logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

Espaço ComVida promove sessões de partilha para cuidadores informais

Realizou-se no passado dia 8 de julho o primeiro encontro das sessões de partilha para cuidadores informais, promovidas pelo Espaço ComVida, da Santa Casa, e o Instituto São João de Deus. Trata-se de um ciclo formativo de sete sessões que tem como objetivo apoiar os cuidadores informais na prestação de cuidados aos seus familiares com demência e ensiná-los a gerir o seu próprio bem-estar, sendo conduzido por técnicos especializados de ambas as instituições. Estamos a falar de sessões gratuitas, que visam fornecer suporte prático e emocional aos cuidadores e reduzir a iliteracia na área da demência, através da partilha de experiências e dúvidas entre pares. Ou seja, espera-se que os cuidadores possam ouvir, aprender e aconselhar-se uns aos outros.

Foi por reconhecer que existem fragilidades no apoio e acompanhamento das pessoas com demência e seus cuidadores na comunidade, que o Espaço ComVida do Centro Social Polivalente do Bairro das Furnas convidou o Instituto São João de Deus para formar uma parceria. “Juntos, delineámos um conjunto de ações para melhorar a qualidade de vida desta população e entre elas destaca-se o ciclo de sessões de partilha para cuidadores formais e informais, que visa fortalecer a segurança e a competência dos cuidadores, permitindo-lhes prestar melhores cuidados aos seus familiares”, explicou Ana Nascimento, diretora daquela unidade da Santa Casa. “Portugal está entre os quatro países da OCDE com maior prevalência de demência, o que sublinha a necessidade crescente de respostas específicas para apoiar tanto as pessoas com demência, como os seus cuidadores. Capacitar as equipas de cuidados como agentes de mudança é essencial para enfrentar este desafio crescente”, reforçou.

Estas sessões de partilha para cuidadores informais continuam até março do próximo ano e Ana Nascimento não tem dúvidas quanto à sua pertinência: “Esta iniciativa representa um passo importante na valorização e capacitação dos cuidadores, essenciais para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com demência em Portugal”.

O Espaço ComVida é um projeto-piloto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) direcionado a pessoas com demência, que tem como foco manter as suas competências cognitivas e promover a sua autonomia através de atividades que promovam a sua interação social e o contacto contínuo com a comunidade. Ana Nascimento salientou que “a prestação de cuidados especializados é a base deste projeto, que utiliza uma abordagem centrada na pessoa com demência, reconhecendo e envolvendo todas as áreas de vida dos indivíduos, empregando metodologias não farmacológicas para garantir flexibilidade e fazendo ajustamentos às necessidades e preferências de cada pessoa e cuidador/família”.

Projeto KORALE: Parceiros do ‘Lisboa Cidade Com Vida para Todas as Idades’ reunidos

Os parceiros do Programa Lisboa Cidade Com Vida para Todas as Idades reuniram-se no passado dia 4 de julho com o objetivo de iniciarem as dinâmicas KORALE para identificação de boas práticas no concelho de Lisboa, que visem quebrar o ciclo do isolamento social e da solidão não desejada.

Este processo de identificação passará por desenvolver um conjunto de dinâmicas que vão envolver os stakeholders e convidar projetos que estão a acontecer em Lisboa e que tenham na sua essência a ativação, envolvimento e participação dos cidadãos da cidade em situação de vulnerabilidade e isolamento.

Este é o primeiro desafio do projeto KORALE que levará à identificação de 24 boas práticas europeias, sob as quais serão depurados os fatores de sucesso que permitirão desenvolver novos projetos ou melhorar aqueles já existentes, enformando também o desenho de políticas públicas nesta área de promoção da coesão social.

Assim, se tem em mãos um projeto/programa que visa o combate à solidão e ao isolamento social, esteja atento, pois certamente estará no RADAR para que possa vir a ser convidado para apresentar o que está a fazer. As duas melhores boas práticas – submetidas a um júri KORALE – serão convidadas a participar no próximo encontro da equipa KORALE, que irá decorrer em Viena, na Áustria.

A iniciativa KORALE visa abordar a solidão indesejada entre as populações jovens e idosas em toda a Europa. Um dos principais objetivos é promover a dinâmica colaborativa entre stakeholders na abordagem a esta problemática nas seis cidades/regiões envolvidas: San Sebastian (Espanha), Viena (Áustria), Fingal (Irlanda), Aalst (Bélgica), Central Denmark Region (Dinamarca) e Lisboa (Portugal).

Saiba mais no site do projeto KORALE.

RADAR apresentado no 1.º encontro do projeto KORALE em San Sebastián

O evento inaugural do projeto KORALE, que arrancou na terça-feira e terminou hoje em Donostia-San Sebastián, no País Basco (Espanha), deu início a uma jornada transformadora pelas cidades participantes, dedicada a abordar a solidão e o isolamento social, bem como identificar boas práticas que permitam melhorar as políticas públicas nestas áreas.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa esteve representada por Mário Rui André, coordenador do ‘Programa Lisboa, Cidade COM VIDA Para Todas as Idades’, e apresentou o Projeto RADAR enquanto Instrumento Cidade Colaborativo na identificação de pessoas em situação de isolamento e solidão não desejada, através do envolvimento das comunidades locais, dos Radares Comunitários e de uma cidadania ativa e participativa.

Este primeiro encontro do projeto KORALE foi, também, uma oportunidade de conhecer experiências inovadoras desenvolvidas pelos stakeholders das outras cidades participantes.

Recorde-se que este evento foi o primeiro de vários que se seguirão, no sentido de contribuir para a construção de comunidades mais conectadas e resilientes com os parceiros do projeto: Social City Wien, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa/Câmara Municipal de Lisboa, Conselho do Condado de Fingal, DEFACTUM/Central Denmark EU Office & Stad Aalst.

Mário Rui André no primeiro evento do projeto KORALE

Santa Casa associa-se ao projeto europeu KORALE para combater o isolamento social

O KORALE é um projeto colaborativo europeu lançado este ano com o objetivo de promover políticas públicas de combate e prevenção da solidão e do isolamento social em seis territórios da Europa.

Liderado pela Fundação Adinberri, o projeto foi pensado a quatro anos e aposta no lema “Por uma comunidade de práticas e conhecimentos de prevenção e combate à solidão através das políticas públicas”. O foco está em enfrentar as situações de solidão e isolamento social de jovens e idosos na Europa através da partilha de boas práticas e abordagens multidisciplinares.

Além da Adinberri Foundation, do País Basco (Espanha), o consórcio integra entidades como a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa (Portugal), Social City Vienna (Áustria) e DEFACTUM (Dinamarca), bem como os municípios de Fingal (Irlanda)e Aalst (Bélgica). Juntos, estes seis territórios vão trabalhar para trazer este tema para a ordem do dia, através de uma abordagem transversal aos vários patamares políticos, dos municipais aos regionais, com estratégias que combatam o isolamento e promovam a coesão social.

O primeiro evento vai decorrer de 19 a 21 de junho em Donostia – San Sebastián e marca o arranque de uma jornada transformadora do projeto KORALE, que assenta em três objetivos-chave:

  • Identificar e partilhar boas práticas: prevenir e combater a solidão, seja ao nível individual, familiar ou na comunidade, com atuações a curto-prazo.
  • Aprender com estratégias interventivas bem-sucedidas: implementar essas estratégias na vida das pessoas desde cedo, no sentido de reduzir, mais tarde, a incidência da solidão, com foco numa abordagem a longo prazo.
  • Identificar fatores-chave de transformação: lançar boas práticas para atingir políticas de maior impacto e integrá-las noutros setores como a saúde, a educação e a habitação.

Após três anos de trabalho, nos quais o projeto vai contar com seis eventos de partilha de conhecimentos, visitas de estudo, workshops e seminários, será publicado um conjunto de estratégias e boas práticas que serão valiosas para as entidades que operam nesta área por toda a Europa. As reuniões de trabalho vão passar pelos seis territórios, sendo que a primeira será no País Basco, seguindo-se Áustria, Portugal, Irlanda, Bélgica e Dinamarca.

O KORALE é um projeto Interreg Europe, co-financiado pela União Europeia.

o papel da santa casa

A solidão e o isolamento social têm sido temas estruturantes na atuação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa nos últimos anos e várias têm sido as iniciativas de atuação nesta área. Um dos exemplos de destaque é o ‘Programa Lisboa, Cidade COM VIDA Para Todas as Idades’, um plano estratégico e integrado para a cidade, que nasceu da vontade de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar da população 65+ e de transformar a cidade num espaço de vida ativa, autónoma e de participação plena.

Com base numa governação Integrada e de compromisso dos vários parceiros envolvidos, além da Santa Casa – Câmara Municipal de Lisboa, Instituto de Segurança Social, Administração Regional de Saúde Lisboa e Vale do Tejo, Polícia de Segurança Pública e a Nova Medical School da Faculdade de Ciência Médicas da Universidade Nova de Lisboa – e da própria comunidade, este programa está estruturado em três eixos de atuação: Planeamento, Monitorização e Avaliação; Intervenção, Formação e Experimentação; e Participação, Atendimento e Comunicação. Estes eixos agregam várias medidas com vista à promoção da autonomia e à prestação de cuidados qualificados à população 65+.

O objetivo passa por garantir espaços de cidadania, autonomia e autodeterminação, investindo em respostas e projetos adequados às diferentes necessidades e expetativas da população 65+ residente na cidade de Lisboa. Esta estratégia vem reforçar a participação social e comunitária, as redes de solidariedade e de parceria, a promoção de apoios sociais personalizados, integrados e flexíveis, contribuindo para a visão de uma cidade mais justa, coesa e inclusiva para todas as idades.

Saiba mais sobre o projeto KORALE no site oficial.

Logo do projeto KORALE

Unidas pela fotografia: uma história de voluntariado ao domicílio na Santa Casa

Passam poucos minutos das 14 horas quando Ana toca à campainha. Afasta-se da porta e olha para cima, lá para o alto do quinto e último andar do velho prédio. Sabe que quem a aguarda gosta de confirmar pela janela quem lá vem. A porta é finalmente destrancada e Ana empenha-se na difícil missão de subir cinco andares de escadas, mas por uma boa causa: é voluntária da Santa Casa e prepara-se para mais um dia a fazer companhia a Adriana.

Esta última, já com 82 anos, abre a porta do pequeno apartamento e recebe Ana nos braços, com um sorriso que diz tudo: “Gosto muito da companhia da Ana! E não o digo por ela estar aqui ao lado, faz de conta que não está cá”.

Embora já tenha feito outros trabalhos de voluntariado, Ana, estudante já no final do curso de medicina, está na sua primeira experiência de voluntariado ao domicílio. Por sua vez, Adriana também acolhe um voluntário no seu lar pela primeira vez. Conhecem-se desde janeiro e a empatia foi imediata.

“É uma senhora muito animada, gosta muito de falar e acolheu-me bem. Eu vinha um pouco de pé atrás, porque estou a entrar no espaço dela. Até setembro, a Adriana tinha atividades no exterior, mas depois teve problemas de saúde e ficou mais por casa”, refere Ana.

A voluntária é, de resto, a única alternativa para que Adriana ainda saia de casa. Juntas, enfrentam os cinco andares de escadas e há pouco tempo foram passear até ao Jardim da Estrela, zona onde Adriana morou.

A idade faz-se sentir mas, apesar destes passeios serem cada vez mais raros, Adriana descobriu uma nova forma de ‘viajar’ através… da própria Ana, como explica a voluntária: “Ultimamente tenho feito algumas viagens e ela gosta muito de saber mais sobre isso. Faz-me perguntas e vou-lhe mostrando fotografias”.

A fotografia é, de resto, uma paixão comum às duas e esse foi um dado tido em conta no processo de recrutamento, no qual Ana indicou ser essa uma das suas áreas de interesse. Ora, Adriana trabalhou quase metade da sua vida em fotografia. Foi só juntar as peças.

“Gostava muito de poder viajar, coisa que não consegui fazer porque tinha de trabalhar para criar três filhos. Trabalhei em fotografia durante 35 anos e havia pouca gente que fizesse o trabalho que eu fazia. Não só retocava as chapas, como fazia o trabalho em papel”, recorda.

Por seu lado, Ana não esconde o fascínio por tudo o que aprende nas conversas com a sua amiga mais velha: “A dona Adriana fala-me do processo da fotografia de antigamente, de coisas que eu só vejo em filmes e que agora conheço melhor”.

Processo rápido e experiência enriquecedora

Ana está com Adriana uma hora por semana, no resultado de uma inscrição à qual os serviços da Santa Casa rapidamente deram resposta. Desde então, as duas têm desfrutado ao máximo da companhia uma da outra.

“Enviei um email à Santa Casa e responderam-me logo. Entrevistaram-me na semana seguinte, houve aquelas sessões de formação e foi um processo muito rápido. O voluntariado ‘enriquece’ a pessoa que o recebe, mas também o voluntário. Eu passo muito do meu tempo a estudar e estar aqui com a dona Adriana é um momento em que estou só aqui, sem pensar noutras coisas. É muito bom e abriu-me horizontes”, explica a voluntária.

E nem mesmo o facto de estar num curso exigente a afastou deste projeto: “Uma hora por semana é um compromisso que fiz comigo e com a senhora Adriana. Ninguém está o dia todo a estudar. Quando passo uma hora a ver um filme ou a ouvir um podcast, se calhar não tiro grande coisa daquilo, mas quando estou uma hora com a senhora Adriana aqui em casa, aprendo coisas, converso e acabo por sair mais relaxada. É uma experiência enriquecedora. É essa a mensagem que quero passar”.

A Santa Casa promove o voluntariado em diversas áreas, sempre com o mesmo objetivo: melhorar o bem-estar e a qualidade de vida de quem mais precisa. Se quiser fazer como a Ana e disponibilizar o seu tempo para ser voluntário na Misericórdia de Lisboa, pode saber mais e inscrever-se aqui.

Play Video about Voluntária Ana posa ao lado da utente Adriana

Alegria sem limites no Centro de Reabilitação e Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian

Foi na manhã da passada segunda-feira que o Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian transformou-se num verdadeiro palco de alegria e inclusão, para a XIII edição dos jogos adaptados. O evento, que aproveitou a celebração do Dia da Criança, reuniu quase uma centena de pessoas, que proporcionou momentos de pura felicidade e fez esquecer, ainda que por breves instantes, as limitações que cada um enfrenta.

Jacinta Figueiredo, terapeuta da instituição, explica como surgiu a ideia deste acontecimento, sem o qual já ninguém passa: “Ao longo dos anos, tornou-se evidente a necessidade de criar um ambiente onde estas crianças e as suas famílias se sentissem parte de um todo, um lugar onde pudessem ser elas mesmas sem o olhar julgador do mundo exterior. Aqui, no centro, elas encontram um refúgio onde todos são iguais e onde cada sorriso e cada conquista são celebrados como um triunfo coletivo”.

As atividades deste dia “são cuidadosamente planeadas para incluir todos, independentemente das suas limitações. Temos a piscina, as pinturas faciais, a experimentação de gelados – tendo em conta que há algumas crianças que têm seletividade alimentar e este espaço permite que experimentem sabores diferentes -, um insuflável e o splash – um improviso imaginado por nós para que as crianças consigam sentir a sensação de deslizar na água. A música adaptada também está presente”, descreve Jacinta.

A complementar estas atividades, e em parceria com a GNR, estiveram duas terapias praticadas com animais: a cinoterapia e a hipoterapia. A primeira desenvolve-se com cães já em fim de carreira, mas perfeitamente aptos e treinados para interagir com as crianças, como nos detalha o primeiro sargento Pedro Figueiredo: “Esta interação ajuda-as a desenvolver habilidades motoras e de comunicação. Crianças com dificuldades de tato aprendem a pentear, a alimentar e a passear os cães, ou também a exercitar a fala de maneira natural e divertida, através do uso de comandos vocais, dando ordens, por exemplo”.

Já a hipoterapia consiste em passeios a cavalo por parte das crianças com dificuldades motoras. “Os cavalos têm um passo que é o que mais se assemelha à marcha humana. Por esse motivo, proporcionam um estímulo das competências motoras, cognitivas e sensoriais das crianças, proporcionando um complemento essencial à intervenção terapêutica”, explica o agente da GNR João Paço.

Essas atividades beneficiam não apenas as crianças, mas inspiram jovens estudantes que se voluntariam a proporcionar uma manhã diferente a todos os que se deslocam ao Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian. Ou um professor-cantor-compositor, também voluntário, que fez as delícias dos participantes nos jogos adaptados com a sua voz, simpatia e boa disposição.

O Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian acolhe crianças de várias nacionalidades e, desde abril, já atendeu mais de 600 utentes. A sua missão é clara: oferecer um espaço onde todos se sintam acolhidos, capazes e, acima de tudo, felizes. E neste dia especial, essa missão foi cumprida com excelência, deixando uma marca de amor e inclusão nos corações de todos os presentes. Uma inclusão que pode ser alcançada com gestos simples e atividades adaptadas, numa simplicidade que é uma lição valiosa para todos nós.

Este equipamento, gerido pela Santa Casa, dedica-se totalmente a pessoas com paralisia cerebral e a situações neuromotoras afins, sendo composto por duas respostas: de habilitação, reabilitação, desenvolvimento e prevenção do agravamento das situações clínicas, direcionados especialmente a crianças e jovens; e de reabilitação e inclusão de pessoas maiores de 18 anos, através do seu Centro de Atividades Ocupacionais.

Jogos Adaptados - Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian

Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos comemora 62 anos com Open Day

O Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos comemorou 62 anos nesta segunda-feira, abrindo as portas à sociedade civil para dar a conhecer o seu trabalho em prol das pessoas com deficiência visual.

Sob a liderança de Isabel Pargana, o centro tem sido um farol de esperança e transformação para muitos que ali passam. Para marcar esta ocasião especial foi organizado um dia de portas abertas, em que a comunidade pôde conhecer de perto o trabalho ímpar desta resposta da Santa Casa.

Logo na recepção, os visitantes foram recebidos na zona do ginásio, onde duas atividades estavam em pleno andamento, ambas focadas na ação motora adaptada, com um dos programas a envolver o uso de uma única cadeira, promovendo a mobilidade e o condicionamento físico.

O percurso pelo centro foi pensado não só para dar a conhecer a sua história –  uma rica história -, como também para proporcionar experiências diferentes. E todas as salas estavam ‘equipadas’ com um QR Code, para que se percebesse o que cada uma tinha para mostrar.

Depois do ginásio, seguia-se uma sala dedicada ao legado do edifício e do próprio centro, acompanhada de um vídeo explicativo sobre o programa de reabilitação para adultos.

A sala de braille proporcionava aos visitantes a oportunidade de experimentar este crucial sistema de leitura e escrita para pessoas cegas e a sala de informática destacava o jogo Uno, adaptado para ser jogado online. Já a sala de motricidade fina apresentava uma versão adaptada do tradicional jogo do galo, utilizando texturas diferentes para que as pessoas cegas também pudessem participar. Outra atividade educativa incluía a simulação da separação de caixas de medicamentos, essencial para a autonomia na gestão da saúde.

Um dos pontos altos do dia foi a “Aventura no Escuro”. Esta experiência imersiva simulava três ambientes distintos: um centro comercial, uma rua e um campo, todos completamente às escuras. Os participantes, vendados, navegavam por estes cenários, enfrentando obstáculos e ativando outros sentidos além da visão. Esta atividade oferecia uma perspetiva poderosa sobre os desafios diários enfrentados pelos utentes do centro.

Na copa, uma atividade gastronómica, também vendada, desafiava os visitantes a identificar alimentos sem o uso da visão, evocando sentimentos de desconforto e insegurança comuns para pessoas com deficiência visual. Já no andar superior, as demonstrações de competências sociais incluíam o reconhecimento de dinheiro, essencial para a independência financeira.

A sala de snoozle, com a sua atmosfera relaxante, era um oásis sensorial para crianças e adultos. Para as crianças, uma ferramenta de estimulação sensorial; para os adultos oferecia bem-estar e tranquilidade.

Atividades simples, como lavar os dentes ou combinar meias, eram apresentadas na sala de competências pessoais, destacando as habilidades diárias necessárias para a autonomia.

Na sala das crianças, um filme explicativo sobre o programa de estimulação sensorial na primeira infância captava a atenção dos visitantes, sublinhando a importância de maximizar o resíduo visual em crianças com baixa visão.

A jornada culminou na sala dos testemunhos, onde histórias inspiradoras foram contadas.

Foi o caso da tri-campeã mundial de surf Marta Paço, que abriu o ciclo com a partilha da sua experiência e do apoio recebido do centro. Do centro, e não só: da família, em especial da mãe (também presente), que nunca a impediram de levar avante os seus desejos, por mais ousados que fossem. Como o de vir estudar, sozinha, para Lisboa, ela que vivia numa aldeia em Viana do Castelo, e que nem imaginava como seria andar de metro ou de autocarro para se deslocar.

A celebração do 62.º aniversário do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos foi mais do que uma comemoração. Foi uma demonstração inspiradora do impacto profundo e duradouro que o centro tem na vida de tantas pessoas. Foi um dia para celebrar a inclusão, a dedicação e a transformação contínua que este centro proporciona à comunidade.

RADAR convidado do VII Congresso Internacional Sobre Envelhecimento

Numa iniciativa organizada e levada a cabo pela Associação Nacional de Gerontologia Social, em colaboração com a APOIARTE – Casa do Artista, a Universidade Rey Juan Carlos e a Associação Internacional de Universidades da Terceira Idade (AIUTA), o projeto RADAR foi convidado a participar neste encontro, com o objetivo de partilhar modelos de “boas práticas”.

O encontro, que decorreu entre os dias 13 e 17 de maio, teve como tema “Envelhecer com Arte ou a Arte de Envelhecer“, e a presença do RADAR esteve integrada no painel “Ética no Envelhecimento”, moderado pelo professor doutor Cristóvão Margarido. Durante esse painel, Hugo Gaspar, diretor de núcleo da Unidade de Missão da Santa Casa, fez uma apresentação intitulada “Projeto RADAR: Abordagens colaborativas ao isolamento social e solidão não desejada”, na qual este projeto foi explicado e mostrado numa abordagem socioecológica, incidindo em três níveis: na colaboração interorganizacional, na rede de radares comunitários e no envolvimento e participação dos cidadãos.

Para cada uma destas vertentes foram apresentados em detalhe todos os resultados obtidos e exemplificada a multiplicidade de atividades que o projeto desenvolve, destacando sempre os parceiros com que trabalha diariamente. Hugo Gaspar salientou, aliás, este facto: “o RADAR é apresentado desde a primeira hora como uma parceria colaborativa. Trabalhamos diariamente para que esta seja uma realidade. O Projeto Radar não é apenas da Santa Casa, mas de todos os parceiros que dele fazem parte. É, acima de tudo, da cidade de Lisboa”.

Três anos a caminhar de mãos dadas

O dia do terceiro aniversário do Centro Intergeracional Ferreira Borges (CIFB) começou bem cedo com a colaboração da Irmandade de S. Roque, que celebrou a eucaristia com adoração a Maria perante dezenas de utentes, familiares e pessoas da comunidade, que celebraram o momento com grande emoção.

O programa da tarde iniciou-se na sala do 1.º andar do Centro, onde os presentes assistiram a uma demonstração de “Danças Sociais”; aulas que habitualmente ocorrem às quintas-feiras no CIFB e que são dinamizadas pelo professor João, do Ginásio Club de Portugal.

Após a demonstração das danças, o Grupo Teatro Tom Maior, dinamizado e ensaiado pela atriz Maria Lalande, representou um poema de Jorge de Sena, “Qual é a Cor da Liberdade?”.

Depois das apresentações efetuadas pelos utentes, seguiu-se um desafio lançado a todos os presentes por Isabel Araújo, diretora do CIFB, que os convidou a darem o seu testemunho sobre a sua experiência, pessoal ou coletiva, do impacto que o Centro tem nas suas vidas e na comunidade. O tom de informalidade e a relação de proximidade entre os utentes e os parceiros presentes, são o reflexo do que diariamente se vive e constrói neste projeto comum de valorização de aprendizagens ao longo da vida. 

Simultaneamente, foi inaugurada a exposição “3 anos de memórias CIFB” , que apresenta uma coletânea de memórias através de fotografias, trabalhos manuais e exposições colaborativas, que destacam alguns dos momentos de uma caminhada que tem sido construída em conjunto com vários parceiros, como a Junta de Freguesia de Campo de Ourique (JFCO), a PSP, a Casa Fernando Pessoa, a Associação Cultural Embuscada, a 55 +, a Associação Cabelos Brancos, o Colégio dos Salesianos, a Ajuda de Mãe, a atriz Maria Lalande, o CampoVivo, entre muitos outros.

As festividades continuaram pelo bairro de Campo de Ourique numa atividade aberta a toda a comunidade, a “Caminhada Cultural por Campo de Ourique”, que contou com o apoio da JFCO, do projeto RADAR e da PSP. Esta iniciativa revelou-se um sucesso, a avaliar pelos sorrisos nos rostos dos 40 participantes.

A caminhada terminou de regresso ao CIFB, onde os esperava um pequeno “banquete” preparado por alguns utentes que habitualmente dinamizam o atelier de culinária do Centro, o “Cantinho dos Sabores”.

O Centro Intergeracional Ferreira Borges (CIFB) foi inaugurado a 14 de maio de 2021, contemplando a reinstalação da Residência Assistida Carlos da Maia e do Centro de Dia Santo Condestável.

Foram criadas as condições para implementar o que é preconizado pelo Modelo InterAge, considerando, também, as premissas contidas no Programa “Lisboa, Cidade de Todas as Idades”, nomeadamente no eixo estratégico da Vida Autónoma.

O objetivo, plenamente atingido, era oferecer uma resposta pioneira e diferenciadora, efetivando-se como uma alternativa abrangente e multifacetada aos vários segmentos da população do território.  

Da escuridão à luz: histórias inspiradoras

Quem passa na Travessa Lázaro Leitão, ali mais para os lados da zona oriental de Lisboa, e se depara com o palacete rosa, agora pálido de esbatido pelo tempo, não imagina os milagres que ali acontecem todos os dias e as vidas que se mudam naquele lugar. É assim desde 1962.

Isabel Pargana, diretora do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, descreve a génese do equipamento: “nasceu com o objetivo de assegurar a reabilitação de pessoas com cegueira ou baixa visão. Na altura, contou com o apoio de um crítico americano, que esteve durante 18 meses em Portugal, e que permitiu dar formação e organizar o funcionamento do centro”.

Atualmente, o CRNSA providencia duas grandes respostas: o programa de realização de adultos e o programa de estimulação sensorial na primeira infância. O primeiro abrange pessoas maiores de 16 anos, vindas de qualquer ponto do país, PALOP ou ilhas, e que, dependendo do sítio onde vivem, podem ser internos ou externos. O segundo concentra-se em crianças entre os 0 e os 6 anos que, por circunstâncias diversas, têm alguma limitação visual que decorre de outras comorbilidades, questões oncológicas, de síndrome ou neurológicas, mas que interferem com a capacidade visual e, de forma muito direta e muito impactante, no seu desenvolvimento global.

A superação

O tempo de reabilitação das pessoas que chegam ao Centro varia muito, pois depende do projeto de vida, das motivações e dos interesses de cada uma.

Isabel Pargana já assistiu a um pouco de tudo, mas relembra um dos casos que mais a marcaram nos últimos tempos: “uma senhora que foi admitida em setembro [de 2023]. No primeiro dia, entrou aqui com um chapéu que tapava a face até ao nariz e uns óculos escuros que não permitiam ver absolutamente nada. Assim que subiu a escadaria principal do edifício, sentou-se no banco da entrada e disse ‘eu vou desistir, eu não aguento’. O que sucedeu? Termina o seu programa de reabilitação agora no dia 30 de maio, vai começar uma formação profissional, iniciou um processo social de habitação e pediu o seu certificado de habilitações para fazer o RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências). Ou seja, tomou conta da sua vida e transformou-se do ponto de vista físico. Nunca mais a vimos usar o chapéu, deixou de usar os óculos e passou a cuidar da sua imagem de uma forma absolutamente espetacular, porque a autoestima e a autoconfiança que foi ganhando ao longo deste percurso permitiram-lhe renascer”.

Isabel Pargana

Quem nunca pensou em desistir foi Nuno Ribeiro, 49 anos, ex-utente. Já tinha um glaucoma, quando uma cirurgia de implante de uma válvula malsucedida o levou ao CRNSA. Chegou a 20 de setembro de 2021 (com 46 anos) e ficou até fevereiro do ano seguinte.

“Nunca! Desde que aqui entrei que vinha muito focado. E era para sair [reabilitado], demorasse o tempo que demorasse. Não queria que os meus familiares e amigos olhassem para mim como um coitadinho, mas como alguém que conseguiu dar a volta e que faz a sua vida normal. Nunca pensei em desistir. Nunca essa palavra me passou pela cabeça”. Nuno Ribeiro é taxativo. E acrescenta: “É engraçado que quando passamos pelas coisas, há uma força cá dentro que se revela maior do que pensávamos e achávamos que tínhamos”.

“O meu objetivo era ficar o mais autónomo possível para voltar a trabalhar, fazer a minha vida normal, para as pessoas da minha família não estarem preocupadas comigo. Eu não queria ficar em casa, queria ser útil à sociedade e fazer aquilo que gosto, manter a cabeça ocupada. Eu só não via… De resto, tenho uma boa cabeça, penso bem, gosto de fazer contas, gosto de fazer o que faço. Tenho dois bracinhos e não queria depender de ninguém”, relembra Nuno.

Durante uns meses, o CRNSA foi a sua primeira casa, porque só ia àquela que passou a ser a sua segunda casa ao fim de semana. Não tendo sido um choque, foi um processo de habituação custoso, sobretudo por estar longe da mulher Susana, de quem nunca tinha estado afastado tanto tempo.

“Só queria que chegasse o fim de semana para estarmos juntos. Mas eu tinha de estar aqui para fazer as coisas bem, para que a Susana pudesse voltar a fazer a sua vida sem preocupações comigo, para que eu pudesse voltar a fazer as coisas que fazia, como ajudar a arrumar a casa e ir para o trabalho. No fundo, as coisas habituais que um casal normal faz”.

Reportagem CRNSA

A reabilitação do Nuno foi um processo que correu muito bem. Tão bem que, quando deixou o Centro, voltou para o mesmo sítio onde trabalhava – um banco, na área financeira – e foi integrado na mesma equipa em que estava antes.

“A integração foi muito boa, [os meus colegas] acolheram-me bem e viram-me como um deles desde o princípio. Nunca fui visto como um coitadinho. Coitadinho? Não! Viram-me, sim, como uma pessoa útil e sempre disponível para ajudar os colegas como estava antes”.

Depois da fase de internamento no CRNSA, e na grande parte das reabilitações, a última parte do processo já decorre numa perspetiva mais externa, ou seja, é preciso conhecer os trajetos a percorrer para se chegar a casa, os transportes a apanhar, as armadilhas e os obstáculos escondidos que podem dificultar o quotidiano dos pacientes.

“Não me desliguei da recuperação abruptamente, não foi um cortar repentino, mas sim progressivo, até para nós não apanharmos um grande choque. Tive de fazer essa recuperação no meu dia a dia, para depois voltar a fazer a vida que faço atualmente. Hoje em dia apanho o comboio tranquilo, apanho o autocarro nas horas de ponta. Às vezes é complicado entrar nos transportes, as pessoas vão lá no seu mundo a olhar para o ‘dia de ontem’, para os telemóveis, dão encontrões ou tropeçam aqui na minha parceira de trabalho”, explica o ex-utente do CRNSA entre risos: “é que agora nunca vou sozinho, ando sempre aqui com a minha bengalita”.

Venha conhecer o trabalho ímpar do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos no seu open day, no dia 27 de maio, a partir das 10h00.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas