
Categoria de Artigo: Ação social


Oito estabelecimentos de ensino da rede pública do concelho de Lisboa foram distinguidos na sessão de entrega de prémios do concurso escolar “Todos Somos Diferentes”, que se realizou esta segunda-feira, 27 de junho, na Sala de Extrações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Além da atribuição de um prémio monetário aos melhores trabalhos apresentados nos três escalões – 1º, 2º e 3º ciclo do Ensino Básico, foi, ainda, atribuída uma menção honrosa.
Ao todo participaram nesta edição da iniciativa 264 alunos, 29 professores de nove escolas básicas de oito agrupamentos escolares diferentes da cidade, sendo que foi atribuído a todos os participantes uma pen-drive com o livro digital do concurso e um diploma de participação.
Entre os vencedores do 1º escalão (1º Ciclo), a Escola Básica António Nobre venceu o 1º prémio, na segunda posição destacou-se a Escola Básica Mestre Querubim Lapa e o terceiro lugar foi ocupado pela Escola Básica Sarah Afonso.
No 2.º escalão (2º Ciclo), a Escola Básica Patrício Prazeres conquistou o 1º prémio, a Escola Básica Quinta de Marrocos o 2º prémio e a fechar o pódio ficou a Escola Básica Professora Lindley Cintra.
Por último, no 3.º escalão (3º Ciclo), a Escola Básica Padre José Manuel Rocha e Melo alcançou o 1º prémio. Já à Escola Básica Quinta de Marrocos coube o 2º prémio e à Escola Básica Marquesa de Alorna o 3º prémio.
Destaque ainda para a menção honrosa atribuída à turma do 6º ano da Escola Básica Patrício Prazeres.
Numa cerimónia com vários alunos das escolas vencedoras, o provedor da Santa Casa, Edmundo Martinho, salientou que “é na diferença que encontramos a nossa maior riqueza enquanto pessoas”, defendendo ainda que este concurso deve ser “o motor de esperança que os nossos jovens precisam para se tornarem adultos conscientes e participativos”.
“Este projeto tem o grande objetivo de ajudar a que cada um de nós possa ser um agente de mudança para que as nossas escolas e comunidades, no seu todo, possam ser mais inclusivas”, concluiu Edmundo Martinho.
Presentes na cerimónia estiveram, para além do provedor da instituição, os representantes dos agrupamentos escolares vencedores e, ainda, os membros do júri.
Sobre o concurso “Todos Somos Diferentes”
O concurso “Todos Somos Diferentes” foi desenvolvido e enquadrado no âmbito da associação dos Jogos Santa Casa às Lotarias Europeias. Destinado a toda a comunidade escolar da rede pública do concelho de Lisboa, esta iniciativa distingue trabalhos escolares capazes de sensibilizar e mobilizar toda a comunidade educativa para a importância de uma escola integradora e inclusiva das pessoas com deficiência, baseada nos princípios da solidariedade e da diversidade com vista à construção de uma sociedade futura mais coesa e mais justa.
Focado na apresentação de trabalhos coletivos no âmbito da temática “Todos Somos Diferentes”, foram admitidos a concurso trabalhos em suporte multimédia, inovadores, criativos e com impacto social, que traduzissem a temática do concurso e respeitassem os princípios consagrados na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
De acordo com o regulamento, os melhores trabalhos de cada escalão – 1º, 2º e 3º ciclo do Ensino Básico, recebem prémios pecuniários, num total de nove atribuições. Estes prémios, que vão de 1.500 euros a 5.000 euros, deveriam ter como objeto a apresentação de projetos a desenvolver na escola, tendo em vista um parque escolar mais inclusivo.

São jovens talentosos e estão na Orquestra Geração da Santa Casa. Muitos sonhavam um dia tocar numa orquestra. Outros nem sabiam que a música um dia iria fazer parte das suas vidas. Hoje, estão rendidos. A orquestra faz parte do seu dia a dia. Amanda, Ávyla e Alan são três dos vários jovens que integram a Orquestra Geração Santa Casa. São irmãos e partilham a mesma paixão: a música.
No passado sábado, 25 de junho, cerca de 40 jovens e crianças tocaram e encantaram no concerto final do ano letivo. Se o nervosismo dominou os momentos que antecederam o espetáculo, a alegria e o orgulho dominaram os rostos de crianças, pais e responsáveis da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa após a atuação.
Os testemunhos
“A música é terapia, é paixão e um estimulante para a vida em todas as suas dimensões”, dizem os três. Amanda Semonnetti, 18 anos, é a primogénita. “A orquestra aproximou-nos enquanto família. Mas nem sempre é fácil conciliar o papel de irmã mais velha e a música”, confessa, entre sorrisos.
“Eu adoro tocar. Foi amor à primeira vista. Faz-me feliz e sentir bem comigo”, sublinha. “Quero continuar a fazer parte da orquestra, sem ser algo profissional, pela alegria que me dá”. Sobre a Orquestra Geração Santa Casa, Amanda não tem dúvidas: “é um projeto muito importante, pois a música une-nos e acrescenta valor a vida de cada um”.
O mais novo chama-se Alan, tem 14 anos, e toca violino. Também está no projeto desde o início. “A música completa-me. Fico tranquilo e focado. É bom para mim tocar. Esta experiência abre-me novos horizontes e tenho oportunidade para conhecer outras pessoas”, remata.
Por outro lado, Ávyla Semonetti, a irmã do meio, com 16 anos, confessa que sente “algum nervosismo no início dos espetáculos. Mas depois de começar a tocar, os nervos dão lugar à alegria”, frisa.
Ávyla destaca a alegria de tocar e o propósito do projeto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. “Fazer parte da orquestra é especial. Estamos os três juntos a fazer o que mais gostamos. Este projeto ajuda-me a sair de casa, tira-me da rotina e posso conhecer outras pessoas”, finaliza.
Transformar vidas
Com o poder de transformar vidas, a música assume um papel de extremo relevo na vida destes jovens. Na Orquestra Geração Santa Casa encontraram uma vocação adormecida, mas, acima de tudo, um abrigo seguro e um propósito que os une.
António Santinha, diretor da Unidade de Apoio à Autonomização da Santa Casa, sublinha que “o projeto geração, com quatro anos de experiência, prova que é possível colher frutos do investimento realizado. Neste momento, contamos com cerca de 40 músicos, divididos por três níveis, e dois grupos de instrumentos: sopros e cordas”.
“O empenho deste grupo de músicos enche-nos o coração de orgulho”, destaca, com emoção, sublinhando os “benefícios do envolvimento dos pais neste projeto”. O responsável nota que “o projeto nunca parou, mesmo em contexto de pandemia”, explicando que “as crianças e professores mantiveram contacto através das plataformas digitais”.
“Os dias das apresentações são de facto mágicos, tanto para crianças como para as famílias. Nestes dias, todos se sentem muito especiais e alvo de grande atenção, o que é absolutamente transformador”. Para terminar, António Santinha fez questão de lembrar o importante trabalho dos professores e staff, que ao longo do ano, contribuem para o sucesso e impacto do projeto”, finalizou.
A Orquestra Geração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é um projeto com o objetivo de constituir uma orquestra juvenil na instituição. Para o efeito, foi criado um protocolo de colaboração com o Projeto Orquestra Geração Sistema Portugal. A essência do projeto é o trabalho social. A Orquestra Geração Santa Casa não é um conservatório, não é uma escola de música, é um trabalho social que através da música, da prática de orquestra de conjunto, faz um trabalho de grupo, um trabalho social.

A iniciativa, que teve lugar no Convento de São Pedro de Alcântara, promovida por várias unidades orgânicas da Santa Casa, visou discutir alguns modelos de integração das pessoas com deficiência no mundo do trabalho e a plena integração destas pessoas na sociedade, durante a sua transição da adolescência para a vida adulta.
A conferência contou com a participação de Laura Owens, especialista internacional nesta matéria e presidente da TransCen, organização sem fins lucrativos dedicada a melhorar os resultados educacionais e de emprego para pessoas com deficiência.
Logo no início da sua intervenção, Laura Owens elogiou o trabalho que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) tem vindo a desenvolver na área da deficiência, destacando que é “importante que as organizações olhem cada vez mais para as questões da inclusão das pessoas com deficiência na sociedade”.
“Todo o trabalho que fazem aqui na Santa Casa é merecedor dos maiores elogios. É importante trabalhar a deficiência nos vários escalões etários e vocês (SCML) têm respostas adequadas e ajustadas a cada caso, para isso”, disse a presidente da TransCen.
Para Laura Owens é necessário compreender que “uma vida com significado para as pessoas com algum tipo de deficiência é sempre um desafio”, considerando que é importante “ouvir os interesses delas e as necessidades que têm, porque o que é significativo para a maioria de nós não o é para elas”. Para destacar este ponto, a especialista deu a conhecer aos presentes o exemplo de uma jovem com quem teve oportunidade de trabalhar na TransCen.
“Há alguns anos conheci a Anne e para ela o importante para ser verdadeiramente feliz não era ter dinheiro, nem um carro. Era principalmente ter amigos, ter uma família, mas acima de tudo ser parte da comunidade e ser útil a ela”.
Para a professora universitária, a integração de uma pessoa com deficiência, no quotidiano diário de uma sociedade, nem sempre é verdadeiramente inclusiva. “Mais do que habilitar as pessoas a conseguirem fazer a maioria das coisas que todos nós fazemos diariamente, precisamos igualmente de incluir e não apenas integrar. Não basta conseguir ir a um café e pedir uma bebida. É também importante que as pessoas conheçam a pessoa que está à sua frente, que falem e interagem com ela. Isso sim, é integrar e incluir”, concluiu a investigadora.

Levar a responsabilidade social para o pequeno ecrã, dar-lhe vida e rostos é o principal objetivo de mais uma edição do “Liga-te à Fundação – Talks”. Com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o projeto irá mostrar o trabalho dos clubes neste âmbito. O mês de junho marca o regresso do programa “Liga-te à Fundação – Talks”, onde ao longo de cinco programas semanais será possível conhecer o lado mais solidário e sustentável do futebol profissional em Portugal, um programa conduzido por Andreia Palmeirim.
Um programa com a marca da Santa Casa
O primeiro episódio, que vai para o ar já este domingo, 26 de junho, tem como tema principal o “Futebol Inclusivo e Social” e vai procurar demonstrar a importância e pertinência que o futebol profissional pode assumir na inclusão de pessoas na sociedade (tenham estas limitações físicas intelectuais ou façam parte de um grupo social vulnerável) e dar a conhecer iniciativas e histórias reais de como o futebol contribui para sinalizar e solucionar problemas no campo da inclusão social.
Serão cinco programas consecutivos, nos próximos domingos (26 de junho, 3, 10, 17 e 24 de julho), com transmissão televisiva na CNN e interpretação em Língua Gestual Portuguesa. O quinto episódio, a 24 de julho, conta com a participação de Maria João Matos, diretora de Comunicação e Marcas da Santa Casa, para abordar o tema “Muito mais que um Jogo”. O último episódio pretende demostrar de que forma o futebol e o desporto resolvem constrangimentos sociais, educacionais e sanitários e, ao mesmo tempo, a importância do apoio ao desporto pela Santa Casa.
A iniciativa decorre no âmbito do protocolo de cooperação assinado entre a Santa Casa da Misericórdia e a Fundação do Futebol – Liga de Portugal, estabelecido em junho de 2020.
“Liga-te à Fundação – Talks”
É um conjunto de programas de televisivos, divididos por temas e participantes, através da criação de momentos de troca de ideias e debate. Nestes programas, os convidados irão abordar as sinergias que, através do futebol profissional, apostam na criação de impacto na sociedade. Falar de responsabilidade social em televisão, dar a conhecer histórias e protagonistas, reportar o país real e incentivar à ação são os propósitos deste projeto.
Veja ou reveja o primeiro episódio em baixo.

Acessibilidade no Rock in Rio: Santa Casa apoia pessoas com deficiência
O apoio oficial da Misericórdia de Lisboa ao Rock in Rio permitiu dotar o recinto de plataformas para pessoas com mobilidade reduzida e equipado como wc adaptados. Além disso, o Rock in Rio conta ainda com um mapa tátil que passa informação relevante e indica as áreas reservadas a pessoas com deficiência, além de haver uma intérprete de língua gestual portuguesa no recinto.

O Rock in Rio é, por definição, um festival de música, mas, nos últimos anos, tornou-se em algo muito maior. Pode ouvir-se música, é certo, mas também aprender. Esta quarta-feira, 22 de junho, as colunas desligaram-se para dar tempo à Rock in Rio Academy. Neste evento, seis candidatos da Valor T – que, entretanto, já estão inseridos no mercado de trabalho – fizeram o acolhimento e a credenciação dos participantes da Academia do Rock in Rio.
A Cidade do Rock de Lisboa abriu novamente as portas para receber a 3ª edição do Rock in Rio Academy – uma ação de formação em gestão com base no modelo de negócio de uma das maiores marcas de experiência do mundo.
A Valor T, a agência de empregabilidade dedicada a pessoas com deficiência da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, convidou Maria, Miguel, Marcos, Ronica, Tiago e Cânia para participar no evento. Uns encaminhavam os participantes, outros asseguravam a credenciação. Sempre acompanhados pela equipa da Valor T. À medida que as tarefas foram distribuídas, o nervoso inicial passou rapidamente. Orgulhosos pela oportunidade, estes homens e mulheres desejavam intensamente mostrar o seu valor e capacidade de trabalho.
“Já tinha desistido de procurar”
Entre os seis elementos, está Maria Moreira, 36 anos, de Sintra. Inscreveu-se logo no início do lançamento da Valor T. “O processo levou algum tempo”, recorda. Mas hoje está “feliz e realizada”. “Como se sabe, é difícil para as pessoas com deficiência entrar no mercado de trabalho. Trabalhei nas limpezas, mas não era o que gostava de fazer”.
A candidata tem uma lesão no plexo braquial, afetando principalmente os movimentos e a sensibilidade do ombro e cotovelo. Movimentos como levantar e abrir o braço, e dobrar o cotovelo ficam difíceis ou impossíveis. Por esta razão, cada vez que procurava emprego, “as portas fechavam-se”, conta.
Quando Maria recebeu um telefonema da Valor T, não esperava que do outro lado da linha fosse anunciada a oportunidade que tanto queria. Hoje é operadora ajudante de loja no El Corte Inglés. “Estou feliz. Já tinha desistido de procurar e, quando menos esperava, a sorte bateu-me à porta”, lembra, sorridente. “Vim apenas pela experiência, nem foi pelo bilhete que nos oferecem. Normalmente, apenas escolhem os modelos e perfeitos para fazerem parte destes eventos. Hoje é o meu dia”, rematou.
“É uma oportunidade para socializar”
Também Tiago Ferreira, 26 anos, de Santa Iria da Azoia, encontrou na agência de empregabilidade para pessoas com deficiência, da Misericórdia de Lisboa, um porto de abrigo. A história repete-se. “As pessoas com deficiência têm uma dificuldade acrescida em entrar no mercado de trabalho”, sublinha.
O jovem candidatou-se em 2021. Atualmente está a trabalhar como auxiliar de jardinagem no Pingo Doce. “Senão fosse a Valor T, não teria conseguido entrar no mercado de trabalho. Há um estigma enorme em relação às pessoas com deficiência”, nota.
Tiago sofre de uma doença crónica que o impede de absorver cálcio, estando medicado para o efeito. Sobre a iniciativa desta quarta-feira, o jovem jardineiro acredita que “é uma oportunidade para socializar, conhecer novas pessoas e perder um pouco da timidez” que tem.
“Faço o que gosto”
Já Marcos Rosa, 39 anos, de Porto Alegre (Brasil), há quatro anos em Portugal, encontrou a agência Valor T através do Google. Fez entrevista em janeiro e depois começou a receber várias propostas de trabalho ao seu perfil. Em abril, começou a trabalhar na Zara. “Comecei como part-time, o salário é bom em comparação com outros que já vi, e, agora, vou ter um horário completo. Faço o que gosto, trabalho com pessoas, com público, com vendas. Era exatamente o que eu procurava”, diz, satisfeito.
O brasileiro está a recuperar de cancro e à espera de transplante de médula. Enquanto recupera, confessa estar “feliz” por sentir-se útil de novo. Para finalizar, Marco conta que é a primeira vez que irá participar no Rock in Rio. “Eu estou a realizar um sonho”, diz, sorridente.

O relógio marca as 12h16. Camilo alinha pormenorizadamente as cadeiras do É Uma Mesa. Enquanto os clientes não chegam, o tempo sobra para observar, uma vez mais, a ementa. Antes da abertura de portas, Camilo e a restante equipa assimilam as ordens dadas pelo chef Nuno Bergonse, a quem foi confiado este restaurante inclusivo idealizado pela associação CRESCER.
Hoje, dia 20 de junho de 2022, é, por várias razões, muito especial para Camilo. A estreia deste homem, que viveu algum tempo na situação de sem-abrigo, na restauração começa com um serviço especial ao Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa quis ver de perto como funciona o projeto de reintegração de pessoas em situação de sem-abrigo no mercado de trabalho através da restauração. Depois do É Um Restaurante (situado junto à Avenida da Liberdade), nasce o É Uma Mesa. Dois projetos idealizados pela associação CRESCER para dar um futuro a pessoas em situação de vulnerabilidade.
Agora, no Centro Cultural de Carnide, no Bairro Padre Cruz, em Lisboa, há um restaurante italiano pronto a “servir pratos de inclusão e de esperança”. A ementa está a cargo do chef Nuno Bergonse, que é auxiliado por Beatriz Peres, que além de chef é encarregada por orientar uma turma de pessoas em situação de sem-abrigo. A equipa formada por dez pessoas, divididas entre a cozinha e a sala, tem a oportunidade de aprender tudo, desde a mise en place ao empratamento, de modo a garantir que o restaurante funciona a 100%.
“Eu garanto que estas pessoas saem daqui com as ferramentas de trabalho necessárias para que consigam colocá-las em prática lá fora. É isso que estamos a fazer com esta turma. Tentamos perceber que tipo de aptidões têm, as competências, as vontades. Neste momento temos seis pessoas, homens e mulheres de todas as idades, sendo que três delas são refugiadas”, explica Beatriz Peres.
Com este projeto, a CRESCER pretende formar, por ano, 75 pessoas. Depois da temporada no É Uma Mesa, segue-se a integração no mercado de trabalho, que será feita de forma gradual, tendo sempre em conta a avaliação da supervisora, mas também a do formando. Todos os anos, a CRESCER espera que cerca de 40 pessoas sejam integradas no mercado de trabalho após a formação no É Uma Mesa.
“Este projeto tem como objetivo integrar no mercado de trabalho pessoas que estiveram em situação de sem-abrigo. Depois de formação ao nível das relações interpessoais com os psicólogos da CRESCER, as pessoas estão entre quatro a seis meses a trabalhar neste restaurante. Após esse período, é esperado que consigam ingressar numa empresa. Durante todo o processo são acompanhados por técnicos psicossociais da CRESCER, que além de apoiarem as pessoas, também apoiam as empresas a perceberem melhor as especificidades deste tipo de público”, refere o diretor executivo da associação, Américo Nave.
“Faz todo o sentido a Santa Casa associar-se a este projeto”
O trabalho desenvolvido pela CRESCER nos restaurantes É Um Restaurante e É Uma Mesa só é possível devido à rede de instituições da cidade de Lisboa envolvidas no projeto. A associação conta com o apoio de entidades como a Santa Casa para fazer um levantamento de pessoas em situação de sem-abrigo, que possam reforçar as equipas dos dois restaurantes inclusivos.
A Santa Casa é, desde o primeiro momento, parceira dos dois projetos. O apoio da Misericórdia de Lisboa é feito, grande parte das vezes, através do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo de Lisboa (NPISA), onde a instituição presta apoio a vários níveis como, por exemplo, o tratamento dentário das pessoas em situação de sem-abrigo.
Além disso, Sérgio Cintra, administrador da Ação Social da Misericórdia de Lisboa, realça que “quando a Santa Casa foi convidada a juntar-se a este projeto e a partilhar do financiamento, foi feito nesta ideia de investir na sociedade”.
“Este é um projeto de absoluto mérito e inovador a nível europeu. Faz todo o sentido a Santa Casa associar-se a este projeto, até porque qualquer cêntimo que for investido para as pessoas garantirem a sua autonomia, esse cêntimo será multiplicado milhares de vezes”, reforça Sérgio Cintra.

Os Estados-membros da Comissão Económica da Região Europa das Nações Unidas (UNECE, na sigla inglesa) aprovaram a Declaração Ministerial de Roma, onde consta a estratégia de promoção do envelhecimento ativo adotada pelos países membros da UNECE para os próximos cinco anos (2022–2027).
O encontro, que teve como tema “Unir forças para a solidariedade e igualdade de oportunidades ao longo da vida”, contou com a participação do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, na qualidade de presidente do Grupo de Trabalho Permanente sobre o Envelhecimento (SWGA-UNECE) , e com a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.
A Declaração Ministerial agora aprovada destaca a determinação dos países membros em alcançar três prioridades até 2027: promover o envelhecimento ativo e saudável ao longo da vida, garantir o acesso a cuidados de longa duração e apoio aos cuidadores e famílias e integrar o envelhecimento para promover uma sociedade para todas as idades.
O compromisso aprovado a 17 de junho, em Roma, sublinha ainda o impacto que a crise pandémica teve nas pessoas mais velhas, destacando ainda a ligação entre a saúde, os sistemas sociais, a sociedade civil, a família e a cooperação multissetorial durante a pandemia de Covid-19.
Na sua intervenção, Ana Mendes Godinho sublinhou a importância da cooperação entre os vários setores da sociedade no apoio a quem mais necessitou, durante a pandemia de Sars-Cov2. “A pandemia colocou em perspetiva a necessidade que os governos tiveram de encontrar novas soluções para responder a problemas criados pela situação pandémica, de maneira a garantir o bem-estar da população, em especial dos mais velhos. Só foi possível fazer face a este problema com uma rede bem estruturada de apoio entre os vários setores da sociedade”.
“O mundo demonstrou uma solidariedade para com o outro, nunca vista” e afigura-se necessário o contributo dos cidadãos menos jovens, acrescentou a ministra da tutela, realçando ainda que “este reconhecimento tem de vir dos governos e da sociedade”, relembrando que em 2030 haverá mais pessoas com 50 anos, do que com 15 anos. “É crítico e agora é o momento de os governos conceberem políticas estruturadas que vão ao encontro das necessidades das pessoas mais velhas e que contribuem para um envelhecimento saudável e participativo”, finalizou.
Já no início da conferência, Edmundo Martinho fez questão de salientar que “é necessário mais progressos nas políticas que abrangem as pessoas mais velhas, para poderem viver mais e melhor, numa sociedade justa e preocupada com as suas necessidades e anseios”.
Para o presidente do Grupo de Trabalho Permanente sobre Envelhecimento da UNECE, a aprovação da Declaração de Roma é um reconhecimento de que o trabalho desenvolvido na área do envelhecimento saudável “tem sido positivo”, salvaguardando que “ainda existe muito caminho a ser feito, nas políticas de apoio às pessoas mais velhas”.
“Embora exista ainda um longo caminho a percorrer na melhoria dos serviços de segurança social, de cuidados continuados e de políticas de promoção de envelhecimento participativo e saudável, com a aprovação desta declaração por parte dos ministros dos Estados-membros da UNECE existe um compromisso e uma aspiração de concretizar um mundo mais sustentável para todas as pessoas e de todas as idades, até 2027”, concluiu Edmundo Martinho.
A Conferência Ministerial das Nações Unidas juntou mais de 365 participantes, incluindo 30 ministros, secretários de Estado e representantes oficiais dos Estados-membros da UNECE, numa organização conjunta entre a UNECE, o Grupo de Trabalho Permanente sobre Envelhecimento da UNECE e o Governo italiano.
Assista ao vídeo da conferência, aqui.
Fotografia: Federica Mangano – UNECE.

O Rock in Rio está de regresso a Lisboa. Na edição de 2022, a Santa Casa volta a associar-se ao festival de música, possibilitando que o evento seja acessível a pessoas com deficiência visual, deficiência auditiva e mobilidade reduzida.
O apoio oficial da Misericórdia de Lisboa ao Rock in Rio permite que o recinto do festival esteja dotado de plataformas para pessoas com mobilidade reduzida (no Palco Mundo e no Galp Music Valley), bem como de wc adaptados, oficinas para eventuais reparos nas cadeiras de rodas e sinalética em todo o recinto. A Santa Casa vai ainda ter no terreno uma equipa pronta para dar resposta as necessidades dos públicos especiais.
Nos dias 18, 19, 25 e 26 de junho, dezenas de artistas vão subir aos palcos do Rock in Rio Lisboa, mas, em 2022, as grandes estrelas são os intérpretes de linguagem gestual da Hands Voice, que, aos pares, vão acompanhar do início ao fim todas as atuações do festival. O uso de interpretação em linguagem gestual no Rock in Rio é algo nunca antes feito em festivais de música em Portugal, mas possível devido ao apoio da Santa Casa ao festival de música.
“No ano em que se assiste ao regresso em pleno dos festivais de música, a Santa Casa ajudará na modernização e melhoria das acessibilidades, através do desenvolvimento de acessos e áreas de mobilidade reduzida. Teremos também no local técnicos a garantir o apoio a pessoas com este tipo de dificuldades. Este ano, pela primeira vez num festival de música em Portugal, teremos ainda concertos com interpretação em Língua Gestual Portuguesa, o que representa mais um passo para garantir que se proporcionem cada vez mais espetáculos acessíveis e inclusivos, alcançando todos os públicos que frequentam estes eventos musicais”, explica a diretora de Comunicação e Marketing da Santa Casa, Maria João Matos.
A parceria entre a Misericórdia de Lisboa e o Rock in Rio tem como objetivo proporcionar uma experiência única para todos os públicos, possibilitando que ninguém fique de fora da festa da música, onde a inclusão é prioridade.
O apoio à cultura é outro objetivo desta parceira, uma vez que essa é uma missão assumida pela Misericórdia de Lisboa, que tem-se aliado de forma consistente a eventos culturais. O compromisso da Santa Casa com a cultura traduz-se, por exemplo, no apoio à produção de espetáculos de música, literatura ou cinema.
“Um dos pilares da Santa Casa é a promoção do acesso à Cultura para todas as pessoas. A presença neste ou noutros festivais insere-se numa estratégia mais ampla que tem por base essa premissa e, nuns casos através da criação de melhores condições de acessibilidade para todas as pessoas, noutros apoiando festivais e outras iniciativas culturais menos mediáticas em comparação com o Rock in Rio. Ou seja, sim: sentimos que a nossa presença é importante e faz todo o sentido”, refere Maria João Matos.