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Ministério da Justiça e Santa Casa criam Casa de Autonomia para jovens em reinserção

O acordo de cooperação foi assinado esta quarta-feira, 24 de março, na Sala de Extrações da Santa Casa, e prevê uma resposta de acolhimento (Casa de Autonomia) dirigida a jovens provenientes de centros educativos com medidas de supervisão intensiva.

A Casa de Autonomia entrará em funcionamento já em abril com o plano de formação específico da equipa técnica e receberá os primeiros jovens em maio, em estreita cooperação com a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), entidade que articulará diretamente com a Misericórdia de Lisboa a gestão desta nova resposta social na cidade.

Trata-se de um projeto inovador que visa dar uma resposta social e pessoal, através da criação de condições de acolhimento numa casa de autonomia, dotada de um ambiente seguro e tranquilo, e acompanhada por técnicos especializados da Santa Casa. O objetivo desta casa é permitir proporcionar uma transição progressiva e sólida para a próxima etapa do plano de vida de jovens que procuram a reinserção na sociedade.

“As casas de autonomia podem ser uma peça profundamente transformadora na arquitetura da nossa instituição juvenil. […] A assinatura deste protocolo representa um avanço muito significativo na concretização do objetivo de uma transição gradual e um ajustamento destas jovens e destes jovens ao espaço comunitário em que posteriormente se vão inserir”, sublinhou a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem.

Também o provedor da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, destacou a importância do projeto: “Para a Santa Casa este é um território novo, mas que dá continuidade àquilo que tem vindo a ser o nosso trabalho e a nossa preocupação na dimensão da proteção de crianças e jovens. […] Deixemos de aceitar que estes jovens fiquem entregues à sua sorte ou à sorte da vida e encontrem a estabilidade que lhes permita crescer. É esse o nosso compromisso principal e a nossa ambição.“

O objetivo desta parceria “é encontrar soluções de vida alternativas para estes jovens e que permitam o seu desenvolvimento harmonioso. Queremos ajudar estes jovens em percursos de vida sólidos ou consolidados, em percursos de desenvolvimento pessoal que os libertem de vidas, tantas vezes, vividas em circunstâncias tão difíceis”, finalizou.

Mais respostas

Além desta casa, a Misericórdia de Lisboa vai abrir um Apartamento de Autonomia Apoiada, com três vagas, para jovens com processo de promoção e proteção e provenientes de processos tutelares educativos. Ou seja, para jovens que após cumprirem a medida, se não se sentirem seguros para seguirem o seu caminho sozinhos, podem continuar a ter acompanhamento. Os dois novos equipamentos da Santa Casa estão reunidos no mesmo edifício.

De referir, ainda, a constituição de uma equipa móvel, que enquadrará as duas respostas anteriores, com capacidade para acompanhar jovens que tenham passado por centros educativos ou que tenham estado em supervisão intensiva e necessitem de apoio no final da mesma.

Como se combate a pobreza e a exclusão social?

Organizado pela Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal (EAPN, na sigla em inglês), o encontro online realizou-se esta segunda-feira, 22 de março, e visou debater o plano de ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais e responder a questões como: De que forma é que o plano poderá reduzir a pobreza, a exclusão social e melhorar o acesso e a qualidade dos serviços públicos para todos? E qual a melhor forma de dar um papel e voz às pessoas que vivem em situação de pobreza?

O plano de ação, proposto pela Comissão Europeia no início de março, pretende retirar 15 milhões de cidadãos da pobreza e da exclusão social até 2030 e reduzir drasticamente o número de sem-abrigo na União Europeia (UE).

Portugal com mais de 2 milhões de pessoas a viver em situação de pobreza

Na abertura da conferência online, Edmundo Martinho, coordenador da Comissão da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza e provedor da Misericórdia de Lisboa, considerou que “o plano de ação surge num momento particularmente desafiante para todos nós”. A pandemia de Covid-19 veio “agravar” vários indicadores e a situação de alguns portugueses, sendo assim necessário ter um “plano ambicioso”.

Apelando a que a estratégia seja elaborada com o envolvimento da sociedade civil e num processo de “ampla participação e debate”, Edmundo Martinho destacou que “um sistema de proteção social eficaz e robusto é a melhor solução para responder e estarmos preparados para crises como a que vivemos”.

Para o responsável pela Comissão da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, é “muito importante” que o plano reafirme a responsabilidade pública coletiva no domínio social, mas há “sem dúvida nenhuma uma responsabilidade dos Estados-membros” que, embora seja reafirmada, se mantém “no domínio da chamada soft-law”, ou seja, legislação não-vinculativa.

Edmundo Martinho defendeu ainda que “o combate à pobreza tem que ser um desígnio nacional. Não pode ser entendido apenas como uma responsabilidade do Estado ou dos organismos públicos”. E continuou: “Vivemos num momento de viragem. Este plano de ação é talvez a última oportunidade para dar passos significativos no combate à pobreza, na qualificação, na proteção e promoção de emprego, no suporte e apoio às crianças, nas questões da longevidade e nas alterações demográficas”.

Reforço do sistema social e proteção dos mais vulneráveis

Na sessão de encerramento da conferência, Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, observou que esta é uma luta contra um inimigo invisível, mas com um efeito devastador na sociedade. “O nosso objetivo é proteger as famílias, os trabalhadores e as empresas. É evidente que estamos todos a sofrer, mas de forma diferente, sendo que os mais vulneráveis são os afetados”, notou.

Na sua intervenção, Ana Mendes Godinho assumiu, ainda, “todo o empenho em investir na dimensão social da Europa e na implementação do plano de ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, como instrumento determinante para superar a crise económica em que vivemos e a crise social sem precedentes”.

Já durante a manhã, Mariana Vieira da Silva, ministra de Estado e da Presidência, sublinhou a necessidade de um Estado Social mais forte para todos, que possa retirar a população da pobreza, que possa assegurar à classe média as condições para a concretização dos seus projetos de vida”, frisando que para responder à dimensão social da crise, é necessária “uma resposta eficaz” na habitação, uma área que há muitos anos não tem uma “resposta integrada”.

O padre Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal, abriu a conferência online destacando que “esta crise deixa claro que temos de cooperar em vez de competir. Será esta a via para uma Europa livre de pobreza”. “Temos, em toda a Europa, mais de 90 milhões de pessoas a viver em situação de pobreza e exclusão social e, em Portugal, mais de 2 milhões. Muito foi feito em matéria de investimento nas políticas sociais, mas continuamos a precisar de uma ação concertada que combata as causas estruturais da pobreza e as desigualdades, nunca conseguiremos mudar o paradigma que leva milhões de pessoas a viverem sem terem garantidos os seus direitos sociais”, explicou.

A conferência contou com a participação de vários responsáveis nacionais, europeus e de membros da organização. Dividido em duas partes, o encontro abordou o plano de ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais durante a manhã, já a tarde foi dedicada ao Rendimento Mínimo Adequado.

 

 

 

Misericórdia de Lisboa quer saber impacto da Covid-19 nos lares

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é uma de quatro entidades parceiras que estão a desenvolver o estudo “O impacto da Covid-19 nos lares de idosos”, que deverá ficar concluído em junho de 2021. A iniciativa organizada no âmbito do Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social (CoLABOR), conta ainda com o apoio do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, do Instituto da Segurança Social e da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade.

O estudo, que é coordenado por Pedro Adão e Silva, pretende avaliar o impacto da Covid-19 em Estruturas Residenciais Para Pessoas Idosas (ERPI) e Unidades de Longa Duração e Manutenção (ULDM), da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, do território continental. O objetivo passa por compreender de que forma é que a pandemia afetou o normal funcionamento destas estruturas e daí retirar informações que permitam definir linhas de orientação a desenvolver no futuro.

“Considero este estudo da maior importância pela informação que irá ser reunida sobre a situação vivida nos lares, ao longo deste ano. Este conhecimento permitirá propor mudanças que irão melhorar a qualidade de vida e a segurança daqueles que vivem e trabalham nas Estruturas Residenciais de Pessoas Idosas e nas Unidades de Longa e Média Duração de Cuidados Continuados”, refere Jorge Torgal, diretor da Escola Superior de Saúde do Alcoitão, e membro do Conselho Nacional de Saúde Pública.

A Misericórdia de Lisboa participa neste estudo através da Direção de Estudos e Planeamento Estratégico, representada por Jorge Torgal, enquanto perito de saúde pública, e Fernanda Belo, como representante da Santa Casa no Grupo de Trabalho do Plano de Desenvolvimento Social de Lisboa e responsável pela Carta Social de Lisboa. Além de financiar a elaboração deste estudo, a Santa Casa tem voz ativa na formulação do projeto – na definição de objetivos, elaboração do questionário e  aplicação experimental do mesmo.

Saúde mental. Ciclo de seminários esclarece dúvidas das equipas da Santa Casa

Os direitos humanos constituem uma questão prioritária nos cuidados prestados às pessoas que sofrem de doenças mentais? Foi para esclarecer esta e outras dúvidas que mais de 200 pessoas participaram no “Seminário Direitos Humanos e Saúde Mental”, que decorreu na passada sexta-feira, 12 de março, via Zoom. Depois de sucessivos adiamentos provocados pela Covid-19, o evento teve de adaptar-se ao contexto pandémico – com uma transição para o digital – para dar início a um ciclo de conferências, que irá estender-se até fevereiro de 2022.

Na primeira sessão de formação deste evento, organizado pelo Lisbon Institute of Global Mental Health em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a abertura oficial esteve a cargo do administrador da Ação Social da Misericórdia de Lisboa. Sérgio Cintra deu nota de que “o ciclo de seminários tem como tema central a saúde mental” e que a primeira sessão seria subordinada à “importância dos direitos humanos, nomeadamente no internamento compulsivo e noutras medidas coercivas”.

Sérgio Cintra aproveitou ainda para revelar os principais pontos do programa do ciclo de seminários que prolongar-se-á até 25 de fevereiro de 2022. A próxima sessão decorre a 14 de maio, numa conferência onde o impacto da Covid-19 na saúde mental dos utentes e na prestação de cuidados será o tema central. A saúde mental nas pessoas idosas, em vítimas de violência doméstica ou a experiência dos Serviços de Saúde Mental de Lille, em França, serão alguns dos temas abordados ao longo das seis sessões que compõem o programa.

Este seminário dá continuidade ao protocolo assinado em março de 2018 entre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e o Lisbon Institute of Global Mental Health, que pretende dotar as equipas da Santa Casa de conhecimentos e técnicas na área da saúde mental. Na altura, as duas entidades firmaram este acordo com o propósito de qualificar a intervenção psicossocial dos técnicos das unidades de desenvolvimento e intervenção de proximidade da instituição.

Ainda que com a necessária adaptação ao contexto pandémico, os objetivos traçados no protocolo de colaboração têm vindo a ser cumpridos. Numa lógica de dar resposta às necessidades identificadas pelas equipas, foi já possível conhecer, em seminários anteriores, experiências de respostas residenciais e de saúde mental de Espanha e Itália, abordar temas como a saúde mental na adolescência, abuso de substâncias ou o manejo de situações relacionadas com perturbações de acumulação compulsiva.

Testagem de colaboradores permite regresso em segurança às creches da Santa Casa

Depois do plano de desconfinamento anunciado pelo Governo, a 11 de março, que determinou a reabertura das  creches, do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa procedeu à realização de testes Covid-19 aos 644 colaboradores dos equipamentos de 1ª e 2ª Infância (creches, jardins de infância, creche familiar e babysitting), que reabrem esta segunda-feira. Este plano, montado e colocado em prática entre os dias 12 e 13 de março, garante a abertura dos equipamentos de infância e o regresso em segurança às creches das cerca de 1140 crianças que frequentam estes equipamentos.

Para a responsável da Direção do Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade da Misericórdia de Lisboa, Etelvina Ferreira, “os testes efetuados aos colaboradores transmitem uma maior tranquilidade às famílias e às equipas. É pretendido que todos se sintam bem, seguros e tranquilos neste novo reinício”, explica.

Carla Rezende foi uma das colaboradoras testadas durante este período. Para a educadora do Centro de Acolhimento Infantil (CAI) de Campolide este regresso significa uma oportunidade para dar continuidade a tudo aquilo que ficou suspenso devido ao confinamento provocado pela pandemia de Covid-19.

“Sinto confiança. Com todos os cuidados necessários, podemos continuar a receber as crianças e as suas famílias com a mesma empatia, carinho e alegria de quem, de braços abertos, está pronta para esta etapa. Um caminho que me faz pensar nos dias que aí vêm: cheios de sol e recheados de momentos vividos ao ar livre, momentos de vivências e descobertas felizes”, refere.

O CAI Bairro Padre Cruz é outro equipamento da instituição, que reabre as portas esta segunda-feira. À medida que os dias vão passando, cresce um sentimento de ansiedade na educadora Patrícia Oliveira. Mais do que a vontade de regressar, é a necessidade de retomar o que ficou pendente que lhe provoca este anseio. “É essencial, ainda que dentro dos limites do bom senso, devolver o barulho saudável das brincadeiras com as crianças, sem nunca esquecer o afeto”.

Durante o período de confinamento, o carinho das educadoras nunca faltou. Ainda que à distância, Carla e Patrícia mantiveram sempre contacto com as crianças e respetivas famílias. Por telemóvel ou por email foram falando com os encarregados de educação e escutando as suas preocupações, angustias e conquistas. Por email eram enviadas sugestões de atividades para que pais e filhos pudessem vivenciar momentos lúdicos e pedagógicos.

“As diversas atividades foram planeadas sempre com o máximo de cuidado para que fossem viáveis de serem realizadas em casa. Durante este período, reforçámos a importância da partilha de evidências, com o propósito de enriquecerem os portefólios dos seus filhos, e foram muitos aqueles que fizeram”, explica Patrícia Oliveira.

As sucessivas reuniões com as famílias permitiram a Patrícia Oliveira perceber o quão importante tem sido o papel das educadoras no desenvolvimento das crianças. “Realizámos, uma vez por semana, uma reunião de grupo. Essas reuniões foram muito gratificantes e mostraram como realmente a nossa presença é muito importante na vida destes meninos”, lembra. Hoje, no dia em que os equipamentos de 1ª e 2ª Infância da Santa Casa reabrem portas, Patrícia está de braços abertos para receber as crianças que pertencem a esta casa, com o sentimento de que está “mais próxima das famílias” e de que a sua “missão está no rumo certo”.

“Tudo é mais difícil” para elas. As mulheres requerentes de asilo que batem à porta da Santa Casa

Depois da entrevista com a diretora da Casa do Impacto, Inês Sequeira, sobre igualdade de género e empreendedorismo social, a próxima conversa é com Ana Sofia Branco, assistente social e coordenadora da Equipa de Acolhimento dos Requerentes de Asilo e Recolocados, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

E que apoio oferece a Misericórdia de Lisboa aos requerentes de asilo? O objetivo é não deixar ninguém para trás. Enquanto o pedido de proteção internacional estiver a decorrer nos tribunais nacionais, a Santa Casa tem a obrigação de salvaguardar o acompanhamento ao nível social, prestando um apoio financeiro que garanta as necessidades de subsistência.

Esta resposta da Misericórdia de Lisboa foi constituída em maio de 2020, mas o trabalho da Santa Casa com a população requerente de asilo não começa aqui. É um compromisso antigo, que ganhou relevância, sobretudo, em 2015, com a crise migratória na Síria e com o consecutivo aumento de pedidos espontâneos de asilo na Europa.

Só em 2020, 1276 pessoas contaram com este apoio da Santa Casa, sendo que 266 destes pedidos foram feitos por pessoas do género feminino: 172 maiores de 18 anos e 94 crianças. A maioria é oriunda de Angola, da Síria e da República Democrática do Congo.

Da saída à chegada, o trajeto é mais doloroso para as mulheres

Ana Sofia Branco revela que, “mundialmente, o conhecimento é de que as mulheres estão em maior número para pedir asilo. Difícil é perceber se o número de mulheres que sai do país de origem é superior ao número de mulheres que chega ao país de destino. A coordenadora acredita que a meio caminho, numa das etapas desta travessia, “muitas delas acabam por ser levadas ou para redes de tráfico humano ou de prostituição”.

“Todo o caminho até chegar à Europa é um caminho onde há um duplo risco. Se elas saem muitas vezes para se protegerem de situações de exploração e de abuso físico e sexual, quando iniciam este processo de saída do seu país de origem têm aqui uma dupla sujeição a situações de violência. Todo este processo migratório acarreta riscos para a integridade física e sexual da mulher”, explica Ana Sofia Branco, alertando que “a decisão de sair do país de origem é sempre violenta”.

A garantia de que chegam a Portugal são e salvas é inexistente. O sucesso da travessia está dependente de vários fatores como, por exemplo, da situação familiar: se vêm sozinhas, se são famílias monoparentais femininas ou se vêm integradas num agregado familiar.

As políticas de asilo têm em conta o género?

No caso português a política de asilo ainda não tem espelhadas as especificidades das questões relacionadas com o género. Mas Portugal é apenas um exemplo numa Europa onde esta distinção é praticamente inexistente. Os únicos países europeus que adotaram uma regulamentação específica sobre esta matéria do asilo e as questões de género foram a Suécia e Inglaterra. Deste modo, a integração de uma perspetiva de género nas políticas de asilo é ainda muito reduzida.

Certo é que mulheres requerentes de asilo têm dificuldades próprias e necessidades específicas de proteção quando comparadas com homens na mesma situação. Prova disso é, por exemplo, os processos para atribuição de um título de residência, que obrigam as pessoas a fazerem prova daquilo que alegam. Se por um lado fazer prova de que se foge de uma guerra “é mais fácil”, por outro fazer prova de que fugiu porque foi vítima de agressão física ou de violência sexual implica muitas vezes mostrar marcas dessa agressão. Para Ana Sofia Branco isto “é uma dupla violência”, um “constrangimento para mulher”. Cruel pode também ser a integração numa nova sociedade e o confronto com uma nova realidade.

“Nós, enquanto sociedade ocidental, também esperamos da mulher refugiada um papel mais participativo do que muitas vezes elas querem ou estão preparadas para o fazer. As entidades dizem que a mulher tem de ir trabalhar, mas esta mulher não tem na sua cultura, na sua trajetória, na sua identidade esta função. Este não era um papel atribuído nos seus países de origem”, considera Ana Sofia Branco.

Talvez por isso seja difícil falar em integração plena. “No caso das mulheres são sempre processo mais difíceis”, mas continuam a existir casos de sucesso, ainda que não seja o expoente máximo daquilo que a Misericórdia de Lisboa considera como integração total.

Ana lembra a história de uma mulher que chegou a Portugal em 2017. Saiu da Serra Leoa para fugir a um casamento forçado. Para lá de meio caminho, em Marrocos, foi vítima de violação. De uma violência sexual resultaram dois filhos, gémeos, que esta mulher aceitou e integrou na sua nova vida, em Portugal. Até ao momento, não conseguiu a integração profissional, mas conseguiu a inclusão dos filhos em equipamentos de infância. “Isto pode não ser o expoente máximo da integração, mas é o expoente máximo da resiliência de uma mulher”, destaca Ana Sofia Branco.

 

Ouça aqui, na íntegra, a entrevista com Ana Sofia Branco, coordenadora da Equipa de Acolhimento Dos Requerentes de Asilo e Recolocados, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Esforços unidos para apoiar a comunidade lusófona

Esforços unidos para apoiar a comunidade lusófona

Num ano especialmente complicado para toda a humanidade, por causa da pandemia de Covid-19, o Governo e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa prestam também apoio aos muitos portugueses espalhados pelo Mundo. O Brasil, que vive momentos particularmente difíceis no que toca à pandemia, foi um dos países contemplados no programa de solidariedade para com a comunidade lusófona.

Será a música uma ferramenta para alcançar a saúde e o bem-estar?

Era uma evidência. Mas as conclusões do projeto não deixam margem para dúvidas: ouvir ou executar música contribui para melhorar a saúde e o bem-estar das comunidades e dos indivíduos. O projeto foi idealizado pela cantora Anabela Pires.

Organizada pela equipa do programa “Cante pela sua Saúde” do CIS-ISCTE, a conferência juntou esta quarta-feira, 10 de março, através da plataforma Zoom, investigadores e profissionais que partilharam o seu trabalho nas diferentes relações que existem entre a música e o bem-estar social ou individual.

A iniciativa pretendeu, igualmente, criar um espaço para a partilha de ideias e desenvolvimento de redes no estudo das intervenções musicais na promoção da saúde e bem-estar. Graça Fonseca, ministra da Cultura, Inês Medeiros, presidente da Câmara de Almada, Maria de Lurdes Rodrigues, reitora do ISCTE, José Amado da Silva, reitor da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), Conceição Amaral, presidente do Conselho de Administração do OPART/Teatro Nacional de São Carlos, Joaquim Barbosa, provedor da Misericórdia de Almada, e Edmundo Martinho, provedor da Misericórdia de Lisboa, foram alguns dos participantes.

Na sua intervenção, Edmundo Martinho considerou que este projeto representa, sobretudo, um momento de aprendizagem, ao assegurar que as pessoas, ao longo da sua vida, podem manter-se ativas e continuar a desenvolver as suas capacidades, através da música.

“A música tem, todos o sabemos, um imenso poder de mobilização. Temos que ser cada vez mais ativos no envolvimento de todos, independentemente da sua idade”, adiantou, sublinhando que é necessário “assegurar condições para que as pessoas se sintam parte da comunidade onde pertencem – e que a idade não pode ser fator de exclusão”.

O provedor defendeu o compromisso da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em continuar a apoiar o projeto “Canto para Seniores”, sublinhando os benefícios da participação dos idosos no programa de canto. “Os utilizadores, os seniores, encontram aqui, momentos de alegria, de mobilização e de participação para as suas vidas. Há capacidade, há condições para avançar, cabe-nos a todos ser capazes de levar a iniciativa por diante”.

Canto para Seniores

O projeto “Cante pela sua saúde” é uma ideia de Anabela Pires, financiado pelo Orçamento Participativo Portugal de 2017, sob o título «Grupos de Canto para Seniores».

Os programas de canto foram implementados, ao longo de 2019 e 2020, em vários grupos, abrangendo um total de 150 seniores (muitos utentes da Misericórdia de Lisboa), com o objetivo de avaliar os efeitos desta prática no bem-estar, no funcionamento cognitivo e na saúde geral dos participantes.

Os resultados foram analisados por investigadores especialistas em quatro áreas da psicologia – psicossocial, neuropsicológica, psicomotricidade e da saúde, com a coordenação científica da professora Iolanda Galinha, da Universidade Autónoma de Lisboa e da professora Luísa Lima, do ISCTE-IUL, com a colaboração do professor António Labisa Palmeira, da Faculdade de Motricidade Humana.

A implementação e coordenação esteve a cargo da Direção-Geral das Artes, no quadro de uma parceria que inclui a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a Santa Casa da Misericórdia de Almada, a CEU-UAL, o ISCTE-CIS-IUL e o OPART/Teatro Nacional de São Carlos, direção artística de Anabela Pires e João Frizza e direção musical de Sérgio Fontão.

Vantagens do projeto para os idosos

Foi unânime a manifestação de agrado pela participação neste projeto, sendo muito valorizado o trabalho dos ensaiadores/professores que acompanharam os participantes ao longo de todo o projeto.

Os níveis de motivação foram em crescendo, numa fase inicial de análises e testes notou-se pouca recetividade, mas que logo se desvaneceu, dando lugar à curiosidade, boa disposição e cumplicidade entre todos os intervenientes.

Trabalhar a memória foi um desafio, muitos relataram que não foi fácil decorar tantas letras, sentido, por vezes, alguma insegurança, contudo compreenderam sempre os procedimentos e pressupostos do projeto.

A participação no projeto foi uma oportunidade de estar com outros participantes, uma forma positiva de relacionamento e interação numa experiência diferente, uma oportunidade para conhecer novas pessoas e um olhar presencial da enormidade do projeto. Demostram grande alegria em representar a SCML e os seus respetivos Centros de Dia/SAD e estar ativamente envolvidos.

O projeto no seu todo conduziu positivamente para o bem-estar geral destas pessoas, tornando-as mais proactivas, com maiores níveis de interações sociais, mais dinâmicas e ativas no seu dia-a-dia.

Recorde o vídeo sobre este tema realizado em 2019:

 

 

Uma aldeia para todos poderem ser mais felizes

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Na Aldeia de Santa Isabel, instituição da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, vive gente de todas as idades. Para uns, é casa e família. Para outros, é a escola que lhes faltou. E também é amparo, feito de reciprocidade, para quem já chegou à velhice.

Simpósio promove reflexão sobre o envelhecimento

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A terceira edição do Simpósio Interações, organizado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, está a decorrer online. Ao longo de mais de 15 sessões, vários especialistas vão debruçar-se sobre os complexos desafios da longevidade.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas