logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

A Santa Casa como exemplo. “Levamos na bagagem muitas sementes que queremos fazer crescer na África do Sul”

Nove representantes de instituições sociais que atuam junto da comunidade portuguesa na África do Sul estiveram, durante esta semana, em vários equipamentos da Misericórdia de Lisboa. A iniciativa que pretende capacitar e apoiar as comunidades portuguesas presentes na naquele país está inserida no “Programa de Intercâmbio e Capacitação” entre Portugal e África do Sul.

A atividade desencadeada pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, no âmbito do Projeto PROTEA, conta com a Santa Casa como parceira, mas, sobretudo, como fonte de inspiração para outras instituições que atuam na área social. Nesta ação de apoio à comunidade portuguesa na África do Sul, a Misericórdia de Lisboa desempenhou um papel ativo na capacitação das equipas presentes, que estão ligadas a respostas de cariz social na área da longevidade e da deficiência em cidades como Joanesburgo, Pretória e Cidade do Cabo.

Entre os dias 25 e 29 de outubro, os representantes destas equipas tiveram a oportunidade de visitar cerca de dez equipamentos da Santa Casa, desde unidades de cuidados continuados integrados a centros de dia, bem como de participar num workshop de avaliação de expetativas.

Projeto Radar

Festa “rija” no Bairro da Boavista

O momento foi inserido nas comemorações do 80º aniversário do Bairro da Boavista, e ficou marcado por um ambiente de partilha, alegria e troca de experiências entre os que vivem no bairro e os visitantes. Sérgio Cintra, administrador da Ação Social da Santa Casa, recebeu a comitiva convidada e deu a conhecer as respostas da instituição.

O chefe de Estado e o presidente do Município de Lisboa conheceram a resposta da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, inteirando-se das suas valências, história e missão social.

CAI_BairrodaBoavista

Enquadrado no contexto da celebração, que perdurou até segunda-feira, dia 25 de outubro -data que assinalou o 40º aniversário do Centro de Acolhimento Infantil da Boavista, equipamento da Misericórdia de Lisboa-, foi, ainda, apresentado um livro sobre o trabalho realizado pela instituição, na área da infância, naquele bairro. Da responsabilidade da equipa que trabalha nesta resposta, a obra faz uma viagem pela história do centro e destaca algumas das personalidades que frequentam este local. O livro “Vivendo o presente, planeando o futuro”, retrata muitas das vivências deste bairro e as suas relações.

Sobre o CAI da Boavista

O Centro de Acolhimento Infantil do Bairro da Boavista (CAI), da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, é uma creche e jardim de infância que, nas últimas décadas, tem sido alvo de um esforço adicional de reorganização e qualificação das respostas, quer ao nível do acesso a recursos adequados às crianças e às famílias na proximidade, priorizando as situações mais vulneráveis como forma de prevenir o agravamento de situações de exclusão, quer na especialização das respostas no que concerne à promoção e proteção.

O Bairro da Boavista, localizado na freguesia de Benfica, foi construído na década de 1940, para o realojamento de famílias provenientes de habitações precárias.

 

 

Uma experiência musical “para mais tarde recordar”

À entrada do Capitólio, no emblemático espaço do Parque Mayer, situado numa das avenidas mais conhecidas de Lisboa, a Avenida da Liberdade, um grande cartaz, decorado a rigor com uma imagem de um céu azul e com letras animadas, anuncia o espetáculo: “Anabela – O meu mundo bom”. Aos poucos, o enorme espaço vazio da entrada do cineteatro enchia-se com pequenos e graúdos, para a aguardada estreia do musical da cantora que, na década de 90, fez a delícia dos portugueses com a conhecida música do festival da canção “A cidade (até ser dia)”.

Acompanhadas pelos pais, Bianca, de cinco anos, e a sua irmã Rosana, de nove anos, foram das primeiras a chegar à entrada do teatro. De sorrisos estampados na cara, ainda não sabiam muito bem ao que vinham, mas tinham uma certeza, de que aquele domingo ia ser “dia de festa”.

“Não conheço a cantora, mas o meu pai, agora de manhã, falou-me dela. E sei que é uma grande cantora e que é muito conhecida”, contou Rosana à medida que a irmã apurava os passos de dança, enquanto trauteava algumas canções.

Enquanto a pequena escadaria da entrada do Capitólio ia ganhando vida e transformando-se num parque de diversões, as irmãs iam tentado descobrir o reportório do musical. “Acho que vai dar aquela música conhecida que ouvimos em casa”, diz Rosana. “De certeza”, remata Bianca.

irmãs

Para Aline, mãe do pequeno Martim, de 4 anos, esta é uma experiência “para mais tarde recordar”. Em Portugal há poucos anos, Aline, natural do Brasil, acredita que o acesso à cultura é primordial “para o crescimento das crianças”, frisando que “é importante uma instituição como a Santa Casa disponibilizar a estas crianças momentos destes”.

Já perto do início do espetáculo, as pancadas de Molière preparam os espetadores para o que se segue. Mais de uma hora de viagem pelo imaginário infantil, onde a palavra de ordem é alegria.

Aos poucos, o auditório ganhou forma e cor. Pequenas peças e um grande baú a decorar o palco fizeram as delícias dos mais pequenos. “Olha, é um quarto de criança! Será que vive aqui alguma criança? Tenho um brinquedo igual àquele em casa!”, exclamavam e indagavam os petizes junto dos pais, enquanto entravam e ocupavam o seu lugar.

Auditório

Estava na hora do espetáculo. Durante mais de 60 minutos, Anabela cantou e interpretou pequenos trechos do livro, que deu corpo a este musical. Foram mais de 12 músicas que levaram toda a plateia ao delírio.

No fim a opinião era unânime: “Gostei muito, quando é que vai haver mais um teatro destes?”, questionava Bianca.

Aline não tinha dúvidas: “foi muito especial a nossa tarde com tantas pessoas a assistir a este musical excelente, afinado e contagiante”, destacando ainda que “somos gratos à Santa Casa por promover um momento tão especial”. Já sobre Martim, seu filho, referiu que este “ficou muito animado e que não parou na cadeira, dançou todas as músicas e encantou-se com o colorido da tela, onde os desenhos complementam o enredo das histórias”.

Sobre o musical “Anabela – O meu mundo bom”

Com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, este é um musical que transporta os espetadores para o imaginário das crianças, inspirado e dedicado ao filho da artista, Vicente. É ele o protagonista desta aventura que transporta os espetadores para o universo dos sonhos das crianças, num espetáculo emotivo, lúdico e divertido para toda a família.

O espetáculo é composto por uma interpretação de 12 canções, já editadas em livro. Anabela canta os fascinantes sonhos da infância através de várias canções numa orquestração de Valter Rolo, com canções originais de Fernando Tordo, Luísa Sobral, Rita Red Shoes, Luiz Caracol, Catarina Furtado, Valter Rolo, Rui Melo, Barbara Tinoco, Alice Vieira, Tânia Ribas de Oliveira, Tiago Oliveira entre outros.

O projeto destina-se a todas as famílias com crianças a partir dos 3 anos.

Santa Casa e Meritis renovam bolsas anuais de apoio a jovens talentos nas artes e desporto

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e a Meritis – Associação de Apoio a Jovens juntaram-se em 2020, no âmbito de um programa de atribuição de bolsas de mérito anuais nas áreas do desporto e das artes. Esta parceria foi renovada, mantendo-se objetivo principal deste programa a possibilitação da continuidade do percurso de jovens promessas, através de apoio financeiro e logístico.

Mafalda Preto, aluna de bailado na Ballet Júnior da Antuérpia, na Bélgica, e vencedora do prémio Banco Santander, pelo seu prestígio escolar, no ano letivo de 2019-2020; Jasmim Mandillo, violoncelista do quarteto de cordas Rococo Quartet e aluna do Conservatório Nacional de Música; Afonso Pinto, considerado como um dos mais promissores surfistas nacionais; e Nuno Pinheiro, tenista representante da Seleção Regional de Lisboa, que já conta no seu currículo com vários títulos nacionais, na vertente individual e em pares, são os grandes vencedores da edição de 2021 das Bolsas SCML/Meritis 2021.

Bolsas SCML/Meritis

Maria João Matos, diretora de comunicação e marcas da Santa Casa, referiu que este apoio é “uma das linhas estratégicas da SCML, que se traduz no apoio à cultura nacional e na formação dos jovens no que respeita ao seu desenvolvimento humano”, enaltecendo o “mérito destes jovens” e afirmando que “a SCML tem orgulho em proporcionar-lhes condições para a realização dos seus sonhos”.

Já Pedro Couceiro, mentor da Meritis, considera que a continuidade desta parceria com a Santa Casa permite “ajudar a construir, alavancar e melhorar a carreira dos jovens a quem estas bolsas serão destinadas”, concluindo que “existem muitos jovens de mérito para quem uma ajuda, como a que a Mafalda, a Jasmim, o Afonso ou o Nuno terão agora ao seu dispor, significa o poderem progredir imensamente nas suas carreiras”.

Rugby Youth Festival: quando o desporto assume um papel recreativo

O Rugby Youth Festival regressou a Portugal. Aquele que é um dos maiores e mais prestigiados torneios de rugby juvenil do mundo decorreu este fim de semana, 23 e 24 de outubro, no Estádio Universitário, em Lisboa. Esta edição contou, tal como nas anteriores, com vários atletas estrangeiros, ainda que em menor número devido ao atual contexto pandémico.

Ano após anos, o campeonato reúne milhares de jovens, garantindo a presença de formações estrangeiras dos cinco continentes e algumas das nações mais prestigiadas da modalidade nos escalões jovens. Em 2020, apesar da pandemia, o Portugal Rugby Youth Festival teve lugar no dia 17 de outubro, tendo sido uma edição especial, com as adaptações necessárias à nova realidade.

A Misericórdia de Lisboa patrocina este evento desde 2013, sendo que o torneio está enquadrado na estratégia de patrocínios da instituição, nomeadamente de apoio ao talento nacional e ao desporto jovem. Em 2021, 26 crianças e jovens (entre os seis e os 14 anos) apoiados pela Santa Casa puderam, igualmente, viver uma intensa experiência desportiva, com a participação em atividades lúdicas. Além das componentes de competição e de lazer, este evento pretende sensibilizar os mais jovens para o rugby e para os valores associados à modalidade: respeito pelo adversário e espírito de equipa.

Um exemplo além-fronteiras: “A Misericórdia de Lisboa é um modelo a ser seguido e implementado”

Ontem, 19 de outubro, Portugal e Brasil voltaram a estreitar laços. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi um dos locais visitados pela comitiva do Governo da Bahia, chefiada pelo vice-governador João Leão, que por estes dias está por Portugal para conhecer a realidade nacional em várias áreas de atuação.

A visita assume a função de análise de uma possível colaboração na área social entre as Misericórdias de Lisboa e da Bahia (Brasil). As duas instituições pretendem fortalecer relações, delinear estratégias em benefício dos mais desfavorecidos, trocar experiências e discutir problemas comuns. Nesta relação que ambas as partes querem que seja mais estreita, pretende-se, num futuro próximo, estruturar planos alinhados com um pensamento socioeconómico e com propostas de ações sociais efetivas, que alcancem os mais necessitados nos dois países.

João Leão, nesta que foi a sua primeira visita à Misericórdia de Lisboa, vê este intercâmbio de boas práticas entre Portugal e Brasil como fundamental: “esperamos estabelecer parcerias com esta casa que foi a primeira criada no mundo e que é uma referência para nós. Acreditamos que é um modelo a ser seguido e implementado para ajudar o povo baiano”, revela.

O interesse das Misericórdias do Brasil em relacionarem-se com a Misericórdia de Lisboa não é de agora. A Santa Casa da Bahia, das mais antigas daquele país da América do Sul, é apenas uma de muitas entidades com grande vontade de estreitar ligação com a Misericórdia de Lisboa. A existência de uma lei no Brasil que define que as receitas do jogo têm de ser aplicadas em obras sociais faz com que os governos envolvidos neste processo desenhem um plano estratégico que estabeleça um investimento em prol dos mais necessitados. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, como um dos maiores exemplos a nível mundial daquilo que bem se faz através da receita do jogo, tem sido alvo de inspiração de muitas instituições em todo o mundo, com as boas práticas instauradas em Portugal a serem replicadas em vários pontos do globo.

Um livro que recupera a voz “profética” de Alfredo Bruto da Costa

“Que fizeste do teu irmão? Um olhar de fé sobre a pobreza no mundo” é o nome do livro que reúne textos de Alfredo Bruto da Costa. A obra, publicada pela Editorial Cáritas, tem um prefácio do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, e do cardeal D. José Tolentino Mendonça. A apresentação do livro coube a Guilherme d’Oliveira Martins. A sessão pública foi promovida pela Cáritas Portuguesa, o Fórum Abel Varzim e a Misericórdia de Lisboa.

A iniciativa, que assinalou o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, contou com as presenças do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do provedor da Santa Casa, Edmundo Martinho, da presidente da Cáritas, Rita Valadas, do presidente da direção do Fórum Abel Varzim – Desenvolvimento e Solidariedade, António Silva Soares, e da família de Bruto da Costa.

Numa intervenção de cerca de meia hora, o Presidente da Republica alertou para a pobreza em Portugal, qualificando-a como um “problema enorme” e o “problema dos problemas”, apelando à ação dos cristãos.

Marcelo Rebelo de Sousa descreveu Alfredo Bruto da Costa como “um profeta” que fez da “libertação da pobreza” o desígnio da sua vida. No final condecorou, postumamente, o antigo ministro dos Assuntos Sociais com a Ordem da Liberdade, que entregou à família.

Livro_Que fizeste do teu irmão?

O Presidente da República partilhou “uma primeira reflexão” a propósito da obra lançada: “A urgência da pobreza, a urgência do tema deste livro, mas também do empenhamento de cada um de nós”.

“Antes da pandemia dizia-se que havia perto de 100 milhões de pobres, depois da pandemia 220 milhões de pobres no mundo. Antes da pandemia dizia-se que havia dois milhões de pobres em Portugal, depois da pandemia dois milhões e 200 mil em Portugal”, referiu.

“Temos, portanto, um problema enorme, um problema primeiro, o problema dos problemas, e só isso justifica a importância deste nosso encontro de hoje”, considerou.

Por outro lado, Edmundo Martinho começou por recordar que Alfredo Bruto da Costa foi provedor da Misericórdia de Lisboa, entre 1974 e 1980. “É um gosto receber o lançamento deste livro numa casa a quem ele deu tanto, por vários anos da sua vida e de forma tão empenhada”, disse.

“A questão da pobreza, que tanto mobilizou a vida do professor Alfredo Bruto da Costa, é também uma questão que nos mobiliza”, considerou, sublinhando que o legado deixado traz “responsabilidades acrescidas à Santa Casa”.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa alertou que em Lisboa morreram 212 pessoas, no último ano, cujo corpo não foi reclamado, lembrando que a Misericórdia de Lisboa com a Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa celebraram neste domingo, 17 de outubro, uma missa em memória de todos aqueles que morrem e cujo cadáver não é reclamado ao Instituto de Medicina Legal.

“Devem inquietar-nos os números dos mortos cujos corpos ninguém reclama. E este dia e este livro são um reforço e uma chamada adicional para aquilo que é a responsabilidade da Santa Casa”, na questão da pobreza.

Rita Valadas afirmou que Bruto da Costa “sempre inspirou o nosso trabalho”. Já António Silva Soares recordou o professor como um “homem de ciência, de ciência social, mas também um crente”.

O cardeal D. José Tolentino Mendonça e António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, deixaram uma mensagem de vídeo, elogiando o percurso do antigo provedor da Santa Casa, classificando estes textos como “um último e valioso legado do enorme saber e da profunda experiência”.

Na apresentação do livro, Guilherme d’Oliveira Martins considerou que “Alfredo Bruto da Costa está vivo dentro de nós e a sua obra também”.

Alfredo Bruto da Costa

Alfredo Bruto da Costa, antigo ministro e ex-presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz da Igreja Católica, foi provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, entre 1974 a 1980. Licenciado em Engenharia e com um doutoramento em Sociologia, Bruto da Costa exerceu funções no Governo chefiado por Maria de Lurdes Pintassilgo, entre 1979 e 1980, lecionou em diferentes universidades antes de ser eleito pela Assembleia da República como o terceiro presidente do Conselho Económico e Social, cargo que exerceu durante dois mandatos, entre 2003-2009.

Entre finais de 2008 e 2014 foi presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz e conselheiro de Estado entre setembro de 2014 e janeiro de 2016.

Como presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, promoveu diversos estudos e investigações à volta da pobreza em Portugal, assumindo-se sempre como uma voz em defesa da dignidade humana e da justiça social.

Prémio Envelhecimento Ativo distingue individualidades no Dia Mundial do Idoso

A 9ª e 10ª edições do prémio decorreram em paralelo esta sexta-feira, 1 de outubro, dia Mundial do Idoso, uma vez que, devido ao contexto pandémico, a edição de 2020 não se concretizou. A cerimónia comemorativa dos 10 anos do prémio realizou-se pela primeira vez online, através da página do facebook da Associação Portuguesa de Psicogerontologia (APP).

Este ano, os distinguidos foram sete homens e cinco mulheres. Reúnem experiências e saberes diferentes, mas com um denominador comum: desde sempre foram ativos, e lutaram, permanentemente, pelas suas convicções.

O júri do Prémio Envelhecimento Ativo Dr.ª Maria Raquel Ribeiro distinguiu: Armando Acácio Leandro e Maria Manuela Ramalho Eanes (Intervenção Social); Maria Manuela Cortez e Almeida, Rui Jorge Mendes e Simone de Oliveira (Arte e Espetáculo); Jorge Jesuíno e Maria Máxima Vaz (Ciência e Investigação); Francisco Pinto Balsemão e Alberto Machado Ferreira (Política e Cidadania); António Barros Veloso e Constantino Sakellarides (Ética e Saúde) e Berta do Nascimento Garcia (Família e Comunidade).

Na sua intervenção, Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa realçou que “é um orgulho enquanto representante desta instituição, que trabalha nestes domínios diariamente, apoiar iniciativas como esta”, defendendo que o percurso deixado por Maria Raquel Ribeiro “deve ser respeitado e acima de tudo honrado”.

“Pretendemos que estes exemplos de vida, que hoje são homenageados, sejam um motivo para que possamos fazer mais e melhor enquanto instituição, mas também enquanto indivíduos inseridos na sociedade”, concluiu o provedor.

Paralelamente à entrega destas distinções, foi ainda apresentado o livro comemorativo dos 10 anos do galardão, onde foram compiladas diversas histórias das anteriores edições do prémio e um breve enquadramento do trabalho realizado por Maria Raquel Ribeiro, figura ímpar da Segurança Social, percussora de diversas estratégias de intervenção, influenciando de modo construtivo a sociedade portuguesa, para as questões do envelhecimento ativo e com qualidade.

Este prémio é uma iniciativa da APP, em colaboração com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Fundação Montepio. É uma distinção anual que tem por objetivo reconhecer a vida e atividade de pessoas com 80 e mais anos, que continuam a desenvolver atividade profissional ou cívica relevante, em cada uma das categorias definidas.

A força e a juventude dos maiores de idade

No Dia Internacional do Idoso, falámos com três idosos que vivem em residências assistidas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Autónomos, ativos, com mobilidade e gosto pela vida, os utentes fazem as suas vidas como se estivessem na sua própria casa. Sem tabus, dizem que a idade é apenas um número, e que o que interessa é o espírito. Maria José, Cândida e Alfredo são três exemplos de que a idade maior pode ser um sinónimo de força, atividade e juventude.

O artista e o homem das paixões

Alfredo Silva, 78 anos, residiu na Ajuda durante largos anos. Trabalhou numa fábrica de vidros e foi pintor por conta própria. Viveu uma bonita história de amor. Infelizmente, enviuvou há 20 anos. Mas o fruto dessa paixão ficou para sempre. “Sou um homem rico. Tenho duas filhas e seis netos”, conta, orgulhoso.

O utente da Santa Casa mudou-se para a residência há quatro anos. Além de não ter possibilidade de continuar na casa onde vivia, perdeu o contacto e a proximidade com a comunidade. “Sentia-me sozinho. Não tinha vida.”, lembra, justificando a razão pela qual se mudou.

A juventude e a força dos maiores de idade

As residências da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa promovem um espírito de comunidade, vizinhança e interajuda entre todos os seus residentes. Além disso, a instituição desenvolve um conjunto de atividades sociais, culturais e de lazer que incentiva a interação entre os utentes.

“Refiz a minha vida aqui. Sinto-me muito bem. Estou feliz e bem acompanhado. Tenho muitos amigos”, destaca, com um sorriso largo. Os seus dias são ocupados entre ler, ver o seu Benfica, e fazer miniaturas de casas utilizando cartão, cartolinas, embalagens, cola, tinta, entre outros materiais. Mas faz um pouco de tudo: “Limpo, lavo, passo a ferro, vou às compras, participo nas atividades, faço passeios, vou à praia, saio com os amigos”, nota.

Na altura que veio viver para a Residência Assistida, descobriu uma companheira. “Encontrei-a num bailarico na Casa do Alentejo, há quatro anos”. Uma relação que senhor Alfredo descreve como de “respeito, amor e carinho”. A mudança para a Residência Assistida e o relacionamento com a sua companheira deram-lhe “outra chama”, admite. “Tenho amor à vida. Estou velho pela idade, mas não estou velho de espírito”, remata.

A costureira autodidata

Maria José Caría, 87 anos, foi costureira e ajudante de lar na Misericórdia de Lisboa. Quando era jovem, veio de Santiago do Cacém para Lisboa à procura de uma vida melhor, como era frequente na altura. Por uma questão de saúde, aos 49 anos deixou o trabalho de costureira. “Estava a ficar com amnésia. Chegava a perder-me no bairro, do esforço de trabalhar noites e noites seguidas”. No entanto, continua a costurar quando alguém lhe pede um “jeitinho”. Em 1983, entrou para a Santa Casa para “apoiar os idosos”, algo que fez até se reformar.

A antiga funcionária da Misericórdia de Lisboa expressa-se com facilidade, não escondendo o que sente. Fala com orgulho das duas filhas e com saudade do marido. Também a dona Maria José perdeu o seu companheiro. Mas, com coragem, fintou as agruras da vida. “Vim para cá porque havia um bom lugar para a minha máquina de costura”, diz a brincar. E continua: “Entreguei a minha casa e vim de coração aberto”.

A juventude e a força dos maiores de idade

Apesar de contar com quase nove décadas, a utente da Residência Assistida Bairro Padre Cruz é uma autodidata, lê bastante e mantém um espirito invejável. Foi das primeiras pessoas a tirar um curso de comida macrobiótica, há cerca de 50 anos. Aliás, a dona Maria José defende um modo de vida em equilíbrio com o corpo, a mente e o planeta, fazendo escolhas alimentares de acordo com estes princípios.

A vida de Maria José é tudo menos calma. Apesar da sua idade, temos dificuldade em acompanhar a quantidade de histórias que quer contar, com o entusiasmo próprio de uma jovem com 18 anos. Continua a fazer arranjos de costura, lê, lava, passa a ferro, cozinha para si e para uma filha, passeia até à Pontinha, ajuda na horta, e faz as suas próprias compras. “O problema é que aqui não tenho ninguém que aguente a minha pedalada”, lamenta.

“Não me falta nada! Sou feliz aqui”. Fiz amigos. A trabalhar na máquina de costura Singer que a mãe lhe ofereceu quando tinha 15 anos, diz que “a idade não é o mais importante. É apenas um número”, finaliza.

A cuidadora tranquila

Cândida Prazeres Alves Simões, 69 anos, também veio, ainda bastante nova, de Trás-os-Montes para Lisboa. Foi auxiliar de educação e operadora de máquinas, entre outras funções. Por cá, casou e teve um filho. Há 21 anos, o marido faleceu, vítima de um acidente de viação, transformando a sua vida por completo.

Por uma questão de segurança, mudou-se para a residência da Santa Casa. “Já não me sentia segura em casa”, revela. “No equipamento da Misericórdia de Lisboa, os dias não são todos iguais, embora a pandemia tenha alterado por completo as rotinas”, observa.

A juventude e a força dos maiores de idade

“Gosto de estar aqui. Sinto-me segura. Sentia-me sozinha naquela casa. Podia gritar à vontade que ninguém me acudia, caso acontecesse alguma coisa”, acrescenta. “Nós somos uma família, ajudamo-nos umas às outras. Estou acompanhada e apoiada. Fiz amizades e construí laços importantes”, destaca ainda.

À semelhança dos seus vizinhos, a dona Cândida faz um pouco de tudo. Limpa, lava, passa a ferro, cozinha. Por falar em comida, por esta altura, já cheira a ervilhas com ovos escalfados. O almoço que a utente está a preparar.

A vida social da dona Cândida é bastante ativa, fazendo inveja boa à maioria das pessoas. Vai às compras, faz caminhadas, passeios, encontros, jogos de equipas, ginástica, refeições sociais e já viajou até à Madeira, Algarve e Bragança, através das iniciativas da Santa Casa.

“Vir para cá devolveu-me anos de vida”, admite, sublinhando que, para se ser feliz, “mais importante do que a idade são as condições de vida de cada um”.

Uma comunidade solidária

Sandra Baptista Elvas, diretora da Residência Assistida Bairro Padre Cruz, sublinha que “os residentes procuraram, na sua maioria, a residência assistida para deixarem de viver isolados e em solidão”, acrescentando que “existiam pessoas que viviam em habitações sem condições de habitabilidade ou mesmo pessoas sem habitação, havendo outros que sentiam insegurança nas suas casas”.

Residência Assistida do Bairro Padre Cruz

Inaugurada em 2017, a Residência Assistida Bairro Padre Cruz dirige-se a pessoas autónomas ou semiautónomas com capacidade para gerir as suas vidas. É uma resposta de segurança, que promove diariamente a autonomia dos residentes na sua multifuncionalidade, com o objetivo de retardar a institucionalização em lar.

A residência assistida é o mais semelhante que existe ao viver verdadeiramente na sua casa, permitindo manter a “identidade do eu”. Cerca de 90% dos residentes que vieram viver para esta resposta social já eram residentes no Bairro Padre Cruz, pelo que se encontram totalmente integrados na comunidade. A média de idade é de 75 anos, sendo que cinco residentes tem 89 anos.

Residência Assistida Bairro Padre Cruz

A residência assistida tem 30 apartamentos, 24 individuais e seis para casais e, propositadamente, os mesmos não continham mobília, para que o utente pudesse trazer as suas mobílias de referência.

 

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas