O Dia Internacional do Enfermeiro, comemorado a 12 de maio, data do aniversário de Florence Nightingale, considerada a fundadora da enfermagem moderna, foi assinalado na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com o seminário “Cuidar em Casa, uma resposta de proximidade pela voz dos enfermeiros”, na Sala de Extrações.
A propósito do tema definido este ano pelo Conselho Internacional de Enfermeiros, “Os nossos enfermeiros, o nosso futuro – o poder económico dos cuidados”, foram debatidas as questões relacionadas com o adiamento da institucionalização do doente e os benefícios que tal traz para “o próprio, para a sociedade e, também, na parte financeira”, segundo Manuela Marques, enfermeira diretora da Direção de Saúde da Misericórdia de Lisboa.
Manuela Marques lembra que essa institucionalização “desenraíza a pessoa, com prejuízos psicológicos e isolamento em relação à família”, acarretando igualmente custos ao Estado, pelo que “os cuidados em casa são uma área a explorar e a melhorar”.
“Existe um grupo de trabalho na Santa Casa, com a Ação Social e a Saúde, que está a estudar a forma de melhorar a integração entre estas duas áreas. O nosso apoio domiciliário de saúde está concentrado em dois polos: oriental e ocidental. Nas freguesias há um núcleo com médico e enfermeiro, que também pode ter nutricionista, e que faz a ponte com a Ação Social”, explica.
Segundo a enfermeira diretora, a interligação entre as duas áreas já é feita, mas não atuam propriamente como uma equipa única e é aí que há trabalho a fazer, até porque, recorda, “a Organização Mundial de Saúde diz que a integração dos cuidados contribui não só para melhorar a qualidade dos cuidados, mas também a relação custo-efetividade dos mesmos”.
Assim, na primeira metade do seminário foi feita uma caracterização dos cerca de 1700 utentes que o serviço cobre na cidade de Lisboa com cuidados médicos, de enfermagem, nutrição e outros, abordando as suas faixas etárias, patologias, tipos de cuidados prestados (curativos e preventivos) e ainda o ensino aos cuidadores.
Já na segunda parte do seminário realizou-se uma mesa redonda sobre “O papel do enfermeiro especialista na equipa multidisciplinar, em contexto domiciliário”, visando as áreas de reabilitação, saúde mental e cuidados paliativos, as três onde os profissionais da Santa Casa atuam diariamente em casa dos utentes.
Esta agenda sociocultural maio/junho é reveladora de toda a riqueza das atividades que são desenvolvidas nos centros intergeracionais da Santa Casa. É um veículo de divulgação e de abertura dos equipamentos à cidade, em que a diversidade das atividades propostas age como o motor para sair de casa e estar num espaço seguro e de convívio, proporcionando memórias inesquecíveis.
Este programa, desenvolvido nos centros de dia e noutros equipamentos da Misericórdia de Lisboa, assenta na filosofia de que todas as pessoas, novos e velhos, dispõem de múltiplos recursos para partilhar, fomentando a sabedoria e a troca de conhecimentos.
Em face desta premissa, os encontros intergeracionais abrem as portas aos vizinhos, ao bairro, aos parceiros e à comunidade em geral, enriquecendo as relações e combatendo estereótipos relativamente à idade.
O Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, que promove a reabilitação de pessoas com cegueira ou baixa visão, vai celebrar 62 anos de existência no próximo dia 27 de maio.
Nos últimos tempos, o Centro tem-se dedicado a promover ações de sensibilização e de informação, tanto internas como externas, no sentido de “contribuir para uma sociedade mais inclusiva”. A descrição é de Isabel Pargana, diretora do equipamento que, neste contexto, decidiu, com a sua equipa, promover o Open Day do CRNSA no dia do seu aniversário.
“A intenção é permitir às pessoas da comunidade e às pessoas do mundo académico e do mundo empresarial, virem passar o dia connosco, conhecer-nos e ter a oportunidade de perceber o que é o dia a dia das pessoas com deficiência visual, contribuindo, dessa forma, para uma sociedade onde esta diversidade deve ser considerada e deve ser respeitada no seu todo”.
Assim, no dia 27 de maio, entre as 10h00 e as 17h00, pode dirigir-se ao Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, na Travessa Recolhimento Lázaro Leitão 19, em Lisboa, e passar um dia, no mínimo, diferente. Poderá conhecer a história do centro e do edifício, vivenciar o dia a ida da pessoa com deficiência visual através de atividades práticas, explorar perceções e curiosidades sobre a deficiência visual, de forma lúdica e pedagógica, conversar com utentes e profissionais, partilhando experiências e, claro, conhecer o trabalho de reabilitação promovido no Centro.
O CRNSA dispõe, atualmente, de duas grandes respostas: a primeira, centrada no programa de realização para pessoas maiores de 16 anos, vindas de qualquer ponto do país, PALOP e ilhas; e a segunda, que consiste num programa de estimulação sensorial na primeira infância para crianças dos 0 ao 6 anos que, por circunstâncias diversas, têm alguma limitação visual.
Juntos por uma boa causa. Cerca de uma centena de pessoas reuniu-se esta terça-feira no Largo Trindade Coelho, em frente à sede da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, para formar um laço humano, assinalando o final do mês internacional da prevenção dos maus-tratos na infância.
Ao som do hino desta causa, “Serei o que me deres… que seja amor”, e incentivados e organizados pelo cantor e funcionário da Misericórdia Ruben Matay, cerca de 100 utentes e colaboradores da instituição, muitos deles vestidos de azul, formaram o símbolo desta campanha internacional. Participaram utentes da Obra Social do Pousal, do projeto RADAR e do Centro de Dia São Boaventura, bem como crianças e respetivas famílias do Centro de Acolhimento Infantil Vítor Manuel. A iniciativa foi também assinalada nos equipamentos Parque Infantil de Santa Catarina e Principezinho, nos quais as crianças formaram, elas próprias, laços humanos mais pequenos.
Ficam, assim, encerradas as iniciativas que assinalaram mais um mês internacional da prevenção dos maus-tratos na infância, ao qual a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, para quem a proteção das crianças é uma das principais prioridades, voltou a associar-se. Recorde-se que o laço azul foi adotado como símbolo máximo desta causa há 35 anos, nos Estados Unidos da América quando, no estado da Virgínia, Bonnie Finney viu o seu neto Michael, de apenas três anos, ser vítima de maus-tratos fatais por parte da mãe e do namorado desta. Em consequência, esta avó atou um laço azul à antena do seu automóvel, escolhendo a cor para atuar como lembrança permanente das lesões da criança e iniciando assim uma campanha de sensibilização para prevenir os maus-tratos na infância, que rapidamente galgou fronteiras e ganhou impacto internacional.
O projeto RADAR realizou, esta sexta-feira, 19 de abril, no Auditório da Biblioteca Orlando Ribeiro, no Lumiar, as suas segundas jornadas, dedicadas às freguesias da zona norte de Lisboa – Carnide, Lumiar, Santa Clara, Olivais e Parque das Nações.
Com “sala cheia”, representantes das várias organizações parceiras do projeto tiveram a oportunidade de partilhar ideias, perspetivar o futuro e consolidar todo o trabalho desenvolvido nos últimos anos.
A sessão de abertura ficou a cargo do administrador de Ação Social da Santa Casa, Sérgio Cintra, da vereadora dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, Sofia Athayde, do comissário da Polícia de Segurança Pública, José Morais, da diretora clínica dos Cuidados de Saúde Primários da Unidade de Local de Saúde Santa Maria, Eunice Carrapiço e da diretora adjunta do Instituto de Segurança Social, Sandra Marcelino.
O resto do dia foi dedicado a várias mesas redondas e conversas informais, nas quais participaram representantes dos vários parceiros estratégicos do projeto, que refletiram sobre o trabalho desenvolvido pelo RADAR em Lisboa e a importância do mesmo para combater o isolamento social da população mais idosa da cidade.
Esta é a mensagem forte que todos os anos se repete em abril, mês internacional da prevenção dos maus-tratos na infância, ao qual a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, para quem a proteção das crianças é uma das principais prioridades, se volta a associar.
No âmbito desta campanha de sensibilização estão previstas diversas ações, que envolvem diferentes equipamentos da Santa Casa, que culminarão, à semelhança dos anos anteriores, numa iniciativa simbólica, que consiste na formação de um laço humano gigante com crianças e colaboradores da instituição, no dia 30 de abril, às 11h, no Largo Trindade Coelho.
Abril será, assim, um mês de especiais afetos, devidamente assinalados num calendário elaborado pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, o qual será divulgado em várias respostas da Misericórdia de Lisboa. Além destas iniciativas, a Santa Casa mudou temporariamente a sua cor institucional no site e nas redes sociais para azul, sensibilizando os leitores para esta temática.
A história do laço azul
Símbolo máximo da luta pela prevenção dos maus-tratos na infância, o laço azul ganhou este significado há 35 anos, nos Estados Unidos da América. No estado da Virgínia, Bonnie Finney viu o seu neto Michael, de apenas três anos, ser vítima de maus-tratos fatais por parte da mãe e do namorado desta. Em consequência, esta avó atou um laço azul à antena do seu automóvel, escolhendo a cor para atuar como lembrança permanente das lesões da criança e iniciando assim uma campanha de sensibilização para prevenir os maus-tratos na infância.
A iniciativa ganhou ênfase, ultrapassou fronteiras e é hoje assinalada em diversos países, no sentido de alertar para a necessidade de defesa de, precisamente, quem menos tem capacidade para se defender: as crianças.
Os Centros de Acolhimento Infantil (CAI) do Vale Fundão celebraram ontem os 50 anos desde a sua fundação, numa tarde animada entre colaboradores, pais, crianças e convidados. O evento teve lugar no Salão de Festas do Vale Fundão e contou com a presença de Sérgio Cintra, administrador com o pelouro da Ação Social na Misericórdia de Lisboa.
“Quando o Estado português, há mais de 50 anos, decidiu iniciar os processos de autoconstrução, a Misericórdia foi desafiada a encontrar respostas para a área de infância e juventude. Em 1973, era provedor António Maria de Mendonça Lino Neto, a proposta foi à Mesa e foi autorizada a instalação destes dois centros”, começou por recordar o administrador, sublinhando “a capacidade de todas as equipas pedagógicas da Misericórdia, mas também dos provedores e das Mesas da Santa Casa, que nunca desistiram destas instalações” ao longo dos últimos 50 anos.
Afirmando-se como marvilense, Sérgio Cintra deixou depois um desejo à plateia: “Mais importante do que o que fizemos, é aquilo que queremos construir. Todos estes meninos têm de ter mais capacidade de construir sonhos do que tiveram os pais deles ou os avós”.
Música, sabores e memórias
As celebrações dos 50 anos dos CAI Vale Fundão tiveram direito a dois momentos musicais, com a atuação do grupo Latomania, composto por jovens do Centro Social Comunitário do Bairro da Flamenga e liderado pelo animador e cantor Ruben Matay, e uma pequena sessão de fados, além dos tradicionais parabéns com direito ao respetivo bolo de aniversário.
Pelo palco passaram ainda duas mesas redondas com memórias destas cinco décadas, patentes igualmente numa exposição sobre a história dos CAI Vale Fundão, além de uma mostra de sabores de empreendedores locais na sala anexa do Salão de Festas.
Criados na década de 70, os Centros de Acolhimento Infantil têm atualmente mais de 200 crianças, entre os três meses e os três anos de idade: 135 no CAI Vale Fundão I e 78 no CAI Vale Fundão II.
André tinha 3 anos quando ganhou uma segunda família, com direito a pai, mãe e dois irmãos.
Tiago e Sofia, pais do Tomás e da Clarinha, estavam de acordo num ponto: ambos queriam uma terceira criança nas suas vidas. A forma como tal aconteceria é que os dividia. “Eu estava mais com aquela ideia romântica e cliché de ‘vamos ajudar alguma criança que já esteja neste mundo e que precise’, sendo que a única forma que conhecia para o fazer era a adoção”, começa por nos contar Tiago Swart, o coprotagonista desta história inspiradora.
Nem de propósito: um dia, está Sofia – a outra personagem principal – parada no trânsito quando vê um cartaz da Santa Casa relativo ao programa de acolhimento, na traseira de um autocarro que parou, literalmente, à sua frente. Chegou a casa, comentou com o marido Tiago e, calhando a circunstância de terem um amigo funcionário da instituição, telefonaram-lhe para obterem mais informações sobre o assunto.
Esclarecidos em traços gerais, foi o que bastou para tentarem perceber melhor o que estava em causa. Contactaram a Santa Casa, que os encaminhou para uma formação online de quase dez meses (coincidiu com a altura da pandemia do covid-19). No final, não tiveram dúvidas de que seria ‘o’ filho que queriam abraçar com total dedicação.
“Uma ou duas semanas depois de termos terminado a formação, e de termos sido aceites como família ‘pronta’ para o acolhimento, foi-nos proposto o André. Na altura, tomámos conhecimento de uma doença muito específica de que padecia, pelo que, ainda antes de o conhecermos, visitámos a instituição em que estava inserido para podermos conversar com as técnicas que o acompanhavam, no sentido de percebermos os cuidados especiais de que precisava. Depois de uma tarde reunidos, e de termos compreendido todas as possíveis necessidades que o André poderia ter, decidimos, então, aceitar e avançar com o seu acolhimento, recebendo-o em nossa casa”, relembra Tiago.
O dia-a-dia na nova família
A adaptação de André à sua nova casa foi tranquila, muito graças ao ambiente acolhedor que já existia. Rapidamente se tornou parte da dinâmica familiar, com todos a contribuírem para que tal acontecesse. No ‘todos’, leia-se, dois filhos pequenos.
“O André encaixava mesmo no meio das idades dos nossos filhos – a Clarinha tinha 3 anos na altura, o André 4 e o Tomás 6. Ou seja, a parte do acolher em casa e da rotina do dia-a-dia, depois da adaptação inicial, nossa e dele, foi muito natural, uma vez que já tínhamos duas crianças. E é exatamente como se costuma dizer, ‘onde comem dois comem três, dá-se banho a dois, dá-se banho a três, despacham-se dois para irem para a escola, despacham-se três’”.
Tiago abre apenas uma exceção para o momento que exigiu alguma adaptação extra, mas do qual nunca quiseram abdicar, por considerarem (ele e Sofia) essencial ao sucesso do acolhimento e da vida do André: o momento das suas visitas à mãe e à família de origem.
“Mesmo exigindo alguma ‘ginástica’ da nossa parte em termos logísticos, nunca deixámos de o fazer, pois encarámos sempre essa premissa como parte fundamental do programa. Não faria sentido se assim não fosse. Se não permitirmos que o contacto com a família de origem continue de uma forma regular para que os laços não se percam, como é que depois vai ser a integração dessa criança na sua família outra vez?”, interroga este pai, agora já de ‘quatro’.
E os filhos? Como reagiram?
“Quando o André chegou a nossa casa, a Clarinha era muito pequenina, tinha 3 anos. Contámos-lhe que havia um menino que, naquele momento, não podia estar com a mãe e que, por isso, precisava de uma casa para morar. E era por isso que queríamos acolhê-lo. Também para o Tomás, mais velho (na altura com 6 anos), a situação foi muito serena e constituiu algo que fazia todo o sentido, até porque, sendo um menino com um coração muito bonzinho – é aquele rapaz que vai sempre confortar os amigos quando alguma coisa está mal – seria lógico que um menino, a precisar de uma casa, ‘claro que o iríamos receber, não há problema nenhum’”, relembra Tiago, com um orgulho indisfarçável na voz e no rosto. E acrescenta: “a Clarinha foi a primeira a chamar ‘mano’ ao André, porque, na cabeça dela, ele sempre esteve cá em casa. ‘Se sempre esteve cá em casa, é meu mano, como o Tomás’”.
O relacionamento com a mãe do André
Tiago e Sofia nunca não tiveram dúvidas sobre a forma como queriam e deviam relacionar-se com a mãe e família de origem do pequeno André: era imperativo e necessário envolvê-los o mais possível na rotina do menino.
“Estávamos um bocadinho receosos relativamente à reação quando nos conhecessem, mas o primeiro impacto foi positivo. Desde o início que construímos uma relação sólida, de amizade, não só com a mãe, mas também com as avós e as tias. Elas estão e estiveram sempre presentes nas várias decisões a tomar, escolares ou outra, e também as relativas à condição especial do André. A mãe dele não sabia, de todo, como lidar com esta doença”, conta Tiago.
“Fomos nós que capacitámos a mãe, através da formação que também recebemos. Estamos convencidos que, sem esta relação próxima, tal não teria sido possível, tal como não teria sido possível, por exemplo, o André falar com a mãe sempre que quer, quando sente necessidade disso. Ele pede-nos para ligar-lhe e nós, obviamente, ligamos”. Tiago conclui, orgulhoso: “queríamos que isto fosse mesmo assim e deixa-nos muito felizes o caminho que percorremos até aqui”.
O futuro
Tiago e Sofia vivem agora algumas emoções variadas, que perspetivam um futuro desafiante. Por um lado, chegou o bebé Simão – faz em março precisamente um mês. Por outro, o André está quase a voltar para a sua mãe e família de origem.
“Neste momento, o nosso acolhimento ao André está, felizmente, a chegar ao fim. E digo felizmente porque significa que ele vai retornar à família de origem em breve. Obviamente que estamos na expectativa de saber como nos vamos sentir, porque agora vai ser… o desapego”.
Tiago parece dizer estas frases sem tristeza: “temos uma relação tão boa com a família do André, uma relação de amizade tão próxima, que acreditamos que ele não vai sair da nossa vida. Jamais! Nem agora nem daqui a dez ou quinze anos. Estamos convictos de que vamos continuar a apoiá-lo, vamos continuar a passar fins de semana e férias e a ‘matar saudades’. Faremos parte da sua família, sempre. Não somos família de sangue, mas somos do coração”.
E remata, com a anuência de Sofia: “tenho a certeza de que vamos voltar a ser família de acolhimento. Vamos só esperar que o nosso bebé não esteja tão dependente. Mas voltaremos a acolher uma criança – disso não tenho dúvida nenhuma”.
Para saber mais sobre acolhimento familiar, consulte aqui.
No improvisado estúdio de rádio estava tudo a postos para uma emissão muito especial. Na semana em que se celebrou o Dia dos Namorados e o Dia Mundial da Rádio, o Centro Social da Sé juntou as duas efemérides numa iniciativa… amorosa e radiofónica. Na Rádio Galanteio, uma simulação de uma estação de rádio, os utentes puderam ouvir histórias de amor e desamor que os próprios escreveram.
As memórias de todos, sob formato anónimo, foram trazidas à luz do dia pela voz de alguns. Não tardou até os sorrisos despontarem na assistência, fosse pela desconfiança sobre a quem pertencia aquela história, pela forma divertida como era lida ou pela graça que tinham os namoricos de outros tempos, como no exemplo lido por Luísa Santos.
Os bailaricos eram concorridos, apesar de nem todos terem o mesmo jeito para a dança. De qualquer forma, mesmo com os passos desencontrados, a coisa acabou em casório.
As histórias foram-se sucedendo, enquanto na plateia alguns utentes tentavam, em tempos de Carnaval, ‘desmascarar’ os seus autores. Os primeiros beijos às escondidas, os casamentos e as separações, a viuvez… Vivências para todos os gostos e cores, até mesmo clubísticas.
Entre lembranças boas e más, houve quem lamentasse o tempo perdido num casamento apressado, embora neste caso a autora tenha reencontrado o caminho da felicidade no Centro Social da Sé, como relatou Luísa Mendonça.
Esta autêntica viagem no tempo recuou décadas e décadas, em memórias bem sólidas, que também incluíram tremores, que marcaram a vida de alguns, como contou Maria José.
E porque nem só de amores à primeira vista se fazem as histórias de amor, numa das memórias lidas na Rádio Galanteio falou-se de um primeiro fogacho e de um segundo que ia ardendo logo a princípio – perante os risos da plateia – , mas que acabou por resultar numa relação de mais de meio século.
Regino Martins foi o apresentador de serviço e relacionou a cada história uma música associada ao tema em questão. Houve memórias para todos os gostos, que encaixaram em canções de Paulo de Carvalho, Marco Paulo, Roberto Carlos ou Frank Sinatra. E, cada um à sua maneira, acabou assim por revisitar o arquivo das travessuras do cupido nas suas vidas, nalguns casos com mais de 60 anos de páginas escritas.
O projeto
Fernanda Luís, psicóloga da Unidade de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade Colinas, que presta apoio no Centro Social da Sé, enquadrou este projeto e falou da sua importância para os idosos.
“Temos um projeto implementado chamado Viagens pela Memória, no qual debatemos semanalmente um tema em grupo. Após esse debate, recolhemos e preparamos essas memórias e fazemos aqui uma apresentação. Neste caso, como era o Dia dos Namorados, e aproveitando os namoros de antigamente, criámos esta Rádio Galanteio. É importante para estimular cognitivamente os utentes e também valorizarmos as suas vivências, porque eles por vezes acham que as suas histórias de vida não são importantes. O mais importante é darmos voz às suas memórias”, concluiu.
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