Nova plataforma apoia quem cuida dos mais frágeis
SupERa tem como missão prestar Suporte contínuo às Estruturas Residenciais para Idosos e lares na prevenção e deteção precoce de infeções do foro respiratório nos residentes.
SupERa tem como missão prestar Suporte contínuo às Estruturas Residenciais para Idosos e lares na prevenção e deteção precoce de infeções do foro respiratório nos residentes.
Só em Lisboa existem 85 mil idosos que vivem sozinhos, ou com alguém da mesma idade. Todos os dias a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa trabalha para mudar estes números. Para isso tem um conjunto de resposta, para apoiar os nossos seniores.
Lançada esta segunda-feira, 5 de julho, na Quinta Alegre, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a plataforma SupERa (também disponível em aplicação para telemóveis) nasce com o objetivo de facilitar o registo e a monitorização de informações clínicas dos residentes das ERPI e lares. Trata-se de uma ferramenta que pretende apoiar no acesso e na gestão da informação de forma mais eficaz.
No âmbito deste programa serão entregues 2400 oxímetros a Estruturas Residenciais para Idosos que tenham acordo com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
A cerimónia de lançamento contou com as presenças de Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Nuno Marques, presidente do Algarve Biomedical Center, e Edmundo Martinho, provedor da Misericórdia de Lisboa. Estiveram ainda presentes Sérgio Cintra, Maria João Mendes e Ana Vitória Azevedo, administradores da Santa Casa.
Na sua intervenção, Ana Mendes Godinho destacou “a capacidade de trabalho e de reinvenção, a união entre diferentes organismos e a aprendizagem adquirida” nos últimos meses da pandemia. “É preciso não baixar a guarda, estamos quase no fim da corrida e temos que apostar em novas soluções para proteger as pessoas”.
“A nova plataforma e os oxímetros podem ter um papel importante. É o digital a ajudar. Temos que inovar para responder melhor às necessidades das pessoas e das instituições”, concluiu.
Por sua vez, Edmundo Martinho começou por lembrar que o local escolhido para o lançamento da plataforma é um “recurso emblemático” da Misericórdia de Lisboa, e que foi “reabilitado com muito cuidado e galardoado com o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana”.
A iniciativa “representa um passo significativo na prevenção e na proteção” dos residentes no que diz respeito a sintomas associados à Covid-19, bem como de outras patologias do foro respiratório, considerou. “Esperemos que supere as nossas expectativas”, finalizou.
Por outro lado, Nuno Marques fez uma apresentação global da Plataforma SupERa, sublinhando que esta ferramenta, além de mudar mentalidades, pode dar um importante contributo na facilidade e na gestão da informação sobre os dados clínicos dos residentes dos lares.
A plataforma SupERa irá facilitar o registo e monitorização dos níveis de saturação de oxigénio, temperatura e frequência respiratória dos residentes em Estruturas Residenciais para Idosos e lares residenciais, bem como de outras informações clínicas relevantes. Estes registos ficam disponíveis numa área reservada dedicada a cada residente, permitindo analisar a evolução das medições.
Sempre que sejam registadas medições, a SupERa emitirá um alerta com base num sistema de três cores (vermelho, amarelo e verde) que permite apoiar a tomada de decisão das estruturas residenciais na vigilância ativa de sintomatologia associada à Covid-19, bem como de outras patologias do foro respiratório. O uso da SupERa é também um contributo para a digitalização do registo deste tipo de medições, evitando-se o registo em papel.
A plataforma SupERa tem enquadramento num conjunto mais alargado de soluções que visam apoiar as Estruturas Residenciais no combate à Covid-19. Desde outubro de 2020 que está em funcionamento a Linha COVID Lares (707 20 70 70), disponível 24 horas, sete dias por semana, para esclarecimento de dúvidas no âmbito da pandemia e agilizar processos de comunicação com as entidades competentes (por exemplo, Saúde Pública ou Segurança Social).
A Linha COVID Lares apoia também as ERPI no reporte ao Instituto da Segurança Social na Plataforma Integrada Monitorização Covid-19 sobre informação relativa à gestão da pandemia. Através da Linha COVID Lares é também possível identificar a necessidade de formação de profissionais em ERPI sobre controlo de surtos e a importância do correto uso de equipamentos de proteção individual.
A formação que pode ser desenvolvida nas Estruturas Residenciais tem como objetivo capacitar os profissionais com competências técnicas para desempenho das suas funções em contexto de pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, incluindo a interação com residentes (potencialmente) infetados pelo novo coronavírus.
Saiba mais, aqui.
Organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no âmbito do programa “Lisboa Cidade de Todas as Idades”, a primeira sessão das “Tertúlias da Longevidade” decorreu esta quarta-feira, 30 de junho, num formato online, e foi dedicada ao tema “Serviços e apoios em tempos de pandemia: o que temos de novo, o que aprendemos e como nos vamos adaptar”.
Na sessão inaugural abordou-se o impacto da pandemia Covid-19, com enfoque nos serviços e apoios na área do envelhecimento e na forma como as organizações se estão a preparar para o futuro. Nela participaram 18 oradores – entre técnicos da Santa Casa, investigadores, responsáveis locais e outros especialistas na área da longevidade e do envelhecimento.
O encontro foi dividido em quatro salas: uma principal e três secundárias. No final, foram apresentadas as ideias-chave discutidas nas referidas salas.
Na sua intervenção, Sérgio Cintra, administrador da Ação Social da Santa Casa, começou por destacar o “impacto nuclear da pandemia nas instituições”, considerando que o combate à Covid-19 “é o maior desafio da nossa geração”.
Com a apresentação de um estudo sobre o impacto da pandemia na instituição, o administrador deu conta da transformação dos serviços e da atuação dos colaboradores da Misericórdia de Lisboa para enfrentar a crise. “A instituição teve que se adaptar e reorganizar. Aprendemos a valorizar mais a partilha de responsabilidades entre serviços e parceiros. Foi um momento de aprendizagem. Depois da crise, o essencial ficou mais presente, o tempo tem agora outro valor”, finalizou.
Na mesma linha, a professora Júlia Cardoso, do Centro de Investigação da Universidade Lusíada, concluiu que a crise “ensinou-nos a valorizar o trabalho em equipa, as práticas de intervenção integrada, articulada e em rede”.
Já Maria de Lourdes Quaresma, especialista na área do envelhecimento, considerou que “a pandemia foi um desafio, afetando-nos a todos. A angústia da nossa finitude desencadeou um processo de entreajuda e de partilha na comunidade. Houve um fortalecimento do sentimento de pertença. É uma das grandes conquistas desta crise”. A especialista sublinhou, ainda, que a pandemia potenciou uma maior proximidade, valorização dos laços sociais, partilha de responsabilidade, reaproximação das famílias às instituições e uma maior utilização das novas tecnologias.
Mário Rui André, diretor da Unidade de Missão do programa “Lisboa, Cidade de Todas as Idades”, sublinhou que as “Tertúlias da Longevidade” são um espaço para “trocar ideias, experiências, debater, reforçar as relações entre organizações e para dar voz aos cidadãos”, pretendendo “ser um instrumento ao serviço da cidade”.
Nas três salas, os oradores destacaram a importância das novas tecnologias, a gestão de recursos e da reorganização, o reajuste e adaptação das respostas, a proximidade, a criatividade e do apoio da comunidade e da rede social.
A pandemia de Covid-19 impactou significativamente com tudo o que se estava a desenvolver no âmbito da abordagem aos desafios do envelhecimento na cidade de Lisboa. Tanto as respostas mais tradicionais, como aquelas que se vinham adaptando aos novos desafios da longevidade se viram confrontadas com o imperativo de terem de responder às exigências da crise pandémica, alterando práticas, reforçando serviços ou criando respostas alternativas que conseguissem corresponder às necessidades dos mais velhos em contexto de confinamento.
É neste contexto que surge a ideia da criação das “Tertúlias da Longevidade”, como representação de um espaço único e comum a todos os parceiros da cidade de Lisboa e demais interessados, onde os mesmos podem partilhar e refletir sobre aspetos relacionados com o envelhecimento e a longevidade. A iniciativa regressa em outubro, com previsão de se realizar mensalmente.
Aumentar o diálogo sobre a exclusão social e garantir progressos concretos nos Estados-membros na luta contra a situação de sem-abrigo: assim se descreve a nova Plataforma Europeia de Combate à Situação de Sem-Abrigo, lançada esta segunda-feira, 21 de junho, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. A iniciativa que resulta da Declaração de Lisboa, assinada ontem por representantes dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE), permitirá dar uma resposta mais ajustada às necessidades das cerca de 700 mil pessoas que vivem nas ruas de toda a Europa. A plataforma foi referida por vários oradores presentes na Conferência de Alto Nível como sendo “um compromisso claro com aqueles que não têm voz”.
Durante o primeiro evento realizado de forma presencial no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da UE, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, começou por dizer que o combate a este fenómeno tem de constituir uma das grandes prioridades da Europa. “Esta plataforma é um passo gigante. A falta de habitação digna e de acesso a serviços essenciais são dos maiores sinais de exclusão”, alerta a representante do Governo.
Em maio deste ano, Estados-membros, parceiros e sociedade civil reuniram-se na Cimeira Social do Porto para comprometerem-se com oportunidades iguais para todos. A ambição é tirar 50 milhões de pessoas da pobreza e exclusão social, até 2030. Ana Mendes Godinho acredita que esta luta só será ganha com a adoção de “estratégias integradas”, onde o objetivo maior passa por concretizar o que está estabelecido no princípio 19 do Pilar Europeu dos Direitos Sociais: garantir habitação e assistência para as pessoas em situação de sem-abrigo.
“No seguimento da Cimeira Social do Porto, onde as pessoas foram colocadas no centro do debate, o lançamento, hoje, da plataforma e a assinatura da Declaração de Lisboa são mais dois passos essenciais para a construção de uma Europa social mais forte, mais justa, mais solidária e mais inclusiva”, acrescenta.
A plataforma permitirá que os 27 Estados-membros passem dos princípios à ação. O objetivo passa por continuar o trabalho conjunto entre os países, incentivando o diálogo, a partilha de experiências, fortalecendo a cooperação entre todos e monitorizar o trabalho e resultados do que será feito em torno do combate à situação de sem-abrigo.
Mas para passar à ação, o que deve ser feito? A presidente da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais, Lucia Ďuriš Nicholsonová, vê na recolha de dados uma das mais-valias da plataforma. “Para resolver um problema temos de conhecer bem o problema, para que seja possível adotar políticas adequadas”, lembra.
A plataforma permitirá definir como é que os Estados-membros devem utilizar os fundos para combater a situação de sem-abrigo, permitindo investir na habitação social e em muitas outras infraestruturas que podem criar perspetivas para todos. Esta plataforma vai também ser essencial para as autoridades regionais e locais, bancos de investimento e instituições que trabalham no terreno.
A importância do trabalho desenvolvido pelas instituições locais foi enaltecida por vários oradores, lembrando que só com a cooperação destas entidades é que será possível atingir os objetivos traçados. Em Portugal, o trabalho desenvolvido pela Misericórdia de Lisboa junto da população em risco é diário. O Núcleo de Planeamento e Intervenção com Sem-Abrigo (NPISA), que existe em Lisboa desde 2015 e que conta com a coordenação da Rede Social de Lisboa – constituída pela Câmara Municipal de Lisboa, Santa Casa e Instituto da Segurança Social – é gerido pela Misericórdia, permitindo à instituição efetuar uma intervenção integrada que assegura o acompanhamento da população sem-abrigo da capital. Em entrevista recente à TSF, o provedor da Santa Casa realçou que, em Lisboa, a Misericórdia tem tido um papel ativo naquilo que são as respostas na cidade.
E esta nova ferramenta afigura-se como uma mais-valia para o trabalho desenvolvido pela Santa Casa, uma vez que pretende ser um veículo facilitador da cooperação entre os atores no terreno. A plataforma quer possibilitar às instituições a prestação de respostas mais céleres e adequadas às necessidades da população sem-abrigo. Assim, a Misericórdia de Lisboa poderá continuar a fazer jus às palavras do presidente do Parlamento Europeu, David Sasolli, na carta redigida no âmbito da nova plataforma: “Organizações que fazem com que solidariedade não seja uma palavra vazia são fundamentais”.
Lucia Ďuriš Nicholsonová deu o mote para o que viria a seguir: “Será que sabemos qual o sentimento de ser deixado para trás?”. A experiência de, por uma noite, ter dormido na rua – no âmbito de uma campanha de sensibilização para a questão de sem-abrigo, em 2019, na Eslováquia – permite-lhe dizer com segurança: “Vocês não sabem como o cimento pode ser tão duro até que consigamos dormir sobre ele. Essa foi, certamente, a noite mais longa da minha vida”.
Fátima Lopes entrevista ex-sem-abrigo
Alexandra Peralta, Daniel Carvalho, Elda Coimbra e Joaquim Borges sabem bem como as noites na rua podem ser cruéis. Alexandra mudou-se de Alenquer para Lisboa à procura de uma vida melhor. A filha ficou a cargo dos sogros. Chegou à capital com esperança num futuro, mas a vida não melhorou. O facto de não conseguir pagar as despesas atirou-a para a rua. Na altura pensou que dormir no chão frio seria algo provisório. Foram dois anos. Neste momento trabalha num equipamento da Santa Casa, onde “trata de pessoas que precisam de ajuda”. “É o que mais gosto de fazer, sem dúvida”, destaca. Tudo o que pede para o futuro é uma casa, “uma simples casa”, para viver com a filha. “Neste momento não consigo. É impossível pagar uma renda”, frisa.A história de Daniel é diferente. A falência da empresa da qual era dono deixou-o sem nada. O mundo deste empresário passou a resumir-se a “dois metros quadrados de chão”. Seguiram-se dias de revolta, de dor, de tristeza. Conseguiu sair daquela mágoa em que vivia, “graças a Deus” e à força de vontade que não sabe onde foi buscar.
Elda viveu quase dez anos na rua. Chegou a pensar que seria assim até morrer. A falta de emprego impossibilitou-a de pagar a renda da casa. Hoje, ajuda pessoas vulneráveis como ela já fora. “Trabalho numa associação onde ajudo pessoas que vivem na rua a não desistirem e a acreditarem. As instituições não podem deixar de acreditar nestas pessoas”, alerta.
A Joaquim a dependência de drogas tirou-lhe tudo: casa, emprego e família. Deixou a rua há cerca de 20 anos, mas tem bem presente o quão duro era dormir num sítio sem teto, ao frio, com fome. Na altura, o refeitório dos Anjos, da Misericórdia de Lisboa, foi dos poucos apoios que teve. Ali onde conseguia, diariamente, um prato de comida quente para aconchegar o estômago.
O impacto da pandemia nos mais vulneráveis acabou por ser um dos temas mais discutidos na conferência “Combater a situação de sem-abrigo – Uma prioridade da Europa Social”. Ana Mendes Godinho deixou claro que a crise provocada pela pandemia veio aumentar as fragilidades desta população em particular, com o número de pessoas a dormirem na rua a aumentar substancialmente.
“A Covid-19 veio mostrar como o acesso a uma habitação digna é essencial para a saúde e bem-estar. O atual contexto pandémico mostrou que temos capacidade de agir e de inovar, o que reforça a convicção de que podemos ir mais longe”, considera a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
O comissário europeu do Emprego e Direitos Sociais, Nicholas Schmit, recorda que a crise pandémica aumentou, “sem dúvida”, a pressão sobre esta franja da população. “Pedimos para que as pessoas ficassem em casa, mas as pessoas em situação de sem-abrigo não têm casa. Ficaram numa posição de ainda maior risco”.
Para Lucia Ďuriš Nicholsonová, manter medidas excecionais é fundamental. Não tem dúvidas que, devido à crise provocada pela Covid-19, o número de pessoas a viverem na rua aumentou. E, por isso, Lucia só vê uma solução capaz de resolver este flagelo: “Os Estados-membros têm de manter medidas excecionais pelo período necessário para ajudar as pessoas mais vulneráveis”.
Se quer poupar na conta da água ao fim do mês, fique a conhecer algumas dicas que podem ajudar a sua carteira, bem como o ambiente.
O livro “A minha terra é linda – Histórias dos Estudantes Sírios em Portugal” concentra em 140 páginas 30 histórias de estudantes sírios que, ao abrigo de bolsas de estudo, vieram estudar para universidades portuguesas. São narrativas contadas na primeira pessoa sobre como era viver lá, naquele país do Médio Oriente em conflito há mais de dez anos. Mas este livro lançado esta quinta-feira, na Casa do Regalo, em Lisboa, é muito mais que um objeto que dá voz a estudantes sírios que residem em Portugal. Quem o folhear poderá ver ilustrado o trabalho da Associação Plataforma Global para Estudantes Sírios (APGES) que, desde 2014, trabalha na coordenação do programa de bolsas de estudo de emergência, sobretudo na angariação de subsídios para que estudantes sírios possam continuar os seus estudos de licenciatura, mestrado e doutoramento.
A estas histórias junta-se um conjunto de fotografias que alguns estudantes quiseram partilhar. São imagens que mostram a luta constante pela sobrevivência num país em guerra. O presidente da APGES, Jorge Sampaio, vê neste livro um “modesto tributo aos estudantes e às suas famílias, à sua extraordinária resiliência”. Em cada frase deste livro está a afirmação da liberdade e da capacidade de seguir em frente no encalço dos sonhos que estes jovens pretendem realizar em solo português.
No prólogo da obra literária, Jorge Sampaio lembra que, “à partida, a ideia era contar a história desta iniciativa, muito para além dos relatórios que anualmente publicamos sobre as atividades desenvolvidas”. O casamento entre as palavras dos estudantes sírios e as vivências da equipa da APGES, que acompanha de perto as operações no terreno, resultou num surpreendente conjunto de crónicas, que vão desfilando ao sabor da evocação do trabalho árduo, consistente e determinado, realizado ao longo dos últimos anos.
Trabalho esse que tem contado com o apoio de várias instituições parceiras entre elas a Santa Casa. Edmundo Martinho, provedor da instituição, foi um dos presentes na apresentação do livro “A minha terra é linda – Histórias dos Estudantes Sírios em Portugal”, uma vez que a Misericórdia de Lisboa tem prestado um auxílio continuado à APGES. Em 2015, a Santa Casa assinou com a associação um memorando de entendimento para a atribuição de bolsas de estudo a estudantes sírios, no valor de cerca de 50 mil euros por ano, que permitiu a dez jovens oriundos da Síria seguirem os respetivos percursos académicos em Portugal.
Desde 2015 que o protocolo tem vindo a ser renovado. O apoio da Santa Casa e de outros parceiros permitiu que a plataforma, no ano letivo 2019/2020, apoiasse 171 estudantes com bolsas de estudo. Dos 15 estudantes apoiados pela Misericórdia de Lisboa neste período, nove frequentam mestrados ou mestrados integrados em áreas como engenharia informática, farmácia ou arquitetura; dois estudantes frequentam programas de licenciatura em gestão e multimédia; quatro frequentam programas doutorais de ciência política, arqueologia, arquitetura e urbanismo.
O auxílio a pessoas em situação de risco é parte do trabalho diário desenvolvido pela Misericórdia de Lisboa, com o apoio a indivíduos sem residência fixa ou em trânsito na cidade de Lisboa, e que se encontram em situação de risco social. A intervenção da equipa da Unidade de Emergência tem como objetivo principal cimentar a esperança no futuro, através da capacitação, aquisição e desenvolvimento de competências, com vista à reintegração social destas pessoas.
A 20 de junho assinala-se o Dia Mundial do Refugiado, data que celebra a força, a coragem e a determinação das pessoas que são forçadas a deixar as suas casas e os seus países devido a guerras, perseguições e violações de direitos humanos. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) alerta que os conflitos e perseguições obrigaram mais de 80 milhões de pessoas em todo o mundo a fugir de suas casas. O livro “A minha terra é linda – Histórias dos Estudantes Sírios em Portugal” quer ser uma arma para combater este flagelo e permitir a todos os jovens, sobretudo daqueles que, enfrentando situações de conflitos e desastres humanitários, carecem de proteção, o acesso à educação superior num ambiente de segurança.
Na segunda edição, a decorrer até ao final de junho, o festival chega aos centros de dia da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a escolas primárias, a uma casa de acolhimento e ao Hospital Júlio de Matos, voltando ao Santa Maria, ao Pulido Valente e à Casa Acreditar. Esta quarta-feira, 16 de junho, pelas 14h30, foi a vez dos utentes do Centro Social da Sé serem brindados com um festival para o peito, em plena rua Nova da Trindade.
Natalina Silva, 91 anos, utente do Centro Social da Sé, já estava à janela do número 15 da rua Nova da Trindade, perto do Chiado, dez minutos antes de começar o espetáculo. Estava ansiosa por ver algo diferente. Depois de tanto tempo em isolamento, os utentes dos centros de dia estão sedentos por atividades culturais e contacto com outras pessoas. Vibrou e sorriu com cada movimento da dupla do Circo Caótico. Encantou-se com a performance do casal que fez o espetáculo na rua. Uma vez que tem estado sem contacto com os restantes utentes do centro, por causa da pandemia, esta apresentação dá-lhe alegria e esperança.
“Foi poucochinho! Gostei muito, mas queria mais. Esta atuação fez-me lembrar a minha mocidade. Eu fazia aquilo que a rapariga fez”, recorda. “Eu gosto é de alegria, precisamos todos de alegria depois de tanto tempo isolados e de mais iniciativas desta natureza”, finalizou.
Por outro lado, Maria Luísa Mendonça, 74 anos, e há dez anos no Centro Social da Sé, também lamenta os tempos difíceis da pandemia e do isolamento que a obrigou a afastar-se dos seus amigos do centro. Por esta razão, Maria Mendonça considera que “estes espetáculos são importantes, fazem-nos bem, são terapia para o corpo e para a mente”, disse, acrescentando que é “necessário mais iniciativas deste género”.
Fernando Pinto, diretor da Unidade de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade (UDIP) Colinas, da Misericórdia de Lisboa, sublinha que “o festival PARApeito visa quebrar o isolamento e é um importante contributo para que reaprendamos a confiança na copresença, depois de tantos meses condicionados”, explicando “que as atividades resumem-se a pequenos solos artísticos (música, circo, teatro, histórias, malabarismo, dança), concebidos também para o espaço exterior (ruas, largos, pracetas) e para serem vistos da janela”.
“Sabe-se hoje que as medidas adotadas para controlar a pandemia contribuíram para que o número de pessoas com sintomas moderados e graves de ansiedade, depressão e stress pós-traumático aumentassem”, lembra o responsável da UDIP Colinas. “Temos de estar atentos ao estado emocional e psicológico dos utentes, em especial daqueles que já antes da pandemia se encontravam numa situação de maior vulnerabilidade psicossocial, como é o caso de muitas pessoas idosas que tinham como espaço de sociabilidade os centros de dia. O desafio é agora ajudar estas pessoas a retomar uma ‘normalidade’, criando condições para que percam o medo e ganhem novamente confiança. A arte pode dar aqui um contributo importante”, nota.
Fernando Pinto recorda que já decorreram dois pequenos solos artísticos no Centro Polivalente Social São Cristóvão e São Lourenço, o “Monstro Coletivo” e o “Coração nas Mãos”, destacando uma reação “muito positiva” dos utentes.
Para Susana Alves, diretora da associação Lugar Específico, o nome do festival tem duas interpretações: “a ideia de se levar Cultura a um lugar onde as pessoas estão protegidas atrás do seu parapeito”, mas também “levar algo para o peito” de quem assiste aos espetáculos.
“O Festival PARApeito é isso, a possibilidade de fazer um festival, cumprindo as regras e indo ao encontro das pessoas que estiveram mais fragilizadas e mais isoladas durante esta temporada. E, por outro lado, criar condições para os artistas poderem trabalhar”.
O “Festival PARApeito” é uma iniciativa da Lugar Específico, que conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa. Tem como objetivo combater o isolamento dos afetados pela pandemia e, em simultâneo, apoiar os artistas em situação de vulnerabilidade. No âmbito desta iniciativa decorrem pequenos solos artísticos concebidos para trazer algum conforto aos espectadores.
Nesta segunda edição foram propostos cinco coletivos de artistas com diferentes linguagens artísticas, tendo sido escolhidos pela Unidade de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade (UDIP) Colinas, como solos artísticos: o Monstro Coletivo, o Coração nas Mãos e o Circo Caótico. Os espetáculos aconteceram a 12 de maio e 9 de junho no Centro Social Polivalente de São Cristóvão e São Lourenço. Já no Centro Social da Sé decorreu esta quarta-feira o primeiro e o próximo está marcado para 25 de junho.
Permitir que a comunidade cigana do Bairro das Murtas, em Alvalade, crie expetativas e sonhos. É com esse intuito que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estabeleceu, esta quarta-feira, uma parceria com o Centro Social Paroquial do Campo Grande, a Junta de Freguesia de Alvalade, a GEBALIS e a Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas (AMUCIP). A proposta de parceria e intervenção que une estas cinco entidades prevê uma atuação orientada para a comunidade cigana do Bairro das Murtas, permitindo introduzir estratégias que melhorem o trabalho desenvolvido naquele bairro.
Após reunião entre as partes foi identificada a necessidade de inclusão de novos parceiros nas Murtas, que facilitem a criação de sinergias e dinâmicas. O trabalho junto da comunidade cigana do bairro ficará, em grande parte, a cargo da AMUCIP, que contará com o apoio de equipas da Santa Casa e da Junta de Freguesia de Alvalade.
“O nosso papel aqui é de liderança e de união. Temos de ter a liderança, mas garantir que as novas organizações têm capacidade para chegar ao território e que as pessoas estão de braços abertos para as receber. A AMUCIP ao vir para aqui possibilitará quebrar algumas barreiras existentes”, refere o administrador da Misericórdia de Lisboa, Sérgio Cintra.
A trabalhar nas Murtas há dezenas de anos, Misericórdia de Lisboa e autarquia de Alvalade sentem que é preciso “dar um salto” e ir mais além. É esse impulso que a AMUCIP pretende dar. Fundada em 2000 por um grupo de mulheres, a associação tem vindo a realizar, sobretudo no Seixal, um trabalho de formação e sensibilização para a desconstrução de estereótipos culturais relacionados com a comunidade cigana. Este contributo tem sido fundamental, por exemplo, ao nível da educação, com propostas socioeducativas orientadas para as mulheres ciganas, com impacto nas crianças.
“O objetivo é desenvolvermos um trabalho mais próximo da comunidade e que a própria comunidade possa ter um papel ativo e participativo no bairro. Queremos que estas pessoas possam ter uma visão mais alargada. A comunidade cigana precisa desta luz que proporcionamos, para que possam criar expetativas e sonhos. No fundo, iremos trabalhar a mentalidade das famílias e das crianças”, explica a presidente da AMUCIP, Sónia Matos.
Ao longo de 12 meses, através da realização de diversas atividades, a associação irá promover iniciativas naquele bairro, que estimulem uma maior coesão de grupo, com foco no ativismo e associativismo cigano. Este projeto foi estruturado com base em diagnósticos participados e realizados pelas entidades que intervêm no Bairro das Murtas, em conjunto com a população residente.
O Centro Social e Polivalente das Furnas, em São Domingos de Benfica, vai ganhar uma nova alma. Neste equipamento da Misericórdia de Lisboa vai nascer o Espaço ComVida, que promete ser uma mais-valia para idosos com demência. O projeto-piloto que resulta da sinergia entre a Santa Casa e a Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica afigura-se como uma oportunidade de reconfiguração e modernização nas respostas específicas na área do envelhecimento, nomeadamente nas pessoas com défice cognitivo moderado a grave.
As duas entidades pretendem dar uma resposta adequada e digna a pessoas com limitações cognitivas no território de São Domingos de Benfica, sendo que o projeto é extensível a cidadãos residentes noutras freguesias da capital. A proposta de projeto Espaço ComVida ficará na dependência da ação social da Misericórdia de Lisboa, com capacidade para 30 utentes. A requalificação do edifício arranca no imediato e está a cargo da autarquia local. O novo espaço será dotado de aspetos diferenciadores da grande maioria dos atuais centros de dia, ao nível arquitetónico e de design, permitindo assim otimizar a capacidade neurossensorial, mobilidade e segurança de pessoas com défice cognitivo.
A nova resposta da Santa Casa nasce da necessidade de repensar a cidade de Lisboa em diferentes eixos – que tem sido uma estratégia levada a cabo pelo programa Lisboa Cidade de Todas as Idades -, mas também para tentar colmatar uma lacuna no que concerne ao acompanhamento das pessoas mais velhas diagnosticadas com demência. O objetivo é que este espaço inovador, acolhedor e digno possa proporcionar uma atmosfera relaxante e reconfortante com inúmeros benefícios para o utente, onde o equilíbrio entre as relações interpessoais e a individualidade seja privilegiado.
A diretora do Espaço ComVida, Ana Nascimento, vê o dia de hoje como “um marco” na história do Centro Social e Polivalente das Furnas. A construção deste “espaço diferenciador para pessoas em estado de demência” tem o foco bem estipulado: “estimulação”. Para isso, o projeto contará com uma equipa interdisciplinar composta por psicólogo, animador, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta. “O objetivo é que os utentes não percam as capacidades cognitivas que ainda têm e que consigam manter uma certa qualidade de vida”, explica a diretora.
Para o administrador da Santa Casa, Sérgio Cintra, esta resposta piloto permitirá evidenciar se “o caminho que nós [Misericórdia de Lisboa] entendemos como adequado é possível de ser prosseguido ou se temos de corrigi-lo”. “Esta é a nossa oportunidade para dizer a todos os outros que não estão sós num problema que é novo. Se este projeto resultar como imaginamos, esta necessidade deverá depois ser reproduzida noutros equipamentos e instituições”, refere Sérgio Cintra, reforçando que “todos aqueles que trabalham no apoio domiciliário, nos centros de dia e nas estruturas residenciais para pessoas idosas são, muitas das vezes, os anjos da guarda dos utentes”.
Santa Casa e Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica não estão sozinhas neste percurso. São também parceiros desta iniciativa a Escola Superior de Saúde de Alcoitão (ESSA), que permitirá a integração e acolhimento de alunos estagiários da ESSA no Espaço ComVida; a Rede Emprega São Domingos, com uma parceria na área de formação para efeitos de realização de estágios profissionais na área de auxiliar de geriatria; a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (Instituto de Medicina Molecular – Grupo das Demências), que, paralelamente à avaliação individual a realizar com cada utente, avaliará o impacto na progressão das alterações do ponto de vista cognitivo, funcional e comportamental da pessoa com declínio cognitivo; o Jardim Zoológico, que será alvo de articulação para realização de atividades.