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Valor T: a plataforma da Santa Casa que está a transformar o mercado de trabalho

Em maio, enquanto João Antunes folheava o jornal Correio da Manhã, escrito a letras capitais estava a oportunidade de uma vida: a Misericórdia de Lisboa anunciava a criação da Valor T. Ao ler aquele artigo, o jovem natural de Lisboa percebeu que a Santa Casa tinha acabado de criar um canal de oportunidades para que pessoas com deficiência pudessem ingressar no mercado de trabalho. “Conheci a Valor T através de um artigo publicado num jornal. Após ter lido a notícia fui à procura do site da Valor T e fiz a inscrição na plataforma”, refere.

A Valor T nasceu em plena pandemia, com o desemprego a crescer e as distâncias a aumentarem. Trata-se de um projeto com uma abordagem que não se fixa na deficiência, mas antes na pessoa, no seu talento e determinação. Para João Antunes “a criação da Valor T foi uma lufada de ar fresco” para pessoas que, tal como ele, estão em “circunstâncias complicadas”. Para este engenheiro multimédia, de 36 anos, a distrofia muscular progressiva rara provocou-lhe limitações físicas, mas também poucas expetativas de emprego. A sua, já vasta, experiência profissional permite-lhe afirmar que há uma certa marginalização por parte das entidades empregadoras, que o próprio já sentiu na pele.

“O empregador pensa logo que não temos o perfil de uma pessoa normal. Cheguei a apresentar-me numa entrevista e a pessoa disse que me dizia qualquer coisa, mas nunca mais recebi feedback dessa empresa. Submeti o currículo e fui aceite. Quando fui chamado para a entrevista é que ocorreram alguns problemas. Na altura tive receio porque já sabia que existia esse preconceito no mercado de trabalho”, revela.

Mas a Valor T quer mudar o paradigma. Este projeto da Misericórdia de Lisboa pretende unir os seus parceiros e as empresas num desafio transformador da sociedade e do mercado de trabalho. O principal objetivo é que diferença não seja um problema no acesso a oportunidades. Foi a esse trabalho “muito exigente” que a diretora da Valor T, Vanda Nunes, e restante equipa, se dedicaram nos últimos sete meses.

Vanda Nunes, diretora da Valor T

O sucesso da agência de empregabilidade para pessoas com deficiência cresce, dia após dia, mas só é possível graças ao apoio da Rede Colaborativa T, que agrega várias áreas da Santa Casa. Desde logo a Direção de Sistemas e Tecnologias de Informação (DISTI), que traduziu a metodologia da Valor T em plataforma, e que permite a qualquer pessoa do país efetuar o registo no site. Foi devido ao trabalho desenvolvido por esta direção que o primeiro desafio foi superado: garantir a acessibilidade da plataforma. “Este não é um trabalho só nosso. É da DISTI, mas também dos colegas da área da ação social e da saúde que foram colaborando connosco na definição da metodologia”, explica Vanda Nunes.

Sete meses a potenciar talentos

A Valor T nasceu no passado dia 1 de maio, fruto de vários meses de trabalho interno de conceção do projeto. É um processo que resulta do contributo de parceiros como o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), Instituto Nacional para a Reabilitação (INR), federações, associações e empresas. Ao longo dos sete meses de atividade, a equipa da Valor T dedicou-se à análise pormenorizada de todos os registos feitos na plataforma. Como lembra Vanda Nunes, “cada pessoa é uma pessoa, cada caso é um caso”, o que implica um trabalho à medida de cada um. Foram dias a fio a conhecer os candidatos, contabilizando já cerca de 700 entrevistas realizadas.

Logo nos meses de maio e junho, centenas de candidatos bateram à porta do projeto. João Antunes é um dos cerca de 1000 candidatos de vários locais de Portugal que já efetuaram a sua inscrição na plataforma Valor T. Cumpriu todas as fases do processo de recrutamento: registo; fase de ativação (onde o candidato se descreve e revela as suas preferências); fase de avaliação (candidato recebe um contacto telefónico da Valor T para agendamento de uma entrevista); entrevista com psicólogo; perfil do candidato divulgado na plataforma; eventual match entre o candidato e uma empresa.

E o tão desejado match aconteceu. Em janeiro de 2022, graças à Valor T, João vai iniciar uma nova aventura profissional numa consultora tecnológica, a Bee Engineering. Para trás ficam quase 11 anos de serviço numa empresa portuguesa de conteúdos digitais, que fechou portas em outubro.

https://www.youtube.com/watch?v=vPAmgztIL20&list=PLh8iFb9B569hYyOGpbgX1Uq0azTBdb1a9&index=2&ab_channel=Miseric%C3%B3rdiaLisboa

Mercado de trabalho mais solidário

As empresas têm vindo a dizer “presente” à Valor T. Cerca de 120 entidades empregadoras de todo o país já efetuaram também o seu registo na plataforma. A equipa da Valor T está empenhada em ajudar as empresas a contribuírem para um mercado de trabalho mais solidário, no qual todos podem vir a ter a oportunidade de conseguir um trabalho digno.

“Estamos a tentar perceber em que fase é que as empresas estão. Precisamos de perceber quais são, ao que vêm, se já iniciaram este processo de contratação de pessoas com deficiência ou se nos procuram precisamente para começarem esse percurso. A diferença é imensa. Temos empresas que já têm experiência nesta área, mas outras que não, e, por isso, vêm até nós para iniciarem esse caminho”, realça Vanda Nunes, lembrando que, neste momento, a Valor T “está a trabalhar de forma próxima com as empresas, de modo a preparar o ano de 2022”.

Durante o mês de novembro, a Valor T apresentou a empresas mais de 20 perfis para diferentes áreas de trabalho. Agora, começaram a ser feitos os primeiros pedidos para entrevistar algumas das pessoas que lhes foram dadas a conhecer. É neste último ponto, de ligação entre candidato e empregador, que culmina o trabalho da Valor T. É quebrar barreiras no acesso ao mercado de trabalho, mobilizando as empresas para um país solidário, mais coeso e, por isso, melhor.

Lisboa, Gaia e Portimão recebem as melhores festas de Natal

O Wonderland, em Lisboa, e Um Sonho de Natal Jogos Santa Casa, em Portimão, foram inaugurados esta quarta-feira, 1 de dezembro. Já a Praça de Natal Jogos Santa Casa, em Gaia, será no próximo dia 8. Estas “aldeias” prometem, com as suas luzes, atrações e decorações natalícias, trazer um brilho especial ao Natal das famílias portuguesas.

Pelo sexto ano consecutivo, os Jogos Santa Casa estão no Wonderland Lisboa, uma parceria com a TVI e a Câmara Municipal de Lisboa. Já em Gaia, e pela quarta vez, a marca associou-se à Praça de Natal Jogos Santa Casa, em conjunto com a Global Media Group e a Câmara Municipal, enquanto em Portimão, a marca vai associar-se ao evento Um Sonho de Natal Jogos Santa Casa.

No Wonderland Lisboa, e a par das sempre requisitadas roda gigante e pista de gelo, figuram ainda os carrosséis e a casa do Pai Natal. Como já se tornou habitual, existe um mercado de Natal que promove os produtos portugueses mais típicos.

Já em Gaia, a casa do Pai Natal, a pista de gelo, os espetáculos de video mapping e todas as restantes atrações prometem deliciar os visitantes. Depois de um ano em que decorreu num formato diferente do habitual, a Praça de Natal volta ao Centro Cívico de Gaia, perto do edifício dos Paços do Concelho.

Rumando a sul, e contando pela primeira vez com apoio dos Jogos santa Casa, Portimão conta com uma variedade de espetáculos, mercadinho de Natal e pista de gelo, numa iniciativa que vai estar repleta de felicidade, alegria e solidariedade.

Estes três eventos, além de espalharem a magia do Natal, são também símbolo de sorte para muitos dos apostadores da Lotaria Nacional – que escolhem estas iniciativas para adquirir a sua fração da Lotaria do Natal, cuja tradicional extração decorre no próximo dia 27.

Provedor na Wonderland

Na inauguração da Wonderland Lisboa, Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, explicou os motivos pelo quais os Jogos Santa Casa continuam a patrocinar os mercados de Natal. “Este ano, o evento tem um significado duplo, por um lado, celebra-se a festa do Natal, a alegria e a partilha, por outro, celebramos a capacidade da renovação das cidades e da sociedade, depois de tempos difíceis.” Edmundo Martinho sublinhou, ainda, que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não podia deixar de se associar à festa da família e da solidariedade.

As emoções dos mercados de Natal vão continuar até janeiro, sempre de forma gratuita. Em Gaia, esta celebração familiar estende-se até dia 31 de dezembro, já em Lisboa o espírito natalício só termina no dia 2 de janeiro. Em Portimão, a animação termina a 6 de janeiro.

“Esta bata tem poderes”

Todos os dias, no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA), jogam-se partidas muito difíceis. São batalhas muitas vezes desiguais. Mas em cada desafio que os utentes enfrentam, há sempre um elemento extra pronto para ajudar. Tal como no futebol, aqui também há o “12º jogador”. No CMRA, esse papel é assumido por uma equipa multidisciplinar que, todos os dias, ajuda a promover a máxima funcionalidade dos utentes e a potenciar as capacidades de cada indivíduo para que possam voltar à vida normal, à escola e até aos estádios.

Para alguns dos 13 utentes em idade pediátrica internados neste equipamento da Santa Casa, todos os dias são marcados por pequenas conquistas. A força extraordinária necessária pode ser extraída de vários elementos e, não raras vezes, esse elemento capaz de fazer a diferença pode estar em pequenos nadas. Porque não substituir as aborrecidas batas verdes hospitalares por poderosas camisolas de jogadores de futebol, para que seja possível potenciar um espírito vencedor nas crianças internadas?

Durante o mês de novembro, a Santa Casa, em parceria com a Fundação do Futebol – Liga Portugal e a Fundação do Gil, promoveu o projeto “Esta Bata Tem Poderes”, onde converteu camisolas de jogadores das 34 Sociedades Desportivas da Liga Portugal BWIN e Liga Portugal SABSEG em poderosas batas hospitalares. Para a diretora do Serviço de Pediatria do CMRA, Isabel Batalha, esta iniciativa “é muito importantes para as crianças e jovens que estão a viver um período crítico nas suas vidas”, até porque muitos deles “têm como referência jogadores de futebol”.

O objetivo é que os jovens utentes encontrem nestas novas batas uma energia que lhes permita fazer frente ao maior rival da vida deles: a reabilitação. É vestir a camisola do Everton Cebolinha para fintar as adversidades; ser duro como o Luís Neto para aguentar os adversários; ter a visão de jogo do Silvestre Varela para gerir os problemas; ou ser o Ricardo Quaresma para quando tudo isto passar podermos olhar para trás e ver que foi um percurso de conquistas, que só está acessível aos melhores do mundo.

Luís Neto - Esta Bata Tem Poderes

O pontapé de saída desta iniciativa foi dado no CMRA, com o jogador do Sporting CP, Luís Neto, a proporcionar um momento de alegria, recheado de força e ânimo às crianças e jovens hospitalizados neste equipamento da Misericórdia de Lisboa. O internacional português mostrou-se muito feliz por fazer parte desta iniciativa e “por ter podido trazer alguma felicidade a estes jovens que enfrentam dias difíceis”. No regresso a casa, o futebolista parte com a certeza de que, no CMRA, os “utentes estão bem entregues”, mas também que o futebol, independentemente da cor futebolística, consegue fazer a diferença.

Neste tipo de missões não existem rivalidades futebolísticas. O projeto “Esta Bata Tem Poderes” foi abraçado por todos os clubes da primeira e segunda ligas, que estão unidos nesta missão solidária. De norte a sul do país, foram vários os jogadores que proporcionaram momentos felizes a várias crianças internadas: Everton (SL Benfica) visitou o Hospital de Santa Maria, Ricardo Quaresma (Vitória SC) e Silvestre Varela (FC Porto) viajaram até ao CMIN (Centro Materno ou Infantil no Porto). Ricardo Quaresma proporcionou um dia diferente a crianças que “estão frágeis e hospitalizadas”. Para o jogador do Vitória SC, o melhor deste projeto “foi ver um sorriso em cada uma das crianças”.

O surf como terapia

Promovido pela associação Surf for Good, o Wave by Wave começou, em 2016, como um projeto de verão, pela idealização de Ema Evangelista, psicóloga clínica e especialista na área da saúde mental. Dessa experiência nasceu a vontade de juntar os princípios de uma intervenção terapêutica em grupo, com o mar e a prática de surf.

Desde a sua ligação a este projeto, em 2018, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa já levou mais de 60 crianças e jovens, com idades entre os seis e os 18 anos, da direção de Infância, Juventude e Família, a experimentarem os benefícios do surf terapêutico.

Para António Santinha, diretor da Unidade de Apoio à Autonomização da instituição, o Wave by Wave permitiu “validar uma metodologia específica de terapia, utilizando o surf e o mar como meios privilegiados de interação com fins terapêuticos”, frisando que “o surf e a metodologia utilizada permitiram que muitas das crianças e jovens pudessem colocar à prova alguns dos seus limites e medos no confronto com o mar”.

O projeto que leva para a praia uma terapia baseada na consistência, continuidade, previsibilidade e intencionalidade, aliando uma atividade de risco ao contacto com a natureza, tem como objetivo promover a criação de vínculos positivos, valorização individual e promoção da autoestima e bem-estar.

Ao longo dos últimos três anos, e tendo como base a praia de Carcavelos, foram várias as ações em que a Misericórdia de Lisboa participou. “Para algumas crianças a prática do surf ficou e mantém-se na atividade até hoje”, realçou António Santinha, concluindo que “o impacto é essencialmente visível na capacidade de relacionamento interpessoal que estas apresentam, pelo sentimento de pertença a um grupo e pela sua associação a uma atividade desportiva de contacto com a natureza”.

Wave by wave

No mar somos todos iguais

No passado dia 11 de novembro, a imagem de marca do projeto Wave by Wave foi renovada e, nesse âmbito, foi lançada uma campanha com uma nova assinatura da marca: “De fato somos todos iguais”. Este vídeo tem como objetivo alavancar o papel da organização de forma a poder ser uma plataforma para a defesa dos direitos das crianças e jovens em risco, para a sensibilização para questões relacionadas com a saúde mental e benefícios do contacto com o mar, para a sustentabilidade ambiental, assim como para a promoção do acolhimento familiar em Portugal.

Na campanha publicitária integram alguns dos melhores surfistas nacionais como o Vasco Ribeiro, o Tiago Pires e a Francisca Veselko e ainda alguns jovens que foram beneficiários do projeto.

O projeto Wave by Wave está inserido no Programa Cidadãos Ativos, da Fundação Calouste Gulbenkian, e tem como coordenadores o antigo campeão nacional de surf, José Ferreira e a psicóloga clínica, Ema Shaw Evangelista.

Santa Casa subscreve “Pacto para a infância”

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, através do seu provedor, Edmundo Martinho, do diretor da Escola Superior de Saúde do Alcoitão, Jorge Torgal e do diretor de Infância e Juventude da instituição, Rui Godinho, subscreve o “Pacto para a infância”, promovido pelo ProChild CoLAB – Associação ProChild Against Poverty and Social Exclusion, um dos Laboratórios Colaborativos aprovado pelo Painel Internacional de Avaliação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, que visa desenvolver uma estratégia nacional no combate à pobreza e à exclusão social na infância.

O “Pacto para a infância” foi promovido no dia 20 de novembro, pela ocasião do 32º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança, aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas. Este reforça o compromisso articulado entre os vários setores (público e privado, académico e profissional) de contribuir de forma ativa para o bem-estar das crianças, através da implementação de políticas – baseadas em evidências científicas – que possam promover uma mudança social efetiva em Portugal.

Cientes dos efeitos negativos que a situação da pandemia da Covid-19 colocou à luz do dia, especialmente nas camadas mais jovens da população portuguesa, o pacto já subscrito por várias instituições, empresas e organismos estatais pretende ser uma “chamada de atenção” para garantir a promoção da inclusão social e da luta contra a pobreza infantil, para alargar a prevenção e proteção contra todas as formas de discriminação e de violência contra a criança e para a promoção ativa de uma cultura dos direitos da criança, a todos os níveis – local, regional e nacional.

De momento o ProChild CoLAB, do qual a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é um dos membros fundadores, encontra-se com uma petição pública, sob o lema “As crianças são uma prioridade nacional”.

 

“Nunca é tarde para pedir ajuda e recomeçar a vida”. Uma história feita de esperança

Esta quinta-feira, 25 de novembro, assinala-se o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. A data lembra que este é um problema que diz respeito a todos. Os números são assustadores: vinte e três mulheres foram assassinadas entre janeiro e 15 de novembro deste ano, 13 das quais no contexto de relações de intimidade, segundo os dados divulgados esta semana, no Porto, pelo Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA).

De um conto de fadas a um pesadelo

Mais do que números, esta reportagem conta a história de Esperança (nome fictício), natural de Marrocos. Há cerca de 11 anos apaixonou-se por um português e com ele veio para Portugal. Durante quase uma hora, num tom emotivo, explicou como um conto de fadas se tornou num pesadelo, e como se reergueu com o auxílio da Casa de Apoio Maria Lamas, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

“Eu gostava muito dele. Vivi uma história de amor. Os primeiros tempos foram ótimos, tratava-me bem. Era um sonho”, conta. Depois de alguns meses e aos poucos, começaram os problemas. No início eram coisas pequenas, às quais não deu importância: “dizia-me que a casa não estava limpa ou fazia observações em relação ao meu estado físico”.

As agressões físicas e verbais passaram a ser cada vez mais frequentes e com maior intensidade. À medida que o companheiro se tornava mais violento, Esperança começou a perder o brilho e a deixar de ter vontade própria. “Sentia que tinha casado para servir o meu marido. Sentia-me lixo. Aguentei porque gostava dele, pela minha família e pela minha cultura”, diz.

O seu caminho foi tortuoso, foram anos seguidos de maus-tratos psicológicos e físicos que deixaram marcas profundas. Cansada e sozinha, sofria em segredo. Não havia nome indigno que o seu companheiro não lhe chamasse, nem pedaço de corpo que não tivesse sido sovado. Um dia, em 2017, após de um episódio mais violento, Esperança tomou uma decisão: inspirou fundo, ganhou força, ligou para o 112 e começou uma vida nova. Depois de recebida por uma unidade de emergência, encontrou na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa um abrigo: a Casa de Apoio Maria Lamas.

Esta resposta, lançada em 2006 pela Misericórdia de Lisboa, tem como objetivo oferecer habitação protegida a mulheres (com ou sem filhos) que são vítimas de violência doméstica e que se encontram em perigo de vida.

O renascer

“Renasci na Casa Maria Lamas. Foi a melhor experiência da minha vida”, afirma, hoje, sorridente. Com razão e emoção, Esperança diz não ter palavras para descrever o trabalho e acompanhamento deste equipamento da Santa Casa.

Os primeiros tempos foram muito difíceis: “Eu só pensava que a minha vida tinha terminado. Eu fiquei sem personalidade, sem amor próprio, tinha medo de tudo”, recorda. Aos poucos, com a ajuda dos técnicos da Santa Casa, a marroquina reconstruiu a sua vida e ganhou autoestima. “Durante dois anos deram-me esperança, carinho, apoio psicológico, suporte social e formação profissional”, lembra. Ao fim de oito meses já estava a trabalhar, algo que a ajudou a encontrar outra motivação.

No entanto, Esperança deixa um alerta às mulheres que estão a passar por uma situação idêntica: “Nunca é tarde para pedir ajuda e recomeçar a vida. Não importa a idade, não importa o contexto. Não há nada mais importante do que a dignidade e a liberdade de cada uma de nós”, defende.

Esperança saiu da Casa Maria Lamas em 2019. Neste momento, trabalha e tem a sua casa. “Eu estava no fundo do poço e na Casa Maria Lamas recuperei a minha vida”, confessa. “Hoje, estou em paz, estou bem comigo e tenho muitos sonhos que quero realizar”, concluiu, emocionada.

Esperança - Casa Apoio Maria Lamas_2_a

Dar tempo e suporte. Reconstruir relações

Paula Passarinho, diretora da Casa de Apoio Maria Lamas, explica que “no geral, as famílias quando entram na nossa casa vêm assustadas, desconfiadas, confusas, sem saberem que casa é esta e angustiados pela sua casa de origem «ter ficado para trás». Ao mesmo tempo, ficam reconfortados por encontrar um espaço que lhes dá descanso, conforto, num momento tão difícil de crise familiar/psicológica”.

“A equipa está preparada e sensível para dar e devolver tempo a estas famílias”, considera. “Há muito para «arrumar» e é necessário tempo, colo e disponibilidade para poder fazer este caminho com as famílias. Permitir este tempo, ajuda a tranquilizar, refletir, organizar, planear e, acima de tudo, construir uma relação profissional de confiança, reparadora das inseguranças e medos que o passado lhe ensinou”, nota.

Paula Passarinho defende que a entrada numa casa abrigo “é um momento de viragem, de reinventar modos de viver, de estar e de pensar. Nas nossas mulheres, é um momento de reflexão, «pôr em causa», de revisão dos seus direitos legais, mas também afetivos. É uma oportunidade para viver em liberdade, para experimentar a autonomia, a decisão e o empoderamento, para sentir felicidade”.

Na opinião da responsável, a “força e o querer” de Esperança foram determinantes para que conseguisse abrir novas portas. Ao usar todas as ferramentas à sua disposição, a mulher que chegou sem autoestima transformou-se numa guerreira e num exemplo para todas as outras mulheres que recebem no equipamento da Santa Casa.

As mulheres agredidas não têm por hábito apresentar queixa à justiça. Receiam que as autoridades policiais não façam nada e que os companheiros descubram e as maltratem ainda mais. Os pedidos de ajuda podem ser feitos através das seguintes linhas de apoio: SMS 3060; 112; 800 202 148; Linha 144; ou junto da Polícia de Segurança Pública.

De referir que o Governo lançou esta semana uma nova campanha contra a violência doméstica. O objetivo da campanha #PortugalContraAViolência, que assinala este Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, 25 de novembro, e que tem como objetivos consolidar o sentido de responsabilidade coletiva, transmitir confiança a cada mulher, e à sociedade em geral, no combate a este crime, bem como promover as respostas e mecanismos de apoio às vítimas.

A Casa de Apoio Maria Lamas

A Casa de Apoio Maria Lamas (CAML) desde a sua abertura, em 2006, já acolheu cerca de 750 vítimas de violência doméstica entre mulheres e crianças. Neste momento, encontram-se no equipamento 13 utentes (sete mulheres vítimas de violência domésticas e seis crianças/jovens).

Esta resposta da Misericórdia de Lisboa, composta por uma equipa multidisciplinar, visa proporcionar acolhimento temporário e/ou de emergência a mulheres vítimas de violência doméstica, com ou sem filhos, que se encontrem numa situação de vitimização e de risco. Divide-se em dois apartamentos, geograficamente distantes que, em conjunto, podem receber sete famílias, com quartos e tamanhos ajustados ao número de elementos da família. O primeiro apartamento iniciou a sua atividade em junho de 2006. Já o segundo apartamento em junho de 2008.

É um serviço de carácter sigiloso e temporário e pretende ser um local acolhedor, seguro e confidencial que ofereça abrigo protegido e apoio nas áreas do serviço social, psicologia, educação social e jurídico às vítimas.

A permanência numa casa de abrigo tem um limite de seis meses, podendo ser prorrogada, por duas vezes, por mais seis meses, mediante a necessidade que a família apresente em manter-se nesta habitação protegida, ou porque a consolidação de uma autonomia financeira ou laboral ainda não permitiu a sua autonomização plena do agregado.

 

 

Inaugurada obra de requalificação da Misericórdia de Alcantarilha

A obra de requalificação e ampliação do edifício onde estão instalados o lar, o centro de dia e o SAD da Santa Casa da Misericórdia de Alcantarilha, foi inaugurada esta sexta-feira, 19 de novembro.

O projeto permitiu aumentar a capacidade das três respostas sociais da misericórdia algarvia, criando 10 novas vagas na ERPI, 19 no SAD e 10 no centro de dia. O espaço foi igualmente adequado de acordo com a lei em vigor.

A intervenção, no valor total de 1,6 milhões de euros, contou com o apoio máximo do FRDL: 300 mil euros. Esta compreendeu, ainda, a construção de uma nova área com 678 m2, onde foi instalada uma nova cozinha. A remodelação total do espaço, com uma área total de 1024 m2, permitiu a minimização das barreiras arquitetónicas, através do reperfilamento da rampa de acesso, da adaptação das casas de banho para pessoas em situação de dependência e com mobilidade condicionada, da requalificação dos quartos existentes e da substituição dos vãos das janelas por outros com uma maior eficiência térmica.

Na inauguração do espaço, o provedor da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, frisou que a obra resultou de um “projeto conjunto com a União das Misericórdias” e lembrou que o Fundo Rainha Dona Leonor “pode ser o crescimento e a construção de novas e inovadoras respostas em benefício dos cidadãos”.

Esta “nova” infraestrutura vem reforçar os equipamentos sociais de apoio à terceira idade de instituições sem fins lucrativos, no concelho de Silves. Localidade onde se verificam índices de envelhecimento e de dependência superiores aos da realidade nacional e regional.

Igualmente presente nesta inauguração esteve a ministra do Trabalho e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, que classificou esta como “uma obra concreta do que é o serviço à comunidade através da mobilização de esforços de todos”. A representante do governo aproveitou, ainda, o momento para manifestar um “profundo agradecimento a todos os que têm estado na linha da frente ao serviço dos outros”, destacando a “grande capacidade que o setor social tem de se reinventar permanentemente, de não parar e nunca baixar os braços nos momentos mais difíceis”.

Na cerimónia estiveram ainda presentes o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas; o presidente da Comissão Administrativa da Santa Casa de Alcantarilha, João Palma; a vice-presidente da Câmara Municipal de Silves; Luísa Luís, a diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, Margarida Flores, e a representante da União das Misericórdias Portuguesas, Patrícia Seromenho.

Desde a sua criação, o Fundo Rainha Dona Leonor apoiou 115 projetos na área social e 28 na área do património cultural. No âmbito dos projetos de caráter social, as iniciativas relacionadas com apoio à terceira idade são as mais comuns, onde 46 projetos aprovados representam 40 por cento do total. Seguem-se ações de apoio à juventude (17), demências (15), intergeracionalidade (14) e creches/infância (13). Respostas relacionadas com cuidados continuados de saúde (3) e apoio a pessoas com deficiência (7) foram igualmente contempladas.

Meia maratona. Recorde mundial batido em Lisboa

Após um ano de interregno, a organização da 30.ª edição da Meia Maratona de Lisboa sabia que era possível entrar para a história com novos recordes mundiais. E foi o que aconteceu. Jacob Kiplomo, ugandês de 21 anos, concluiu os 21.1 quilómetros em 57,31 minutos. Também no feminino fez-se história, uma vez que a vencedora, a etíope Tsehay Gemechu Beyan (com a marca de 1:06:06), superou o anterior recorde do percurso, de 2019.

Os Jogos Santa Casa contabilizam mais de dez anos a apoiar um dos maiores eventos desportivos em Portugal. A prova que faz a habitual travessia da Ponte 25 de Abril, reúne atletas profissionais e amadores, mas também apaixonados pelo exercício físico, numa competição saudável onde o espírito de desportivismo e superação se aliam ao convívio e à boa disposição. Valores plenamente alinhados com os promovidos pela marca Jogos Santa Casa, que tem centrado a sua estratégia de patrocínios no apoio ao desporto.

Promovida pelo Maratona Clube de Portugal, a Meia Maratona de Lisboa é um dos maiores eventos de atletismo em Portugal. A edição de 2021 reuniu cerca de 15.000 participantes, incluindo atletas internacionais.

Um novo espaço para reforçar a vivência comunitária

Foi inaugurado esta quinta-feira, 18 de novembro, o Espaço Comunitário da Quinta do Loureiro, na Avenida de Ceuta, cujo principal objetivo passa por criar um modelo de participação ativa e colaborativa de vários grupos sociais e organizações de proximidade, tornando-os participantes e agentes responsáveis nas dinâmicas e atividades do bairro, que promovem o crescimento comunitário.

Ideia defendida por Ana Pato, diretora da Unidade de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade (UDIP) Descobertas, da Misericórdia de Lisboa, que reforça que o espaço agora inaugurado vai “ajudar a criar sinergias e trabalho em rede, na intervenção comunitária em todo o território do Vale de Alcântara, proporcionando um lugar aberto a todos e para todos”.

“Pretende-se que o espaço seja utilizado pela equipa no desenvolvimento de atividades e na replicação de boas práticas, como o Balcão Único ativo no CLDS do Vale de Chelas”, defendeu a responsável. O Espaço Comunitário da Quinta do Loureiro “permitirá o contacto e acompanhamento mais próximo da população residente, no acesso a esclarecimentos e encaminhamentos para os diversos serviços, seja na procura ativa de emprego ou na promoção de atividades direcionadas para os jovens”, acrescentou ainda.

Inauguração

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa enquanto parceira da Fundação Aga Khan – nomeadamente em projetos de desenvolvimento comunitário e de educação de infância que contribuem para promover a qualidade de vida da população da cidade de Lisboa – vai alocar, neste novo equipamento, um técnico especializado em serviço social para integrar a equipa multidisciplinar que irá trabalhar diariamente com esta população.

Na inauguração estiveram presentes vários convidados e entidades parceiras do projeto. Logo após o ato oficial a população foi convidada a conhecer as novas instalações e a participar num lanche-convívio, que contou também com alguns momentos de animação.

Coordenador da ESSAlcoitão eleito primeiro bastonário da Ordem dos Fisioterapeutas

António Lopes, fisioterapeuta, psicólogo e professor-coordenador na Escola Superior de Saúde do Alcoitão (ESSAlcoitão) foi eleito pelos fisioterapeutas para primeiro bastonário desta ordem profissional. Nesta que foi a primeira vez que a Ordem dos Fisioterapeutas foi a votos, depois da sua criação em setembro de 2019, António Lopes obteve 64,21% contra 31,54% de Emanuel Vital.

Na eleição que aconteceu via voto eletrónico participaram 2819 fisioterapeutas dos quase cinco mil inscritos na Ordem. Estima-se que em Portugal existam cerca de 15 mil profissionais, o que faz com que esta seja a terceira maior profissão na área da saúde, segundo a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas.

António Lopes, formado na ESSAlcoitão, “sente-se preparado e motivado para assumir este novo desafio, de garantir quer o desenvolvimento e afirmação da profissão, no contexto das profissões de saúde e das equipas onde se insere, quer a defesa dos cidadãos, em particular no que respeita à qualidade dos cuidados de saúde prestados.”

Em setembro deste ano, a ESSAlcoitão deu os primeiros passos no sentido de aliar inovação e serviço público com a criação da app ReageCovid, uma ferramenta que pretende promover a autogestão a curto e longo prazo no contexto Covid-19.

António Lopes ESSA

Perfil:

António Manuel Fernandes Lopes nasceu em 22 de agosto de 1954, em Vila Nova de São Bento, Serpa. É licenciado em Psicologia Educacional, Mestre em Ciências da Educação (Área de Pedagogia na Saúde). Fisioterapeuta  com o título de Especialista em Fisioterapia pelos Institutos Politécnicos de Lisboa, Porto e Coimbra. Desempenha as funções de professor-coordenador, na Escola Superior de Saúde do Alcoitão.

Atualmente é presidente do Conselho Pedagógico e Presidente da Comissão Permanente de Avaliação e Qualidade, e membro do Conselho Técnico Científico. Colabora, desde 2011, com a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), na qualidade de presidente de Comissões de Avaliação Externa, na área CNAEF de Terapia e Reabilitação.

Desde 1980 que participa em processos de desenvolvimento curricular do curso de Fisioterapia, no plano nacional e internacional. Colaborou no desenvolvimento curricular de outros cursos na área da saúde, tendo sido, em 2004, nomeado membro do grupo coordenador para a implementação do processo de Bolonha a nível nacional.

No plano internacional, foi vice-presidente do Comité Permanente de Ligação dos Fisioterapeutas da CEE (SLCP) entre 1991 e 1998, e foi presidente da Região Europeia da Confederação Mundial de Fisioterapia (ER-WCPT) entre 1998 e 2010. Em 2011, foi distinguido pela “International Service Award” da WCPT, galardão que premeia o reconhecimento da liderança e serviços prestados à organização, e à fisioterapia, no plano mundial. Foi vice-presidente da Comissão Pró-Ordem da APFisio, e vogal da Comissão Instaladora da Ordem do Fisioterapeutas.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Locais únicos e diferenciados de épocas e tipologias muito variadas

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

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