
Categoria de Artigo: Ação social


O cartaz anunciava reconhecidos nomes da música nacional e a expectativa na sala era grande entre os utentes do Centro de Desenvolvimento Comunitário (CDC) do Bairro dos Lóios. Vestidos a preceito, aguardavam pelas estrelas da tarde: Toy, Tony Carreira, Ágata, Marco Paulo, Rosinha, Mónica Sintra e Quim Barreiros. Além disso, também queriam saber quem lhes ia vestir a pele.
Apelidado de espetáculo de variedades, o “E Nós Pimba” começou muito antes da hora marcada, nos bastidores. Era ali que a magia acontecia: as animadoras do Centro maquilhavam os utentes e embelezavam-nos com adereços marcantes das personagens que iam encarnar.
De repente, cruzámo-nos com Quim Barreiros, que na verdade era António Martins. Já com o bigode postiço colado na cara e de chapéu na cabeça, aguardava apenas pelo acordeão feito de cartão, que prontamente lhe foi entregue.
“Já estou a afinar o instrumento”, disse em tom brincalhão. Sobre a letra da música é que hesitou: “Eu não sei cantar aquilo, mas pronto”. Para ajudá-lo nesta tarefa, o “Quim Barreiros dos Lóios” tinha a seu lado duas assistentes, de perucas na cabeça e panelas na mão. Afinal, estamos a falar do mestre da culinária.
Já Celina, também utente do CDC Bairro dos Lóis, estava pronta para avançar e representar qualquer um dos artistas do cartaz.
“Olhe, eu nem sei! É o que vier. Dançar? Vamos embora!”. Celina admitiu-nos que o seu preferido é o Tony Carreira e que sabe “mais ou menos” a letra. Já sobre dançar, confessou: “os passos aprendi há pouco, mas também não é nenhum concurso!”, rematou.

Gargalhadas e folia
Enquanto não começavam as atuações, e depois de nos cruzarmos com a “Ágata”, Teresa Vasques, animadora sociocultural do Centro, preparava-se para apresentar o espetáculo, sobre o qual nos fez uma pequena antevisão.
“Os nossos artistas são um espetáculo! Na sexta-feira já fizemos um pré-ensaio”, revelou. “Já tínhamos aberto as pré-inscrições há algum tempo e os utentes inscreveram-se de acordo com as personagens que queriam encarnar. Agora, vão tentar imitá-los, mas de uma forma exagerada! Se fosse para irem à rua, não queriam, mas aqui não têm vergonha”, resumiu a animadora, também ela trajada a rigor.
Chegou o grande momento e os artistas foram sendo chamados ao palco, arrancando aplausos e cantorias da plateia, que assistiu ainda a uma atuação de dança por parte de um grupo de jovens do Centro. Entretanto, Bernardete, igualmente utente do CDC Bairro dos Lóios, terminou sua maquilhagem e afirmou estar preparada para encarnar o célebre Toy.
“Vou dançar, vou cantar, toda a noite!”, treinou connosco. Por entre gargalhadas e boa disposição para dar e vender, a contagiante Bernardete resumiu a tarde nos Lóios da melhor maneira: “É Carnaval, ninguém leva a mal!”.

Chegamos ao Largo Comunitário, no Parque das Nações, guiadas pelos gritos entusiasmados das crianças que respondem à D. Maria do Céu quando esta lhes pergunta se querem ouvir uma história.
Ali está a acontecer uma ação promovida pelo projeto RADAR, em conjunto com a rede L&M (grupo comunitário) e com a creche Olipandó/ Obra Pastoral dos Ciganos, designada “Para te ouvir melhor”. Esta ação junta crianças desta instituição (creche Olipandó), crianças da escola básica local e alguns idosos daquele território, com o objetivo de incentivar e promover a intergeracionalidade.
Maria do Céu não é nova nas andanças destas atividades. Utente do RADAR – um projeto pioneiro em Lisboa, liderado pela Santa Casa, que tem como objetivo identificar a população com mais de 65 anos em situação de isolamento na cidade –, Maria do Céu é também voluntária e está sempre disponível para participar nas ações deste projeto: “estou aqui hoje porque adoro o contacto com as crianças. Vim ler-lhes uma história para fazê-las refletir e ajudá-las a consolidar e ampliar o seu vocabulário. Participo neste tipo de ações quando acontecem e sempre que me chamam”, clarifica. Aliás, não hesita em dizer que quer manter esta colaboração, tendo em conta que “estas sessões de leitura se revelam muito importantes para as crianças, criam-lhes um estímulo e gosto para lerem mais e afasta-as um bocadinho de algum exagero dos écrans”.

É também no Largo Comunitário que conhecemos Ana Roque, responsável pela creche Olipandó, que pertence ao grupo comunitário Rede L&M, o qual inclui a Santa Casa, o projeto RADAR, a junta de freguesia e outras instituições.
Esta creche pertencente à Obra Pastoral dos Ciganos, um secretariado diocesano que existe desde 1960, tem como principais destinatários as crianças dos 6 aos 16 anos, através do complemento de apoio escolar, como se fosse um ATL (Atelier de Tempos Livres) e abrange 700 crianças, em sete bairros sociais – cinco em Lisboa e dois em Loures.
Ana Roque explica-nos que colaboram com o RADAR “no sentido de identificar os idosos em situações vulneráveis, nesta que é a freguesia do Parque das Nações, mas que compreende, essencialmente, dois bairros: Casal dos Machados e Quinta das Laranjeiras”. Esta responsável acrescenta, ainda, que neste âmbito “foram identificadas, maioritariamente, situações de pessoas que vivem sozinhas, com doenças associadas ao envelhecimento e outras situações do género.”

Mas a ação deste dia foi além da leitura. Paralelamente, a unidade móvel RADAR, em parceria com a Audio2Saúde, levou a cabo uma avaliação auditiva à população 65+ e uma ação de sensibilização auditiva para a população infantil, tendo nesse dia atendido um total de 33 idosos e 62 crianças e jovens.
Ao final do dia, o balanço da ação era mais do que positivo, tendo o objetivo sido alcançado. Neste momento, já se prepara a próxima ação.
Para mais informações sobre o projeto RADAR, consulte aqui.

A nova campanha LxAcolhe – Programa de Acolhimento Familiar, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), arranca oficialmente esta sexta-feira, com o intuito de angariar novas famílias de acolhimento Esta é a terceira vez, desde 2019, que a Misericórdia de Lisboa aposta na divulgação do Acolhimento Familiar, uma vez que em Portugal existem cerca de 1400 crianças em instituições e, destas, 300 têm menos de 6 anos de idade. A Campanha pretende assim sensibilizar a sociedade para este facto, através da mensagem “Só uma família de acolhimento pode dar a infância/ carinho/ amor/ mimo/ segurança / proteção que lhe(s) está a faltar”.
O LxAcolhe – Programa de Acolhimento Familiar da SCML evitou já a institucionalização de mais de 140 crianças, que foram integradas em famílias de acolhimento. Segundo a provedora da SCML “este número é ainda insuficiente para o objetivo a que nos propomos: que mais nenhuma criança seja acolhida em instituição, a não ser que a sua situação específica o exija, no seu superior interesse”. Para isso, apela: “precisamos de mais Famílias de Acolhimento”.
O Acolhimento Familiar é uma medida de promoção dos direitos e de proteção das crianças em perigo, que garante a sua integração numa família, sendo este o ambiente adequado ao seu bem-estar e desenvolvimento. Na prática, a medida consiste na atribuição da confiança de uma criança a uma família que dela cuidará, de forma temporária.
Na maioria dos países, o Acolhimento Familiar é assumido há vários anos como prioritário, sempre que uma criança ou jovem precisa de uma medida de colocação por se encontrar em perigo no seio da sua família. Só excecionalmente, e apenas quando tal corresponde ao interesse concreto do jovem, é que se opta pelo acolhimento institucional/residencial. Contrariando esta tendência, em Portugal apenas 3,5% dos acolhimentos acontecem em Famílias de Acolhimento, sobretudo pela escassez ou inexistência de Famílias de Acolhimento capacitadas e selecionadas para o efeito. É esta tendência que a Santa Casa pretende inverter.
Refira-se que qualquer pessoa, individual ou família, pode ser família de acolhimento, desde que um dos seus elementos tenha mais de 25 anos e seja avaliado como capaz de acolher uma criança em perigo.
Para mais informações sobre esta medida consulte este guia e a página do Acolhimento Familiar.
Seminário “Acolhimento Familiar: o Direito a Crescer em Família”
A nova campanha LX Acolhe já tinha sido apresentada na última sexta-feira, 12 de janeiro, no seminário “Acolhimento Familiar – O Direito a Crescer em Família”, organizado pela Santa Casa, que juntou vários especialistas, entre técnicos e académicos, assim como famílias de acolhimento e crianças acolhidas.
A abertura dos trabalhos ficou a cargo de Ana Jorge, provedora da Santa Casa, e de Sofia Athayde, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa. A provedora começou por alertar que “discutir, partilhar e aprofundar experiências e conhecimentos é fundamental, porque só assim se poderá avançar mais nesta área tão importante para as crianças.” Defendeu, também, que “as famílias de acolhimento que recebem estas crianças proporcionam-lhes condições de crescimento, desenvolvimento e segurança e um ambiente acolhedor, emocional e afetivo, necessários para poderem crescer física, intelectualmente e com estabilidade emocional, para serem adultos de pleno direito”.
A responsável acrescentou que esta é uma necessidade tão mais importante tendo em conta os primeiros três anos de vida da criança: “não é por acaso que as Nações Unidas, a Unicef e a OMS chamam a atenção para os primeiros mil dias de vida, uma vez que estes são decisivos na vida de um ser humano para a sua vida adulta, em todos os aspetos. Mesmo na patologia de saúde, sabe-se que muitas das doenças do adulto começaram nessa idade e só se manifestam na vida adulta. É por isso também que temos a obrigação de dar às nossas crianças o potencial para serem adultos saudáveis e felizes”.
Ana Jorge enalteceu ainda o trabalho que a Misericórdia de Lisboa, em parceria com outras instituições, tem vindo a desenvolver no que respeita à proteção das crianças e dos jovens: “temos dado, nos últimos anos, um contributo para aumentar as famílias de acolhimento, para mais crianças poderem desfrutar de uma família. Por comparação, Espanha tem 60% de famílias de acolhimento e Portugal tem 3,5%””.
Pelo seminário passaram vários especialistas sobre a temática do acolhimento familiar, destacando-se Jesús Palacios, professor catedrático em Psicologia do Desenvolvimento e da Educação da Universidade de Sevilha, que abordou a realidade espanhola respeitante à desjudicialização do sistema e a especialização das famílias de acolhimento.
O painel da manhã ‘A Pedrada no Charco’, moderado pelo juiz Paulo Guerra, contou com as intervenções de Rui Godinho, diretor da Direção de Infância e Juventude da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, de Margarida Rangel, professora da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto, e de Joana Baptista, coordenadora do Projeto All 4Children (ISCTE).
Durante a tarde, o tema centrou-se nos ‘Desafios e Magia do Acolhimento Familiar’. Isabel Pastor, diretora da Unidade de Adoção, Apadrinhamento Civil e Acolhimento Familiar da Santa Casa, moderou as intervenções de Patrícia Bacelar, diretora do Núcleo de Acolhimento Familiar da Misericórdia de Lisboa, e de Paula Almeida e Rosa Amado, duas famílias de acolhimento que contaram a sua experiência na primeira pessoa.
A Sérgio Cintra, administrador do pelouro da Ação Social da Misericórdia de Lisboa, coube o encerramento dos trabalhos.
“Um presente a mais para quem tem menos” chegou à Casa de Acolhimento Novo Rumo

Os olhares curiosos tentavam alcançar, a partir da sala de convívio, os embrulhos colocados noutra divisão da Casa de Acolhimento Novo Rumo. As 14 crianças alojadas neste equipamento da Misericórdia de Lisboa estavam ansiosas por receber os presentes que alguém lhes deixou, através da iniciativa “Um presente a mais para quem tem menos”, que convidou os visitantes do Wonderland 2023 a participarem com doações.
Chegado o grande momento de distribuir estes pequenos pacotes de felicidade, as crianças avançaram uma a uma e não perderam tempo a abrir as respetivas prendas, expressando sem rodeios a alegria tão característica da época natalícia.

António Santinha, diretor da Unidade de Apoio à Autonomização da Santa Casa, sublinhou que as doações desta edição ultrapassaram a marca dos 440 presentes, realçando que “a generosidade dos portugueses que passaram pelo Wonderland voltou a notar-se este ano”.
“Para nós é importante que o princípio da iniciativa permaneça: que quem deposita o seu presente no evento possa depois segui-lo até ao final, até cada uma das crianças a quem conseguimos chegar. Estamos aqui hoje nesta casa, mas temos 20 casas de acolhimento e um grande conjunto de crianças a quem estas prendas chegam”, acrescentou o responsável.
João Borges, diretor da Casa de Acolhimento Novo Rumo, também ajudou na entrega dos presentes aos mais pequenos, referindo que o mais importante “é fazer do Natal destas crianças um Natal mais feliz”.
“Sabemos que as prendas dão uma conotação e envolvência diferença ao Natal das crianças e é sempre um momento de grande surpresa. Ficam muito ansiosos e vão para a escola à espera do momento em que chegam as prendas do Wonderland. É um dia muito importante para todos”, afirmou.
No final, sobraram papéis de embrulho e sorrisos espalhados pela sala, tanto das crianças da Novo Rumo como dos profissionais que com elas trabalham diariamente.


Foi ontem inaugurada a Residência Temporária de Sant’Ana, uma resposta da Santa Casa para acolher pessoas em situação de internamento social, vindas de unidades do Serviço Nacional de Saúde.
O equipamento fica situado no Hospital Ortopédico de Sant’Ana e logo no primeiro dia acolheu dois utentes, que mereceram a visita de Ana Jorge, provedora da Misericórdia de Lisboa, e Manuel Pizarro, ministro da Saúde. Ana Sofia Antunes, secretária de Estado da Inclusão, e Ricardo Mestre, secretário de Estado da Saúde, também integraram a comitiva que percorreu a nova ala.
Esta nova resposta da Santa Casa resulta de um protocolo assinado com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e com o Ministério da Saúde, e terá 27 camas, recebendo utentes que já tiveram alta clínica, mas não têm condições ou família disponível para regressar a casa, permanecendo nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

Aproveitando a época natalícia, Ana Jorge sublinhou que a residência constitui “um presente de Natal às pessoas que o SNS e a Santa Casa têm a obrigação e missão de cuidar”.
“Desta forma, a Santa Casa consegue dar expressão a mais uma das boas causas, indo buscar os retidos nos hospitais. Não é uma residência permanente, é algo intermédio para depois tentarmos encontrar uma solução definitiva para estas pessoas. Não é apenas uma questão social. São pessoas muito frágeis e vulneráveis, que precisam de acompanhamento e esse é o grande desafio que temos neste momento: há muitas pessoas destas em que a família já não existe ou não quer existir e que aguardam que alguém os possa acolher”, acrescentou a provedora.
Por seu lado, a secretária de Estado da Inclusão realçou a abertura da residência “em tempo recorde”.
“Muito obrigado à Santa Casa por estas 27 camas, que serão muito úteis, e por este acolhimento ímpar nestas instalações de excelente qualidade”, referiu Ana Sofia Antunes.
Por fim, tomou a palavra Manuel Pizarro para explicar que a nova Residência Temporária de Sant’Ana “permite humanizar os cuidados às pessoas e aliviar a pressão sobre o SNS”.
“Um hospital não é o sítio próprio para as pessoas permanecerem durante meses, não apenas porque não é o sítio adequado para elas, mas também porque precisamos dos lugares para ir acolhendo as pessoas que todos os dias nos procuram. Uma palavra muito especial aos profissionais que aqui vão trabalhar, porque este trabalho exige conhecimento técnico, empenho e coração”, terminou o ministro da Saúde.

Um Natal “glorioso”. Crianças da direção de Infância e Juventude visitam Estádio da Luz

Tudo começou com o envio de cartas ao Pai Natal do Benfica, escritas por várias crianças que são acompanhadas pela DIIJ. A Fundação Benfica distribuiu posteriormente as cartas pelos vários departamentos do clube da Luz e assim nasceu um momento especial, que estas crianças já mais esquecerão.
Depois de um primeiro momento junto a um dos maiores símbolos do Benfica, a estátua de Eusébio da Silva Ferreira, as crianças e as suas famílias foram convidadas a conhecer a história secular do clube lisboeta numa visita guiada ao interior do estádio.
As surpresas tão aguardadas estavam ao dobrar de cada corredor. À medida que iam conhecendo os vários departamentos do Benfica, desde a clínica que reabilita os atletas depois dos jogos, passando pela direção de Marketing e acabando nos camarotes do estádio, vários pais natais iam aparecendo e entregando presentes às crianças.
Entre estas crianças estavam a Iara, de 6 anos, e o Leandro, de 10. Surpreendidos, não contiveram a alegria quando receberam os presentes. Num misto de emoção e júbilo, os dois amigos rapidamente fizeram a pergunta que se impunha: “Como é que vocês sabiam que era isto que queríamos?”, até que do outro lado do presente a resposta surgiu: “foi o Pai Natal”.
Enquanto se despediam, iam-se ouvindo vários suspiros de alegria, à medida que eram entregues os outros presentes às crianças. O sentimento, esse, era igual entre todos: “o Natal é a melhor época do ano”.
Depois da entrega dos presentes, foi a vez de dar “palco” a um outro icónico símbolo do Benfica, a águia Vitória, que se juntou a toda a “comitiva” na sala do Benfica Corporate, para, todos unidos, celebrarem em conjunto a magia do Natal.
Já no final da ação, os “graúdos” também não foram esquecidos e, entre as muitas fotografias recolhidas para prosperidade, foi ainda entregue um cabaz solidário a todas as famílias.
António Santinha, diretor da Unidade de Autonomização da Santa Casa, sublinhou que “este dia é sempre muito especial. Além do presente, para estas crianças é um dia perfeito porque conhecem o estádio e locais que provavelmente nunca iriam conhecer se não fosse este trabalho conjunto entre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Fundação Benfica”.

Sala de Extrações acolheu seminário “Os atuais desafios da adoção de crianças”

A Sala de Extrações acolheu ontem, 11 de dezembro, o seminário “Os atuais desafios da adoção de crianças”, no qual foi apresentado o relatório de atividades de 2022 do Conselho Nacional para a Adoção, assinalando o termo da coordenação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
O objetivo do evento, que teve casa cheia, passou por promover uma reflexão sobre os atuais desafios da adoção de crianças em Portugal, contando para tal com o testemunho de especialistas da área, entre os quais Isabel Pastor, diretora da Unidade de Adoção, Apadrinhamento Civil e Acolhimento Familiar da Santa Casa.
A abertura do seminário coube a Ana Jorge, provedora da Misericórdia de Lisboa, que salientou que “Portugal, apesar das boas leis que tem, precisa de ser mais eficaz” em matéria de adoção, mantendo “alguns dos problemas” que se arrastam há anos, nomeadamente nos extensos prazos que envolvem todo o processo.
“O tempo que passa não tem em atenção os superiores interesses da criança”, sublinhou, acrescentando que “não há nenhuma razão para que se espere anos” nalguns casos.
Recorde algumas das conclusões do relatório do Conselho Nacional para a Adoção aqui.
Santa Casa formaliza com parceiros criação de Centro Local de Informação e Coordenação

O Salão Nobre dos Paços do Concelho, na Câmara Municipal de Lisboa, foi o local escolhido para a provedora da Santa Casa, Ana Jorge, e o presidente da autarquia, Carlos Moedas, assinarem o Acordo Específico do Programa Lisboa, Cidade Com Vida Para Todas as Idades, agora com o nome a conter as palavras “com vida”.
A cerimónia contou ainda com a presença de representantes do Instituto da Segurança Social, da Administração Regional de Saúde de lisboa e Vale do Tejo, da Polícia de Segurança Pública e da Nova Medical School da Faculdade de Ciência Médicas da Universidade Nova de Lisboa, também parceiros do programa.
O acordo recém-assinado marca o início da terceira fase do programa, a qual prevê a concretização de um espaço colaborativo onde todas as organizações parceiras desenvolverão ações e atividades que assegurem a operacionalização das medidas do programa, obedecendo à lógica intersectorial de cogovernação e de governação integrada na área da longevidade e envelhecimento da cidade de Lisboa.
Para Ana Jorge a implementação do “Centro Local de Informação e Coordenação vai permitir atuar no terreno e implementar medidas com os nossos parceiros de uma maneira mais célere”, frisando que “o grande objetivo deste protocolo é o trabalho em parceira, numa organização colaborativa, no sentido de uma governação integrada e esta é a única forma de podermos atingir e irmos ao encontro desta população”.
Um propósito que tem como horizonte a criação de dinâmicas de interação e o estabelecimento de estratégias de intervenção transversais à cidade de Lisboa, em estreita articulação com a Rede Social de Lisboa e, em particular, com os verdadeiros operadores estratégicos locais: as Juntas de Freguesia.
Já Carlos Moedas fez questão de salientar que parcerias como esta “são o verdadeiro significado do Estado Social Local, que é trabalharmos todos em conjunto, com metas conjuntas para conseguirmos apoiar todos o que precisam, mais e melhor”.
De acordo com o Acordo Específico agora assinado, o CLIC-LX deverá entrar em funcionamento “durante o quarto trimestre de 2024”, devendo conter na sua estrutura organizacional três eixos de atuação, o do planeamento, da monitorização e da avaliação, que inclui as componentes da Vida Ativa com a composição de programas e projetos inovadores no âmbito do envelhecimento e ainda o Programa Municipal de Intervenção Comunitária e o da Vida Autónoma que prevê a formação e capacitação de cuidadores informais, um projeto-piloto de “Reconciliação Terapêutica”, Espaços Inter-Age e requalificação do Apoio Domiciliário Integrado, entre outras medidas.

O projeto RADAR realizou, esta segunda-feira, 4 de dezembro, na Universidade Lusíada, as suas primeiras jornadas, dedicadas às freguesias da zona ocidental de Lisboa – Belém, Ajuda, Alcântara e Campo de Ourique.
Com “sala cheia”, representantes das várias organizações parceiras do projeto tiveram a oportunidade de partilhar ideias, perspetivar o futuro e consolidar todo o trabalho desenvolvido nos últimos cinco anos.
Numa mensagem de boas vindas, Mário Rui André, diretor da Unidade de Missão “Lisboa Cidade de Todas as Idades”, na qual está integrado o projeto RADAR, referiu que a iniciativa “nasceu enquanto instrumento para conhecer melhor a realidade das pessoas em situação de solidão e isolamento social do concelho de Lisboa”.
O trabalho desenvolvido só foi possível com o envolvimento das entidades organizacionais com responsabilidade na área da longevidade e envelhecimento na cidade – Santa Casa, Município, Administração Regional de Saúde, Instituto de Segurança Social, GEBALIS, Polícia de Segurança Pública, as 24 juntas de freguesia e a Rede Social de Lisboa –, assim como mais de 4500 estabelecimentos comerciais, designados de Radares Comunitários, e que se constituem como os “olhos e os ouvidos da cidade” sobre esta realidade social.
Para Sérgio Cintra, administrador de Ação Social da Santa Casa, o “RADAR é uma boa ideia que deu certo”, constituindo uma resposta que transmite à população uma mensagem: “para quem necessitar de apoio, a cidade de Lisboa está preparada para o providenciar”.
Durante a sua intervenção, o responsável destacou ainda que a equipa do RADAR foi fundamental no apoio à população mais idosa da cidade durante a pandemia de covid-19.
“Se não tivéssemos construído toda esta resposta associada ao RADAR, a covid-19, em março de 2020, teria sido dez vezes mais difícil de suportar e de ultrapassar. Graças à intervenção da equipa do RADAR, foi possível trabalhar numa dinâmica de pura governação colaborativa e integrada”.
Durante os últimos cinco anos, os dados recolhidos pela equipa do projeto apontam a identificação de 37 000 pessoas, predominantemente mulheres, com idades entre os 75 e 84 anos; a realização de 11 801 chamadas telefónicas; a inserção na plataforma de 4274 novas adesões; o desenvolvimento de 983 ações de exterior, em proximidade com a população; e a constituição de 4546 radares comunitários, na sua maioria estabelecimentos de comércio local.