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“Agora já posso ver a minha família”. #DarVoz quer combater isolamento em tempos de pandemia

Aos 88 anos, Fernanda Barbosa teve o seu primeiro smartphone. O presente chegou pelas mãos da Santa Casa, através do projeto #DarVoz, iniciativa levada a cabo pela Misericórdia de Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, BCG, Mercedes Benz e NOS.

Fernanda tricotava enquanto esperava pela visita da equipa da Santa Casa. Além do tricô também faz malha. Este amor pelos tecidos é muito mais do que um passatempo. É manter aceso o amor pela profissão de modista que exerceu durante anos a fio.

“Tome este presentinho, doutora. É para guardar o terço”. Fernanda tinha preparada “uma lembrança” para a responsável pela Direção de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade da Santa Casa, Etelvina Ferreira. Um pequeno saco de cores verde e branco tricotado por si. Fernanda usa a arte para agradecer, mas também para proteger os outros. Durante o período de confinamento, por iniciativa própria, dedicou-se a fazer máscaras para todos os colaboradores da Unidade de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade (UDIP) Descobertas.

Sente saudades de todos aqueles com quem conviveu diariamente na UDIP Descobertas. Agora, com o smartphone, será mais fácil encurtar distâncias. Amanhã, Fernanda irá receber a visita da animadora Isabel Botelho, que vai explicar à utente como aproveitar o novo telemóvel para estar em contacto com o mundo. É necessário ensinar estas tecnologias, até porque vão começar a dar aulas por videochamada a utentes que disponham de smartphones. É necessário, por vezes, deixar as agulhas do tricô de lado e manter o corpo ativo, com o exercício físico recomendado pelas técnicas de animação.

Tudo fica mais fácil com o novo telemóvel que já permite ver quem está do outro lado da linha. A primeira chamada foi para a nora Margarida. As duas trocaram sorrisos durante longos minutos. “Todos os dias, várias vezes, vamos falar por aqui. Esta noite já lhe vou ligar”, ouve-se do outro lado da linha. Fernanda fica animada com a promessa de, a partir de agora, poder ver diariamente a família que está no Algarve: “Agora é que vai ser. Vou ter netos e bisnetos a ligar”.

É aqui que o projeto #DarVoz cumpre a sua principal missão: aproximar as pessoas em isolamento dos familiares e amigos, independentemente de terem ou não capacidade económica para o fazer. Fernanda é apenas uma de 31 utentes da Santa Casa que receberam smartphones, através deste projeto. Numa primeira fase, foram entregues 61 telemóveis à Misericórdia de Lisboa, divididos por Centros de Dia (20), Serviços de Apoio Domiciliário (10) e utentes (31).

Fernanda tinha um telemóvel “dos antigos que só dava para ouvir”. “Às vezes estou a falar com pessoas a quem só conheço a voz”, conta. Isso acontece com a responsável pela equipa de apoio psicológico, a quem só conhece a voz. Agora, quer aproveitar o telemóvel para ver a cara dessa “senhora simpática” que, no outro dia, durante uma chamada, “até meteu Andrea Bocelli a cantar” no rádio para animar a utente. Mas é raro andar triste, sobretudo agora com um telemóvel que lhe permite estar mais perto da família: “Tristezas não pagam dívidas. Enquanto estiver satisfeita, vou continuar a rir”.

 

O mundo que cabe num ecrã

Uma lupa ampara as dificuldades de visão de Adriano Monteiro, 53 anos. Os óculos já não servem para ler as letras miúdas que surgem no telemóvel. O ecrã partido do telemóvel antigo também não ajuda na hora de ler as mensagens.

O smartphone oferecido pela Santa Casa vem resolver esse e outros problemas. Agora, vai aproveitar a “máquina” para se distrair, para ocupar os dias, que, normalmente, passa sozinho. Já tem em mente algumas coisas que vai fazer com o smartphone: ler mais, fazer videochamadas e até ver vídeos no youtube. “Bem sei que estes telemóveis têm o mundo e que dá para fazer muita coisa”, constata. À assistente social, Susana Francisco, da UDIP de Marvila, deixa a promessa: “Logo ligo-lhe por videochamada. Pode ser, doutora?”.

Uma prateleira preenchida com dvd’s serve de apoio à sua companhia diária: a televisão. Tem uma secção com filmes infantis para entreter os cinco netos, quando o visitam. São as fotos deles e dos sete filhos que forram as paredes da entrada da casa. Os contactos com eles são quase diários. Agora, com o novo telemóvel, fica mais fácil ver, por exemplo, a filha que está na Suíça: “Agora, já os posso ver. Nunca usei whatsapp porque este telemóvel (o antigo) não serve para nada, mas sei como funciona”, conta.

A entrega do smartphone a Adriano é feita com o intuito de incentivar o utente a distrair-se. É raro sair à rua, sobretudo nesta altura de pandemia. “Às vezes vêm amigos aqui à porta: ‘Ó Adriano, anda daí’, mas nunca vou. Quando quero falar com alguém pego no telemóvel e ligo para essa pessoa. Agora com este telemóvel até posso vê-los”, constata.

“O Projeto #DarVoz pretende apoiar utentes da Santa Casa em situação de isolamento, que tenham capacidade para trabalhar com estes equipamentos. A ideia é que este smartphone faça alguma diferença na vida destas pessoas, seja mantê-los ocupados e distraídos, seja dotá-los de capacidades tecnológicas e digitais”, explica Filipa Neves, da Direção de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade da Santa Casa.

O repto é também lançado à sociedade civil em geral. Quem tiver smartphones ou tablets em boas condições pode doar a um dos postos sinalizados e colocar o seu telefone ou tablet antigo à disposição de pessoas que vivem isoladas.

O mercado de emprego em tempos de pandemia. Desafios, oportunidades e a resposta da Santa Casa

A inclusão no mercado de emprego, oportunidades de trabalho e os desafios colocados pela pandemia a profissionais e empregadores. Foi para debater tudo isto que o jornal Público promoveu, esta manhã, um webinar dedicado ao tema “O mercado de emprego em tempos de pandemia”, que contou com a presença de um grupo de parceiros da iniciativa PSuperior, do jornal Público, destinada a promover a literacia mediática nos estudantes universitários, e à qual a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa se associou.

Tal como anunciou o diretor do jornal Público, Manuel Carvalho, os estudantes-alvo deste webinar são “todos os alunos finalistas de uma série de cursos de todas as universidades públicas e algumas privadas do país”, até porque um dos objetivos deste fórum é “aproximar as empresas parceiras do PSuperior dos estudantes”.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, marcou presença na sessão para dar conta do trabalho desenvolvido pela instituição em tempos de pandemia, mas também do que está a ser pensado para o futuro.

A Santa Casa tem em curso uma iniciativa que vai dedicar-se, exclusivamente, a colocar pessoas com deficiência no mercado de trabalho. “Entendemos que para estas pessoas não chega o seu esforço individual. É preciso que haja aqui um suporte. Estamos a preparar-nos para lançar uma iniciativa de grande fôlego nesse domínio”, revela o provedor.

Edmundo Martinho recorreu a dados para dar nota que Portugal é dos países onde a empregabilidade de pessoas com deficiência é mais baixa. Também por isso a Santa Casa está a colocar de pé esta iniciativa, pensada para ajudar, apoiar e suportar pessoas com deficiência na construção de carreiras profissionais estáveis, “adequadas às capacidades que têm, mas que saia dos limites habituais do emprego assistencial e do emprego protegido”.

O provedor aproveitou o webinar para relembrar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela Misericórdia de Lisboa desde o início da pandemia, uma vez que a Covid-19 levou a “um aumento muito significativo das situações de fragilidade” na cidade de Lisboa, com mais pessoas a solicitarem o apoio dos diferentes serviços prestados pela Santa Casa.

“As fragilidades que existiam adquiriram uma dimensão no seu dramatismo. Para nós está a ser um tempo de mobilização, sem precedentes, de recursos humanos, materiais e financeiros para poder dar resposta às inúmeras solicitações que nos chegam. É a questão que nos mobiliza diariamente: perceber aquilo que está acontecer na cidade, mas sobretudo aquilo que pode vir, de modo a que possamos preparar e antecipar algumas questões”, considera Edmundo Martinho, reforçando que a instituição “tem conseguido dar resposta às solicitações”.

Recorde-se que a Santa Casa é parceira do PSuperior desde abril de 2020. Considerando que o jornalismo é um dos bastiões das sociedades democráticas, a Misericórdia de Lisboa financiou mil assinaturas digitais do jornal Público.

“Temos vindo a apoiar as pessoas e essa é a nossa obrigação”

Em entrevista ao programa “Conversa Capital”, da Antena 1 e Jornal de Negócios, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa acredita que é capital, neste momento, assegurar que a pandemia não se transforme num “pesadelo tremendo para muitas pessoas e muitas famílias”. Ao longo da sua intervenção, Edmundo Martinho foi dando nota do “muito preocupante” impacto social que a pandemia está a provocar. Reflexo disso mesmo é o aumento substancial do número de pessoas apoiadas pela Santa Casa.

“Temos necessariamente mais pessoas a recorrerem aos nossos serviços para pedirem apoio em várias dimensões: alimentar, financeiro e alojamento. Temos vindo a apoiar essas pessoas e essa é a nossa obrigação”, considera o provedor.

O apoio acontece também ao nível da saúde como, por exemplo, o protocolo estabelecido com a Universidade Nova para a realização de testes: “Fizemos testes aos colaboradores e utentes que apresentavam sintomas. Mas esse protocolo teve uma amplitude muito mais alargada. Foi um trabalho feito em todos os lares da cidade de Lisboa, fossem eles da Santa Casa ou não. Foram mais de 6 mil testes, quer a funcionários, quer a utentes”.

Do ponto de vista económico, a pandemia teve um “impacto brutal” nas contas da Santa Casa. A redução das receitas, mas ao mesmo tempo um aumento brutal das despesas, resultado do aumento do número de pedidos de apoio, que obrigaram a Santa Casa a aumentar capacidade de resposta, levou a um crescimento da despesa entre 20 a 30%. Já a receita reduziu em 25%. Em 2020, a Santa Casa prevê um prejuízo que pode chegar aos 40 milhões de euros.

Apesar disso, Edmundo Martinho garante que a pandemia não comprometeu os investimentos em curso, como é o caso do Hospital da Cruz Vermelha. “Nós queremos assumir 100% da sociedade. Significa assumir, naturalmente, de forma faseada e dependendo das circunstâncias que viemos a encontrar e que fomos capazes de determinar”. Mas os investimentos na área da saúde não ficam por aqui: “Vamos abrir uma grande unidade de cuidados continuados, em Lisboa, onde era o antigo Hospital da Estrela, que há de abrir em setembro ou outubro deste ano; vamos abrir uma outra unidade mais vocacionada para as demências, em Monsanto”.

Em curso está um plano estratégico para recuperação das contas da Santa Casa. A estratégia passa pela internacionalização dos Jogos Santa Casa, em países como Angola, Brasil e Peru. A nível nacional, Edmundo Martinho relembra que as apostas hípicas arrancam em outubro e que a rede de mediadores será reforçada, com uma perspetiva de mais 1500 novos espaços em meados do próximo ano. “Trabalhámos com a Universidade Nova no sentido de olhar para o território nacional e perceber como podíamos melhorar a cobertura dos jogos sociais do estado”, revela o provedor.

Apesar do acentuado impacto da pandemia nas contas da Santa Casa, o representante máximo da instituição considera que “o ano é perdido do ponto de vista das contas”, mas que é um “ano em que fizemos muitas coisas boas e bonitas. É isso que queremos continuar a fazer”, reforça.

Assista à entrevista integral, aqui.

O regresso às creches

“Olá, Valentina, bom dia! Vamos para dentro, princesa?”. A alegria com que as educadoras da Creche Nossa Senhora da Conceição, da Santa Casa, recebem todas as crianças é das poucas coisas que a pandemia não conseguiu alterar. A adaptação a tempos diferentes obriga encarregados de educação e equipa da creche a cumprirem um conjunto de regras na hora de deixar as crianças.

Do outro lado do vidro os pais acenam com a mão em jeito de adeus. Numa situação normal, o pai da Valentina e a mãe do Leo não ficariam à porta. Agora, a conversa com as educadoras é breve e feita com a distância recomendada pela Direção Geral de Saúde (DGS).

À porta, mas das salas, fica o calçado e os brinquedos favoritos das crianças. Lá dentro, a divisão é feita por áreas de preferência: aproveitam para pintar, para ouvir histórias contadas pela educadora, mas há quem prefira aprender através da abordagem experiencial, uma metodologia aplicável em diversos contextos educativos, que promove o desenvolvimento de competências nas crianças.

Misto de sensações

Uma semana depois da reabertura das creches, muitos foram os pais que preferiram manter os filhos em casa. Nesta creche da Santa Casa, apenas 12 das 63 crianças inscritas na creche disseram presente.

“A partir de 1 junho serão 40 e até setembro já conto ter todas. As crianças vão voltando gradualmente, conforme a decisão que os pais tomarem. Tenho encarregados de educação que disseram que os filhos só regressam em setembro. Os próprios pais também se estão a adaptar a esta realidade”, revela a diretora da creche, Emília Gomes.

Inês Santos sentiu alívio quando recebeu a notícia da reabertura do infantário. “A creche facilita-nos muito a vida”, confidencia. Mãe de uma rapariga e de dois rapazes, de quatro, dois e um anos, interrompeu o trabalho para poder ficar com os filhos. Olha para o período de confinamento como tempos que ajudaram a reforçar os laços familiares.

“Acho que ficámos ainda mais próximos. Correu bem, mas não foi fácil. A certa altura eles já estavam saturados. Mantê-los entretidos durante o confinamento foi o mais difícil”, conta Inês, convicta de que com alguma criatividade é possível manter as crianças ocupadas e felizes durante o isolamento.

Esta mãe não esconde que, por estes dias, na hora de deixar os filhos na creche, sente um pequeno aperto. Tem medo de confundir uma eventual gripe sazonal com a Covid-19. “É normal que, ao saírem à rua e até mesmo por estarem em contexto de escola, os miúdos contraiam uma constipação. O meu medo é confundir as coisas e entrar em pânico”, revela.

Apesar do receio, os procedimentos tomados pela Creche Nossa Senhora da Conceição dão garantias a Inês. Não há dia em que não repare nos “imensos cuidados que todos têm a lidar com os miúdos e no amor das educadoras por eles”.

Já no que diz respeito à redução do número de crianças por sala, para que seja maximizado o distanciamento entre as mesmas, esta é uma medida “impossível”, no entender de Inês Santos. “São crianças, gostam de brincar com os amiguinhos, de tocar. Impedir isso é uma tarefa quase impossível!”, afirma.

“Uma forma diferente de comunicar”

A 16 de março, a pandemia obrigou ao encerramento das creches de todo o país, mas na Creche Nossa Senhora da Conceição o apoio às crianças continuou a ser prestado. Durante os dois meses de confinamento, o objetivo foi levar a creche à casa das crianças, com contactos diários, de modo a incutir alguma normalidade à situação. “As crianças necessitavam de ver a cara e ouvir a voz das educadoras e das auxiliares”, refere Emília Gomes.

As atividades continuaram a ser dinamizadas, à distância, e a chegar a casa das crianças por mail e por vídeo. Uma das educadoras teve a ideia de fazer um jornal, “O nosso Jornal”, com um conjunto de histórias sob o mote “Ler com Colo”.

“Depois de sair o primeiro jornal, achámos a ideia muita gira e decidimos fazer para todas as salas. Este jornal foi o grande impulsionador para todas as famílias saberem o que se passava. Foi uma forma diferente de comunicar”, revela a responsável, grata por tudo o que a equipa da Creche Nossa Senhora da Conceição tem feito: “Temos conseguido dar uma boa resposta aos desafios”.

Alunos da Orquestra Geração recebem tablets

Com esta iniciativa, estes jovens poderão continuar a sua aprendizagem musical, ainda que em pleno contexto de pandemia.

Estes equipamentos destinam-se a crianças e jovens da Equipa de Apoio à Família da Misericórdia de Lisboa, que não têm recursos tecnológicos para acompanhar o ensino da música à distância.

Para António Santinha, diretor da Unidade de Apoio à Autonomização da Santa Casa, esta entrega “pretende garantir que todos os alunos, que mais necessitam de meios tecnológicos, possam ter o acesso necessário para as aulas e ensaios da orquestra”.

Segundo o responsável, desde o início do confinamento que “os professores de cordas e de sopros disponibilizaram-se para continuar as aulas da orquestra em suporte digital. A cada integrante foi, ainda, autorizado levar os instrumentos para casa”, frisando que “cedo se percebeu que os alunos tinham meios diferentes e que esta situação dificultava a aprendizagem e criava desigualdade de oportunidade.

Alunos da orquestra com tablet

O regresso da Orquestra Geração Santa Casa estava marcado para a edição deste ano da Feira do Livro de Lisboa, com um ensemble gratuito para todos os visitantes do certame, mas devido à pandemia da COVIDCovid-19, todos os concertos agendados foram cancelados, à semelhança do que já tinha acontecido com os concertos e estágios da Páscoa e o espetáculo de final do ano letivo.

Centro de Apoio Social de São Bento reabre portas

Depois de mais de dois meses em casa, cerca de 50 utentes voltaram ao trabalho, à rotina, à terapia e ao convívio no Centro de Apoio Social de São Bento (CASSB), um espaço dedicado à promoção da integração de pessoas em situação de exclusão social e de sem-abrigo em Lisboa, que inclui três ateliers ocupacionais, uma loja de venda de produtos artesanais, um balneário, um refeitório e um espaço de inclusão digital.

Carlos Coelho, 60 anos, nascido na freguesia do Socorro, é um dos utentes dos ateliers ocupacionais do Centro de Apoio Social de São Bento. De segunda à sexta-feira, das 9h00 às 16h30, Carlos trabalha no atelier de cozinha. Rigorosamente equipado com avental, luvas, máscara e touca, prepara o almoço para si e para os colegas.

“Hoje temos sopa de grão com espinafres e frango à mata. Querem almoçar?”, convidou. Confessamos que cheirava muito bem, mas, infelizmente, o nosso compromisso profissional não nos permitiu aceitar.

Carlos assume que sentiu falta da cozinha, dos colegas e dos técnicos. “Foram mais de dois meses. É muito tempo. Já tinha saudades”, diz o sexagenário, lembrando que frequenta o Centro desde 1997. Esta segunda-feira, 18 de maio, regressou a este espaço.

Cozinha do Centro Social de São bento

Não teve uma vida fácil. Foi deixado à sua sorte com apenas 18 meses. “Fui criado pela Santa Casa. Sou filho da Santa Casa”, afirma Carlos Coelho. Mais tarde, entrou na Casa Pia para aprender um ofício. Fez um pouco de tudo. Foi pastor, agricultor, pintor de construção civil e trabalhou na restauração. Um dia foi para a rua. “É mais fácil do que possam pensar”, dá conta.

Em 1997, o destino levou-o de volta à Misericórdia de Lisboa. Veio para o Centro de Apoio Social de São Bento. “Esta casa ensinou-me que qualquer Homem deve ter um trabalho, por mais pequeno que seja. Os ateliers são uma oportunidade, uma ocupação para quem sai da rua. Dão-nos regras, horários, um propósito e autoestima”.

Carlos admite que não consegue imaginar a vida fora do CASSB. “Esta casa é muito importante para mim”.

No atelier de produtos artesanais, João (nome fictício), 40 anos, está a construir uma pequena casa de madeira para ser colocada à venda na loja do Centro. É um dos utentes mais recentes, entrou no CASSB em março deste ano.

João perdeu o trabalho, perdeu o chão, mas encontrou apoio na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Aos poucos vai conseguindo ultrapassar a depressão onde mergulhou. “No Centro, tenho cabeça ocupada, dão-me conselhos, mostram-me o caminho”.

A notícia da reabertura foi recebida com enorme alegria. “Estava em casa há muito tempo. Sentia falta de estar ocupado. O estar ocupado deixa-me em paz”. Por agora, João quer duas coisas: paz de espírito e ajudar a sua companheira que o tem ajudado numa fase muito difícil.

Para Ana Zagallo, diretora do Centro de Apoio Social de São Bento, esta resposta “dedica-se essencialmente a trabalhar as competências dos utentes e a tentar, quando possível, integrá-los no mercado de trabalho. As atividades permitem que estes utentes possam adquirir regras, rotinas, conquistando sentimento de pertença e laços afetivos”.

Todos os dias, quando vinham buscar a alimentação ao Centro, perguntavam pela reabertura do Centro. “Foi muitíssimo importante reabrir, porque estas pessoas têm que estar ocupadas”, salienta a responsável. “A maior parte destas pessoas sofre de algum tipo de problema de saúde mental e/ou físico”, refere ainda.

Há uma relação entre a loja e a realização pessoal dos utentes, avança Ana Zagallo. “A venda dos produtos elaborados nos ateliers, permite que os utentes vejam o seu trabalho reconhecido. A nossa maior satisfação é poder vê-los com a vida estabilizada”, conclui.

 

Centro de Apoio Social de São Bento

À entrada do século XX, na zona de São Bento, junto ao Palácio das Cortes (atual Assembleia da República), a Sociedade Protetora das Cozinhas Económicas encomendara a construção da Cozinha Económica nº 6, tendo sido inaugurada em abril de 1906. Tal como as congéneres, esta cozinha destinava-se a proporcionar refeições acessíveis à população mais carenciada, sobretudo à classe operária.

Em 1928, as cozinhas foram transferidas para a Santa Casa da Misericórdia, sobrevivendo hoje os edifícios de apenas duas, nos Anjos e em São Bento. Foi nesta última que a Santa Casa instalou, em 1997, o Centro de Apoio Social de São Bento. A criação deste equipamento que se instalou em São Bento, dedicado à promoção e apoio à integração de indivíduos em situação de exclusão social e de sem-abrigo em Lisboa. Ultrapassando hoje largamente as funções iniciais da Cozinha Económica n.º 6, inclui três ateliers ocupacionais, uma loja de venda de produtos artesanais e um espaço de inclusão digital, sendo uma referência no coração da cidade.

Da saúde à ação social. O regresso na Santa Casa

18 de maio marca o início da segunda fase de desconfinamento. O dever cívico mantém-se, mas, aos poucos, existe a retoma de alguma normalidade. Estão de regresso as visitas aos lares, a reabertura das creches e das unidades de saúde. Tal como recomendado pela Direção Geral de Saúde (DGS), as regras estabelecem o uso obrigatório de máscara em todos os espaços, entre várias outras medidas de prevenção.

Da saúde à ação social. O regresso na Santa Casa!

Reabertura de respostas da Ação Social

Desde os Centros de Apoio Social aos Centros de Atividades Ocupacionais (CAOs), passando pelas Estruturas Residenciais para a População Idosa (ERPIs), que retomam as visitas de familiares e amigos, até à reabertura das creches, são muitos os equipamentos que reabrem portas esta segunda-feira.

As visitas regressam aos lares.

As visitas passam a ser permitidas em ERPIs, mas com algumas restrições e seguindo sempre as orientações da Direção Geral de Saúde (DGS), que divulgou uma lista de recomendações para que este processo possa ser reiniciado em segurança.

O agendamento das visitas deve ser feito previamente e assegurado pelas estruturas, assim como higienização dos espaços. Cada utente tem direito a uma visita semanal, que não deve exceder os 90 minutos.

Os visitantes estão também obrigados a utilizar máscara durante todo o período de visita e não devem levar quaisquer tipos de objetos para dentro das instituições que prestam apoio a idosos.

A ERPI da Quinta Alegre foi hoje destacada no programa “Bom Dia Portugal”, da RTP, onde foram apresentadas os novos procedimentos. Veja aqui o vídeo (minuto 4).

Crianças voltam às creches, mas com restrições

Higienizar espaços e brinquedos, calçado deixado à entrada da sala e ventilação adequada. Estas são algumas medidas a serem tomadas no regresso das creches.

A DGS determina um número reduzido de crianças por sala, mas sem colocar em causa as atividades lúdico-pedagógicas.

Os mais pequenos devem ser entregues e recebidos pelos encarregados de educação sempre à porta do estabelecimento, devem levar sempre um calçado específico para a creche e, por agora, os seus brinquedos favoritos não vão poder entrar.

Os testes para rastreio de Covid-19 a funcionários das creches foram previamente realizados, de modo a garantir o regresso em segurança de todos. Ainda assim, os funcionários são obrigados a usar máscara cirúrgica durante o horário de trabalho, o que já não causa qualquer estranheza aos mais novos.

Reabertura e novos horários na saúde

A partir de 18 de maio, a maioria das Unidades de Saúde da Santa Casa (USSC) vai estar a funcionar entre as 8h30 e as 18h, como é o caso da Unidade de Saúde do Bº do Armador, Extensão de Saúde de Telheiras (Unidade de Saúde do Bairro Padre Cruz), Unidade de Saúde do Castelo, Unidade de Saúde Dr. José Domingos Barreiro e da Unidade de Saúde do Vale de Alcântara. Já a USSC da Liberdade e a USSC Bairro Padre Cruz reabrem apenas no período da manhã.

O SOL – Saúde Oral em Lisboa reabre a 15 de junho, assim como a Unidade W+, que começa, de forma alternada, a realizar o trabalho biopsicossocial a partir dessa data.

Quais são as principais medidas para as Unidades de Saúde?

As consultas programadas em ambulatório, exames e outros atos clínicos são reativados. As consultas canceladas serão remarcadas diretamente pelas USSC, com prioridade para os casos mais urgentes.

Para garantir a segurança dos utentes e dos profissionais de saúde será realizado o rastreio de temperatura corporal a todos os que entrarem nas unidades de saúde. Será fornecida uma máscara cirúrgica à entrada dos edifícios e disponibilizada solução alcoólica para higienização das mãos. Todas as superfícies serão desinfetadas e serão retirados das salas de espera todos os objetos que possam ser manuseados por muitas pessoas.

Sempre que possível, em função do espaço e condições logísticas, será efetivada a segregação de zonas comuns de forma a evitar a concentração de pessoas. Os utentes não devem fazer-se acompanhar, exceto nas situações absolutamente necessárias.

As regras estão implementadas, garantindo a todos os utentes, visitantes e colaboradores que o regresso será feito da forma mais segura possível.

Santa Casa reabre Unidade de Habilitação e Desenvolvimento

O olhar de Cátia Silva, 32 anos, transborda de contentamento, ao contar as conquistas do filho, um menino de dois anos com paralisia cerebral, que frequenta o CRPCCG. “Há dois meses que não vínhamos ao Centro, e, realmente, isso fez-nos muita falta. Fez falta ao Guilherme”, diz.

Santa Casa reabre Unidade de Habilitação e Desenvolvimento

Durante dois meses ficaram privados dos cuidados que recebem neste Centro por causa da pandemia. Agora, a Unidade de Habilitação e Desenvolvimento volta a receber crianças de meses até jovens aos 18 anos. Os casos mais urgentes são prioritários.

No CRPCCG há uma adaptação lenta à realidade. Não é abrupta. As pequenas vitórias são conseguidas a muito esforço. Todos os dias aprende-se a viver com a paralisia cerebral. A evolução não termina nas terapias, a relação entre a família e a criança é determinante.

A Unidade de Habilitação e Desenvolvimento tem como missão prevenir, desenvolver, habilitar, reabilitar e incluir, na comunidade, a pessoa com Paralisia Cerebral e outras situações neuro motoras afins, através da equipa multidisciplinar, promovendo a sua qualidade de vida, com desempenhos de excelência.

O Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian, sob gestão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, presta cuidados a bebés, crianças, adolescentes e adultos com paralisia cerebral e condições neuromotoras limitadas, de modo a tornar a vida do paciente mais confortável, independente e inclusiva. O Centro garante, também, o acesso a serviços e a programas inovadores e de qualidade, graças a uma equipa multidisciplinar.

O Centro tem três valências (intervenção Precoce; Reabilitação e Centro de Atividades Ocupacionais) e duas unidades (Unidade de Habilitação e Desenvolvimento e Unidade de Reabilitação e Integração Sócio-Ocupacional).

Santa Casa e NOVA Medical School assinam protocolo de colaboração

Foi assinado esta segunda-feira, 11 de maio, um protocolo de colaboração entre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Faculdade de Ciências Médicas da NOVA Medical School da Universidade Nova de Lisboa, com o objetivo de estabelecer uma parceria técnica, logística e financeira, através da realização de testes de despistagem da doença Covid-19 a amostras provenientes dos utentes e trabalhadores das Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI) e do Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) na cidade de Lisboa, e outros locais eventualmente necessários, sob coordenação da instituição.

Neste protocolo, assinado por Edmundo Martinho, provedor da instituição, e por Jaime da Cunha Branco, diretor da Nova Medical School da Faculdade de Ciências Médicas, na presença da Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, estabeleceram-se os termos da cooperação entre as duas entidades no que se refere ao apoio às populações mais vulneráveis e expostas no contexto da atual pandemia.

Atendendo à emergência de saúde pública, exigia-se um conjunto de respostas essenciais de apoio à população, nomeadamente aos idosos. Neste contexto, a Faculdade de Ciências Médicas detém os meios e recursos para realizar, em contexto laboratorial, testes de despistagem da Covid-19, instrumento essencial para, junto da população mais vulnerável, poder prevenir, programar e delinear estratégias de mitigação do contágio da população, designadamente nas ERPI e SAD.

Importa sublinhar que a Misericórdia de Lisboa e a NOVA Medical School têm uma longa parceria no âmbito do ensino.

Misericórdia de Lisboa apoia projetos de misericórdias de norte a sul do país

No âmbito do Fundo Rainha Dona Leonor (FRDL), a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vai financiar, este ano, projetos nas misericórdias de Vila Nova de Gaia (277.994,26€), Barcelos (300.000,00€), Murtosa (73.291,65€), Pinhel (200.134,80€), Ovar (193.500,00€) Penela da Beira (300.000,00 €), Vizela (108.872,30€), Carregal do Sal (150.000,00€), São Brás de Alportel (300.000,00€), Vila Nova de Poiares (300.000,00€) e Alcácer do Sal (275.000,00€).

Os 11 projetos que vão ser apoiados representam um investimento total de 2.468.793,01 euros, financiamento que vai ser formalizado na quarta-feira, 6 de maio, com protocolos assinados à distância pelos provedores das misericórdias, uma vez que a pandemia da Covid-19 impede a realização da cerimónia presencial.

Inez Dentinho, membro do Conselho de Gestão do FRDL disse, em declarações à agência LUSA, que o apoio “versa sobretudo projetos de inovação social”, financiando a reabilitação das instalações das misericórdias, “desde que, acompanhado dessas obras, aconteçam elementos de inovação social que permitam preparar estes lares para as gerações que as venham a ocupar no futuro também, com Wi-Fi, com circuitos exteriores de exercício, com outras dimensões que provoquem a descoletivização da vida no lar”.

Entre os 11 projetos a apoiar, além da reabilitação do património edificado dos lares e centros de dia, estão ideias para a criação de um espaço de fisioterapia, um centro hidroterapêutico com uma piscina interior onde podem fazer exercício físico e um jardim intergeracional ao lado de um ATL, assim como circuitos de lazer para a prática de exercício físico.

Sobre a escolha destes projetos, Inez Dentinho adiantou que foram repescados do concurso de candidaturas apresentadas em 2019, porque tinham sido aprovados, mas não tiveram verba disponível, uma vez que, de acordo com a ordem de classificação, foram apoiadas as ideias com maior pontuação.

No âmbito do Fundo Rainha Dona Leonor (FRDL), a Santa Casa, desde 2015, já apoiou 154 misericórdias, num investimento que ultrapassa os 23 milhões de euros. Na sua criação, em 2015, operava apenas na área dos equipamentos sociais, mas, a partir de 2017, o FRDL passou a destacar 25% da verba também para a área da conservação do património.

Nascido de um acordo de parceria entre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a União das Misericórdias Portuguesas, assinado a 23 de abril de 2014, o Fundo Rainha Dona Leonor vem dar apoio a causas sociais prioritárias das misericórdias de todo o país, cumprindo, deste modo, a vontade da instituição em intervir além das fronteiras da capital.

Em pleno período de pandemia, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a União das Misericórdias Portuguesas reforçaram a sua união, através da campanha “Somos a Casa de milhares de portugueses“. Lançada no passado mês de abril, esta campanha da Santa Casa teve como objetivo reforçar a missão da instituição, bem como a de todas as misericórdias do país. Numa fase em que muitos portugueses recolhem às suas habitações para se protegerem, existe uma Casa que garante que mesmo estando sozinhos, nunca estarão isolados, continuando a apoiar aqueles que mais precisam, empenhando-se diariamente em dar um maior conforto a quem tem de ficar em casa, mostrando a estas pessoas que não estão sozinhas porque a Santa Casa e as misericórdias estão sempre lá, para as apoiar.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

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