemoração do 525.º aniversário da Santa Casa, sentimos particular orgulho no arco com que vamos desfilar, que representa aquilo que todos os dias a Misericórdia é: sonho, esperança e concretização das Boas Causas”.

Santa Casa vence Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2023

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi distinguida com o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2023, na categoria Sustentabilidade, com o projeto da Residência Sénior Monsanto. O galardão foi atribuído ontem, dia 30 de maio, numa cerimónia que decorreu no Palácio Nacional da Ajuda e que assinalou a 11.ª edição do evento.

Ana Vitória Azevedo, vice-provedora da Santa Casa, subiu ao palco para receber o prémio e destacou o facto de esta distinção surgir numa altura especial para a instituição.

“A Santa Casa faz 525 anos e, portanto, este é um presente fantástico. Este edifício é uma benemerência. 90 por cento do património da Santa Casa resulta de benemerências, de alguém que nos deixa para fazer o bem aos outros. Neste caso foi a Nestlé”, recordou.

entrega do prémio nacional de reabilitação urbana

Crédito: Iberinmo Grupo

Situada em pleno Parque de Monsanto, a Residência Sénior Monsanto teve assinatura do arquiteto António Pedro Mendonça da Silva Gonçalves e começou a ser construída em 2018, aproveitando as instalações da antiga fábrica da Rajá, doadas à Misericórdia pela Nestlé Portugal. Conforme a necessidade de utilização, as novas instalações podem acolher uma Estrutura Residencial Assistida para Pessoas Idosas ou uma Unidade de Cuidados Especializados em Demências.

O edifício está equipado com quartos individuais e duplos, todos com casa de banho privativa e roupeiro, um centro de bem-estar e uma piscina adaptada para os utentes. Foi ainda dotado de um auditório exterior para pessoas com mobilidade reduzida, bem como de todas as infraestruturas de apoio necessárias: cozinha, lavandaria, copas de apoio por piso, áreas de atendimento, vestiários para funcionários e estacionamento exterior. A capacidade total é de cerca de 50 camas.

Bicicletas com Asas. A transformar vidas, uma pedalada de cada vez

Projeto da Santa Casa em Marvila restaura bicicletas e entrega-as a quem precisa delas para se deslocar ao trabalho ou ao local onde estuda. Conheça as histórias de Sellou Jallow e Alghassimou Bah, dois imigrantes que ganharam asas em Portugal para realizarem os seus sonhos.

Dar voz a ações que fazem a diferença na vida dos jovens

São projetos e iniciativas que dão oportunidades, alternativas e melhoram a vida dos jovens e de quem tem dificuldades, desde apoio para encontrar uma casa, uma vocação, um emprego ou até mesmo uma simples bicicleta para se deslocarem. Ou ainda a quem encontrou uma nova vida numa família de acolhimento.

Em nove episódios, constituídos por reportagens sobre quem é ajudado, emitidos a partir da próxima terça-feira (30 de Maio), e entrevistas a quem ajuda todas as quintas-feiras, poderá conhecer alguns dos jovens que encontraram um rumo e uma saída em determinada altura das suas vidas.

“Entre pequenos projetos e grandes instituições num podcast, o resultado são ações que fazem a grande diferença na vida dos jovens”.

Feira do Livro de Lisboa acolhe iniciativa “Momentos do Cuidador”

Prestar cuidados e assistência a outras pessoas, geralmente a um familiar, amigo ou vizinho é um papel que milhares de portugueses já assumiram. São cuidadores a tempo inteiro, nalguns casos deixaram para trás carreiras e futuros, para auxiliar outras pessoas em inúmeras tarefas, desde a alimentação à administração de medicamentos, passando pelos cuidados da higiene ou deslocações.

Foi a pensar nestes casos que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa organizou mais uma ação da iniciativa “Momentos do Cuidador”, na última segunda-feira, 29 de maio, na Feira do Livro de Lisboa, com o objetivo de promover ações de sensibilização junto de quem tem pessoas a seu cargo de forma a melhorar a vida quer de cuidadores, quer das pessoas por eles cuidadas.

Ao longo de toda a tarde foram vários os momentos destinados a “mimar” estas pessoas, com um espaço reservado para massagens e descompressão muscular, realizado por diversos formandos do Centro de Educação, Formação e Certificação da Santa Casa.

Na sessão de abertura, Sérgio Cintra, administrador de Ação Social da Misericórdia de Lisboa, fez questão de salientar o importante papel que os cuidadores têm na “prestação de apoio a pessoas que se encontram numa situação vulnerável”, considerando que os cuidadores são uma “balança” importante para que “as pessoas possam permanecer, com qualidade, o mais tempo possível nas suas casas, retardando a sua institucionalização”.

Durante a sua reflexão, Sérgio Cintra frisou que é necessário alterar o paradigma no perfil do cuidador informal. Atualmente, é predominantemente a mulher que ocupa este papel, sendo que os dados apontam que mais de 80% são do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 45 e os 75 anos e que são as companheiras ou as filhas que prestam estes cuidados.

“Este é um trabalho que nós enquanto sociedade temos que fazer. É necessário convocar todos para esta necessidade e não deixar recair apenas sobre a mulher, com todos os impactos económicos, físicos e psicológicos que isto acarreta”, concluiu o administrador.

Outro dos intervenientes na sessão foi Paula Guimarães, coordenadora do grupo de trabalho dos cuidadores informais do Fórum para a Governação Integrada – Govint, que elogiou a iniciativa da Misericórdia de Lisboa, comentando que “são momentos como estes que podem fazer a diferença entre o estatuto do cuidador informal ser apenas uma resolução legislativa ou ser uma realidade para todos os cuidadores do país”.

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Fundação Aga Khan Portugal, Associação Alzheimer Portugal, Associação nacional de Cuidadores Informais, Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa, Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica, Federação Portuguesa das Famílias com Doença Mental, Associação Coração Amarelo e DEIB Portugal foram as entidades presentes no evento, numa tarde animada que incluiu, ainda, um momento musical e várias tertúlias.

A mão que cuida nos momentos mais difíceis

Maria tem 63 anos e, até há uns anos, cuidava do pai, doente oncológico, que mais tarde viria a ter um acidente vascular cerebral (AVC) que o “atirou” para uma cama, em casa. Maria que até então sempre trabalhara como modista, viu-se de um dia para o outro, numa situação de vida que nunca imaginou.

“Foi tudo muito rápido. Sentíamos que ele (pai) já não estava muito bem, desde que teve a notícia que tinha cancro, mas o AVC que sofreu deitou-o abaixo e daí até não querer levantar-se, comer e viver foi um pequeno passo”, recorda Maria.

Tal como em diversos casos, Maria encarou o seu novo “trabalho” como uma missão. O pai, já com pouca ou nenhuma autonomia, dependia da filha para as tarefas mais básicas do dia a dia, como banho ou até para ler a correspondência que ia parar lá a casa. Aos poucos, as agulhas e os tecidos foram ficando para segundo plano e o cuidado do pai, viúvo há cinco anos, foram transformando a sua rotina diária.

“Foram tempos difíceis entre conciliar a minha casa, com a minha família e o auxílio ao meu pai. Algo tinha que ficar para trás e neste caso foi o meu trabalho diário. Felizmente tenho uma família que me apoiou e esteve sempre ao meu e ao lado do meu pai, até ao último dia”, conta a modista.

Sobre a ajuda da Santa Casa, Maria não tem dúvidas em afirmar que se não fosse a instituição, ela própria tinha tido um esgotamento. “Quando percebi que não consegui sozinha, recorri ao apoio da Santa Casa. Desde a primeira hora que foram incansáveis comigo. Foram uns anjos”.

“Experiência fantástica”: Uma aula na Escola de Natação para pessoas com cegueira

Catarina chega com antecedência ao Complexo de Piscinas do Jamor. A aula de natação para pessoas cegas/com baixa visão está agendada para as 14 horas, como acontece todos os sábados. Mas meia-hora antes já a colaboradora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa sobe as escadas até à entrada principal e não vem sozinha. Com ela traz o seu cão-guia, companheiro inseparável de Catarina e os seus olhos no mundo.

É apenas a segunda vez que participa neste projeto da Escola de Natação Santa Casa, nascido da parceria com a Federação Portuguesa de Natação, com o apoio dos Jogos Santa Casa. Mas a vontade de repetir a experiência da primeira aula supera os constrangimentos para chegar ao Jamor por meios próprios.

“Há potencial, só temos a debilidade de isto não estar perto, por exemplo, de uma estação de metro, mas temos de dar a volta. O projeto tem tudo para funcionar”, diz Catarina.

A boa memória faz-lhe adivinhar o caminho até aos balneários e em poucos minutos já caminhamos com ela e o seu companheiro de quatro patas à beira da piscina, onde encontramos os restantes praticantes, Luísa, Suelene e Paulinho, e as duas treinadoras, Ana Santos e Cátia Fonseca.

À exceção de Catarina, os restantes companheiros são (Luísa e Suelene) ou foram (Paulino) utentes do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, estabelecimento integrado na Santa Casa que tem como missão promover a reabilitação de pessoas com cegueira adquirida ou baixa visão, visando a sua autonomia e inclusão.

aula de natação

Um mundo diferente

Os quatro nadadores do dia entram na água, numa pista alargada a duas, mas dividida ao meio em termos de comprimento. Chegou a hora de estar atento às indicações das treinadoras, mas, em simultâneo, de descontrair num meio controlado, muito diferente do que o mundo lá fora representa para uma pessoa com cegueira.

“A água permite uma facilidade de descontrair. As pessoas cegas, por natureza, estão sempre alerta. Há uma tensão muscular. Por exemplo, hoje a Ana disse-me ao início que a piscina tinha a corda ao fundo. A partir daquele momento fica definido o espaço, a área de segurança”, refere Catarina, que na pista ficou encostada à corda do lado esquerdo.

“É importante termos as cordas para tocarmos, porque isso dá-nos uma segurança espacial. Há pouco fiquei contente, porque o rapaz do lado veio para o meu lado e eu disse-lhe: ‘Olha, não sou a única que sai fora de rota!”, acrescentou, entre risos.

Do lado oposto da pista está Paulino. Já não frequenta o Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, mas a ligação manteve-se e daí surgiu esta oportunidade. É a quarta vez que vem à piscina e o facto de ser o único homem entre tantas mulheres não o intimida.

“Já me sinto à vontade. Sou cabo-verdiano e lá andava sempre na praia, por isso é normal”, explica, bem-disposto.

No mesmo tom animado está Luísa, que partilha o lado direito da pista com Paulino: “A dificuldade maior para mim é o direcionamento, mas as professoras portam-se muito bem. Quem se pode portar mal é a aluna!”.

Balanço positivo

Os 45 minutos da aula esgotam-se rapidamente e o entusiasmo de Suelene, já fora da água, fala por si.

“Tem sido uma experiência gratificante. Já tinha tido contacto com a água, mas não tinha as técnicas. Vinha com medo quando cheguei, por não conhecer o espaço ou de chocar contra os colegas, porque a minha baixa visão não é recente, mas houve um agravamento e ainda estou a conhecer espaços. Mas agora já estou mais descontraída, as profissionais têm sido impecáveis”, relata ao lado de Ana e Cátia, cujos sorrisos não conseguem esconder.

“Um bem-haja à Santa Casa. Tem sido uma oportunidade fantástica, que de outro modo eu não poderia ter. Estou muito feliz pela experiência”, conclui Suelene.

Esse receio inicial também aconteceu com Catarina quando nadou pela primeira vez e a colaboradora da Santa Casa admite-o, até devido ao desafio de comunicar com tanto ruído à mistura.

“Quando qualquer pessoa, cega ou não, chega a um sítio novo, há o chamado receio inicial. No nosso caso, a capacidade auditiva neste meio fica sempre afetada, porque há muito barulho à volta e temos de ter a noção de distinguir de onde vem o comando. Mas há uma linguagem de toque, um toque para parar ou continuar. Quando há uma maior ligação, podemos reparar que além da voz começa a haver um código de toque”, frisa Catarina.

As treinadoras Ana e Cátia também são relativamente novas nesta função. Isto porque apesar de terem anos de experiência na natação, nunca tinham trabalhado com pessoas cegas/com baixa visão.

“Ao início foi um desafio um bocadinho assustador, mas está a correr muitíssimo bem e é gratificante”, afirma Ana, dizendo ainda que os alunos “têm-se portado lindamente, tem havido uma grande progressão e já conseguem fazer praticamente tudo”.

Por seu lado, Cátia sublinha que este “é um processo de aprendizagem também para as professoras”, que vão “criando estratégias” para responder aos desafios de cada aula.

aula de natação

Um projeto para crescer

Esta vertente da Escola de Natação Santa Casa nasceu da intenção de aproveitar ao máximo os patrocínios existentes, tornando-os úteis, e retirar deles uma lógica de responsabilidade social. Estabelecido o projeto da Escola de Natação Santa Casa em 2019, nasceu este ano o projeto-piloto para pessoas cegas/com baixa visão e o objetivo passa por divulgá-lo, incentivar à sua replicação por parte de outras entidades e, quiçá, expandi-lo num futuro próximo.

Maria da Cunha, subdiretora da Direção de Comunicação e Marcas da Santa Casa, aborda a importância deste tipo de iniciativas.

“Queremos, com estes projetos de promoção do desporto adaptado, demonstrar que o desporto deve ser entendido como uma importante ferramenta na inclusão e integração social da população com necessidades especiais. O objetivo para o qual continuamos a contribuir é que as pessoas com deficiência possam ter uma vida ativa ou mais normal possível. Todos sabemos que a prática de desporto pela população melhora a saúde, aumenta o grau de autonomia, reforça a autoestima e aumenta a capacidade de relacionamento com os outros. É com este espírito e visão que desafiámos, este ano, a Federação de Natação, a alargar o projeto das Aulas de Adaptação ao Meio Aquático, da Escola de Natação Santa Casa, iniciado em 2019, a um novo público-alvo, desta feita, utentes e colaboradores cegos e com baixa visão”, começa por dizer.

A responsável da Santa Casa lembra que este projeto “contempla, para já, 8 vagas e o objetivo passa por divulgá-lo, incentivar à sua replicação por parte de outras entidades e, desta forma, ajudar a Federação Portuguesa de Natação a promover o desporto adaptado”.

“O projeto está a ser um sucesso em termos de adesão, temos já um universo total de 30 utentes de equipamentos e colaboradores a frequentar as aulas de natação e cinco utentes e colaboradores a participar nas aulas de natação adaptada. O feedback que temos, por parte dos utentes, é fantástico. Estamos muito satisfeitos e orgulhosos com a concretização desta nova vertente para a natação para cegos e pessoas com baixa visão. É, de facto, um projeto diferenciador”, resume Maria da Cunha.

Por seu lado, Isabel Pargana, diretora do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, elogia o projeto em duas perspetivas.

“Primeiro a vivência do real, do contexto natural. Faz todo o sentido que tenham esta perspetiva de que há vida para além da cegueira. Não têm de ficar agarrados à sua condição, podem continuar a ter atividades sociais lúdicas, recreativas… Outra perspetiva, que é ótima: a possibilidade de porem em prática um conjunto de competências que ali desenvolvem e transferi-las para o mundo real”, sublinha.

Já Pedro Brandão, responsável da Federação Portuguesa de Natação e coordenador do projeto, explica que a ideia tem vindo a evoluir e pode ser replicada.

“Estamos numa fase de aprendizagem. Por isso, de momento estamos a trabalhar só com adultos. A ideia é em breve capacitar os professores para poderem trabalhar com idades a partir dos cinco ou seis anos. Desta forma, logo que consolidado o projeto no núcleo do Jamor, estaremos em condições, juntamente com os Jogos Santa Casa, de replicar o modelo para outras piscinas, alargando e diversificando a base de trabalho, e aproximando-nos mais dos centros de ensino das crianças e das respetivas zonas de habitação”, termina.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

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