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Santa Casa acolhe conferência “Hold My Hand”

O encontro contou com um vasto painel de oradores pertencentes a organismos portugueses, suecos, italianos e belgas, e teve a provedora Ana Jorge a abrir os trabalhos.

Na sua intervenção, a responsável salientou o propósito da conferência – uma reflexão profunda sobre o tema do fim da vida, tendo em conta as diferentes vivências e sensibilidades de todos os que já experienciaram de perto a situação.

“Enquanto pessoa, profissional de saúde e provedora, tenho dedicado muita atenção e reflexão a este tema. Há uns tempos, a Santa Casa publicou um livro chamado ‘E tudo muda num instante’. E, de facto, a vida muda num instante, a nossa ou a dos que nos estão próximos. Somos continuamente desafiados a lidar com as questões da perda e do luto. Mas a perda e o luto não são só a morte”.

Provedora_Hold My Hand

Ana Jorge afirmou: “Todos temos direito a ter qualidade de vida, do princípio ao fim. Porque a qualidade de vida faz-se ao nascer, ao morrer e durante a vida. Este é um tema que temos de discutir, todos, e enquanto Santa Casa, uma vez que o nosso ‘core’ principal é apoiar os mais vulneráveis, num apoio por toda a vida, seja qual for a situação”.

Numa alusão ao nome do programa – Hold My Hand –, a provedora lembrou a importância de “dar a mão. Todos nós precisamos que nos deem a mão em determinadas alturas da vida. Temos de estar disponíveis para os outros, não em tempo, mas em qualidade. Às vezes, basta a nossa presença, sem palavras. Só o segurar a mão”.

O projeto nasceu em novembro de 2022 e durará até outubro de 2024. Destina-se à população adulta, sociedade civil, familiares e cuidadores (formais e informais) e assenta em cinco objetivos principais:

  • Desenvolver uma cultura que aborde em plena consciência a questão dos cuidados em fim de vida;
  • Capacitar a população para lidar com a questão do fim da vida, no seio familiar e com os profissionais de saúde;
  • Sensibilizar para a necessidade de assegurar a transmissão das informações contidas num documento com as escolhas e a antecipação de cuidados em fim de vida, entre a pessoa e os familiares, as instalações residenciais e as instituições hospitalares, entre outros;
  • Ajudar as instituições a promover a autonomia dos seus residentes;
  • Apoia as instituições a repensarem sobre o envelhecimento, e considerarem os desejos dos seus residentes.

Na conferência desta terça-feira, estiveram também presentes os parceiros europeus: a Anziani e non solo, uma cooperativa social italiana criada em 2004, que promove a aprendizagem ao longo da vida, o conhecimento e o fortalecimento das comunidades; a Elderberry, uma PME sueca que realiza formação digital de professores e desenvolvimento, redação, teste, edição e publicação de programas de formação digital; e a UNESSA, associação belga com mais de 1100 serviços de acolhimento, apoio e cuidados para pessoas na Bélgica francófona, que trabalham em diferentes áreas: juventude, idosos, crianças, hospitais, integração social e economia social, deficiência, prevenção e primeira linha, saúde mental.

35.ª Temporada Música em São Roque foi um verdadeiro sucesso

No balanço desta temporada, a diretora da Cultura da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Teresa Nicolau, salientou o propósito da iniciativa, que existe desde 1988, e que, mais uma vez, superou as expetativas: “É um orgulho e uma honra termos quase duas mil pessoas a valorizarem a música portuguesa, que é precisamente a missão da Temporada Música em São Roque. Nela encontramos grupos de músicos que trabalham durante um ano inteiro para prepararem a temporada seguinte, o que revela a dimensão da importância desta ação”.

A abertura da edição deste ano foi feita pelo Coro da Gulbenkian e o encerramento ficou a cargo dos Solistas da Orquestra Barroca da Casa da Música, acompanhados pela atriz Sara Carinhas, “que fez uma leitura de textos, maravilhosos, ambientando ao reportório apresentado”, descreveu Teresa Nicolau. “Tivemos também algumas estreias mundiais, como a música da Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma, pelo grupo Ludovice Ensemble, e ainda uma peça a partir de uma partitura, que existe no nosso arquivo histórico, da Capella Duriensis Grupo Vocal”.

Este ano, a Temporada contou também com a participação do maestro Martim Sousa Tavares, nas sessões de apreciação musical. Foram quatro vídeos intitulados Ouvidos para a Música, nos quais se pôde “ouvir muita informação e destreza por parte do maestro, porque, além de fazer pedagogia com a música, exalta a tarefa da imaginação. Tal torna-se ainda mais relevante quando estes vídeos são partilhados em várias escolas de música o que, para nós, Santa Casa, constitui grande motivo de orgulho”, concluiu a responsável da Cultura da instituição.

Fundo Rainha D. Leonor recupera quadros de beneméritos em Guimarães

O Fundo Rainha Dona Leonor, criado pela Misericórdia de Lisboa, em parceria com a União das Misericórdias Portuguesas, apoiou com quase 21 mil euros a recuperação de 20 quadros a óleo, de uma coleção maior de 146 retratos. Cada pintura homenageia uma personalidade que contribuiu para o bom nome da instituição de Guimarães e para o seu funcionamento.

“Esta ocasião constitui uma oportunidade de notabilizar e enaltecer o compromisso duradouro destes Benfeitores em prol da comunidade”, salientou a Misericórdia de Guimarães.

A entrada no percurso museológico no Convento de Santo António dos Capuchos é gratuita até 4 de novembro, sábado, numa altura em que se assinalam os seus 15 anos.

Crédito Fotografia: Santa Casa da Misericórdia de Guimarães

Provedora presta homenagem à Professora Doutora Graça Andrada

A Professora Doutora Graça Campos Andrada, simplesmente Dra. Graça, partiu no dia 28 de outubro, após uma longa vida, sempre muito ativa, apesar dos seus 91 anos.

Recordo a Dra. Graça, enquanto jovem médica nos corredores do Hospital de Santa Maria, em que se comentava que uma pediatra tinha vindo dos EUA com a especialidade de reabilitação. Nesse tempo, não entendi muito bem o que significava. Mais tarde, tive a oportunidade de fazer um curso de 35 horas no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA) e também outros no Centro de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian, onde voltei a testemunhar a sua capacidade de inovação na área da reabilitação.

É por isso que, enquanto médica pediatra, mas também na qualidade de Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), não posso deixar, neste momento, de fazer uma justa e sentida homenagem à Dra. Graça, pelo seu contributo na área da reabilitação e pelo que representou para as crianças portadoras de deficiência e no apoio aos pais e famílias.

A Dra. Graça ficará para sempre ligada ao Centro de Medicina Física e Reabilitação de Alcoitão, tendo assumido logo na sua abertura a direção do serviço de pediatria, por onde passaram médicos que fizeram a especialidade de fisiatria, alguns neuropediatras e pediatras. A dinâmica que introduziu neste serviço ao nível da organização, com um funcionamento invulgar de rigor e curiosidade científica, contribuiu para que o CMRA fosse, desde logo, um centro de referência nacional e internacional, tendo sido um modelo que serviu para os outros centros, que mais tarde abriram no país.

Muito se deve à Dra. Graça o entusiasmo e profissionalismo que contagiava os outros serviços do CMRA.

A Dra. Graça foi também diretora do Centro de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian (CPCCG), que desde há alguns anos está sob a gestão da SCML. Neste centro, em que o apoio às crianças faz toda a diferença na sua vida e das suas famílias, dinamizou a formação, quer de terapeutas – em técnicas muito dirigidas para a Paralisia Cerebral –, quer de médicos, nomeadamente pediatras em desenvolvimento infantil, trazendo para Portugal instrumentos de avaliação do desenvolvimento de reconhecido valor científico.

A Dra. Graça imprimia um grande dinamismo ao centro e um apoio inestimável a quem por lá passava, deixando recordações em todos. A sua preocupação com o futuro do “seu” centro manteve-se até aos dias de hoje, cabendo agora à SCML manter o CPCCG vivo e rejuvenescê-lo, para que as crianças e famílias possam continuar a sentir o apoio e a segurança que necessitam nestas situações, continuando como uma referência nacional na área da Paralisia Cerebral.

A obra da Dra. Graça ficará para sempre, assim como os seus ensinamentos, que marcaram várias gerações de profissionais, sendo um potencial que temos o dever de manter vivo.

Obrigado, Dra. Graça.

Ana Jorge, pediatra

Provedora da SCML

Crédito fotografia: Manuel V. Botelho

Santa Casa coordena relatório do Conselho Nacional para a Adoção

Publicado pelo Conselho Nacional para a Adoção (CNA), órgão que congrega todos os organismos de Segurança Social competentes nesta matéria, o relatório de 2022 do Conselho Nacional foi coordenado pela Santa Casa. Nele é traçado o panorama da adoção em Portugal.

Assim, o documento revela que, no ano passado, o total de adoções diminuiu para 173, face às 185 de 2021, mantendo-se próximo dos sete anos o tempo de espera para adotar uma criança. As candidaturas a aguardarem por uma proposta foram seis vezes superiores ao número de crianças em situação de adoção, e o número de processos de adoção interrompidos aumentou, face ao período homólogo.

Outro dado preocupante patente no relatório é o aumento do número de crianças devolvidas: do total de crianças adotadas, 14 foram regressaram a instituições, mas, ainda assim, a sua maioria (dez) já está reintegrada em famílias adotivas, e em alguns casos com adoção decretada.

Um dos aspetos que não sofreram alterações face a anos anteriores prende-se com o perfil pretendido para adotar: os candidatos continuam a preferir uma só criança, até aos 6 anos, saudável ou com problemas ligeiros de saúde, e sem deficiência.

Isabel Pastor, coordenadora do Conselho Nacional para a Adoção e diretora da Unidade de Adoção, Apadrinhamento Civil e Acolhimento Familiar da Santa Casa, em entrevista ao jornal Expresso, aponta que “no que respeita aos antecedentes familiares, há um certo receio quanto aos que se relacionam com doença mental, abuso sexual e exposição a drogas ou outros comportamentos aditivos.”

A coordenadora do CNA refere ainda que “relativamente a candidatos disponíveis para adotar crianças com mais de 7 ou 8 anos, ou irmãos, ou uma criança com alguma deficiência ou condição de saúde, pode dizer-se que o tempo de espera nem existe, podendo ser-lhes proposta uma criança para adotar logo que terminem, com sucesso, o seu processo de avaliação e formação.”

O relatório do Conselho Nacional para a Adoção encontra-se disponível aqui.

“Acrescentar valor na diferença”, o seminário que debateu a inclusão de pessoas com deficiência

Do programa constaram temas como o percurso de vida das pessoas com deficiência, desde a saída da escola ao envelhecimento, passando pela integração laboral, abordados tanto pela provedora da Santa Casa, Ana Jorge, como pela secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes.

“A Santa Casa tem como uma das suas missões ir ao encontro dos mais vulneráveis, e a área da deficiência nunca foi esquecida”, afirmou Ana Jorge.

Elogiando o trabalho desenvolvido pela Valor T – a agência de empregabilidade vocacionada para a deficiência com a chancela da Misericórdia de Lisboa –, a provedora considerou que este serviço “completa o ciclo”. Um ciclo que se inicia nos vários equipamentos da instituição que apoiam as pessoas com deficiência, desde a infância, e que se prolonga até ao momento da procura de emprego. “Estaremos, obviamente, muito envolvidos e empenhados para fazermos mais e melhor”, assegurou Ana Jorge.

 

Seminário "Acrescentar valor na diferença"

Ana Sofia Antunes, por sua vez, realçou o trabalho desenvolvido pelo Governo ao longo dos últimos anos, destacando medidas como os apoios sociais para pessoas com deficiência ou a prestação social para a inclusão.

A secretária de Estado elogiou ainda a realização do seminário, acreditando que traria “ideias inspiradoras e novas parcerias”. E deixou uma garantia: “A provedora sabe que conta comigo. Esta casa tem o conhecimento, as pessoas, o saber e a capacidade de fazer, pelo que nunca iremos deixar de apoiar projetos e ideias”.

Seminário "Acrescentar valor na diferença"

Santa Casa e Associação das Orquestras Sinfónicas Juvenis reforçam parceria

Nos últimos seis anos, este projeto fez da música uma área essencial para o quotidiano de dezenas de crianças e jovens da Santa Casa. Nos próximos três, pretende criar novas oportunidades de aprendizagem a mais crianças e jovens, assim como prosseguir o desenvolvimento de uma orquestra da instituição utilizando a metodologia já experimentada.

Presente na ocasião, a provedora da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge, ressalvou a importância deste protocolo: “Acredito profundamente neste projeto da Orquestra Geração. Trabalhar com jovens e, através da música, poder dar-lhes mais sentido à vida e ajudá-los a crescer como pessoas e artistas é, de facto, muito importante”.

Já Helena Lima da Silva, presidente da Direção da Associação das Orquestras Sinfónicas Juvenis, referiu que esta é “uma forma diferente de fazer música” fazendo questão de agradecer a confiança que a Santa Casa tem demonstrado no projeto. “Este já será o 3.º triénio de colaboração e para nós é uma honra dar continuidade a este projeto que continuamos a ver florescer”, sublinhou.

Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão

O processo sobre a construção do Centro de Medicina de Reabilitação do Alcoitão assenta numa investigação profunda sobre o que de melhor se fazia na altura pelo mundo fora. José Guilherme de Melo e Castro, subsecretário de Estado da Assistência Social em 1955, pôs em marcha um conjunto de ações e procedimentos – desde logo envolvendo a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa –, que passaram por visitas a Inglaterra e a Nova Iorque, para melhor conhecer as políticas de saúde e, em especial, dos centros de reabilitação, além dos mais reputados médicos da especialidade.

Dois acontecimentos levaram à evolução para a concretização desta infraestrutura: em julho de 1956, são publicados os estatutos da Liga Portuguesa dos Deficientes Motores; e em 1957, Melo e Castro é nomeado provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, cargo que lhe permitiu concretizar o projeto do ‘seu’ centro sob a iniciativa desta instituição, e que inaugura a 2 de julho de 1966, na presença do Presidente da República da altura, Almirante Américo Tomás.

Sendo uma obra pioneira, desde a génese, o seu nascimento requer que se encontrem respostas para que a tornem possível. E é durante este processo que surge a ideia da criação do Totobola, uma inovação que nasce, mais uma vez, pela cabeça e mão de Melo e Castro e da Santa Casa, cujas receitas se destinaram a financiar a obra e funcionamento do CMRA e da sua escola de terapeutas, bem como de outros estabelecimentos da área da ação social, saúde e desporto, por todo o país.

Assim, em 1961, foram criadas, por decreto-lei, as Apostas Mútuas Desportivas, designadas por Totobola. A sua administração e exploração competiam à Misericórdia de Lisboa e o respetivo rendimento líquido foi consignado expressamente, e em partes iguais, ao fomento da educação física e atividades na modalidade de reabilitação de diminuídos físicos.

As primeiras notícias do Centro de Reabilitação de Alcoitão

Nas suas viagens pelo mundo à procura dos melhores exemplos na área da medicina de reabilitação, Melo e Castro conhece Howard A. Rusk, um médico da especialidade, de Nova Iorque, que será mentor de Santana Carlos, futuro diretor do Centro de Alcoitão. O encontro entre Rusk e Carlos viria a revelar-se decisivo para a tomada de decisão de construir um centro de raiz. O médico americano aplicou com enorme sucesso este modelo enquanto médico militar na II Guerra Mundial, com a universidade de Nova Iorque a disponibilizar-lhe algumas alas nos hospitais de Bellevue e Goldwater, para se dedicar à reabilitação de civis. Entre outras ações, promoveu campanhas publicitárias e de informação pública, destacando-se a sua colaboração semanal com o New York Times.

Corria o verão de 1958, quando Howard Rusk, aquando de uma viagem pela Europa, chega a Portugal, facto que correu logo pelos jornais portugueses na altura. As notícias davam conta de que a sua chegada tinha como objetivo “apreciar e estudar, com as entidades responsáveis, os planos do Centro de Reabilitação de Diminuídos Físicos, o primeiro a ser instalado no nosso país, cuja construção […] ainda se iniciará no decurso do ano corrente, em Alcoitão, no concelho de Cascais”. Ou ainda: “custará 25 mil contos um Centro de Reabilitação de Diminuídos Físicos a construir por iniciativa da Misericórdia de Lisboa”.

 

A arquitetura

O projeto de arquitetura do Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão ficou a cargo de Sebastião Formosinho Sanchez. A obra do autor inseria-se, nos anos de 1950 e 1960, numa linha de continuidade do Modernismo – um movimento de ideias visto sob a perspetiva de que a tecnologia e o design ajudariam a mudar uma sociedade cheia de desigualdades e a recuperar da I Guerra Mundial.

Para Formosinho Sanchez, o Centro de Alcoitão foi a sua maior obra na qual quis projetar um ambiente acolhedor, propício à cura, um ambiente de “quase casa”, tentando encontrar uma nova linguagem para os edifícios hospitalares que resistisse à ideia de “frio e de branco” dos hospitais. O edifício desenvolve-se em estreita relação entre a paisagem natural e o espírito do lugar, uma zona com forte influência do oceano e da serra de Sintra, com os jardins e parque envolventes a constituírem um exemplo de projeto de arquitetura paisagista do Modernismo.

 

CMRA Espaço Interior

História recente

Durante 40 anos, o Centro de Medicina de Alcoitão foi único no país. E apostou, logo no início da sua existência, na educação de profissionais da área da reabilitação, com a integração, em 1966, da Escola de Reabilitação de Alcoitão (ERA), convertida, mais tarde, na Escola Superior de Saúde do Alcoitão (ESSA), um estabelecimento privado de ensino superior politécnico e o primeiro, em Portugal, com cursos de Fisioterapia, de Terapia Ocupacional e de Terapia da Fala.

Hoje, com mais de meio século de existência, continua a prover serviços pioneiros e exclusivos, apostando na tecnologia inovadora e na melhoria das condições de acolhimento dos utentes. 

Um dos equipamentos mais extraordinários do Centro de Alcoitão é o exosqueleto. Foi adquirido em 2016 e é único em Portugal. Trata-se de um dispositivo robótico que consiste num fato biónico ajustável ao utilizador, tendo várias áreas de aplicação. Na área da saúde é utilizado em reabilitação, permitindo que pessoas com alterações neuromusculares dos membros inferiores possam realizar a posição de pé e treino de marcha, conferindo-lhes maior mobilidade, autoconfiança, força, flexibilidade e resistência. A sua utilização como meio de intervenção terapêutica proporciona um aumento da funcionalidade e da independência da pessoa, indo ao encontro dos principais objetivos da reabilitação. As suas características são, assim, imprescindíveis e essenciais na reabilitação da população que acede ao Centro.

Em 2021, requalificou o seu Laboratório de Marcha, o único equipamento de análise do movimento a nível nacional, atualmente, dedicado à atividade clínica. Em que consiste? Num meio complementar de diagnóstico, que fornece informações indispensáveis para a tomada de decisões clínicas fundamentadas.

Já este ano, por ocasião das comemorações do seu 57.º aniversário, o Centro inaugurou a ‘parede de escalada’, uma infraestrutura adaptada para utilização por parte de doentes com patologias neurológicas, tanto em idade adulta como em idade pediátrica, num projeto original, inovador e ambicioso, com inúmeros benefícios para os utentes, e de incentivo à prática de uma modalidade desportiva. 

Atualmente, o Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão dispõe de 150 camas para internamento, organizadas em três serviços, de acordo com o grupo etário e regime de prestação dos cuidados. Conta também com as unidades de residências assistidas, destinadas a utentes com incapacidade motora.

Praia, desporto e cultura. Um verão em cheio para 400 crianças e jovens apoiados pela Santa Casa

A Santa Casa da Misericórdia proporcionou, uma vez mais, muita animação nas férias das crianças e jovens apoiados pela instituição. Este ano, desde o dia 3 de junho, foram cerca de 400 os participantes em diversas atividades de verão, organizadas pela instituição.

As crianças e jovens das diversas respostas da Direção de Infância, Juventude e Família da Santa Casa foram contemplados com idas à praia, realização de acampamentos e participação em atividades desportivas e culturais, que se estenderam até ao início deste mês de setembro.

A iniciativa, na qual participaram, por exemplo, crianças e jovens das Casas de Acolhimento, da Orquestra Geração e as que são acompanhadas pelo Apoio à Família, foi organizada de forma que todos tivessem, pelo menos, dois períodos de férias.

Mafalda Castelão, uma das meninas que puderam gozar desta oportunidade, detalhou a experiência: “a colónia de São Julião promove atividades que desenvolvem as capacidades físicas e mentais, por exemplo, arborismo e orientação noturna. As condições são boas, os quartos são espaçosos e confortáveis, a alimentação é variada, a praia é próxima, existe um parque, um campo de futebol e um grande espaço para se poder fazer muitas atividades”.

Já para Lara, da Orquestra Geração, “gostei de fazer amigos e de ir à praia”, enquanto Ana Carmo descreveu São Julião como “um bom sítio para se fazer amigos e conhecer novas pessoas. Fica super bem localizada, pois é só atravessar a estrada que estamos lá [na praia]. A comida continua super boa e os seguranças são super simpáticos (destaco o senhor Agostinho Querido). Quanto às atividades, talvez pudessem ser mais variadas. Mas gostei que tivessem aberto uma sala de brinquedos para as crianças”.

As atividades tiveram lugar em 40 colónias de férias em São Julião da Ericeira e 20 acampamentos, que foram desde a Costa da Caparica à Costa do Vizir, passando por Milfontes, mas também mais a norte, desde Peniche a São Pedro de Moel.

Um grupo de 90 crianças participou, ainda, nas “Férias do Leão”, uma iniciativa promovida pelo Sporting Clube de Portugal, e nas colónias de férias da Fundação Benfica, ao abrigo dos protocolos existentes com a Santa Casa. Foi ainda realizado um Summer Camp desenvolvido pela Faculdade de Medicina da Universidade Nova de Lisboa, fruto de uma parceria com a Direção da Saúde.

Mergulhos mal calculados – a história de dois exemplos de superação

Igor tem 34 anos. Nasceu na Moldávia e vive em Portugal há 20 anos. Em 2019, numa festa de aniversário, e apesar de “ter experiência em mergulhos e natação”, mergulhou numa piscina, a pouca profundidade. Fraturou a C7, o que lhe provocou tetraplegia incompleta. Esteve no Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão entre 2020 e 2022, tendo passado por vários internamentos e tratamentos ambulatórios.

“É, de facto, muito importante alertar a sociedade sobre os mergulhos e brincadeiras nas praias e piscinas. Pensamos que estas situações só acontecem aos outros, mas não. E se estas campanhas de sensibilização forem feitas por pessoas como eu, que passaram por isto, mais impacto terão nos recetores”, diz Igor.

Esta é uma posição partilhada também por Henrique, 50 anos e 32 de tetraplégico. Também ele mergulhou “numa piscina pouco profunda. Bati no fundo e fraturei a C4, C5 e C6. O perigo está sempre lá, tal como quando conduzimos uma viatura”. Por isso, considera que “todas as campanhas que possam existir são bem-vindas, o que não invalida que seja feito um trabalho mais amplo, sobretudo nas escolas e nas idades mais jovens, pois quando ganhamos alguma autonomia e não temos tanta supervisão dos adultos, e se tivermos recebido informação sobre os perigos que existem quando mergulhamos no desconhecido, talvez consigamos evitar alguns acidentes destes”.

Tanto Igor como Henrique insistem na prevenção como a melhor forma de evitar males maiores, alguns deles sem retorno: “É preciso que sejamos responsáveis. Não fazer uma coisa tão simples como, por exemplo, brincar aos empurrões à volta das piscinas, porque tudo acontece num segundo e esses ambientes têm tudo para correr mal”, insiste Igor. Henrique assina por baixo: “O que eu digo às pessoas é que se divirtam, sim. Mas na hora de mergulhar, não custa nada verificar primeiro o local onde o vão fazer. Além disso, não fazer mergulhos para os quais não se está apto – mergulhar bem exige coordenação motora, alguma força e técnica”.

Apesar das situações limitativas que vivem, estes dois exemplos de superação mantêm muita esperança no futuro. Igor pratica rugby em cadeira de rodas no Casa Pia e atletismo adaptado na associação Jorge Pina, tendo já praticado outras modalidades adaptadas como surf, andebol e cross fit. “Apesar de ter recuperado muito após o acidente, tenho esperança que a ciência ainda nos ajude a recuperar mais movimentos. Quem sabe, voltar a conseguir subir mais alguns metros”. Já Henrique espera continuar a trabalhar como analista de sistemas. “Apesar de a tetraplegia obrigar a uma constante adaptação ao dia a dia, seja no trabalho ou em ambiente mais social, a exigência física e mental é muito grande. Mas espero conseguir, tal como até aqui, integrar-me em todos os aspetos da vida”.

Com o lema “Mede as consequências. Mergulha em Segurança”, a campanha “Mergulho Seguro” tem como objetivo alertar e sensibilizar os mais jovens para a prevenção de lesões vertebro-medulares provocadas por acidentes relacionados com mergulhos imponderados (em piscinas, praias ou outras zonas balneares, costeiras ou fluviais), e que constituem uma das maiores causas de situações graves de paraplegia e tetraplegia.

Lançada, em 2013, pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e pela Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT), dez anos depois o alerta mantém-se, porque “mais vale prevenir do que remediar”.

E porque nunca é demais lembrar, antes de mergulhar, avalie primeiramente o espaço, perceba onde há mais profundidade bem como se há rochas envolventes e/ou correntes de água. Evite locais desconhecidos, não vigiados e sem as devidas condições de segurança indicadas para mergulhar. Informe-se, fale com frequentadores do local e com as equipas de nadadores salvadores. Garanta que existe água debaixo de água, para não bater no fundo. Mergulhe em segurança.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas