O encontro decorreu este sábado, 7 de janeiro, no Teatro Armando Cortez, em Lisboa. O programa contemplou uma peça de teatro e uma tertúlia. A edição deste ano levou a palco a peça de teatro “… se quando vi o rapaz, vi as estrelas”, pelo grupo de Teatro Terapêutico W+, da Misericórdia de Lisboa, com textos de Filipe Silva, encenação de Natália Luiza e Cláudia Semedo e com a participação especial de Afonso Lagarto.
Para Filipe Silva, psicoterapeuta da unidade W+ e organizador do projeto, esta é uma oportunidade “única para que as crianças, jovens e adultos do grupo ExperimentArte, possam aceder a índices progressivos de maturidade emocional, partindo de um contacto mais genuíno com a sua dor psíquica, através da terapia pela arte e possam encontrar formas mais evoluídas e sublimadas, para lidar com as fragilidades do seu mundo interno, o que se repercutirá naturalmente no seu bem-estar social”.
Compreender o sofrimento psíquico das pessoas com problemas de saúde mental é mais que urgente e é com isto em mente que o ExperimentArte pretende quebrar estigmas e barreiras, sensibilizando e envolvendo a sociedade civil, através da comunidade artística, para os problemas associados ao adoecer psíquico na infância.
“A representação é terapia, pois, as crianças que estão a passar por um mau momento vão, através de uma história ou de uma representação, conseguir encontrar soluções adequadas, numa linguagem que conseguem compreender, sem que tenham de aceder à consciência”, comenta o psicoterapeuta.
O encontro culminou com a realização de uma tertúlia, onde os “pequenos atores” estiveram à conversa com o público presente no teatro.
Paralelamente à peça teatral, e ainda inserido no ExperimentArte, foi inaugurada uma pequena exposição de banda desenhada, da autoria de Jesualdo Silva, 14 anos, jovem que é acompanhado pela Unidade W+.
ExperimentArte, o projeto que pretende quebrar estigmas através da arte
Este projeto insere-se no âmbito do programa de sensibilização para a Saúde Mental e visa aumentar as competências emocionais, reforçar a resiliência das crianças, adolescentes e adultos, utentes da W+, assim como permitir o acesso genuíno a experiências artísticas diversas, enriquecedoras e promotoras de mudança intrapsíquica.
A iniciativa não pretende substituir o trabalho psicoterapêutico especializado nas suas diferentes especificidades, mas servir de catalisador desse mesmo tipo de resposta, mais comum em saúde mental.
O ExperimentArte pretende melhorar as questões de autoconceito, autoestima e autoimagem, desenvolvendo aspetos emocionais positivos da personalidade, pelo recurso a experiências vivenciais de grande riqueza humana.
Sofia Castro, 22 anos, de Penafiel, é a grande vencedora desta edição do “New Talent”, após decisão do público. Eram dez os finalistas que foram a votações, mas só uma saiu vencedora no concurso. A atriz, que dedicou os últimos anos da sua vida à paixão pela sétima arte, com o prémio de dez mil euros pretende consciencializar os jovens para a reflorestação de serras despidas pelo fogo.
“Tenho esta paixão pela natureza desde pequena, provavelmente porque cresci e vivi num meio mais pequeno que Lisboa e de facto há muito que tinha esta ideia de unir estes dois mundos, o teatro com o ambiente, e surgiu esta ideia de montar um espetáculo teatral interativo, que potenciasse a plantação de árvores pelo público durante o próprio espetáculo”, conta a vencedora.
Sofia ficou surpresa e, em simultâneo, feliz quando percebeu que tinha ganho. “Foi uma notícia avassaladora e ainda não estou bem em mim. Tinha algumas expetativas, como é óbvio, mas não estava assim tão confiante”, assumiu Sofia, na cerimónia de entrega do prémio, que decorreu na Sala das Extrações da Santa Casa. “Se ganhasse, seria perfeito. Mas se perdesse, na verdade não perdia nada, porque consegui ser ouvida e dar a conhecer o meu trabalho”.
Para Maria da Cunha, subdiretora de comunicação e marcas da Santa Casa, esta distinção “reforça o cumprimento de uma missão da instituição que é o de apoiar a cultura, o talento jovem e permitir que jovens como a Sofia possam continuar a apostar nos seus sonhos”.
“Sentimos que há cada vez mais jovens a destacarem-se em várias áreas. Os projetos são cada vez melhores, mais ambiciosos. É um sinal que este concurso está a correr bem e nota-se a evolução todos os anos”, conclui Maria da Cunha.
O Natal foi há pouco mais de duas semanas e ainda estão muito presentes na nossa memória todos os momentos bons e prazerosos passados com quem mais se ama. Com isto em mente e à semelhança do que sucedeu em edições anteriores, o mercado de Natal da capital, Wonderland Lisboa, voltou a acolher a campanha solidária “Um presente a Mais para quem tem Menos”. Esta é uma ação dinamizada pela TVI em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa, que visa proporcionar ainda mais sorrisos às nossas crianças.
Nem todas as crianças têm a sorte de ter uma árvore repleta de presentes e um Natal em família. Esta iniciativa apelava às pessoas para deixarem uma prenda para ser oferecida a crianças desfavorecidas e, mais uma vez, os portugueses provaram que são solidários e generosos.
António Santinha, diretor da Unidade de Apoio à Autonomização da Santa Casa, frisa que este tipo de iniciativas “assume particular importância para quem dá, pois permite a reflexão sobre as diferentes realidades e permite uma ajuda solidária a quem tem menos”.
No total, foram angariados mais de 300 presentes que foram distribuídos pelas crianças dos vários equipamentos de apoio à infância e pelas equipas de apoio à família, da Santa Casa.
“É muito importante para estas crianças estes mimos. Vê-los a abrir os presentes, especialmente os mais pequenos, que são sempre os mais entusiastas, é uma verdadeira alegria”, realça António Santinha. Veja aqui a reportagem da TVI, que acompanhou a entrega dos presentes numa das nossas casas de acolhimento.
Neste contexto, a delegação sul coreana visitou, no passado dia 15 de dezembro, o Centro Intergeracional da Ferreira Borges, em Campo de Ourique, equipamento da Santa Casa, que trabalha na área do envelhecimento e em diversas respostas sociais desenvolvidas para combater as desigualdades.
O objetivo dos sete funcionários do Estado sul coreano – ligados à administração pública e que fazem parte do Ministério do Interior e da Segurança da Coreia do Sul – foi, acima de tudo, conhecer as práticas no acolhimento, apoio e acompanhamento das pessoas mais velhas seguidas pela nossa instituição.
A comitiva do país asiático escolheu visitar a Misericórdia de Lisboa, por ser uma referência nacional no âmbito da acão social e no apoio à população mais idosa. O encontro serviu para recolher informação sobre a forma como a população +65 é acolhida e cuidada pelos diversos serviços da Santa Casa, com o objetivo de replicar e melhorar o apoio prestados à população mais velha sul coreana.
Após dois anos plenos de grandes incertezas provocadas pela pandemia de Covid-19, o ano de 2022 assumia-se como auspicioso e desafiante. Perante uma “nova realidade” e um mundo “virado do avesso”, a Santa Casa adaptou-se e continuou a sua jornada com mais de cinco séculos “Por Boas Causas”, devolvendo às pessoas uma normalidade tranquilizadora e um compromisso renovado, de apoiar quem mais necessita.
Se 2021 trouxe vários desafios e muitas mudanças na vida de todos nós, 2022 foi um ano de viragem e onde palavras como solidariedade, amor, dedicação e empenho ganharam um renovado sentido. Recorde aqui algumas das principais ações levadas a cabo pela Misericórdia de Lisboa.
Demos a conhecer Fares, Reza e Mahdi, nomes desconhecidos para a maioria das pessoas, mas que com o apoio da Santa Casa encontraram no mundo da moda a tranquilidade e a paz que não tiveram nos seus países de origem.
Depois de um interregno de dois anos, a Escola Superior de Educação do Alcoitão e o Centro de Educação e Formação Profissional da Aldeia de Santa Isabel voltaram a marcar presença na maior feira nacional de oferta educativa, Futurália.
A Casa do Impacto apresentou os grandes vencedores da edição deste ano do Santa Casa Challenge, que responderam ao desafio da ação climática, através da educação e transição digital. Ainda neste mês, a Casa do Impacto aumentou a sua rede de parceiros ao assinar um protocolo com o Instituto dos Registos e Notariado para apoiar a criação de projetos de inovação social a serem implementados naquela entidade.
“Dar é receber”. Esta foi uma das mensagens transmitidas na nova campanha do LX Acolhe, da Misericórdia de Lisboa. Vera e Paulo, Marta e Sérgio são alguns dos exemplos que incorporam esta missão de acolher para assim devolver a infância a crianças em risco.
Consciente do valor e poder de uma informação correta e fidedigna, a Santa Casa uniu-se à Rádio Renascença na criação do Prémio de Jornalismo Jovem.
No mês dedicado à diversidade e inclusão, e entre vários exemplos de histórias retratadas, mostrámos ainda que os nossos valores começam em casa. Enquanto instituição responsável, promotora de diversidade e inclusão, lançámos uma campanha dedicada a esta temática, que contou com a participação de alguns rostos da instituição. Esta campanha venceu na categoria “Sustentabilidade e ESG: Social”, um galardão atribuído na cerimónia de entrega do Grande Prémio Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa.
Junho
Junho, um dos meses mais acarinhados pelos lisboetas. Mês de festa, de arraial e acima de tudo de marchas populares. Cumprindo a tradição, vários utentes da instituição voltaram a vestir-se a rigor para descer a Avenida da Liberdade, em uma edição da festa mais “alfacinha” que existe.
Através de dois episódios (vídeo 1 e vídeo 2) demos a conhecer um pouco mais do trabalho feito na nossa Obra Social do Pousal e das histórias que ali habitam. Um local que se tornou a casa de pessoas com perturbações do neurodesenvolvimento.
Também no desporto registámos novidades. Os Jogos Santa Casa passam a apoiar mais duas modalidades: voleibol e atletismo.
Julho
No mês do aniversário da instituição, a Santa Casa assina um protocolo com a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), que estabelece os princípios de colaboração entre as duas instituições na implementação de atividades do projeto Valor T.
Numa aposta na promoção do património da instituição, dinamizámos a iniciativa “Santa Casa Open House”. Um dia aberto ao público interessado em visitar as frações então disponíveis no número 100 da Rua dos Douradores, na freguesia de Santa Maria Maior.
Ainda em julho, o restauro da Igreja da Misericórdia de Coruche venceu a primeira menção honrosa do Prémio Gulbenkian Património. As obras receberam o apoio do Fundo Rainha D. Leonor (FDRL), no valor de 300 mil euros.
Agosto
66 mil consultas depois, o SOL – Saúde Oral em Lisboa comemorou o seu terceiro ano de existência. Este equipamento da Santa Casa tem contribuído para a diferenciação e melhoria da qualidade de prestação de cuidados de saúde oral às crianças e jovens.
Já na música, assistimos à 34ª edição da Temporada Música em São Roque, uma iniciativa que vem reforçar a política da instituição de apoio à cultura portuguesa, divulgando, em simultâneo, o seu património histórico e artístico. Nos bastidores, falámos com um grupo estreante desta edição.
Novembro
Logo no início do mês, a Santa Casa voltou a marcar presença na maior cimeira de tecnologia do mundo, WebSummit. Na Feira Internacional de Lisboa, a Casa do Impacto apresentou as novas edições do Triggers e do Santa Casa Challenge e ainda o seu apoio à estreia do documentário “O Sopro do Diabo”, realizado por Leonardo Di Caprio, que revela o desespero vivido pelas vítimas do incêndio que assolou Pedrógão Grande em 2017.
A infância e juventude estiveram em grande destaque este mês. Exemplo disso foi a participação da Santa Casa no seminário “A Criança no Processo Tutelar Cível”. Um seminário que dá continuidade ao trabalho efetuado pela instituição, que assumiu, em 2019, na sequência de um protocolo de cooperação celebrado com o Instituto de Segurança Social- a intervenção em matéria de infância e juventude.
Em matéria de prémios e investigação, celebrámos e demos a conhecer os grandes vencedores da 10º edição dos Prémios Santa Casa Neurociências, galardões nos quais a instituição já investiu mais de 4 milhões de euros para apoiar projetos científicos e clínicos destinados a promover avanços no tratamento e recuperação de lesões vertebro-medulares e nas doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento.
Criado em 1972, ano em que foram recebidas as primeiras crianças, o Centro de Bem Estar Infantil das Janelas Verdes foi construído no espaço onde existia uma vivenda doada por D. Hortênsia Castanheira Klein à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, tendo sido neste mesmo local que viveu o primeiro presidente da República Portuguesa, Manuel de Arriaga.
Em 1941, D. Hortênsia Castanheira Klein decide em testamento que o espaço seria entregue à Misericórdia de Lisboa, com o encargo de aí se fazer uma creche-escola infantil para acolher os filhos das “mulheres pobres” e que o financiamento deste equipamento seria feito através do rendimento dos seus outros ativos imobiliários.
Volvidos onze anos, em 1952, a esposa do Ministro da Presidência, D. Maria Amália Lumbrales, solicitou o imóvel para aí instalar provisoriamente as oficinas de trabalhos manuais do Instituto Condessa de Rilvas, pedido que foi recusado. Só em 1957 foi escolhido o arquiteto Manuel Alzina de Menezes, que ficou encarregue de fazer o anteprojeto da creche a instalar no imóvel.
Em 1971, é concluído com sucesso o projeto do novo edificado, sendo a loja e o piso 4 ocupados pelas duas firmas, os pisos 1 a 3 pela divisão de informática da instituição e os pisos 6 e 7 por uma creche e jardim de infância da Santa Casa, que viria a ser batizada como Centro de Bem Estar Infantil das Janelas Verdes. Assim, a 2 de julho de 1972 a creche abre finalmente as suas portas às primeiras crianças.
Tudo começou com 100 cartas ao Pai Natal do Benfica, escritas por crianças das Casas de Acolhimento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A Fundação Benfica distribuiu as cartas pelos atletas das modalidades de futsal, andebol, hóquei em patins e pela equipa de futebol feminino e, na semana do Natal, as prendas chegaram a nove Casas de Acolhimento pelas mãos de algumas das estrelas do Benfica.
Para os mais pequenos a surpresa foi ainda maior, uma vez que foi retomada uma tradição interrompida pela Pandemia e foram os próprios atletas a levar em mão os presentes para oferecer às crianças. Cada casa recebeu ainda uma camisola personalizada da Fundação, com o seu nome inscrito.
António Santinha, diretor da Unidade de Autonomização da Direção de Infância, Juventude e Família da Santa Casa, sublinha que “o impacto da presença dos atletas do Benfica nas casas tem sido muito apreciado pois muitos são adeptos do Clube e podem ver os seus ídolos das modalidades”.
O responsável enaltece o cuidado que, quer atletas, quer colaboradores da Fundação Benfica e da BTV colocaram nesta iniciativa: “por outro lado, para nós tem sido muito interessante a preocupação dos atletas e colaboradores na escolha exata do presente que a criança havia pedido, faz com que a atividade pareça mágica”, refere.
A creche do Convento do Desagravo, no Campo de Santa Clara, em Lisboa, foi inaugurada esta quarta-feira, 21 de dezembro. A cerimónia contou com as presenças de Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e do presidente da autarquia de Lisboa, Carlos Moedas.
O novo equipamento ocupa uma das alas do antigo edifício do Convento do Desagravo e irá possibilitar que 42 crianças, que já integram a creche, possam usufruir daquele espaço e de todas as condições pedagógicas e de comodidade nos seus primeiros anos de vida.
Na sua intervenção, Edmundo Martinho sublinhou que a nova resposta será empenhada e eficaz, desejando “boa sorte” a todos os intervenientes para a etapa que agora começa, frisando que “a Santa Casa estará sempre comprometida em apoiar e ajudar tudo o que sejam as melhores soluções para a cidade, para podermos ter mais crianças a usufruir de serviços educativos de qualidade”.
Já Carlos Moedas afirmou que a educação “é uma prioridade máxima” deste executivo, salientando que “a educação é o bem mais importante que uma pessoa pode ter”.
“Precisamos de ter sempre em mente que a aposta na educação tem de ser sempre feita no início, desde a creche, é aí que nós formamos homens e mulheres, cidadãos a corpo inteiro”, concluiu o autarca.
O presente protocolo celebrado entre a Santa Casa e a CML prevê ainda, para 2023, a inauguração de mais duas creches na cidade, aumentando significativamente o número de vagas que a instituição disponibiliza, em equipamentos de primeira infância, para crianças até aos 3 anos.
Paralelamente a esta inauguração foi reaberto, esta terça-feira, 20 de dezembro, o Centro de Acolhimento Infantil do Bairro da Boavista, na freguesia de Benfica, após obras de reabilitação na cozinha do equipamento, pertencente à Misericórdia de Lisboa.
Inaugurado no passado dia 17 de dezembro, o edifício do lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros foi alvo de obras de reabilitação e ampliação, cumprindo as exigências legais da Segurança Social. Estas obras foram financiadas pelo Fundo Rainha Dona Leonor, no valor de 255.882,28 euros.
Os utentes do lar desta Misericórdia, no distrito de Bragança têm, a partir de agora, uma maior qualidade de vida e bem-estar. A obra fez a renovação integral do interior de um edifício construído há 30 anos, com a reabilitação de todo o espaço, com a criação de um ginásio, de uma oficina de tempos livres, e ainda com a colocação de painéis fotovoltaicos, permitindo uma melhoria na eficiência energética.
Os aposentos foram igualmente melhorados, correspondendo a critérios legais, com a criação de quartos duplos, com casa de banho privativa, mantendo uma sala comum a cada três espaços, contribuindo para uma descentralização dos moradores do lar.
Para além de melhorias realizadas no interior do equipamento, procedeu-se à requalificação dos espaços exteriores no sentido de potenciar uma maior autonomia dos utentes. Nestes espaços, foram igualmente asseguradas áreas de sombra e um circuito pedestre.
O Fundo Rainha Dona Leonor foi criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em parceria com a União das Misericórdias Portuguesas, para apoiar os valores e as atividades das Misericórdias de todo o País, no princípio da autonomia cooperante.
O Hospital Ortopédico de Sant’Ana, localizado na marginal que une Lisboa a Cascais, na Parede, é uma referência na área da ortopedia e traumatologia. Com 118 anos de história, este equipamento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa nasceu como Sanatório de Sant’Anna e é hoje uma unidade de saúde com uma notável reputação nacional e internacional.
A sua longa fachada, paralela à Avenida Marginal, revela o gosto eclético da arquitetura portuguesa do início do século XX, ao qual se alia uma profunda capacidade funcional, bem expressa na articulação de espaços, serviços e equipamentos.
A iniciativa para a sua edificação partiu do casal filantropo Amélia e Frederico Biester, depois sucedidos por Claudina Chamiço. Donos de avultada fortuna, sem filhos, afetados pela morte de familiares com tuberculose, cedo se entusiasmaram com o desafio do médico e amigo da família, Dr. Sousa Martins, de construir um sanatório para as crianças desfavorecidas.
Em 1899 e já com o projeto dos arquitetos Rosendo Carvalheira, Álvaro Machado, Couto Abreu, Norte Júnior e Marques Silva, autorizado pela Câmara de Cascais, uma sucessão de acontecimentos trágicos – a morte prematura da quase totalidade dos seus mentores – ia comprometendo o início da obra. Ainda assim, foi lançada a primeira pedra em 1901 e em 31 de julho de 1904 é inaugurado, não pelo casal Biester, mas pela herdeira da fortuna dos Biester, Claudina de Freitas Guimarães Chamiço.
O sanatório surge na época como uma unidade hospitalar modelo, especializada no combate e prevenção da tuberculose óssea e destinada a acolher sessenta crianças do sexo feminino e quarenta adultos, vinte homens com complicações cardiovasculares e vinte mulheres com problemas cancerígenos.
Para a prossecução deste propósito, a fundadora contou com o apoio das irmãs de S. Vicente de Paulo, sendo estas substituídas, em 1910, pelas irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena e um capelão, ficando com residência permanente numa área distinta no piso superior do edifício principal.
Por vontade expressa no testamento de Claudina Chamiço e após a sua morte, em 1913, o sanatório passa a ser gerido por uma comissão de administração composta por sete elementos: o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. António Mendes Belo como presidente não executivo, para tesoureiro, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Conselheiro Augusto Pereira de Miranda, um familiar dos herdeiros (na altura o marido da sobrinha de Claudina Chamiço), António José de Carvalho, um membro representante da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa e mais três membros escolhidos pelo Cardeal. A dificuldade financeira sentida por esta comissão, determinou que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa assumisse a administração do sanatório, em 1927.
Em 1956, é idealizado o projeto de realização de um Centro de Recuperação de Incapacitados Motores, que passa a ser designado por Centro de Reabilitação de Diminuídos Motores. É só em 1961 e por despacho governamental que o sanatório ganha identidade jurídica como hospital central, passando a denominar-se Hospital Ortopédico de Sant’Ana.
Desde então, o hospital promoveu várias especialidades e iniciativas pioneiras, que passaram pela criação, formação e especialização de equipas multiprofissionais, como ortopedistas, anestesiologistas, fisiatras, enfermeiras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e técnicos ortoprotésicos.
Já neste milénio o Hospital Ortopédico de Sant’Ana inicia um processo de modernização e atualização tecnológica, com a criação e remodelação de novos espaços do complexo. Em 2014, é lançada a primeira pedra de um novo edifício hospitalar, inaugurado em 2018. Esta unidade conta com uma área total de construção de mais de 6.000 m², um bloco operatório com 4 salas, 60 camas de internamento, uma unidade de cirurgia ambulatória e uma central de esterilização.
Assista ao episódio do programa da RTP, Visita Guiada, dedicado ao Hospital Ortopédico de Sant’Ana, aqui.